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Saiba o que se sabe e o que falta esclarecer sobre o assassinato de Marielle Franco

Folhapress

Modificado em 19/09/2024, 00:39

Marielle Franco

Marielle Franco (Divulgação)

A prisão do ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa e a delação do ex-policial militar Élcio de Queiroz iniciaram uma nova etapa nas investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

A Polícia Federal e o Ministério Público do Rio foram às ruas, nesta segunda-feira (24), na primeira fase das novas investigações.

Marielle e Anderson foram assassinados a tiros no dia 14 de março de 2018. Eles voltavam de um evento no centro do Rio quando foram alvejados. Um ano após a morte, os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram presos. O primeiro é acusado de ter sido o autor dos disparos, e o segundo, de ter dirigido o carro usado no crime.

O caso está há cinco anos sem ser completamente esclarecido. Os investigadores tentam chegar aos mandantes do crime e quais os motivos que tiveram para matar a vereadora.

Após as constantes trocas no comando do inquérito da Polícia Civil e uma série de tentativas de atrapalhar as investigações, a Polícia Federal instaurou, em fevereiro, um novo inquérito. Com isso, a corporação, o Ministério da Justiça e o Ministério Público do Rio assumiram os trabalhos para concluir o caso.

O QUE JÁ SE SABE E O QUE FALTA ESCLARECER SOBRE O CRIME

Até agora, quem são os suspeitos? Ao menos três pessoas estão presas pelo envolvimento direto na morte de Marielle e Anderson. São elas Ronnie Lessa, Élcio de Queiroz e Maxwell Simões Corrêa.

Nesta segunda-feira, seis pessoas foram alvos de busca e apreensão e intimados a depor por também estarem relacionados ao caso: Denis Lessa, irmão de Ronnie; Edilson Barbosa dos Santos, conhecido como Orelha; o casal João Paulo Vianna Soares, vulgo Gato do Mato, e Alessandra da Silva Farizote; o policial militar Maurício da Conceição dos Santos Júnior, o Mauricinho, e Jomar Duarte Bittencourt Júnior, Jomarzinho, filho de um delegado federal.

Além disso, com a delação de Queiroz, um novo nome surgiu no caso: Edmilson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé.

O que cada um fez? As investigações indicaram que Ronnie foi o autor dos disparos que mataram Marielle e Anderson, enquanto Queiroz era quem dirigia o carro que perseguiu e emparelhou com o veículo das vítimas no momento que foram mortas.

A Promotoria apontou também que, com base na delação de Queiroz, Maxwell, conhecido como Suel, participou ativamente antes, durante e depois do crime. Junto com Ronnie, ele ficou de campana para vigiar a vereadora desde agosto de 2017, conforme afirmou o Ministério Público. Depois, ajudou a esconder o arsenal do ex-PM e tentou atrapalhar as investigações.

Maxwell também teria participado de uma tentativa frustrada de matar Marielle, ainda no final de 2017.

Já sobre os demais alvos da operação desta segunda-feira, Denis é suspeito de ter recebido os equipamentos usados por Ronnie no crime. Já Edilson foi apontado por Queiroz de ter sido o responsável por fazer o desmanche do veículo.

O casal João Paulo e Alessandra são apontados pela promotoria e pela Polícia Federal como suspeitos de terem feito o descarte da arma usado no crime, uma submetralhadora MP5. Segundo Queiroz, os dois eram próximos de Ronnie.

Maurício e Jomar, por sua vez, são suspeitos de terem vazado a Ronnie e a Maxwell informações da operação que prenderia o ex-PM, em março de 2019.

Por fim, Macalé foi apontado por Queiroz como quem teria chamado Ronnie para participar do crime.

Como foi o crime? Com a nova fase do inquérito, a Polícia Federal e o Ministério Público deram o passo a passo de como aconteceu o assassinato. Segundo as investigações, Ronnie teria ligado para Queiroz na tarde do dia 14 de março de 2018 para chamá-lo para o "serviço".

Os dois utilizaram um carro adulterado, que pode ter sido roubado ou clonado, para cometer o crime. De noite, seguiram Marielle até a Casa das Pretas, na Lapa, onde ela participava de uma reunião. Com o fim do evento, Ronnie e Queiroz continuaram atrás da vereadora, que entrou no veículo de Anderson em direção à Tijuca, na zona norte.

Na altura do Estácio, ainda no centro, Queiroz emparelhou com o carro de Anderson, e Ronnie fez os disparos, segundo a investigação. Marielle e o motorista morreram na hora. A assessora da parlamentar, Fernanda Chaves estava no veículo atingido, mas não se feriu.

Por que Queiroz decidiu fazer a delação? A Polícia Federal e o Ministério Público afirmaram que conseguiram provas contundentes que tornaram quase que inquestionáveis a participação de Ronnie e Queiroz no crime. Segundo os investigadores, isso foi o que levou o ex-policial a firmar a colaboração.

Entre as provas citadas estão as buscas feitas por Ronnie em um banco de dados privado pelo CPF de Marielle e sua familía --até então, a investigação não tinha conseguido provas de que ele tivesse feito essas buscas no Google. A forma de pagamento a esse banco de dados confirmou que se tratava do ex-PM.

Também pesaram as imagens em frente à Casa das Pretas, que mostram Queiroz no banco da frente do carro usado no crime, e o depoimento da mulher de Ronnie, que afirmou que a dupla não estava em casa na noite do assassinato, contrariando o que eles tinham alegado.

Quem é o mandante? As investigações ainda não chegaram ao mandante do crime. No entanto, o aparecimento de Macalé na história pode ajudar a esclarecer esse ponto. Na delação, Queiroz afirma que foi Macalé quem intermediou a participação de Ronnie no crime.

Ainda há uma parte da colaboração que continua sob sigilo. Nela podem estar mais informações sobre Macalé, que também é ex-PM. Ele foi morto a tiros em novembro de 2021 e era suspeito de ter envolvimento com a contravenção do Rio.

Qual a motivação do crime? Os promotores do caso afirmaram trabalhar com diversas hipóteses sobre o que motivou o assassinato de Marielle e Anderson, mas, desde as primeiras denúncias, a principal linha é que a atuação política da vereadora pode ter levado os assassinos a agirem.

"Isso não exclui outras motivações. [Mas] não exclui o fato de que Ronnie tinha ojeriza às causas defendidas por ela, isso está na primeira denúncia e permanece", disse o promotor do Ministério Público Eduardo Martins.

Quais os próximos passos do caso? O ministro da Justiça, Flávio Dino, disse em entrevista coletiva nesta segunda-feira que haverá desdobramentos da operação nas próximas semanas. Ele, no entanto, disse que ainda não era possível dar detalhes sobre os próximos passos.

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Mulher é atingida por tiro enquanto tomava sol na Barra da Tijuca, no Rio; vídeo

Rosangela da Silva, 58, estava deitada em uma espreguiçadeira, ao lado de uma piscina, quando foi atingida de raspão pelo disparo

Modificado em 30/12/2024, 15:24

Uma mulher foi baleada de raspão na cabeça enquanto tomava de sol em um condomínio na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.

Rosangela da Silva, 58, estava deitada em uma espreguiçadeira, ao lado de uma piscina, quando foi atingida de raspão pelo disparo. O caso ocorreu na tarde deste domingo (29).

Câmeras do circuito interno de segurança gravaram o momento em que Rosangela percebe o ferimento (assista acima). Condomínio fica localizado a poucos metros da Avenida Ayrton Senna, uma das principais do bairro.

A mulher foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros e, em seguida, encaminhada para o Hospital Municipal Lourenço Jorge. Ela foi atendida e liberada horas depois. A Secretaria Municipal de Saúde do Rio informou que Rosangela realizou uma tomografia e passa bem.

Polícia Civil investiga a origem do projétil. O caso foi registrado na 32ª DP, em Taquara, na zona oeste. A Polícia Militar do Rio afirmou que nenhuma operação policial estava sendo realizada na região no momento do incidente.

Câmeras do circuito interno de segurança gravaram o momento em que Rosangela percebe o ferimento (Reprodução/Redes sociais)

Câmeras do circuito interno de segurança gravaram o momento em que Rosangela percebe o ferimento (Reprodução/Redes sociais)

Geral

Turista argentino morre em acidente em Angra dos Reis

Outras três pessoas ficaram feridas e foram levadas ao hospital

Modificado em 28/12/2024, 10:25

Lanchas envolvidas no acidente que resultou na morte do turista argentino.

Lanchas envolvidas no acidente que resultou na morte do turista argentino. (Reprodução/g1)

Um turista argentino morreu nesta sexta-feira (27) após uma colisão entre duas lanchas em Angra dos Reis (RJ). O acidente ocorreu na Ponta de Jurubaíba, mais conhecida como Praia do Dentista.

Os Corpo de Bombeiros foi acionado no local às 11h40 da sexta. Outras três pessoas ficaram feridas, dois argentinos e um morador de Angra, e foram levadas ao Hospital Geral de Japuíba. Todos seguem em observação.

A Prefeitura de Angra dos Reis disse, em nota, que prestou suporte à Capitania dos Portos e que as embarcações envolvidas no acidente eram legalizadas pela agência de turismo local, a TurisAngra.

A Marinha informou que não há indícios de poluição hídrica nem riscos à segurança da navegação no local em que ocorreu o acidente.

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Ney Latorraca marcou o teatro e a televisão com seu humor

Ator morreu nesta quinta-feira (26) em decorrência de uma sepse pulmonar

Modificado em 26/12/2024, 09:28

Ney Latorraca em 'Vamp'

Ney Latorraca em 'Vamp' (Reprodução/ TV Globo)

O ator Ney Latorraca, que morreu nesta quinta (26) aos 80 anos, marcou o teatro e a televisão com seu humor. Antonio Ney Latorraca nasceu em Santos, no litoral paulista, em 27 de julho de 1944. Filho de cantores de cassino, ele começou a atuar aos seis anos, numa radionovela da rádio Record. Fez sua estreia nos palcos em 1964, aos 20, numa encenação de "Pluft, O Fantasminha", de Maria Clara Machado, também em Santos.

Pouco depois, Ney Latorraca partiu para São Paulo e procurou grandes nomes do teatro nos anos 60, como Flávio Rangel, Maria Della Costa, Cacilda Becker e Walmor Chagas. Participou de "Reportagem de um Tempo Mau", de Plinio Marcos, mas a peça foi censurada e teve só uma encenação, no Teatro de Arena, na região central de São Paulo.

Ao longo dos anos 60, fez pequenas participações em novelas como "Beto Rockfeller", "Super Plá", "Audácia, a Fúria dos Trópicos" e no teleteatro da TV Cultura, em produções como "Yerma".

Em 1967, entrou para a Escola de Arte Dramática da USP, onde se formou em 1969 e teve Marilia Pêra como madrinha. Naquele ano, encenou "O Balcão", de Jean Genet, dirigido por Victor Garcia. Nos anos 70, participou, nos palcos, do musical "Hair" e de "Jesus Cristo Superstar". Ainda no início da década, foi contratado pela TV Record, onde esteve em cinco novelas.

Em 1975, fez sua estreia na Globo, na novela "Escalada", de Lauro César Muniz, como o playboy Felipe. No ano seguinte, viveu o rebelde Mederiquis da novela "Estúpido Cupido". O personagem só se vestia de preto e circulava em uma lambreta batizada pelo ator de Brigitte.

Nos anos 80, participou das novelas "Chega Mais", "Coração Alado" e "Um Sonho a Mais" e nas minisséries "Avenida Paulista", "Rabo de Saia", "Anarquistas Graças a Deus", "Memórias de um Gigolô" e "Grande Sertão: Veredas".

No teatro, dedicou-se a "Rei Lear" em 1983 e, três anos depois, começou a participar do sucesso "O Mistério de Irma Vap". Ao lado de Marco Nanini e sob direção de Marilia Pêra, foram nove anos ininterruptos em cartaz. Em 1996, a peça voltou aos palcos para uma curta temporada.

No fim dos anos 80, Latorraca viveu um de seus personagens mais populares e marcantes: o velhinho Barbosa, de "TV Pirata". "Quando era o Barbosa, nunca imaginei que seria aquele sucesso. Ninguém esperava que aquilo fosse funcionar como uma mudança [no humor]", disse o ator em entrevista à Folha, em 2007.

Entre suas participações no cinema, destacam-se "O Beijo no Asfalto" (1980), "Ópera do Malandro" (1982), "Ele, o Boto" (1986), "Festa" (1989) e "Carlota Joaquina" (1995).

Nos palcos, protagonizou "O Médico e o Monstro" (1994), "Don Juan" (1995), "Quartett" (1996) e "O Martelo (1999). Em 2011, atuou em "A Escola do Escândalo".

Nos anos 90, fez sucesso como o Conde Vlad de "Vamp" (1991), em que contracenou com Claudia Ohanna. Antes e depois da novela, passou pelo SBT na minissérie "Brasileiras e Brasileiros" e em "Éramos Seis". De volta à Globo, participou de "Zazá" (1997), "O Cravo e a Rosa" (2000), "O Beijo do Vampiro" (2002), "Da Cor do Pecado" (2004), "Bang Bang" (2005) e "Negócio da China"

"Certa ocasião, Antônio Ney Latorraca foi convidado para apresentar a cerimônia de entrega de uma edição do Prêmio Sharp de Música. Momentos antes de entrar no palco, tentou colar um de seus dentes que havia quebrado com uma daquelas supercolas que colam tudo, até o dedo de quem a está usando. E foi exatamente isso o que aconteceu com o artista. Seu dedo ficou firmemente preso ao dente, mas nem por isso o ator se desesperou. Entrou no palco como se nada tivesse acontecido, com uma parte da mão dentro da boca e a outra apoiada no queixo, posando de intelectual a refletir. Fez o que tinha para ser feito e saiu do palco sem nenhum resquício de gafe. O público achou que era mais uma de suas graças.

Entretanto, o leonino, que nasceu rotundo, com seis quilos, em 1944 ""um ano antes do fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945)"", em Santos, litoral de São Paulo, reinou em sua área por ter batalhado como um soldado determinado a vencer na arte de interpretar.

Dois anos depois de ter nascido, uma simples "canetada" do então presidente Eurico Gaspar Dutra (1883-1974) fez com que os pais de Latorraca perdessem o emprego. Ambos trabalhavam apresentando-se em cassinos, que foram extintos pelo decreto-lei 9.215, de 30 de abril de 1946, que proibia os jogos de azar no Brasil sob o argumento de que eram degradantes para o ser humano. Degradante, no entanto, ficou a situação financeira da família.

O pai do ator, Alfredo, era crooner, e a mãe, Nena, corista. Os dois escolheram o ator Grande Otelo (1915-1993) para ser o padrinho de batismo de Latorraca.

O ator contava que vivia em pensões e que seus pais nunca puderam dar a ele gibis ou brinquedos. "Meus pais eram pobres e deixavam isso claro. Não tinha essa de ficar magoado. Eu brincava com uma caixa de charutos e achava o máximo. Me sentia parte de um trio interessante e diferente", falou o artista para a coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha, em 24 de setembro de 2017. Ainda em Santos, o artista ajudava os pais com o "dinheirinho" arrecadado com a entrega de marmitas no Instituto de Educação Canadá, escola onde estudou e repetiu de série três vezes por conta da matemática.

Com os cassinos fechados, os pais de Ney Latorraca mudaram-se para São Paulo. Foi na capital paulista que ele atuou pela primeira vez como profissional na peça "Reportagem de Um Tempo Mal", de Plínio Marcos (1935-1999). Uma curiosidade envolve sua estreia nos palcos: Latarroca, na ocasião com 20 anos, encenou essa peça apenas uma vez, no Teatro de Arena, pois a Censura Federal vetou as apresentações na sequência.

O ator cursou a Escola de Arte Dramática (EAD) em São Paulo, onde durante três anos aprendeu interpretação, mímica, maquiagem, expressão corporal e outras disciplinas fundamentais na formação de atores. Nunca faltou a nenhuma aula. Entre os mestres que ensinavam na instituição estavam o diretor Antunes Filho e o ator e diretor de teatro, cinema e televisão Ziembinski (1908-1978). Latorraca se formou tendo a atriz Marília Pêra (1943-2015) como madrinha.

Para se manter enquanto estudava e participava da montagem de algumas peças, o ator trabalhou em uma boutique feminina, além de ter sido funcionário em uma agência bancária."

TV E TEATRO

Ney Latorraca sempre se dedicou a atuar no teatro e TV ao mesmo tempo. O primeiro trabalho do ator na televisão foi fazendo figuração na extinta TV Tupi. As novelas "Beto Rockfeller" (1968) e "Super Plá" (1969) contaram com a participação do artista.

No auge do movimento hippie no Brasil, na década de 1970, o artista atuou nas montagens teatrais de "Hair" (1970) e "Jesus Cristo Superstar"(1972), entre outras. Na TV, por indicação da atriz Lilian Lemmertz (1937-1983), o ator foi contratado pela Record para participar de novelas.

Latorraca ingressou na TV Globo para fazer parte do elenco das novelas "Escalada" (1975) e "Estúpido Cupido" (1976), que lhe renderam notoriedade. Daí em diante, virou ator consagrado, com participação garantida em diversos folhetins. Em "Um Sonho a Mais" (1985), assegurou sua versatilidade ao interpretar cinco personagens diferentes, entre eles uma mulher, Anabela Freire, figura de grande sucesso na trama.

Segundo revelava frequentemente em entrevistas, seu comprometimento com o trabalho gerava uma ansiedade, que era controlada por meio de um concentrado trabalho de preparação, antes de gravar uma cena em estúdio ou interpretá-la no palco.

"Antes de dormir, deixo a roupa que irei vestir no dia seguinte em uma cadeira. Quando me levanto, visto a roupa e o personagem que tenho de interpretar", dizia o ator, que reconhecia a importância de trabalhar em equipe e fazia questão de passar o texto com os colegas antes de ouvir a palavra "ação".

Latorraca costumava dizer que "a turma toda" deveria estar sempre afiada com ele em um trabalho, desde o motorista que o apanhava em casa. "Pego o texto das mãos dele [motorista], marco, converso com o diretor batendo as cenas e amo gravar o ensaio, porque o primeiro sentimento é o mais autêntico", falava.

Para desempenhar personagens tão marcantes, o ator dizia trabalhar primeiro com sua intuição, antes de ler o texto ou saber de qualquer informação vinda do diretor ou autor. O nome do personagem já indicava como ele deveria ser.

Quanto a seu próprio nome, o artista costumava brincar que era Antônio Ney Latorraca e não "Neila", como alguns desavisados o chamavam nas ruas. "Quando me chamam de 'seu Neila', envelheço 200 anos", disse aos risos ao participar do programa de Jô Soares certa vez.

No teatro, Latorraca integrou com o ator, diretor e produtor teatral Marco Nanini o grande sucesso "O Mistério de Irma Vap" (1984), que teve produção de Marília Pêra. A peça permaneceu nos palcos cerca de 11 anos, entrando para o "Guinness Book of Records" em 2003 como a peça em cartaz por mais tempo no Brasil. Em 2006, a história foi adaptada para o cinema.

Em 1990, o ator se desligou temporariamente da Rede Globo para trabalhar na novela "Brasileiras e Brasileiros", produzida pelo SBT. Em 1991, de volta à Globo, o artista fez grande sucesso no papel de Conde Vlad, chefe dos vampiros da novela "Vamp", antes de retornar ao SBT para fazer o remake da novela "Éramos Seis", em 1994.

Mesmo com um intenso trabalho na TV, Latorraca nunca abandonou o teatro. Ele participou de vários espetáculos, entre os quais estão "O Médico e o Monstro" (1994) e "Don Juan" (1995), sucessos absolutos de público e bilheteria.

Antes de entrar em cena, Latorraca não deixava de cumprir um ritual: pedia sempre proteção à mãe, que, segundo ele, sempre estava a seu lado. Quando perdeu a amiga Marília Pêra, de quem sentia tremendamente a falta, passou a invocá-la também antes da ação. "Falávamos todo dia", comentava.

MUSICAIS

Versátil, além da participação na primeira montagem brasileira de "Hair", com Antônio Fagundes e Sonia Braga no elenco, dividiu o palco com seu padrinho, Grande Otelo, no musical "Lola Moreno" (1979).

Aos 73 anos, Ney Latorraca, ao lado da atriz Claudia Ohana, estreou no início de 2017, no Rio, o musical "Vamp", adaptação da novela da Globo de 1991, retomando o mesmo personagem para a alegria dos muitos fãs. O espetáculo também foi montando em São Paulo, repetindo o sucesso.

Foi nessa ocasião que Latorraca anunciou sua aposentaria dos palcos, mas logo em seguida a desmentiu por meio da coluna da jornalista Mônica Bergamo, na Folha, no dia 24 de setembro de 2017: "Foi uma frase de efeito, para chamar a atenção. Para o foco brilhar em mim. Para as pessoas me perguntarem justamente sobre isso", disse o ator.

Latorraca gostava de atenção e reconhecimento. "Viver é muito intenso. Falar é intenso, pagar boleto é intenso. Não consigo ficar só contemplando", dizia. "Representar é uma grande trepada. Talvez a melhor de todas. Porque tem o aplauso no fim. É o que me mantém, me dá tesão, é o aplauso. Eu adoro."

A complicação que enfrentou por causa de uma cirurgia na vesícula, em 2012, foi para o ator "um divisor de águas". "Todo mundo achava que eu ia morrer. Mas voltei. Poucas pessoas têm essa segunda vida", disse o ator em entrevista na qual afirmou que havia parado de fumar há 14 anos e que não bebia mais.

Latorraca também afirmava não ter medo da solidão. "Da morte, sim. Ela vai tirar de mim as coisas que eu tenho e que são lindas", falou o ator, morto nesta quinta (26), que pretendia deixar seu patrimônio para quatro instituições de amparo a artistas e a doentes.

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Após Madonna, Lady Gaga pode fazer megashow em Copacabana

Prefeitura do Rio negocia detalhes finais com a produção da cantora. Apresentação deve acontecer em maio de 2025

Após Madonna, Lady Gaga pode fazer megashow em Copacabana

(Divulgação)

Depois de Madonna, a cantora Lady Gaga deverá se apresentar na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, em 2025.

A Prefeitura do Rio de Janeiro oficializou um acordo com a artista para um megashow gratuito na orla da praia, o que deve acontecer em maio de 2025. Segundo o jornal O Globo, o evento, que faz parte do Celebration May, promete repetir o sucesso da apresentação da Rainha do Pop, neste ano, que atraiu 1,6 milhão de pessoas.

O prefeito Eduardo Paes revelou que o contrato foi assinado e está em fase final de tratativas. O anúncio oficial deve ocorrer só no final de janeiro.

A vinda de Gaga ao Brasil é aguardado com ansiedade, após o cancelamento de sua participação no Rock in Rio 2017, devido problemas de saúde da artista.