O número de pessoas mortas em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, chegou a 176 na manhã desta segunda-feira (21). As equipes do Corpo de Bombeiros ainda trabalham para encontrar os desaparecidos na cidade, no 7º dia de buscas depois do temporal que atingiu a região.Segundo os dados da Polícia Civil há ainda 139 pessoas desaparecidas, até as 9h30 da manhã desta segunda-feira (21). Com a entrada no 7º dia de buscas, o TJ (Tribunal de Justiça) e a Defensoria Pública, com o apoio da Polícia Civil, iniciaram um mutirão de coleta de DNA para identificar e tentar localizar os desaparecidos de Petrópolis.A cada dia, 20 famílias serão chamadas para a coleta do material genético. As famílias que farão parte do mutirão são aquelas que já registraram o desaparecimento de um familiar. A Polícia pede ainda que aqueles que ainda não fizeram o boletim de ocorrência procure a Delegacia de Descoberta de Paradeiros.A Defesa Civil de Petrópolis registrou 949 ocorrências, sendo 775 por deslizamentos de terra desde terça-feira (15). A cidade foi atingida por um temporal, que também provocou alagamentos.CHUVAS Na terça-feira (15), choveu mais em 6 horas que o esperado para o mês inteiro em Petrópolis. No final da tarde, a correnteza arrastou carros e derrubou barreiras.A prefeitura já sabia que diferentes pontos da cidade corriam risco de deslizamento, enchente e inundação. Segundo o Plano Municipal de Redução de Riscos, elaborado em 2017, 18% do território de Petrópolis estava sob risco.No total, são cerca de 27.000 casas em áreas de risco alto ou muito alto para deslizamentos, enchentes e inundações. Entre os principais problemas identificados estão a ocupação em regiões sem infraestrutura ou em locais como encostas e no caminho das águas.A prefeitura afirmava, ainda em 2017, que 7.177 famílias precisavam ser reassentadas. O número corresponde a 25,9% das famílias que estavam em locais de risco.A previsão para este domingo (20) é de céu nublado, com possibilidade de chuvas fracas e moderadas a qualquer momento.GASTOS Petrópolis cortou a verba com os gastos com Defesa Civil em 2021, como mostrou o Poder360. No ano passado, a prefeitura investiu R$ 94.452 em Defesa Civil. Em 2020, havia sido R$ 104.471. Foi 0,007% da receita de R$ 1,3 bilhão em 2021. Ainda menos que os 0,009% (R$ 1,2 bilhão) de 2020.Ao nível nacional, os aportes do governo para a Defesa Civil também minguaram nos últimos anos.O prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo (PSB), disse ter uma “responsabilidade parcial” pelas consequências das chuvas. “Foi feito muito nos nossos mandatos, a nossa responsabilidade é parcial. Quem não fez as obras foram os governos federal e estadual”, declarou Bomtempo. “Compramos os terrenos [para realocar as famílias retiradas de casa depois de fortes chuvas em 2011 e 2013] e eles não fizeram as obras”.Segundo estimativa do secretário de Infraestrutura e Obras do Rio, Max Lemos, as chuvas devem causar um prejuízo de até R$ 300 milhões aos cofres fluminenses, considerando ações emergenciais como reconstrução de passarelas, recuperação de tubulações e retirada de pedras.