Polícia Civil investiga suposto uso do grupo de distintivo da Polícia Federal. Hipótese é que dívida de um dos suspeitos com a vítima seja motivo do crime.
Os homens que mataram o fazendeiro Luiz Carlos de Lima, em Formosa, no Entorno do Distrito Federal (DF), se passaram por policiais civis, disse o delegado Danilo Meneses. De acordo com o investigador, os criminosos usaram trajes operacionais e diversas armas de fogo para invadir a fazenda da vítima e render 10 pessoas, em ação que durou aproximadamente seis horas. Três dos quatro suspeitos foram presos e um segue foragido.
O POPULAR não conseguiu os contatos das defesas dos suspeitos até a última atualização desta reportagem.
A Polícia Civil de Goiás (PC-GO) relatou que os suspeitos foram detidos durante a operação Isca, na sexta-feira (24). Ao todo, foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão. A força-tarefa contou com agentes das delegacias de Formosa, Planaltina e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Acerca da relação entre suspeitos e a vítima, Danilo Meneses disse ao POPULAR , nesta segunda-feira (27), que há indícios de que um dos suspeitos devia uma quantia de dinheiro para o fazendeiro. "Mas, as investigações vão se aprofundar para entender melhor a relação entre eles", antecipou.
A susposta dívida, indica o delegado, pode ser a motivação do assassinato de Luiz Carlos. "Esse é um ponto que será investigado para uma segunda fase do inquérito, para esclarecer o motivo exato do crime e se há autoria intelectual (mandantes), por exemplo", relatou Meneses.
O delegado foi indagado se a investigação revelou como o grupo conseguiu o fardamento policial e as armas. Meneses respondeu que os suspeitos foram vistos usando supostas fardas da Polícia Federal (PF). Segundo ele, trata-se de trajes de força tática, que são encontradas em lojas especializadas e vendidas livremente.
Testemunhas relatam o uso de distintivo (possivelmente da Polícia Federal). No mais, o fardamento utilizado é roupa tática, normalmente vendida em lojas especializadas sem a necessidade de apresentação de documentação comprovando ser policial", disse o delegado.
No entanto, Meneses acrescentou que investiga o uso de símbolos oficiais da polícia, revelados pelas vítimas. De acordo com o delegado, nesse caso, para a aquisição é necessário a apresentação de documentação que comprove se tratar de policial. "Sobre o distintivo, ainda não sabemos onde conseguiram", continuou.
Sobre os detidos, o delegado frisou que eles serão ouvidos na investigação. Conforme Meneses, "praticamente nenhum deles tem passagens por crimes graves no Estado de Goiás".
Meneses salientou que os três suspeitos foram levados para a Casa de Prisão Provisória de Formosa, onde estão à disposição da Justiça.
Crime
O assassinato de Luiz Carlos foi registrado em 15 de agosto de 2024. Na ocasião, segundo as investigações da polícia, um grupo de criminosos, disfarçados de policiais e trajes operacionais, rendeu 10 pessoas que estavam em uma fazenda, mantendo-as em cárcere privado .
De acordo com a PC-GO, os suspeitos obrigaram um funcionário da propriedade a cortar a correia de uma caminhonete e informar a vítima sobre o problema e solicitar que ele levasse uma peça nova para substituição. A estratégia teria sido usada para atrair o fazendeiro ao local.
Ao chegar à propriedade, a vítima foi brutalmente agredida e, em seguida, assassinada. Após o crime, os suspeitos fugiram em um carro. Durante as investigações, a polícia identificou pelo menos quatro suspeitos, incluindo Jorge Luis Pereira Silva.
A imagem e a identidade foram divulgadas pela polícia para que denúncias sobre o paradeiro dele sejam feitas. A autorização é com base na portaria 547/2021 da DGPC e leva em consideração o interesse público e a necessidade de cumprimento do mandado de prisão em aberto.