O papa Francisco lançou nesta sexta-feira (8) uma ampla exortação apostólica que reúne as conclusões de dois sínodos sobre a família, de 2014 e 2015.O documento, dividido em nove capítulos e 261 páginas, leva o "A Alegria do Amor" ("Amoris Laetitia") e nele o pontífice aborda o tema da família, seus desafios e problemáticas, apresentando considerações doutrinais em cada caso.Talvez o capítulo mais extenso e delicado seja o oitavo, "Acompanhar, discernir e integrar a fragilidade", no qual emprega os três verbos que devem guiar o tratamento da Igreja Católica com as "situações complexas, irregulares ou de fragilidade" da família, como os divorciados e as pessoas que voltaram a se casar.Francisco faz um "convite à misericórdia e ao discernimento pastoral diante de situações que não correspondem plenamente ao que o Senhor propõe" e pede para que os divorciados que vivem numa nova união não sejam rotulados, mas sim integrados à Igreja."Deve-se ajudar cada um a encontrar a sua própria maneira de participar na comunidade eclesial, para que se sinta objeto de uma misericórdia imerecida, incondicional e gratuita", ressaltou."A Alegria do Amor", o documento mais aguardado desde a chegada de Francisco ao Vaticano, é um forte e articulado mosaico sobre o tema da família, razão pela qual foi concluído em 19 de março, quando os católicos comemoram o Dia de São José, protetor da família.O sexto capítulo é dedicado vias pastorais que orientam para a edificação de famílias sólidas e fecundas. Nesse trecho, o pontífice analisa, entre outros aspectos, as famílias que têm um integrante homossexual, "uma experiência nada fácil nem para os pais nem para os filhos", e reitera que "toda pessoa, independentemente de sua tendência sexual, deve ser respeitada em sua dignidade e amparada com respeito".Em seguida, ele trata das uniões homoafetivas e volta a afirma que "só a união entre um homem e uma mulher cumpre a função plena" e diz que as uniões entre pessoas do mesmo sexo não podem ser equiparadas ao matrimônio.Francisco também aborda os desafios enfrentados pelas famílias modernas, como o medo ou rejeição dos casais jovens ao compromisso perante um mundo individualista, o alcoolismo e o jogo. O texto ainda critica algumas práticas, como o aborto e a eutanásia, chamando os profissionais da saúde a recorrer à "cláusula de consciência", e mostra grande preocupação com o tema da violência contra a mulher, que, em sua opinião, "não constitui uma mostra de força masculina, mas uma covarde degradação".Por outro lado, no sétimo capítulo intitulado "Reforçar a educação dos filhos", ele dedica um trecho a seção "Sim à educação sexual", no qual defende que as escolas devem assumir esse desafio, em uma época em que acompanhamos a banalização do sexo."A educação sexual deve ser realizada no contexto de uma educação para o amor, para a doação mútua", afirma.Francisco também adverte sobre definição de "sexo seguro", já que considera que "transmite uma atitude negativa a respeito da finalidade procriadora natural da sexualidade, como se um possível filho fosse um inimigo de quem é preciso proteger-se. Deste modo promove-se a agressividade narcisista, em vez do acolhimento".