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Parlamentares veem discurso de Bolsonaro como esboço de estratégia para 2022

A oração antes da fala do presidente e a afirmação do filho de que o pai é um "humilhado que está sendo capacitado por Deus" miraram, na visão dos políticos, os fiéis e os partidos que os representam

Folhapress

Modificado em 21/09/2024, 00:22

Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil

Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil (Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil)

Parlamentares de Brasília interpretaram os discursos de Jair Bolsonaro e do senador Flávio no ato de filiação do presidente ao PL como demonstração de que a estratégia para alcançar o 2º turno em 2022 do presidente será manter os votos entre evangélicos e evitar perda do eleitorado anti-PT para Sergio Moro (Podemos).

A oração antes da fala do presidente e a afirmação do filho de que o pai é um "humilhado que está sendo capacitado por Deus" miraram, na visão dos políticos, os fiéis e os partidos que os representam.

Os ataques de Flávio, como a comparação de Moro a um traidor, são classificados como reconhecimento de Bolsonaro de que vê no ex-ministro um adversário forte no eleitorado antipetista e entre defensores do combate à corrupção, carreiras de segurança e até militares.

No evento, o discurso mais político e eleitoral coube a Flávio Bolsonaro (RJ), que também se filiou ao PL nesta terça.

Flávio relembrou do episódio em que Moro divulgou conversa com a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), de quem foi padrinho de casamento, a respeito da troca no comando da Polícia Federal. "Juntos, vamos vencer o vírus, qualquer traidor e qualquer ladrão de nove dedos, pelo bem do Brasil", afirmou.

O filho senador do presidente atacou também os governos petistas ---que parte da plateia apoiou no passado. "Ainda querem nos fazer crer que um ex-presidiário, preso por roubar o povo brasileiro, estará à frente [de Bolsonaro nas pesquisas]."

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Lula critica pedidos de anistia e desafia Bolsonaro

Bolsonaro foi declarado inelegível por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral e pelo uso político do 7 de Setembro

Modificado em 05/02/2025, 16:53

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Valter Campanato/Agência Brasil)

O presidente Lula (PT) criticou nesta quarta-feira (5) os pedidos de anistia aos condenados do 8 de janeiro e afirmou que venceria Jair Bolsonaro (PL) de novo caso a inelegibilidade do ex-presidente fosse revertida.

Nem terminou o processo e as pessoas já querem anistia, ou seja, eles não acreditam que sejam inocentes? Eles deveriam acreditar [na inocência] e não ficar pedindo anistia antes de o juiz determinar qual é a punição ou se vai ter", disse em entrevista a rádios de Minas Gerais.

"Quando pessoas nem foram condenadas e estão pedindo anistia é porque estão se condenando."

Bolsonaro foi declarado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até 2030 por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral e pelo uso político do 7 de Setembro.

Ele também foi indiciado pela Polícia Federal em três inquéritos: o que trata das joias presenteadas pela Arábia Saudita; o que investigou a falsificação de certificados de vacinas contra a Covid-19; e, mais recentemente, o da trama golpista de 2022.

Segundo a Polícia Federal, Bolsonaro planejou a tentativa de ruptura institucional, que só não teria sido concretizada por "circunstâncias alheias à sua vontade".

Os inquéritos foram enviados à Procuradoria-Geral da República, que deve decidir por fazer ou não a denúncia.

"Vocês terão direito de defesa que nunca houve para mim. Para ele [Bolsonaro] vai haver", disse Lula na entrevista desta quarta-feira, concedida às rádios Itatiaia, Mundo Melhor e BandNews de Belo Horizonte.

"E, se a Justiça entender que ele pode concorrer às eleições, ele pode concorrer e, se for comigo, vai perder outra vez. Não há possibilidade de a mentira ganhar a eleição nesse país."

Lula também lembrou a ida de Bolsonaro à Flórida após ter perdido as eleições de 2022. Com a partida para os Estados Unidos, o ex-presidente se esquivou de participar da cerimônia de posse do rival e encerrou seu mandato sem passar a faixa presidencial.

"Se ele fosse um homem que não tivesse preparado toda aquela podridão de comportamento, ele teria ficado e dado posse como qualquer ser humano civilizado faria, mas ele não. Vamos aguardar o julgamento com muita tranquilidade", disse Lula.

O projeto de lei que concede anistia aos condenados do 8 de janeiro tramita na Câmara dos Deputados e é alvo de disputa política entre a ala governista e a oposição.

O avanço da proposta pode beneficiar Bolsonaro, pois tramita em conjunto com outras mais abrangentes, que poderiam englobar as condenações da Justiça Eleitoral.

Em 2024, o então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) criou uma comissão para debater o tema. Agora no cardo, o deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) já afirmou que o assunto será discutido nos próximos dias.

Segundo ele, o tema deverá ser tratado com "imparcialidade".

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Deputado propõe anistia a integrantes de atos em rodovias

Major Vitor Hugo apresentou projeto que beneficia manifestantes e financiadores dos bloqueios e ações que contestaram resultado eleitoral

Modificado em 20/09/2024, 05:18

Aliado de Bolsonaro, Vitor Hugo pediu urgência na votação da anistia

Aliado de Bolsonaro, Vitor Hugo pediu urgência na votação da anistia (Weimer Carvalho / O Popular)

O deputado federal por Goiás Major Vitor Hugo (PL) apresentou um projeto de lei para dar anistia às pessoas que participaram dos atos antidemocráticos realizados desde o resultado da eleição presidencial, com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem o parlamentar é aliado.

"Concede anistia a todos os que tenham participado de manifestações em qualquer lugar do território nacional do dia 30 de outubro de 2022 ao dia de entrada em vigor desta Lei, nas condições que especifica", diz a ementa do projeto, em referência à data da realização do segundo turno, quando os protestos antidemocráticos se iniciaram, puxados por insatisfeitos com a vitória de Lula.

Vitor Hugo ainda apresentou a proposta em regime de urgência, para que "manifestantes, caminhoneiros, empresários e todos os que tenham participado de manifestações nas rodovias nacionais, em frente a unidades militares ou em qualquer lugar do território nacional" sejam anistiados de crimes políticos, eleitorais, ou outro que tenha conexão com esses temas.

A proposta do deputado beneficiaria não só quem participou dos atos, mas também aqueles que tenham financiado ou organizado as manifestações. Ele ainda inclui no texto uma anistia a qualquer fala, comentário ou publicação na internet.

A exceção é dada para aqueles que tenham cometido crimes "contra a vida, contra a integridade corporal, de sequestro e de cárcere privado". Por fim, ele pede a anulação das penalidades que já foram impostas pela justiça eleitoral ou comum. Apesar de admitir que foram cometidos crimes, defende que essas pessoas exerciam da "liberdade de expressão".

Na justificativa, o deputado afirma que não considera as manifestações em questão antidemocráticas. "Entretanto, infelizmente, essa convicção não é reverberada por importantes setores da sociedade e que podem impor às famílias hoje acampadas em diversas partes do País acusações de cometimento de crimes das mais diversas naturezas", escreve.

Vitor Hugo defende que o objetivo do projeto é "construir pontes de maneira que possamos enfrentar os desafios da fase que virá com serenidade e desassombro".

Nas redes sociais, o deputado gravou vídeo anunciando a propositura do projeto nesta quinta-feira (24). Ele também pede cobrança aos deputados federais para que assinem o requerimento de urgência na tramitação do projeto. Candidato a governador de Goiás na eleição de 2022, o parlamentar encerra seu mandato neste ano, assim como Bolsonaro. A expectativa é de que o presidente sancione caso a proposta seja aprovada.

Em Goiás, empresários são investigados pelo Ministério Público Estadual devido aos indícios de que tenham financiado os atos antidemocráticos e, ainda, forçado trabalhadores de suas empresas a também participarem.

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Em Goiânia, apoiadores de Bolsonaro pedem "intervenção federal"

Principal manifestação de golpistas em Goiás ganhou reforço no feriado, em frente ao 1º Batalhão de Ações de Comandos do Exército, no Jardim Guanabara

Modificado em 20/09/2024, 05:24

Maioria dos inconformados com a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) se vestiu de verde e amarelo; muitos exibiram a bandeira nacional

Maioria dos inconformados com a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) se vestiu de verde e amarelo; muitos exibiram a bandeira nacional (Fábio Lima / O Popular)

O feriado do Dia de Finados, nesta quarta-feira (2), foi marcado por manifestações de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado na eleição do dia 30. A principal concentração em Goiás continua sendo em frente ao 1º Batalhão de Ações de Comandos do Exército, no Jardim Guanabara, em Goiânia.

De acordo com a Polícia Militar, cerca de 10 mil pessoas participaram do protesto no local nesta quarta. O grupo se reúne no Guanabara desde segunda-feira (31). O trânsito no local já chegou a ser interditado por manifestantes ao longo da semana, mas, na noite desta quarta, o tráfego estava fluindo lentamente e sem bloqueio.

Segundo o secretário estadual de Segurança Pública, Renato Brum, durante a tarde o trânsito foi desviado pelas forças de segurança por causa da grande concentração de manifestantes. A Polícia Militar segue acompanhando o protesto.

Vestidos em maioria de verde e amarelo, membros do grupo levaram cartazes com críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, e com pedido de "intervenção federal". Os manifestantes estão confundido pontos jurídicos em suas reivindicações.

Bolsonarista e membro da Frente Conservadora em Goiás, Jeniffer Crecci afirma que não há previsão de quando a manifestação será interrompida. Jeniffer relata que a movimentação no local nesta quarta foi maior que nos dias anteriores por causa do feriado. Segundo ele, a maior concentração de pessoas ocorreu no período da tarde. No início da noite, o grupo começou a dispersar, mas com previsão de retorno de parte das pessoas nesta quinta-feira (3).

Jeniffer argumenta que os manifestantes aguardam a publicação de relatório das Forças Armadas sobre o processo eleitoral. Segundo ele, até lá, os protestos devem continuar. Ao longo de quase quatro anos de governo, Bolsonaro alimentou a narrativa de que houve fraude na eleição de 2018, argumentando, sem apresentar provas, que venceu no primeiro turno daquela eleição.

Nesta quarta também houve manifestação em frente à Base Aérea de Anápolis. Por este motivo, o fluxo do trânsito ficou lento na BR-414.

Rodovias

De acordo com Brum não houve interdições em GOs nesta quarta. O secretário relata que um grupo de manifestantes tentou bloquear novamente a GO-070, em Inhumas, mas foi impedido pelo Batalhão Rodoviário. Nesta semana, houve momentos de interdição parcial e total em mais de 20 pontos em rodovias goianas.

Nas BRs, os bloqueios parciais continuam. O último boletim sobre o tema antes do fechamento desta edição foi divulgado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) às 14h52. O órgão identificou interdição parcial na BR 364, em São Simão; na 050, em Catalão; e na 060, em Rio Verde.

Em nota, a PRF informou que não existe nenhum ponto de bloqueio total em BRs que passam pelo estado. "As rodovias federais são locais de maior visibilidade, com maior concentração de pessoas gerando uma situação de maior complexidade para desmobilização", diz o texto.

A nota afirma ainda que o trânsito está fluindo em todas as BRs e que as equipes estão em todos os locais que demandam atenção.

Nacional

Protestos contra o resultado da eleição ocorreram em frente a quartéis ou repartições militares em todo o país, com citação a Deus e família e defesa de intervenção militar.

Com faixas, cartazes, gritos de guerra esportivos e interdição do trânsito, os golpistas alegaram, sem prova alguma, que as eleições foram fraudadas e que é preciso salvar o país da "ditadura do STF".

Questionados nos atos sobre como deveria ser a intervenção, porém, participantes dos protestos se limitam a afirmar que houve roubo na eleição, sem dizer como isso se deu, e não detalham como seria efetivado o desejo dos grupos.

Com gritos de "ordem e progresso" e "intervenção federal", apoiadores de Bolsonaro se concentraram em frente ao Comando da 4ª Região Militar do Exército, na região oeste de Belo Horizonte. O protesto na capital do segundo maior colégio eleitoral do País ocorre por inconformismo com a derrota de Bolsonaro. Minas Gerais era considerado um estado estratégico para o presidente reverter a diferença para Lula registrada no primeiro turno e vencer a eleição, mas apesar de ter diminuído a distância, o petista manteve a dianteira.

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Justiça goiana determina que manifestantes desbloqueiem o tráfego em rodovias sob pena de multa

Pessoa física está sujeita a R$ 10 mil em multa e pessoa jurídica em R$ 100 mil

Modificado em 20/09/2024, 05:23

Trecho em Anápolis, na BR 153, apresentou congestionamento; manifestantes queimaram pneus para dificultar o tráfego

Trecho em Anápolis, na BR 153, apresentou congestionamento; manifestantes queimaram pneus para dificultar o tráfego (Wildes Barbosa/O Popular)

Uma decisão liminar da Justiça Federal de Goiás foi proferida na noite desta segunda-feira (31) determinando que os manifestantes que estiverem impedindo ou dificultando o trânsito nas rodovias federais localizadas no Estado de Goiás, devam desbloquear as pistas para que o tráfego possa fluir, sendo obrigatório o cumprimento por parte dos manifestantes. Em caso de desobediência, é previsto uma multa no valor de R$ 10 mil por pessoa e R$ 100 mil por pessoa jurídica que lidere ou preste apoio ao movimento. As informações são da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

A PRF informa também que é assegurado o direito de manifestação, mesmo às margens da pista, "desde que não cause prejuízo à segurança viária e ao direito de circulação dos demais usuários da rodovia".

Ainda, segundo a polícia, as rodovias federais que permanecem interditadas em Goiás são: BR 020, em Formosa, BR 020 em Rosário, BR 040 em Valparaíso e BR 070 em Águas Lindas de Goiás.