MP pede afastamento de secretário de Educação após escola rural ser parcialmente fechada
Alunos do Povoado de Grupelândia, em Porangatu, terão que andar mais 13 quilômetros de estrada de terra batida para chegar em outra escola, informa a instituição
Augusto Sobrinho
12 de fevereiro de 2023 às 15:00
Modificado em 19/09/2024, 00:18

Escola Reunida Adelino Américo Azevedo localizada no Povoado de Grupelândia (Reprodução/MPGO)
O Ministério Público de Goiás (MPGO) solicitou o imediato afastamento do secretário municipal da Educação, João Mário Toledo Lima, de Porangatu, a 409 km de Goiânia. Segundo a instituição, João descumpriu as diretrizes básicas da educação ao realizar o fechamento parcial da Escola Reunida Adelino Américo Azevedo, localizada no Povoado de Grupelândia, que fica a 41 km do município.
Em nota, a Prefeitura de Porangatu informou que se manifestou nos autos do processo e que aguarda decisão do Poder Judiciário para tomar as providências necessárias. "Reiteramos que as unidades escolares estão em funcionamento e as medidas tomadas foram para melhorar a qualidade do ensino e a estrutura física dos locais", enfatiza a gestão municipal.
Entenda
Na ação civil pública, o promotor de Justiça Wilson Nunes Lúcio destaca que a escola rural tem cerca de 80 alunos pré-matriculados, que foram impedidos de efetivar a matrícula. "A alegação é de que a unidade seria fechada parcialmente e os alunos transferidos para a Escola Reunida de São Sebastião, a 13 quilômetros de Grupelândia", informa o MPGO em publicação oficial.
O Ministério Público afirma ainda que a Secretaria alegou estar reduzindo custos, pois a unidade para onde os estudantes seriam transferidos tem mais estrutura. "Ela conta com uma sala a mais, o que, na argumentação da pasta, seria uma melhoria para os alunos", diz a instituição. Entretanto, segundo o promotor, os moradores e pais dos alunos não foram consultados para realizar a mudança.
"Os pais dos alunos, assim como toda a população do povoado ficaram indignados com a forma que fecharam parcialmente a escola, pois não houve qualquer reunião prévia com a comunidade local, causando um enorme constrangimento a todos", detalha o órgão. Wilson Nunes afirma que os moradores protestaram contra o fechamento, mas não foram atendidos.
Sofrimento desnecessário
"Foi dito aos moradores que haviam reunido o Ministério Público, a prefeita, os vereadores 'e o martelo estava batido e não voltariam atrás'", afirma o promotor. Ele ainda diz que a transferência impõe um sofrimento desnecessário aos alunos.
De acordo com o MPGO, o primeiro aluno a pegar o transporte escolar é recolhido às 10h30 da manhã para chegar às 13 horas na escola e retorna para casa às 19h30. "Sem contar que no período chuvoso esse tempo aumenta bastante", enfatiza. Por fim, destaca que uma agrovila poderá ser construída próximo ao povoado e que cerca de 33 famílias poderão se mudar para a região.