Via que liga região sul à oeste da capital passa por mudanças para criação de 3ª faixa, como a redução do canteiro central, e vai receber sincronização semafórica
Desde o último final de semana, a Avenida Castelo Branco passa por uma série de intervenções da Prefeitura de Goiânia com o objetivo de dar mais fluidez aos veículos motorizados que passam pela via. A principal mudança ocorre no trecho entre as praças Ciro Lisita e Walter Santos, no Setor Coimbra, de cerca de 400 metros, em que o canteiro central foi reduzido para deixar apenas a espessura das palmeiras plantadas no local, retirando a área de grama e absorção de água. A ideia é que, com este espaço, faça-se a divisão das duas faixas da pista para que se tornem três e, com isso, mais veículos possam passar pelo local ao mesmo tempo. Em toda a extensão da Avenida Castelo Branco haverá a proibição de estacionamento e a sincronização semafórica.
Com isso, apenas o trecho entre a Praça do Cigano e a Praça Ciro Lisita, entre os setores Oeste e Coimbra, da mesma avenida, continuará sendo com duas faixas, sendo a da direita, mais próxima à calçada, mais larga. Este trecho possui cerca de 600 metros e não há previsão de intervenção no momento. Ainda está sendo estudada, no entanto, uma configuração para a Praça Ciro Lisita de modo a garantir a fluidez dos carros, motos e ônibus. "A equipe técnica está avaliando o melhor desenho viário para garantir a implantação das três faixas de circulação, priorizando a fluidez do tráfego sem comprometer a funcionalidade do espaço", informa a Secretaria Municipal de Engenharia de Trânsito (SET).
A previsão é de que as obras, que estão sendo executadas pela Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra), sejam concluídas no final do mês. Além da perda do canteiro central no trecho entre as praças Ciro Lisita e Walter Santos, também será construída uma alça de acesso à Marginal Cascavel, também com alargamento da pista a partir da redução do canteiro central. "A alça de acesso será construída abaixo do córrego, no sentido Terminal Padre Pelágio, conectando a Avenida Castelo Branco com a Marginal Cascavel. Esse acesso será semaforizado para conversões à esquerda, enquanto os motoristas que seguem adiante terão duas faixas de livre trânsito, sem necessidade de parar no semáforo", informa a secretaria.
O semáforo no cruzamento com a Rua Jaraguá, no Setor Campinas, que atualmente é de três tempos, passará a ser de dois, ou seja, será proibida a conversão à esquerda, que é quem quer acessar a Castelo Branco no sentido Trindade. Desta forma, os motoristas que quiserem fazer esse trajeto, deverá fazer o looping de quadra, pela Avenida Mato Grosso e a Rua Quintino Bocaiúva. Segundo a SET, as obras "tem como principal objetivo melhorar a fluidez da Avenida Castelo Branco, que atualmente enfrenta congestionamentos em diversos trechos".
A pasta aponta que "um estudo realizado na via revelou que, entre 6 e 20 horas, cerca de 45 mil veículos equivalentes trafegam na região próxima à Marginal Cascavel, evidenciando a necessidade de intervenções para otimizar a mobilidade". Sobre a reclamação dos comerciantes que criticam a perda do estacionamento, a SET relata que foram feitas reuniões com as lideranças locais e a Prefeitura "estuda a melhor forma de atender as principais reivindicações, entre elas a possibilidade de autorização para carga e descarga por um período do dia, entre 9 e 15 horas". A via também será a primeira a receber os novos equipamentos semafóricos, com tecnologia para realizar a sincronização dos equipamentos.
"Com a nova intervenção, será possível implementar uma 'onda verde', reduzindo significativamente o tempo perdido nos sinais vermelhos e melhorando a fluidez do trânsito", explica a SET. Geógrafo e pesquisador em planejamento urbano e mobilidade, o professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Vinícius Polzin Druciaki, entende que o problema dos projetos da Prefeitura de Goiânia na atual gestão tem sido que esse "ideário de desobstruir a via, dar agilidade" não está sendo pensado como parte de um sistema de mobilidade, em que deve constar medidas para ciclistas, pedestres, usuários de transportes coletivos, não apenas os transportes individuais motorizados (carros e motos).
"Não se vê uma promoção de uma calçada mais segura. Tirar a vaga de estacionamento é positivo, mas não se faz para um incentivo de uma caminhada segura, mas, sim, para os carros. Todas as medidas anunciadas pela gestão, como a 'Direita Livre', a desobstrução das vias, os corredores para motos, é para dar mais fluidez aos carros. Mas não tem medida de educação no trânsito para colocar o motorista mais sensível ao pedestre, parar para ele atravessar", aponta Druciaki. O professor ressalta que o problema no trânsito de Goiânia é mais comportamental do que estrutural. "Nossa grande crítica às medidas é não colocar a dimensão humana e o pedestre. A prioridade é que o carro corra mais, mas daqui a dois ou três anos vai ter o mesmo problema, de falta de fluidez", diz.
Druciaki reforça que não é possível proibir o direito de ir e vir das pessoas, mas que o poder público pode estimular ou desestimular determinados comportamentos, como o uso do carro e a valorização dos pedestres, ciclistas e usuários de ônibus. "No primeiro momento, vai ter essa sensação de maior fluidez, uma sensação subjetiva, até. Mas a cidade com fluidez não é sinônimo de rapidez, tem de ter segurança." Ele entende que a perda de um canteiro, de uma praça, espanta o pedestre e estimula o maior uso do carro.
De acordo com a SET, a pasta "entende a importância de equilibrar a fluidez do tráfego com a segurança e a mobilidade dos pedestres". Informa ainda que na região da Castelo Branco, "os estudos técnicos indicam que o maior fluxo de pedestres se concentra na Praça A, onde estão os centros de compras de Campinas e o terminal de ônibus", onde já existe estrutura viária adequada para a demanda. Já na Avenida Castelo Branco, a travessia segue garantida pelas faixas já existentes.
