Geral

Preço do leite dispara 21,3% este ano em Goiás

Item já acumula alta de quase 25% em 12 meses e continua subindo por causa de aumento dos custos e queda na produção

Modificado em 20/09/2024, 00:55

Preço do leite dispara 21,3% este ano em Goiás

A alta no preço do leite longa vida tem assustado o consumidor nas últimas semanas. Nesta quinta-feira (9), o litro do produto já era encontrado por até R$ 5,99 no comércio da capital. O reajuste acumulado de janeiro a maio deste ano chega aos 21,3% e, em 12 meses, a alta no varejo já é de 24,5%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado mensalmente pelo IBGE. Entre os motivos para esta alta, está o recuo da produção no campo, por causa da saída de muitos produtores da atividade.

De acordo com o presidente da Comissão de Pecuária Leiteira da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Vinícius Correia, a estimativa é que cerca de 10 mil produtores tenham abandonado a atividade nos últimos dois anos. Com a oferta reduzida, os preços para o produtor subiram. O resultado tem sido uma queda na produção goiana, estimada em mais de 3% para este ano.

Com a oferta reduzida, os preços para o produtor reagiram nos últimos meses e estão cerca de 20% maiores. Segundo Vinícius Correia, atualmente os valores recebidos variam de R$ 2,50 a R$ 3. Neste mesmo período do ano passado, a cotação média era de R$ 2,07, segundo o Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária em Goiás (Ifag). Já o preço chamado leite spot, que é mais caro por ser comercializado em maior volume das cooperativas para os laticínios goianos ou entre as próprias indústrias do setor, já varia de R$ 3,35 a R$ 3,55.

"Este cenário é resultado do abandono da atividade por muitos produtores e de uma política, muitas vezes, leonina por parte dos laticínios, que pressionam pela queda nos valores pagos ao produtor", avalia Vinícius. Outra forte pressão, segundo ele, veio da alta nos custos de produção, que praticamente triplicaram nos últimos dois anos.

Para o pecuarista, os valores atuais remuneram o produtor, mas não se sabe por quanto tempo eles continuarão nestes patamares mais elevados, já que há sempre uma pressão por quedas. Porém, desta vez, ele não acredita num recuo a curto prazo. "Está faltando leite no mundo todo. Os valores atuais são os maiores já alcançados no leilão internacional", destaca.

Margens

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP) confirma que o avanço do preço do leite ao produtor é consequência da diminuição da produção no campo, principalmente por causa do aumento dos custos de produção e da entressafra. Com isso, os preços dos derivados do leite também subiram no mercado, como os iogurtes e bebidas lácteas, que hoje estão 18,3% mais caros que no mesmo período do ano passado em Goiânia.

O diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios do Estado (Sindileite), Alfredo Luiz Correia, lembra que a produção mundial de leite vem caindo, assim como a brasileira. Outro impacto vem da seca no Sul do País e do início da entressafra no Centro-Oeste. "A pecuária leiteira também viveu um período de muitos abates de vacas e muitos produtores migraram para o plantio de grãos. O parque industrial não pode ficar sem leite, com a menor oferta, prevalece a lei da oferta e procura, que aumenta os preços", explica o executivo.

O resultado imediato da alta nos preços, segundo Alfredo, é o recuo das vendas, pois o consumidor já está com o orçamento muito pressionado pela inflação. Para ele, também há uma margem de lucro elevada no varejo, que é estimada entre 20% e 30% no caso dos derivados do leite, segundo os valores no atacado e os preços médios praticados nas gôndolas. "Hoje, a indústria vende o quilo do queijo muçarela por uma média de R$ 33 a R$ 35. Já no supermercado, todos vemos que o preço atual oscila numa faixa entre R$ 45 e R$ 50 para o consumidor", diz o diretor do Sindileite. Segundo ele, o leite longa vida é vendido por R$ 4,20 a R$ 4,50 no atacado.

Geral

Inflação leva a novos hábitos e reativa dispensa

Alta de preços obriga a adotar estratégias para reduzir impacto no orçamento; planejar, procurar descontos e evitar desperdício são dicas

Modificado em 22/03/2025, 08:09

Nilza Bonfim, presidente do Movimento das Donas de Casa e Consumidores do Estado: é possível se organizar e fazer o dinheiro render um pouco mais

Nilza Bonfim, presidente do Movimento das Donas de Casa e Consumidores do Estado: é possível se organizar e fazer o dinheiro render um pouco mais (Fábio Lima / O Popular)

As sucessivas altas de preços trouxeram o fantasma da inflação de volta para a rotina das famílias. Apesar de alguns produtos terem reajustes mais expressivos e comentados nos últimos meses, como café, azeite e ovos, especialistas alertam que os aumentos são generalizados, exigem uma atenção extra ao orçamento e contribuem até para o aumento da inadimplência. Para tentar reduzir o impacto das altas, consumidores têm adotado novos e antigos hábitos de consumo, como buscar mais promoções, substituir itens e até armazenar produtos que estejam em promoção.

A inflação acumulada nos últimos 12 meses em Goiânia, segundo o Índice de Preços aos Consumidor Amplo (IPCA), chegou aos 5,28%. Mas, se considerarmos só o café moído, por exemplo, no mesmo período, a alta já chega a assustadores 86,4% na capital. Só nos dois primeiros meses deste ano, a bebida subiu mais de 20% e o ovo de galinha ficou 15% mais caro para os goianienses.

Ovo sobe mais de 15% e tem a maior inflação no Plano Real; café avança quase 11%
Novo salário mínimo será de R$ 1.518 em 2025
Comércio registra falta de peixes, que ficam caros

O Movimento das Donas de Casa e Consumidores do Estado (MDC-GO) tenta orientar as famílias cujo orçamento ficou mais apertado com cursos onde são oferecidas dicas de economia doméstica e finanças pessoais. "Controlar o orçamento está mais difícil, pois o salário não consegue acompanhar os preços. Mas ainda temos donas de casa que sabem se organizar e fazer o dinheiro render um pouco mais", garante a presidente do MDC-GO, Nilza Bonfim. Ela lembra que o valor do salário já deveria ser de mais de R$ 3 mil para cobrir os gastos básicos das famílias, mas os governos nada têm feito a respeito.

Para a dona de casa, um saco de 5 quilos de arroz por mais de R$ 30 é inviável no orçamento das famílias mais carentes. Por isso, uma das principais dicas do MDC-GO, que serão colocadas nas redes sociais do Movimento nos próximos dias, é a substituição de produtos mais caros por outros mais baratos. "As pessoas ficam muito ligadas a marcas nobres. Mas é preciso conhecer e testar novos produtos com preços melhores e que podem ser tão bons como as marcas premium", alerta.

Para Nilza Bonfim, a compra semanal em busca de promoções ainda é a mais recomendada para conseguir descontos. "Cada supermercado faz promoções de produtos específicos em determinados dias, quando é possível encontrar preços menores, principalmente nos setores de carnes e verduras", adverte. Outra dica é comprar o básico que será consumido na semana para evitar desperdícios. "Precisamos aprender a reaproveitar e a comprar frutas e verduras de época e na quantidade certa que vamos consumir na semana", orienta.

Ela lembra que é possível substituir carnes de primeira por vários cortes mais baratos de segunda para fazer uma carne de panela ou um ensopado, por exemplo, além de consumir mais frango e suínos, que estão com preços mais em conta. "As pessoas não costumam ter uma regra de compra e vão às compras muito por impulso. Enchem a geladeira, não consomem e acabam jogando muita coisa fora", alerta.

Outra sugestão do MDC para evitar desperdícios é fazer um cardápio prévio para a semana. "Você faz quatro variedades de cardápios semanais. Um para cada semana do mês. Com planejamento, a família acaba comprando só o que precisa mesmo. A economia é doméstica e 80% dela é controlada em casa", adverte Nilza Bonfim.

Promoções
Para o presidente da Associação Goiana de Supermercados (Agos), Sirlei do Couto, os reajustes têm acometido mais produtos pontuais, como café, ovos, arroz e azeite. Para ajudar os clientes a reduzirem o impacto da inflação no orçamento e manter as vendas, os supermercados têm feito mais promoções diárias, com ofertas de produtos específicos para cada dia da semana, a fim de incentivar o cliente a economizar.

Couto ressalta que preços altos também são ruins para os supermercados, que precisam reduzir a margem de lucro para manter as vendas num patamar aceitável. Por isso, a saída tem sido comprar volumes maiores de produtos não-perecíveis em busca de maiores descontos, como o café, que todo dia tem subido. "Compramos um volume maior para ter estoque e uma margem melhor para trabalhar", destaca o presidente da Agos.

Em um cenário de inflação elevada, Sirlei do Couto acredita que o consumidor está mais atento às promoções no varejo, como as que os supermercados fazem diariamente em cada seção de produtos, para tentar economizar. Segundo ele, muitos clientes já optam por levar uma quantidade maior destes itens com preço mais em conta.

"As pessoas perderam o hábito de estocar e vão muitas vezes ao supermercado ao longo do mês. Mas, hoje, quando há uma promoção de verdade, o melhor é comprar mais destes itens com preço mais em conta para estocar e evitar um novo aumento, apesar dos estabelecimentos limitarem o número de unidades por cliente nestas ações", ressalta Couto.

Geral

Ovo sobe mais de 15% e tem a maior inflação no Plano Real; café avança quase 11%

Produtos pressionaram a inflação do grupo alimentação e bebidas no IPCA

Ovos na cartela

Ovos na cartela (Reprodução/Pixabay)

O ovo de galinha e o café moído, dois produtos tradicionais da mesa do brasileiro, registraram inflação de dois dígitos em fevereiro, segundo dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) divulgados nesta quarta (12) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A alta dos preços do ovo foi de 15,39% no mês passado. É a maior inflação mensal desde o início do Plano Real. Na série histórica do IPCA, uma elevação mais intensa do que essa havia sido registrada em junho de 1994 (56,41%), antes de o real entrar em circulação.

Já o café moído teve inflação de 10,77% em fevereiro. É a maior em 26 anos, desde fevereiro de 1999 (12,55%).

O café está em trajetória de alta no IPCA desde janeiro de 2024. Segundo Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa do IBGE, problemas de safra têm levado a uma disparada das cotações no mercado internacional.

"O café teve quebra de safra no mundo, e a gente continua com essa influência", disse.

Gonçalves afirmou que uma combinação de fatores está pressionando os preços dos ovos. O técnico citou três questões: a maior demanda em razão do retorno das aulas no país, as exportações devido a problemas de gripe aviária nos Estados Unidos e os impactos do calor na oferta no Brasil.

"O tempo quente influencia a produção dos ovos, o bem-estar das aves", disse.

Os dois produtos pressionaram a inflação do grupo alimentação e bebidas no IPCA. A alta dos preços desse segmento foi de 0,70% em fevereiro. A taxa, contudo, foi menor do que a de janeiro (0,96%).

As quedas dos preços de mercadorias como batata-inglesa (-4,10%), arroz (-1,61%) e leite longa vida (-1,04%) ajudaram a conter o resultado de alimentação e bebidas. Banana-d'água (-5,07%), laranja-pera (-3,49%) e óleo de soja (-1,98%) também mostraram baixas.

Em 12 meses, a inflação acumulada por alimentação e bebidas está em 7%. É a maior dos nove grupos do IPCA. Educação (6,35%) aparece na sequência.

A carestia da comida virou dor de cabeça para o governo Lula (PT) em um momento de queda da popularidade do presidente.

Em busca de uma redução dos preços, o governo anunciou que vai zerar a alíquota de importação de produtos como carne, café, milho, óleos e açúcar.

Associações de produtores, por outro lado, afirmaram que a medida é inócua. A ausência de fornecedores competitivos é apontada como uma das explicações para essa análise.

Lula diz que brasileiros devem evitar comprar alimentos caros para driblar inflação

Para melhorar o atual cenário, o presidente incentiva que os consumidores substituam itens caros por produtos similares que tenham preços mais acessíveis

Modificado em 06/02/2025, 20:32

Presidente Lula diz que brasileiros devem evitar comprar alimentos caros

Presidente Lula diz que brasileiros devem evitar comprar alimentos caros (Reprodução / Instagram)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, na manhã desta quinta-feira (6), que os brasileiros devem evitar comprar produtos caros para controlar a alta da inflação de alimentos. Segundo o presidente, "uma das coisas mais importantes para que a gente possa controlar o preço é o próprio povo".

"Se você vai num supermercado aí em Salvador e desconfia que tal produto está caro, você não compra. Se todo mundo tiver essa consciência e não comprar aquilo que acha que está caro, quem está vendendo vai ter que baixar [o preço], senão vai estragar", disse Lula em entrevista às rádios Metrópole e Sociedade, da Bahia.

O petista afirma que o controle nas compras faz parte da "sabedoria do ser humano" e que esse é um processo educacional que precisará ser feito com o povo brasileiro. Durante a entrevista, Lula também declarou que o povo não pode ser extorquido e que é necessário que todos os setores da cadeia produtiva tenham responsabilidade.

Para melhorar o atual cenário, o presidente incentiva que os consumidores substituam itens caros por produtos similares que tenham preços mais acessíveis.

O chefe do Executivo disse ainda que o aumento do dólar aconteceu porque o BC (Banco Central) teve uma gestão "totalmente irresponsável" e deixou "uma arapuca que a gente não pode desmontar de uma hora para a outra".

Afirmou também que o aumento do salário mínimo deve ser compensado com redução dos preços dos alimentos e que sua gestão pretende "ver o que pode fazer para garantir que a cesta básica caiba dentro do orçamento do trabalhador".

Nas redes sociais, as afirmações do presidente foram criticadas por políticos da oposição. "Para Lula, a população, para combater a inflação, não deve comprar o produto se estiver caro. Já quando os gastos são do Lula, o céu é o limite", disse o senador pelo Paraná, Sergio Moro.

"Nada de cortar gastos nos ministérios, colocar gente competente nas estatais ou gerir melhor a economia. Para o governo, basta que os brasileiros parem de comer, beber e se deslocar", diz o senador pelo Piauí e presidente nacional do Progressistas, Ciro Nogueira.

Mudar a fruta?

Em janeiro deste ano, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, também em meio a alta da inflação, sugeriu que os brasileiros "trocassem a laranja por outra fruta".

Durante uma coletiva, o ministro explicou que os preços dentro do Brasil e fora estão elevados, em grande parte por causa de doenças nas produções. A sugestão do ministro foi, então, de que os produtos mais caros também fossem substituídos por outros.

"O preço internacional está tão caro como aqui. O que se pode fazer? Mudar a fruta que a gente vai consumir. Em vez da laranja, [comer] outra fruta. Não adianta você baixar a alíquota, porque não tem produto lá fora para colocar aqui dentro. Então focaremos, evidentemente, no produto que estiver mais barato lá fora", disse.

Melhoria nos preços?

Desde a última semana, o presidente afirma que o governo está trabalhando para solucionar a alta nos preços. Ainda durante a entrevista desta quinta (6), Lula diz que conversas estão sendo realizadas com empresários e que a competência da Fazenda, do Ministério da Agricultura e do Ministério do Desenvolvimento Agrário está sendo utilizada.

"Isso não é programa de governo. É quase uma profissão de fé. Comida barata na mesa do trabalhador é uma coisa que nós estamos perseguindo", afirmou o petista.

Geral

Preço de ovos sobe até 50% com maior procura

Aumento da demanda após a disparada no preço das carnes e exportações são parte da explicação; quaresma deve pressionar ainda mais

Divino Eterno da Silva, proprietário Distribuidora de Ovos Santa Clara: custos também subiram, embora em menor proporção

Divino Eterno da Silva, proprietário Distribuidora de Ovos Santa Clara: custos também subiram, embora em menor proporção (Wildes Barbosa)

O consumidor tem se surpreendido com o preço do ovo, que chegou a subir até 50% nas últimas semanas nos distribuidores de Goiânia. Além do reajuste elevado, os atacadistas reclamam que estão recebendo volumes menores que os pedidos habituais feitos às granjas, o que indica uma maior escassez na oferta.

Entre os motivos, estão o aumento da demanda pelo produto, principalmente depois da disparada no preço das carnes, a proximidade do período da quaresma, que sempre aquece mais o mercado de ovos, e até aumento das exportações, por problemas de abastecimento em outros países em decorrência da gripe aviária.

Todos estes fatores também podem ter coincidido com um período de maior descarte de aves menos produtivas em algumas granjas. Até setembro do ano passado, o preço do ovo acumulava uma queda de cerca de 10%, o que fez o consumidor aumentar 27,1% no País. Com a maior demanda, o preço voltou a subir em outubro, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP, com novas altas em novembro e dezembro.

A gerente da Komatto Distribuidora de Ovos, Reinara Araújo Motobu, conta que o maior problema tem sido a redução do volume de pedidos que ela recebe das granjas. "Às vezes, peço 70 caixas e só me mandam 40. Eles alegam que o produto está em falta", conta. Além disso, segundo ela, o preço tem subido toda semana. "Somente na semana passada, foram R$ 15 de aumento por caixa", destaca.

Como a procura por ovos no mercado continua aquecida, a saída tem sido buscar o produto em outros fornecedores para atender a demanda dos clientes. Reinara Motobu ressalta que a Komatto atende vários pequenos comerciantes nas vendas por atacado e também comercializa ovos por assinatura no varejo, onde o cliente paga um determinado valor mensal para ter direito a uma quantidade de ovos para seu consumo próprio.

"Compramos em mais de um fornecedor, mas a escassez está generalizada e todos estão em falta e entregando menos", afirma a gerente. Uma estratégia, segundo ela, tem sido convencer os clientes a esperar mais pelo produto, enquanto a empresa procura por ovos frescos em outras granjas para conseguir atender todos os pedidos.

Marcos Café, presidente da Associação Goiana de Avicultura (AGA), lembra que a proximidade do carnaval e da quaresma já começam a elevar o número de pedidos e a pressionar a demanda e os preços no mercado. "O consumo já vinha aquecido e o preço do ovo demorou a reagir, mesmo após a alta das carnes no mercado", explica. Além disso, segundo ele, também houve um aumento das exportações para países que enfrentam desabastecimento por conta de problemas como a influenza, o que reduz um pouco a oferta interna.

De acordo com o presidente da AGA, muitas granjas não estão conseguindo entregar todos os pedidos para seus clientes atacadistas justamente porque o mercado está muito aquecido no momento. Ele lembra este momento de grande demanda também pode coincidir com um período de maior descarte, um ciclo normal na avicultura, pois as aves começam a reduzir a produção a partir de 80 ou 100 semanas.

A expectativa, segundo Café, é que a proximidade com a quaresma deve continuar pressionando a demanda e os preços no mercado, na esteira do aumento das carnes. "Realmente é tudo acomodação de mercado. Não tem nenhum grande fator que esteja puxando esta alta, que acontece em todo mercado de proteínas, e o ovo faz parte dele", ressalta.

Para Divino Eterno da Silva, proprietário Distribuidora de Ovos Santa Clara, o problema tem sido o desequilíbrio entre oferta e demanda. "Quando estava sobrando ovo no mercado, o preço baixou muito. Agora, as granjas reduziram o plantel, a produção caiu e a procura continua alta", explica o empresário, que vende no atacado para estabelecimentos que são grandes consumidores, como restaurantes e panificadoras, mas também comercializa ovos no varejo.

Ele lembra que os custos também subiram, mas numa proporção menor. Enquanto isso, o preço da caixa passou de R$ 165 para R$ 215 nos últimos dias. "A cartela que vendíamos a R$ 10 ou R$ 11, hoje está R$ 15, uma alta de cerca de 50%", destaca Divino Eterno, lembrando que a alta ocorreu em todo País. Os clientes até reclamam, mas continuam levando o produto, pois o preço da carne subiu muito e ajudou a aumentar o consumo de ovo.

Músculos

O empresário conta que tem clientes que comem até 30 ovos por dia para ganhar massa muscular e reclama da redução do volume de entregas. "Estamos até perdendo venda por falta de produto. Recebíamos 500 caixas todos os dias e, hoje, são 450", ressalta.

Pelo menos por enquanto, a alta ainda está menor nos supermercados. O presidente da Associação Goiana de Supermercados (Agos), Sirlei do Couto, informa que os preços dos ovos subiram cerca de 18% desde a semana passada, mas as entregas estão regulares. "O consumo aumenta muito na quaresma, com a substituição da carne vermelha, e pode até faltar um pouco de produto, mas é raro", garante.