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Mutilações fazem estética virar caso de saúde pública

Desde 2023, o Estado registrou pelo menos 10 casos de grande repercussão que acabaram na polícia. Em dois episódios, mulheres morreram após aplicações de produtos

Modificado em 22/03/2025, 08:21

Polícia Civil prende Maria Silvânia na Operação Beleza Sem B.O.

Polícia Civil prende Maria Silvânia na Operação Beleza Sem B.O. (Divulgação/Policia Civil)

O aumento de casos de procedimentos estéticos que resultam em lesões, mutilações e deformidades, dentre outras sequelas, tornou o assunto uma questão de saúde pública. Desde 2023, Goiás registrou pelo menos dez casos de grande repercussão que acabaram na polícia. Em dois episódios, ocorridos no segundo semestre de 2024, mulheres morreram após se submeterem a aplicações de diferentes produtos.

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de 2018 a 2023 os serviços de estética e embelezamento figuraram como os mais denunciados junto à agência dentre os "serviços de interesse à saúde", categoria que inclui também serviços de hotelaria, estúdios de tatuagem e instituições de longa permanência para idosos, por exemplo. Em 2023, 61,3% das denúncias estavam relacionadas a serviços de estética e embelezamento.

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Nos casos ocorridos em Goiás levantados pela redação, foram verificados alguns padrões. Em pelo menos seis situações, as pessoas que faziam os procedimentos não tinham nenhum tipo de habilitação, mas se passavam por profissionais capacitados. Além disso, algumas das clínicas eram de pessoas famosas nas redes sociais. O uso de PMMA, sigla para polimetilmetacrilato -- substância que já foi usada como preenchedor, mas se mostrou arriscada --, também foi verificado em parte dos casos.

Karine Giselle Gouveia, dona de uma clínica de estética fechada em 2024 por conta da suspeita de realização de uma série de procedimentos estéticos malsucedidos, é um exemplo. Apesar de não possuir formação na área, tinha quase 950 mil seguidores apenas no Instagram, rede social em que fazia publicações sobre procedimentos estéticos e sobre a própria rotina. A defesa de Karine nega que a clínica já tenha utilizado qualquer substância ilícita ou proibida.

Nesta quinta-feira (20), a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon) deflagrou a Operação Beleza Sem B.O. As investigadas são Luana Nadejda Jaime, dona de uma clínica em Goiânia, e Maria Silvânia Ribeiro da Silva, proprietária de um estabelecimento em Aparecida de Goiânia. Maria Silvânia foi presa e Luana está foragida. A reportagem não localizou a defesa de ambas.

No final de 2023, uma paciente foi internada em uma unidade de pronto atendimento (UTI) e entubada após aplicação de substância injetável na clínica de Maria Silvânia. A Vigilância Sanitária de Aparecida interditou o local e ela foi ouvida pela Polícia Civil do Estado de Goiás (PC-GO). Na ocasião, ela disse que havia feito uma pós-graduação com Luana, que também passou a ser investigada. Foi apurado que ela era suspeita de cometer lesão corporal contra quatro pessoas, sendo uma delas de um homem que passou por um "preenchimento íntimo" na região peniana e alega ter perdido a funcionalidade do membro após o procedimento. O produto usado teria sido PMMA.

Em 2024, as clínicas da dupla foram fiscalizadas pela Decon em conjunto com a Vigilância Sanitária. Mesmo assim, as mulheres continuaram ofertando, nas redes sociais, procedimentos estéticos invasivos. Além disso, ambas tinham registros -- obtidos por meio da apresentação de diplomas falsos -- no Conselho Regional de Enfermagem (Coren). Eles foram cancelados no final de 2024. Entretanto, quando foi presa nesta quinta, Maria Silvânia estava atuando com um novo número de registro. Questionado, o Coren informou, em nota, que já está ciente do caso e que, como as mulheres não são enfermeiras, "cabe agora às autoridades o cumprimento da justiça e o andamento do processo conforme a legalidade". (Mariana Milioni é estagiária do GJC em convênio com a PUC Goiás)

Pacientes têm vidas arruinadas

A ação de falsos profissionais ou então de profissionais que executam procedimentos que não estão habilitados a realizarem -- como dentistas que realizaram rinoplastias -- deixa um rastro de destruição na vida das vítimas. Em 2023, a motorista de aplicativo Ana Priscila Santos da Silva, de 36 anos, procurou a enfermeira Marcilane da Silva Espíndola para realizar aplicações com fim de harmonização dos seios e glúteos. O procedimento custou R$ 5,5 mil.

Depois da aplicação, Ana Priscila começou a sentir dores. Inicialmente, ela pediu a ajuda de Marcilane, que aplicou uma injeção nela. As dores não apresentaram melhora e Ana Priscila procurou uma unidade de saúde. Então, foi encaminhada para o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC/UFG), onde descobriu que o material injetado era PMMA. Ela já foi internada várias vezes para realizar a retirada do produto. O último procedimento cirúrgico ocorreu nesta quarta-feira (19). A mulher relata que, mesmo após as intervenções, ainda sente dores físicas. Ela tem dificuldade para dirigir, por exemplo. As deformidades nos seios de Ana Priscila prejudicam sua autoestima e saúde mental. "Estou péssima. Muita ansiedade", conta. A defesa afirma que Marcilane não cometeu qualquer ato censurável.

Relatos como o de Ana Priscila se repetem. Entretanto, existem casos ainda mais trágicos. No segundo semestre de 2024, duas mulheres morreram por conta de procedimentos estéticos malsucedidos. Segundo as investigações, Aline Maria Ferreira da Silva, de 33 anos, morreu após ter tido PMMA aplicados nos glúteos. A ré do caso é Grazielly da Silva Barbosa, que não tem formação na área. A defesa dela alega inocência. Já Danielle Mendes Xavier de Brito, de 44 anos, morreu após a realização de uma aplicação no rosto. A responsável pela aplicação foi a enfermeira Quesia Rodrigues Biangulo Lima. A defesa dela diz que, por enquanto, não vai se manifestar.

Vigilância sanitária promove campanhas

Com o avanço dos casos de procedimentos estéticos malsucedidos envolvendo clínicas irregulares, a utilização de produtos proibidos e a atividade de pessoas sem as credenciais adequadas para a atuação na área, a Vigilância Sanitária tem atuado na tentativa de coibir as más práticas. Segundo a Anvisa, o número elevado de denúncias relacionadas a serviços de estética e embelezamento sinaliza que a grande quantidade de estabelecimentos disponíveis e a diversidade de técnicas e procedimentos estão relacionadas ao número elevado de relatos de irregularidades.

Em fevereiro de 2025, a Anvisa realizou a operação Estética Com Segurança em parceria com as vigilâncias sanitárias estaduais e municipais. Clínicas de quatro Estados foram fiscalizadas. Um dos estabelecimentos interditados ficava em Goiânia e funcionava na cozinha de um apartamento. Foram encontrados produtos com prazo de validade vencido e as equipes descobriram anotações referentes a dois casos de infecção, sendo um deles por micobactéria, após procedimentos realizados na clínica. Os casos não haviam sido notificados ao sistema de saúde público, contrariando a legislação, que estabelece a notificação compulsória.

Em Goiás, a Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) possui a ação De Olho na Beleza. Por meio dela, a Superintendência de Vigilância Sanitária, Ambiental e Saúde do Trabalhador (Suvisa) promoveu reuniões estratégicas com os conselhos regionais de Enfermagem, Farmácia, Odontologia, Fisioterapia, Biomedicina e Biologia. O objetivo foi alinhar medidas conjuntas para aumentar a segurança nos procedimentos estéticos. "Tornou-se um problema de saúde pública", aponta Flúvia Amorim, superintendente de Vigilância em Saúde de Goiás.

O auditor fiscal de Saúde Pública da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, Dagoberto Costa, atua há 25 anos na área e relata que mais recentemente houve uma explosão de casos de irregularidades ligadas a procedimentos estéticos. Na capital, o órgão municipal tem procurado trabalhar em parceria com a Polícia Civil do Estado de Goiás (PC-GO). Além da esfera criminal, no âmbito da Vigilância Sanitária os estabelecimentos irregulares podem sofrer desde multas até a apreensão de produtos e interdição.

Nesse sentido, Costa alerta para alguns sinais aos quais a população deve ficar alerta antes de se submeter a procedimentos estéticos como, por exemplo, verificar o alvará sanitário do estabelecimento, saber qual material está sendo utilizado -- inclusive se está dentro da data de validade -- e verificar se o profissional responsável está habilitado no conselho da classe. "Também é importante saber o que você realmente precisa e tomar cuidado com as redes sociais", finaliza.

Conselho de Odontologia quer liberação de cirurgias no rosto

O Conselho Federal de Odontologia (CFO) quer permitir que dentistas possam fazer cirurgias plásticas no rosto. De acordo com o próprio conselho, a instituição tem trabalhado na elaboração de uma resolução sobre as "cirurgias estéticas da face", cujos estudos estão em andamento. A classe médica se posiciona contra o documento e defende que procedimentos como, por exemplo, rinoplastias, só sejam realizados por médicos. Atualmente, a Resolução CFO 198/2019, já permite aos dentistas a prática de harmonização orofacial.

Em nota, o CFO defendeu que o termo cirurgia plástica facial é "equivocado" e que "não estão definidos os procedimentos a serem englobados na futura resolução e as respectivas exigências da regulamentação", sendo que os detalhes completos sobre o tema serão divulgados após a publicação.

O conselho ainda esclareceu que "as cirurgias estéticas da face vão representar um avanço importante para a Odontologia, com reconhecimento das competências legais e técnico-científicas dos cirurgiões-dentistas para atuação na área e, principalmente, serão um passo significativo para a segurança da população, que terá acesso a novos procedimentos regulamentados de forma rígida e adequada".

O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica -- Regional Goiás (SBCP-GO), Fabiano Arruda, é um crítico da movimentação do CFO. "Não é mudando o nome (de cirurgias plásticas para cirurgias estéticas da face) que vão conseguir mudar o que esses procedimentos causam e as repercussões que eles têm no organismo. Essa resolução representa, para os pacientes, um risco", argumenta.

Em nota, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) informou que "considera essa medida um grave risco à saúde da população, especialmente em um momento em que se multiplicam denúncias de complicações em procedimentos realizados por profissionais sem formação médica completa para essas intervenções" e que comunicou que "atuará junto ao Conselho Federal de Medicina (CFM) para adotar todas as medidas necessárias a fim de impedir que essa decisão seja implementada".

O conselho ainda explicou que "cirurgias plásticas faciais são atos complexos que demandam profundo conhecimento da anatomia humana e técnicas cirúrgicas adquiridas apenas após longos anos de formação médica: seis anos de graduação em medicina, seguidos por três anos de residência em cirurgia geral e mais três anos de residência em cirurgia plástica" e destacou que "permitir que profissionais sem essa trajetória realizem tais procedimentos é colocar em risco a segurança, a integridade e a vida dos pacientes".

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Funcionário é suspeito de falsificar notas fiscais para desviar mais de R$ 130 mil de empresa

Investigações começaram quando a empresa percebeu que o funcionário estava cometendo irregularidades, diz Polícia Civil

Homem é preso suspeito de falsificar notas fiscais em empresa que trabalhava (Divulgação Polícia Civil)

Homem é preso suspeito de falsificar notas fiscais em empresa que trabalhava (Divulgação Polícia Civil)

Um homem que trabalhava numa empresa de energia foi preso suspeito de falsificar notas fiscais, nesta sexta-feira (14), em Goiânia. A Polícia Civil (PC) informou que o suspeito gerou um prejuízo superior a R$ 130 mil.

O nome do suspeito não foi divulgado, por isso a reportagem não conseguiu localizar sua defesa. O nome da empresa também não foi informado. A polícia informou ainda que as investigações continuam.

Segundo a PC, as investigações começaram quando a própria empresa percebeu que desde o ano passado, o funcionário estava cometendo irregularidades

As investigações iniciaram após informações da empresa, que detectou irregularidades cometidas por um prestador de serviços, em conluio com outros dois suspeitos, teria gerado notas fiscais fraudulentas para desviar recursos financeiros", contou o delegado Thiago César Oliveira.

Polícia Civil cumpre mandatos de busca e apreensão (Divulgação/ Polícia Civil)

Polícia Civil cumpre mandatos de busca e apreensão (Divulgação/ Polícia Civil)

O investigador disse ainda que o suspeito realizava a emissão de notas fiscais em nome de empresas vinculadas ao seu círculo pessoal, como familiares e amigos, e assim conseguia movimentar os valores desviados.

Durante as investigações a polícia constatou que o funcionário se aproveitava de uma falha nos sistemas da empresa, duplicando as notas fiscais que já tinham sido aprovadas e em seguida, alterava os valores dos prestadores de serviço.

As diligências policiais confirmaram vínculos diretos entre os investigados, incluindo parentesco e relações de amizade entre os proprietários das empresas utilizadas exclusivamente para a emissão das notas fraudulentas. Tais empresas não possuem quadro societário ativo, indicando claramente a finalidade criminosa de sua constituição", disse o Thiago César.

Os agentes cumpriram três mandados de prisão temporária, três de busca e apreensão e bloqueio de bens e valores em Goiânia, Aparecida e Anápolis, ambos na região central do estado.

Mandados de busca, apreensão e de prisão foram cumpridos em Goiânia, Aparecida e Anápolis (Divulgação/ Polícia Civil)

Mandados de busca, apreensão e de prisão foram cumpridos em Goiânia, Aparecida e Anápolis (Divulgação/ Polícia Civil)

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Justiça mantém prisão de casal dono de clínica suspeito de causar deformação em pacientes

Karine Giselle Gouveia e Paulo César Dias Gonçalves tiveram a prisão preventiva mantida pela juíza Ana Cláudia Veloso Magalhães, em audiência de custódia realizada nesta quinta-feira (13)

Modificado em 13/03/2025, 21:06

À esquerda, o casal Karine Gouveia e Paulo Cesar, donos da clínica investigada. À direita, paciente com nariz necrosado após um procedimento feito na clínica (Reprodução/Redes Sociais e Divulgação/Polícia Civil)

À esquerda, o casal Karine Gouveia e Paulo Cesar, donos da clínica investigada. À direita, paciente com nariz necrosado após um procedimento feito na clínica (Reprodução/Redes Sociais e Divulgação/Polícia Civil)

A Justiça manteve a prisão preventiva do casal Karine Giselle Gouveia, de 34 anos, e Paulo César Dias Gonçalves, 44, donos de uma clínica de estética acusada de deformar pacientes em Goiânia, em audiência de custódia realizada nesta quinta-feira (13).

Em nota enviada ao POPULAR , o advogado de Paulo César, Tito Amaral, classificou a decisão como "absurda".

São apenas falácias e narrativas na tentativa de induzir a erro o Poder Judiciário. Já estamos trabalhando, elaborando os recursos cabíveis e necessários, e iremos acionar todas as instâncias do Poder Judiciário, até mesmo, se necessário, o STJ e o STF, objetivando cessar esta absoluta ilegalidade", disse em um trecho da nota (leia na íntegra ao final da matéria).

A reportagem também solicitou um posicionamento para a defesa de Karine Gouveia, mas não obteve retorno até a última atualização desta matéria.

Segundo um trecho do documento da audiência, assinado pela juíza Ana Cláudia Veloso Magalhães, os elementos da prisão preventiva contra o casal persistem, "uma vez que permanecem sólidas as provas da materialidade dos delitos e os indícios de autoria".

Karine Gouveia e Paulo César foram presos novamente na quarta-feira (12). Ainda de acordo com o documento, o casal deve ser encaminhado ao complexo prisional.

O casal foi preso pela primeira vez em 18 de dezembro do ano passado. Aos dois, a ministra do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) Daniela Teixeira concedeu liberdade com medidas cautelares, em 8 de fevereiro.

Na decisão do STJ, eles estavam proibidos de manter contato com os funcionários das clínicas e fazer qualquer divulgação na internet sobre procedimentos estéticos.

Foto mostra vítimas com nariz necrosado e a paciente entubada após o procedimento. (Divulgação/Polícia Civil)

Foto mostra vítimas com nariz necrosado e a paciente entubada após o procedimento. (Divulgação/Polícia Civil)

Entenda o caso

Em dezembro de 2024, a Polícia Civil (PC) prendeu preventivamente Karine Gouveia e o seu marido, Paulo César, proprietários da clínica Karine Gouveia Estética (KGG), localizada na capital.

A prisão, realizada pela 4ª Delegacia de Polícia de Goiânia, foi decretada pela 1ª Vara das Garantias da Comarca de Goiânia, sob graves acusações de crimes relacionados a procedimentos estéticos e cirúrgicos realizados na clínica.

De acordo com a polícia, a investigação foi iniciada em fevereiro de 2024, quando foi revelado que a clínica KGG realizava procedimentos de alto risco, como rinoplastias, lipoaspirações, aplicações de botox e preenchimentos faciais, sem a devida autorização e com o uso de substâncias proibidas, como o (PMMA), e agora a apuração indica também a utilização de óleo de silicone.

O delegado Daniel José de Oliveira apontou que a clínica funcionava de forma organizada e hierárquica, com estratégias de marketing agressivas e a participação de profissionais sem a qualificação necessária.

Além disso, a clínica comercializava medicamentos manipulados de forma irregular, incluindo substâncias proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Conforme Oliveira, essas substâncias podem causar deformidades permanentes, necroses, infecções graves e outras complicações de saúde. Ao todo, mais de 70 pessoas procuraram a delegacia como vítimas dos investigados, segundo o delegado.

Nessa nova fase das investigações, a polícia suspeita que o número de vítimas chegue a 954, com base nos atendimentos realizados também entre março de 2028 e março de 2019. Para Oliveira, esses pacientes podem ter sido submetidos a aplicação de óleo de silicone durante procedimentos estéticos, o que pode causar inflamações, deformidades e outros danos à saúde.

Diante de riscos à saúde, o delegado recomendou que os pacientes da clínica KGG procurem um médico com urgência e solicitem um exame de ultrassom dermatológico com doppler. Esse exame, segundo o investigador, pode detectar substâncias não absorvíveis pelo corpo, como o óleo de silicone. E, se o resultado der positivo, a pessoa é orientada a procurar a 4ª Delegacia Distrital de Goiânia para prestar depoimento e colaborar com as investigações.

Acusações contra os proprietários da clínica:

  • Formação de organização criminosa;
  • Falsificação de produtos terapêuticos;
  • Lesões corporais gravíssimas;
  • Exercício ilegal da medicina;
  • EstelionatoTráfico de medicamentos.
  • Nota da defesa de Paulo César

    A decretação da prisão preventiva de Paulo Cesar Dias Gonçalves é uma decisão absurda, que não se sustenta juridicamente. O próprio STJ, através da ministra Daniela Teixeira, já disse que, neste caso, é desproporcional e desnecessária, portanto, ilegal. Paulo César estava submisso a medidas cautelares diversas da prisão, as cumprindo na íntegra. O que está havendo é uma série de situações inventadas pela Polícia Civil de Goiás, sem nenhum documento e sem nenhuma prova ou indício.

    São apenas falácias e narrativas na tentativa de induzir a erro o Poder Judiciário. Já estamos trabalhando, elaborando os recursos cabíveis e necessários, e iremos acionar todas as instâncias do Poder Judiciário, até mesmo, se necessário, o STJ e o STF, objetivando cessar esta absoluta ilegalidade.

    Goiânia - GO, 13 de março de 2025.

    Exames comprovaram substâncias como polimetilmetacrilato e óleo de silicone na face dos pacientes. (Divulgação/Polícia Civil)

    Exames comprovaram substâncias como polimetilmetacrilato e óleo de silicone na face dos pacientes. (Divulgação/Polícia Civil)

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    Jovem que teve vísceras expostas após ser esfaqueado continua internado em hospital sem previsão de alta, diz SES

    Vítima foi esfaqueada em bar localizado no bairro Jardim Paulista, em Araguaína. Caso ainda é investigado pela Polícia Civil.

    HRA - Hospital Regional de Araguaína

    HRA - Hospital Regional de Araguaína (Reprodução/TV Anhanguera)

    Um adolescente de 17 anos que teve as vísceras expostas após levar golpes de faca continua internado no Hospital Regional de Araguaína (HRA). Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES), a vítima ainda não tem previsão de alta.

    O crime aconteceu na manhã de domingo (2), por volta das 10h, no bairro Jardim Paulista, em Araguaína. Conforme o Corpo de Bombeiros Militar, ao chegarem no local, o adolescente estava deitado no chão com as vísceras expostas.

    O relatório diz que o suspeito não foi visto no local. Os militares cobriram a parte exposta e o encaminharam o jovem para o HRA. De acordo com SES, ele está sob os cuidados da equipe multiprofissional da unidade hospitalar.

    Testemunhas relataram para a Polícia Militar que o jovem estava em um bar quando foi esfaqueado por outro homem. Ainda de acordo com os militares, ao chegar no HRA, o adolescente havia passado por cirurgia e se encontrava estável.

    O caso foi registrado e encaminhado à Delegacia da Polícia Civil para localizar o suspeito.

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    Goiás tem 5 mortes por dengue e investiga outras 31

    Números preocupam a SES-GO, que intensificou ações de combate ao mosquito. Circulação do sorotipo 3 é motivo de atenção

    Moradora de Heitoraí, a professora Damiana Gonçalves, de 58 anos, foi a 1ª vítima da dengue em Goiás este  ano

    Moradora de Heitoraí, a professora Damiana Gonçalves, de 58 anos, foi a 1ª vítima da dengue em Goiás este ano (Divulgação)

    Nas primeiras oito semanas epidemiológicas de 2025, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) recebeu a notificação de 36 mortes por dengue, das quais cinco foram confirmadas e as demais estão sob investigação. Os casos se concentram na região Centro-Oeste de Goiás e o ressurgimento do sorotipo 3 da doença no Brasil após 17 anos acendeu um alerta nas autoridades. Os números fizeram a Saúde intensificar as ações de combate ao mosquito Aedes aegypti em todo o Estado e investir na capacitação de servidores.

    Superintendente de Vigilância em Saúde da SES-GO, Flúvia Amorim explica que o decreto de emergência em razão da dengue em Goiânia no início de janeiro ocorreu em razão da falta de assistência naquele momento que estava lotando as unidades de saúde da capital. Nesta quinta-feira (20), dos 246 municípios goianos, 53 estavam em situação de emergência por causa da dengue, o que significa uma taxa de incidência de dengue por quatro semanas consecutivas ou mais acima do limite esperado para o período. Com isso, equipes da pasta estadual da Saúde têm reforçado as ações de combate à doenças nessas localidades.

    Flúvia Amorim ressalta que a SES-GO tem investido em capacitação -- já ocorreram quatro neste ano -- exatamente pelo momento de mudança nas administrações municipais. "Muitas vezes as equipes são novas, com recém-formados assumindo as unidades, e, como não estão preparadas para atender casos de dengue, acabam encaminhando os pacientes para unidades com maior suporte." Nos últimos dois meses, o maior número de internações por dengue foi registrado em Goiânia (155), Aparecida de Goiânia (129), Itapaci (49), Nerópolis (36), Mozarlândia (21) e Goiás (21). "Quando há muitos casos no ano anterior, a tendência é não se repetir esse quadro no ano seguinte, por isso estamos analisando essas internações.

    O decreto de emergência esta semana no Estado de São Paulo -- onde se registrou até o momento 113 mortes -- acendeu o alerta também aqui. Flúvia Amorim explica que desde setembro o governo paulista vinha monitorando os casos provocados pelo sorotipo 3. "Quando tem uma inversão do sorotipo -- e lá isso ocorre há dois anos seguidos -- há um grande risco de epidemia. A dengue possui quatro sorotipos e, quando alguém contrai a doença, fica imune a um deles. No caso do tipo 3, ele estava desaparecido no Brasil desde 2008 e agora ressurgiu em alguns pontos do País, aumentando a preocupação das autoridades porque grande parte dos brasileiros não é imune a ele."

    Em Goiás, entre 2024 e 2025, o sorotipo 3 foi detectado em Jataí, Rio Verde, Cumari e Goiatuba. "Estamos monitorando, mas acreditamos que ele estará mais presente no próximo período (2025/2026)", afirma Flúvia Amorim. Embora seja esse o quadro em relação ao sorotipo 3 e o número de casos tenha tido uma redução de 75% em relação ao mesmo período de 2024 (oito semanas epidemiológicas), a superintendente enfatiza que a situação é preocupante. Até o momento, a SES-GO recebeu a notificação de 26.063 casos da doença, dos quais 12.688 foram confirmados.

    A primeira morte pela doença confirmada em Goiás foi a da professora Damiana Gonçalves, de 58 anos. Ela morava em Heitoraí, no Centro do Estado. Damiana começou a apresentar os primeiros sintomas de dengue no final de dezembro. "Levei ela para tomar soro no hospital duas vezes", lembra o viúvo Divino de Carvalho, de 61 anos. Cerca de uma semana após o início dos sintomas, o quadro da professora se complicou e ela precisou ser hospitalizada. "As plaquetas caíram e ela teve alteração na pressão", narra Divino. Em 4 de janeiro deste ano, um dia após ter ido para o hospital, Damiana não resistiu e morreu. A morte foi confirmada pela SES-GO no final de janeiro.

    A perda da esposa deixou um vazio na vida de Divino. Juntos, eles tinham dois filhos. "Agora que está caindo a ficha", emociona-se. Divino conta que Damiana era uma mulher ativa. "Sempre trabalhando. Mais recentemente, se preparava para a aposentadoria", conta. Apesar da dor, o homem celebra o fato de que, em outubro passado, Damiana conseguiu comemorar o aniversário de um ano da neta, Rebeca. "Ela mora em Londres e veio, junto com a mãe, passar um tempo aqui. Minha mulher era muito apegada a ela", recorda.

    Medidas

    A SES-GO está distribuindo bombas costais aos municípios, inseticidas, medicamentos para hidratação e controle do quadro febril. As capacitações para profissionais da saúde envolvem o manejo clínico adequado de pacientes com arboviroses. Uma nova série de capacitações começou no final de janeiro e vai até abril. Como fez em 2024, a pasta enviará aos municípios materiais de suporte, como cartão de acompanhamento do paciente e fluxograma de manejo clínico da dengue. A secretaria ainda criou um canal para matriciamento dos casos de dengue, para tirar dúvidas dos profissionais que estão em contato direto com os pacientes nas unidades.

    Em parceria com a Defesa Civil, em janeiro a SES-GO reativou a Sala de Situação de Arboviroses. O objetivo é unir esforços para avaliar e redirecionar as estratégias de combate ao mosquito Aedes aegypti, vetor de doenças como dengue, zika e chikungunya, e agilizar ações como o encaminhamento de materiais, regulação de pacientes e apoio técnico aos municípios.

    Goiânia já tem quase 3 mil casos da doença

    Goiânia já conta com 2.899 casos confirmados de dengue. Quando considerados os casos notificados, o número sobe para 4.305. As informações são do boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) nesta quinta-feira (20) sobre o cenário epidemiológico de arboviroses no município. Apesar de contar com óbitos em investigação, a capital ainda não registrou nenhuma morte pela doença.

    A região com a maior proporção é a Noroeste. O índice de casos de dengue no distrito chega a 294,3 a cada 100 mil habitantes. A região Sudoeste fica em segundo lugar, com 286,7 casos a cada 100 mil habitantes, seguida pela região Sul, com 279,5 casos a cada 100 mil habitantes. A menor quantidade de registros é encontrada na região Oeste, com 180,3 casos a cada 100 mil habitantes.

    Vacinação

    Um desafio da administração pública ainda tem sido a vacinação das crianças e adolescentes de 6 a 16 anos. De acordo com dados da Diretoria de Vigilância Epidemiológica da SMS, 69.713 doses da vacina foram aplicadas em Goiânia. "Cerca de 26% das pessoas na faixa etária apta a se vacinar receberam a primeira dose, mas a cobertura da segunda dose é de apenas 8,5% do total de pessoas que podem receber a vacina", explica Murilo Reis, diretor de Vigilância Epidemiológica da capital. "O esquema vacinal incompleto impede a eficácia plena da vacina, deixando a criança vulnerável à doença."

    A vacina contra a dengue em Goiânia é ofertada nas seguintes unidades de saúde: Ciams Urias Magalhães, CS Vila Boa, CSF São Judas Tadeu, CSF Guanabara I, CS Cândida de Morais, CSF Jardim Curitiba I, CSF Jardim Primavera, CSF São Carlos, CS Chácara do Governador, CS Jardim Novo Mundo, CSF Riviera, CSF Parque Atheneu, CSF Recanto das Minas Gerais, CSF Ville de France, CS Goiá, CSF Eldorado Oeste, CSF Jardim Cerrado IV, CSF São Francisco, CSF Vera Cruz II, CS Cidade Jardim, CS Esplanada dos Anicuns, CSF Vila Santa Helena, Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Goiás (UFG).

    Chikungunya

    Ainda conforme o boletim epidemiológico mais recente da SMS, Goiânia registrou 12 casos confirmados e 30 notificados de febre chikungunya, doença que também é transmitida pelo Aedes aegypti e possui sintomas parecidos com a dengue, mas diferencia-se pela apresentação de dores intensas nas articulações.

    Secretaria de Saúde deverá levar armadilhas para todas as cidades

    Em funcionamento piloto em dez municípios, o Projeto de Armadilhas de Oviposição (ovitrampas) implantado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO), será levado para todas as localidades goianas. As armadilhas simulam condições ideais para que o mosquito da dengue deposite seus ovos. Presos numa palheta de madeira, semanalmente são retirados por agentes de endemias e enviados para análise no Laboratório Estadual de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros (Lacen-GO).

    A estratégia tem duas funções: auxilia no monitoramento da infestação pelo Aedes aegypti na região onde foi instalada a armadilha, a partir da contagem dos ovos; e os exames no Lacen-GO permitem descobrir qual o sorotipo da dengue está circulando no local.

    Superintendente de Vigilância em Saúde da SES-GO, Flúvia Amorim reforça que as mudanças climáticas têm interferido muito nas ocorrências de doenças transmitidas por vetores como a dengue, zika e chikungunya. "Se o período de chuvas for prolongado juntamente com as temperaturas altas podemos ter um tempo maior de transmissão."