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Saúde disponibilizará novo teste para diagnóstico da Tuberculose em Goiás

Março é o mês de conscientização sobre a doença, que tem novo plano de tratamento no SUS

Modificado em 20/09/2024, 00:10

O tratamento dura no mínimo 6 meses, dependendo da forma clínica da doença. O tratamento, quando iniciado, não deve ser interrompido

O tratamento dura no mínimo 6 meses, dependendo da forma clínica da doença. O tratamento, quando iniciado, não deve ser interrompido

Em referência ao Dia Mundial de combate à Tuberculose, nesta quinta-feira (24), a Secretaria de Saúde de Goiás (SES-GO) anunciou que disponibilizará um novo teste para a realização do diagnóstico da infecção latente -- quando a pessoa está infectada com o bacilo da tuberculose e ainda não adoeceu. Trata-se do IGRA (Ensaios de Detecção de Interferon Gama), que avalia a resposta imune ao bacilo causador da doença. Além disso, neste ano o Sistema Único de Saúde (SUS) passou a oferecer um plano mais curto para o tratamento da infecção latente.

A secretaria ressalta que a detecção e o tratamento precoce da doença são fundamentais para a cura eredução da transmissão para outras pessoas, em especialmente os de convívio regular.

Segundo a SES-GO, em qualquer unidade básica de saúde e com distribuição de medicamentos exclusivamente pelo SUS, a doença pode ser tratada e curada. A vacina BCG não oferece eficácia de 100% na prevenção da tuberculose pulmonar, mas sua aplicação em massa permite a prevenção de formas graves da doença, como a meningite tuberculosa e a tuberculose miliar (forma disseminada) nas crianças até os 4 anos, 11 meses e 29 dias de idade.

O tratamento dura no mínimo 6 meses, dependendo da forma clínica da doença. O tratamento, quando iniciado, não deve ser interrompido. O abandono do tratamento é prejudicial ao indivíduo, mas também à saúde pública, pois não interrompe a cadeia de transmissão e pode evoluir para uma possível resistência aos medicamentos utilizados para a doença.

Casos

Considerada o mal do século XX, a doença matou milhões de pessoas em todo mundo. Hoje, embora tenha cura e tratamento gratuito, a tuberculose permanece um problema de saúde pública.

De acordo com os dados apresentados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o primeiro das Américas em número de casos, reunindo 33,4% dos novos registros que foram notificados, e integram um grupo dos 20 países com o maior número de casos no novo mundo.

Em Goiás, embora os dados da SES-GO apontem baixa nos números de casos, a pasta acredita que a redução pode ser em função das restrições impostas pela a pandemia de Covid, que abalou na detecção de novos casos.

Em 2019, foram apontados 960 novos casos de tuberculose; em 2020, foram 925 e em 2021, foram 900 novos casos de tuberculose em Goiás, que concentra menos causas, dentre os demais Estados do País.

Entre as ações promovidas para combater a doença, a SES afirma que faz a busca de pacientes em abandono de tratamento e orientem sobre a vacinação, a prevenção e a conscientização. "A Coordenação de Doenças Negligenciadas da Superintendência de Vigilância em Saúde (Suvisa) tem despertado em profissionais de saúde e a população para dobrarem a atenção aos sintomas respiratórios que podem se aparentar com os da Covid-19, como tosse persistente", reforçou a SES-GO.

Sobre a doença

A tuberculose é uma doença transmitida por meio de uma bactéria que afeta principalmente os pulmões e que pode piorar, sem um diagnóstico precoce e tratamento adequado, levando até ao óbito.

A transmissão ocorre pelas vias aéreas superiores (ao tossir, falar ou respira). Os principais sintomas são o surgimento de uma tosse persistente, com ou sem a presença do catarro, que evolui para a perda acentuada de peso, febre no período da tarde e suor excessivo no período noturno.

Thaynara Mesquita é estgiária de jornalismo do convênio GJC/UniAraguaia

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Aparecida inicia vacinação contra a gripe nesta segunda-feira; veja quem pode se vacinar

Secretaria Estadual da Saúde marcou o lançamento da vacinação contra Influenza para terça-feira. Em todo o país, a campanha oficial está programada para 7 de abril

Município antecipou a imunização após receber doses distribuídas pelo estado

Município antecipou a imunização após receber doses distribuídas pelo estado (Diomício Gomes)

A vacinação contra a influenza (gripe) começou oficialmente em Aparecida de Goiânia nesta segunda-feira (31). A imunização é destinada para os grupos prioritários e, segundo a prefeitura, estará disponível em 37 salas pelo município ao longo de todo este ano. No Estado, a campanha começará na terça-feira (1º).

Em Aparecida de Goiânia, a coordenadora de imunização do município, Renata Cordeiro, disse ao POPULAR que o grupo prioritário passou a ser vacinado no sábado (29). Ela contou que foram imunizados trabalhadores de saúde e pacientes internados em oito abrigos, apesar da campanha nacional está agendada oficialmente para o próximo dia 7.

O estado de Goiás já recebeu as doses, previstas para o início da campanha, e já fez a distribuição para boa parte dos municípios. A recomendação foi: 'os municípios que tiverem recebido as doses já poderiam iniciar a campanha'. Sendo assim, Aparecida recebeu as doses na última quinta-feira, e preparamos os profissionais de saúde", apontou a coordenadora.

A estimativa da Saúde de Aparecida é de atender 187 mil pessoas contra a gripe. "Até o momento, nós recebemos 44,6 mil doses para o início desta campanha. Além desses cronogramas de vacinação externa, nos casos de Cmeis e Abrigos, nós vamos vacinar também a população em situação de rua", acrescentou.

A vacina contra a influenza foi incorporada ao calendário nacional de vacinação neste ano pelo Ministério da Saúde. O imunizante é destinado para crianças a partir de seis meses até menores de seis anos (5 anos, 11 meses e 29 dias), idosos com 60 anos ou mais e gestantes. A dose é única e o reforço é feito anualmente, explicou a coordenadora de imunização de Aparecida.

Renata pontua que na terça-feira (1º) até 7 de maio serão imunizadas as crianças dos 33 Centros Municipal de Educação Infantil (CMEI's), conforme cronograma pré-definido pela secretaria.

Com a incorporação ao calendário, de acordo com Secretaria Estadual da Saúde de Goiás (SES-GO), a vacinação dos grupos prioritários será realizada de forma contínua, ao longo do ano, e não apenas durante as campanhas sazonais.

Renata salienta que é importante ressaltar que além da gripe, Aparecida estará atualizando o cartão de vacinação para todas as demais vacinas. Para o atendimento, a pessoa precisa levar o cartão de vacina e documentos pessoais (RG, certidão de nascimento e CPF).

No estado

A vacinação contra a influenza para todo o estado será lançada pela SES-GO em Goiânia, na Unidade de Saúde da Família (USF) Riviera, no Conjunto Riviera. O governo estadual frisou que recebeu duas remessas do imunizante pelo Ministério da Saúde, o que totalizaram 672 mil doses. O estado salientou que a estimativa do governo federal é enviar mais de 2,8 milhões de doses para Goiás.

Ao chegar à central de saúde, a SES-GO ressaltou que é feita a distribuição para os 246 municípios por meio das 18 Regionais de Saúde. A Saúde de Goiás salienta que depois que recebem as doses, os municípios podem começar a imunização dos grupos prioritários

Quem pode ser vacinado, conforme definição do Ministério da Saúde:

  • Idosos (acima de 60 anos)
  • Gestantes e puérperas (até 45 dias após o parto)
  • Crianças de 6 meses a menores de 6 anos
  • Trabalhadores da saúde (com comprovante de trabalho)
  • Trabalhadores da Educação (com comprovante de trabalho)
  • Pessoas com comorbidades: doenças respiratórias; cardíacas; renais, hepáticas, neurológicas crônicas, diabetes, transplantados, portadores de trissomias, imunossupressão e obesidade grau III -- (com laudo médico ou receita para comprovação)
  • Pessoas com deficiência permanente
  • Trabalhadores do transporte coletivo, rodoviário, passageiro urbano e de longos percurso (com comprovante de trabalho)
  • Profissionais das Forças Armadas (com comprovante de trabalho)
  • Funcionários do Sistema da População privada de liberdade (com comprovante de trabalho)
  • Profissionais das forças de segurança e salvamento (com comprovante de trabalho)
  • Caminhoneiros (com comprovante de trabalho)
  • População em situação de rua
  • Povos indígenas
  • População privada de liberdade acima de 18 anos de idade
  • Adolescentes e jovens em medidas socioeducativas
  • A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Aparecida pontua que a meta é imunizar 90% dos grupos prioritários. Para isso, no município, a vacina estará disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBS's), que funcionam de segunda a sexta das 7h30 às 16h30. Além desses postos, na cidade funciona a Central de Imunização todos os dias, das 7h30 às 18h30, e, aos sábados, das 7h30 às 13h. No entanto, os postos não funcionam em feriados e pontos facultativos.

    Além disso, Aparecida de Goiânia prepara a realização de duas campanhas de "Dias D" para convocar toda a população elegível para a vacinação. As datas programadas são 12 de abril e 10 de maio.

    Confira postos de vacinação em Aparecida de Goiânia:

    1. Ubs Andrade Reis
    1. Ubs Bairro Cardoso
    1. ⁠Ubs Bairro Ilda
    1. ⁠Ubs Colina Azul
    1. ⁠Ubs Cruzeiro do Sul
    1. ⁠Ubs Independência Mansões
    1. ⁠Ubs Jd Florença
    1. ⁠Ubs Jd Rivieira
    1. ⁠Ubs Jd Tiradentes
    1. ⁠Ubs Mansões Paraíso
    1. ⁠Ubs Papillon Park
    1. ⁠Ubs Pontal Sul 2
    1. ⁠Ubs Veiga Jardim
    1. ⁠Ubs Alto Paraíso
    1. ⁠Ubs Anhambi
    1. ⁠Ubs Bairro Independência
    1. ⁠Ubs Bandeirantes
    1. ⁠Ubs Boa Esperança
    1. ⁠Ubs Buriti Sereno
    1. ⁠Ubs Campos Elíseos
    1. ⁠Ubs Caraíbas
    1. ⁠Ubs Garavelo Park
    1. ⁠Ubs Jd dos Ipês
    1. ⁠Madre Germana
    1. ⁠Ubs Delfiore
    1. ⁠Ubs Cândido de Queiroz
    1. ⁠Ubs Expansul
    1. ⁠Ubs Jd Bela Vista
    1. ⁠Ubs Jd dos Buritis
    1. ⁠Ubs Jd Olímpico
    1. ⁠Ubs Jd Paraíso
    1. ⁠Ubs Parque Trindade
    1. ⁠Ubs Rosa dos Ventos
    1. ⁠Ubs Santa Luzia
    1. ⁠Ubs Santo André
    1. ⁠Ubs São Pedro
    1. Central de Imunização

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    Deputada Adriana Accorsi internada para tratar infecção por herpes-zóster na cabeça recebe alta; vídeo

    Em um vídeo publicado nas redes sociais, a deputada agradece toda a equipe do hospital onde esteve internada por cinco dias

    undefined / Reprodução

    A deputada federal Adriana Accorsi recebeu alta após ficar internada no Hospital Santa Helena, em Goiânia, para tratar uma infecção por herpes-zóster na cabeça. Em um vídeo publicado nas redes sociais, a deputada agradece toda a equipe do hospital onde esteve internada por cinco dias (assista o vídeo acima).

    Eu quero agradecer toda a equipe do Hospital Santa Helena, desde as pessoas que me atenderam na recepção com todo carinho, das pessoas que limpam, as pessoas que trazem o alimento, que fazem o alimento muito bem feito aqui, as técnicas de enfermagem e enfermeiras que me atenderam com todo carinho", disse Adriana no início do vídeo.

    Adriana Accorsi estava internada desde segunda-feira (24) e recebeu alta na manhã deste sábado (28). A deputada procurou atendimento médico no início desta semana quando sentiu fortes dores no corpo. Agora ela 'segue se recuperando e voltando à rotina aos poucos'.

    Segundo a assessoria da deputada federal, ela está disposta a lutar para incluir a vacina contra a doença no Sistema Único de Saúde (SUS) de forma gratuita, sendo que atualmente ela só está disponível na rede privada para pessoas a partir de 50 anos de idade ou indivíduos imunocomprometidos.

    Entenda a doença

    Deputada federal Adriana Acorssi (PT) (Divulgação/Assessoria de Imprensa)

    Deputada federal Adriana Acorssi (PT) (Divulgação/Assessoria de Imprensa)

    A infecção provocada pelo herpes-zóster é a reativação do vírus da catapora e varicela-zóster, explicaram infectologistas ouvidos pelo POPULAR . Popularmente, a doença é conhecida como cobreiro e pode se manifestar em várias partes do corpo, segundo o Ministério da Saúde. No caso de Adriana, a assessoria de imprensa informou que ela foi acometida na cabeça.

    Em entrevista ao POPULAR , o médico infectologista Marcelo Daher explicou que a herpes-zóster é uma reativação do vírus varicela-zóster. Segundo o médico, a pessoa que já teve varicela ou catapora tem a probabilidade de manifestação da doença.

    O grande problema do herpes-zóster é a dor. É um desconforto intenso, com muita dor local. E dependendo do local, por exemplo, se for em uma faixa que pega o ouvido, pode causar paralisia facial e ter perda auditiva. Se pegar na região do olho, a pessoa pode ter risco aumentado de derrame", alertou.

    Conforme Daher, o herpes-zóster é transmissível de uma pessoa que manifestou a doença para outra.

    Ela [doença] se transmite de uma pessoa para outra pelo contágio direto pelas lesões e transmite na forma de catapora. Então, quem nunca teve catapora, ao ter contato com a pessoa com herpes-zóster, pode adoecer de catapora e não com o herpes-zóster, que é a segunda manifestação da doença", esclareceu.

    Tratamento

    O infectologista pontua que o tratamento é feito por antiviral. Sobre casos de mortos, Daher disse que não há registros. "A não ser na forma muito grave ou em pacientes imunossuprimidos. No geral, não costuma ter óbito, mas tem muita dor, tem muita morbidade, mas não tem muita mortalidade", explicou.

    Daher alerta que o herpes-zóster "pode se manifestar novamente, mas não é tão frequente".

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    Covid 5 anos: sequelas da pandemia seguem vivas

    Em 26 de março de 2020, morria a primeira vítima do coronavírus em Goiás. Viúvo e filhas de Maria Lopes ainda choram a perda devido à doença que devastou centenas de milhares de famílias no Brasil

    Irmãs Iara e Sandra celebram a vida de seu pai, Paulo Alves de Souza, 1º paciente do HCamp na pandemia (Wildes Barbosa / O Popular)

    Irmãs Iara e Sandra celebram a vida de seu pai, Paulo Alves de Souza, 1º paciente do HCamp na pandemia (Wildes Barbosa / O Popular)

    Cinco anos depois, ainda é difícil aos familiares de Maria Lopes de Souza recordar o momento de sua partida após a infecção pelo Sars-CoV-2, que por muito tempo foi chamado de "novo coronavírus", surgido na China. A técnica de enfermagem aposentada, então com 66 anos, moradora de Luziânia, município do Entorno do Distrito Federal, foi a primeira vítima fatal da Covid-19 em Goiás. Naquele 26 de março de 2020, o Brasil já registrava 76 mortes, mas ainda havia um cenário de incertezas. No Estado, as autoridades de saúde buscavam respostas para delinear a melhor forma de atendimento à população. A perplexidade pairava Brasil afora.

    A assistente social Sandra de Souza, 46, filha caçula de Maria Lopes, busca na memória os dias que antecederam a morte da mãe. "Estávamos com muito medo, as escolas tinham parado de funcionar e nós orientamos nossos pais a ficarem isolados na fazenda, sem receber ninguém." No dia 13 de março, o Decreto 9.633/2020 definiu a situação de emergência na saúde pública em Goiás e a partir daí vieram sucessivos decretos determinando isolamentos. Sandra conta que no final da primeira quinzena de março a mãe foi a uma igreja. "Acreditamos que foi o local da contaminação, porque ela não saía de casa."

    O mal-estar respiratório de Maria e do marido Paulo Alves de Souza, então com 72 anos, alertou os filhos. "Pensamos em pneumonia, mas estranhamos porque ficaram doentes juntos", relata Sandra. Levaram o casal a uma unidade de pronto atendimento (UPA), onde foi medicado. Como a febre de Maria não cedeu, ela se dirigiu a um hospital privado de Luziânia e o médico a encaminhou para a UPA do Jardim Ingá, por entender que a unidade pública estaria mais preparada para casos daquele vírus desconhecido. "Ela ficou na sala vermelha e lá não tinha tomografia. Minha irmã a levou para um hospital particular de Valparaíso e o exame deu sugestivo de Covid", lembra a filha.

    Maria Lopes de Souza: vítima da doença e do negacionismo (Divulgação)

    Maria Lopes de Souza: vítima da doença e do negacionismo (Divulgação)

    "Foi aterrorizante. Cinco anos depois é difícil falar nisso. Enquanto tentávamos entender o que estava acontecendo, agarrados a qualquer fio de esperança, o que recebíamos era desinformação. Diziam que era exagero, que era só uma "gripezinha" e que o medo era infundado." Maria Lopes foi transferida para Goiânia e internada no Hospital de Doenças Tropicais (HDT), então a unidade referência para atender infectados pelo novo coronavírus. Ela morreu na madrugada do dia 26, um dia após a internação. As autoridades de saúde anunciaram o óbito ressaltando que se tratava de uma paciente com comorbidades.

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    Ao saber da morte da mulher, Paulo começou a passar mal e foi levado para a UPA do Jardim Ingá e de lá para Goiânia, tornando-se o paciente inaugural do primeiro Hospital de Campanha (HCamp) para enfrentamento da nova doença, montado em 14 dias no antigo Hospital do Servidor Público, que nunca tinha funcionado. "Era tudo novo e foi muito sofrido para a família. As pessoas evitavam contato conosco. Não passavam na calçada de nossas casas. Até parentes tinham receio. Na época, eu não conseguia falar no assunto", lembra a filha. Paulo ficou internado por seis dias. Sua alta foi muito comemorada pelos servidores, mas psicologicamente o motorista aposentado estava devastado.

    "Ele se recuperou rapidinho, mas ficou depressivo. Até hoje, quando toca no assunto, chora", afirma a filha. Paulo não ficou com sequelas da Covid-19 e, aos 77 anos, continua morando na propriedade rural da família. Ele e Maria tiveram três filhos (Iara, Luis Carlos e Sandra), nove netos e dois bisnetos. "Há cinco anos, a Covid-19 mudou o mundo. Para nós, é uma mudança que tem nome, tem rosto e tem ausência. Nossa mãe é uma das vítimas dessa doença que muitos insistiram em negar. A nossa perda não foi só um número. Foi um vazio que nunca mais se preencheu. O que dói não é só a perda, mas a maneira como tudo aconteceu. Além da dor de ver quem a gente ama partir, tivemos que enfrentar o peso da negação, do descaso e da mentira."

    Para enfrentar o luto, Sandra decidiu homenagear a mãe criando dois perfis em redes sociais -- @oamorquefica -- que, juntos, somam 1 milhão de seguidores. Neles, além de amor, ela fala de ausência e de resiliência. "A dor persiste, a saudade sufoca e a revolta ainda arde. Nossa mãe não foi só uma estatística, foi amor, foi história e foi vida. Ela foi tirada de nós por um vírus e por um sistema que preferiu fechar os olhos para a verdade", enfatiza.

    Relações desfeitas pelo vírus

    Marcada pela dor, a história de Maria e Paulo Lopes de Souza, até então um anônimo casal de Luziânia, se soma a muitas outras que vieram depois. No dia 12 de março, data em que o Brasil registrou a primeira morte por Covid-19, o músico Roberto Célio Pereira da Silva, o Xexéu, vestiu uma camiseta com a inscrição "Cláudia-se" para uma de suas apresentações. Foi a forma que encontrou para homenagear a afilhada e amiga Cláudia Garcia, cantora que morreu aos 49 anos no dia 26 de fevereiro de 2021. "Hoje chorei muito", contou ao POPULAR. Cláudia foi aliada de Xexéu na criação do projeto Adote a Arte que forneceu alimentos e material de limpeza ao pessoal da cultura que ficou sem trabalho durante a pandemia.

    O músico Xexéu mostra no celular a foto com a amiga e cantora Cláudia Vieira, vítima da Covid-19 em fevereiro de 2021 (Diomício Gomes / O Popular)

    O músico Xexéu mostra no celular a foto com a amiga e cantora Cláudia Vieira, vítima da Covid-19 em fevereiro de 2021 (Diomício Gomes / O Popular)

    Xexéu e a mulher Daniela foram contaminados. Ele chegou a ficar internado com 50% do pulmão comprometido e caiu em tristeza profunda após a morte de Cláudia Garcia. Mas não deixou seu propósito esmorecer. Mobilizou amigos e fez a diferença, assim como outros colegas do meio cultural, entre eles o músico Carlos Brandão e o artista circense Maneco Maracá, que também lideraram iniciativas semelhantes. "Estimo que 15 mil cestas tenham sido distribuídas pelo Adote a Arte no auge da pandemia e depois", afirma. Xexéu lembra ainda que os artistas foram uma espécie de agentes de saúde naquele período tenebroso. "As lives -- apresentações online -- salvaram muita gente da depressão."

    Quase dez meses após Goiás ter sido apresentado oficialmente à pandemia e suas consequências sanitárias, econômicas e emocionais, a capital passou por um momento espinhoso. Aos 71 anos, o ex-governador Maguito Vilela morreu no dia 13 de janeiro de 2021 em decorrência das sequelas da Covid. Em agosto do ano anterior, o político havia perdido duas irmãs em Jataí para a doença. Maguito já estava internado quando foi eleito para administrar Goiânia com 52% dos votos no segundo turno das eleições de 2020. Tomou posse de forma virtual e se licenciou do cargo. A gestão da capital pelos quatro anos seguintes ficaria a cargo do vice, Rogério Cruz.

    No tribunal

    A técnica judiciária Ariony Chaves de Castro, responsável pelo centro de memória do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (TRT-GO), fez da dor uma catarse. Em outubro de 2020, ela viu a Covid levar a cunhada, o irmão, os sogros dele. Em 2021, perdeu a irmã. "O Tribunal ficou fechado, mas trabalhei todos os dias. Foi o período em que mais produzi.Em alguns dias, eu sentava no chão e chorava muito. Tinha muito medo de morrer e deixar meu filho, então com 16 anos. O que me salvou foi a minha fé."

    Servidora do TRT, Ariony Chaves, que perdeu 5 pessoas da familia para a Covid, fez documentário sobre a pandemia no tribunal: “O que me salvou foi a minha fé” ( Wesley Costa / O Popular)

    Servidora do TRT, Ariony Chaves, que perdeu 5 pessoas da familia para a Covid, fez documentário sobre a pandemia no tribunal: “O que me salvou foi a minha fé” ( Wesley Costa / O Popular)

    Ariony produziu o documentário A Repercussão da Pandemia de Covid-19 no TRT-GO, em que mostra as providências para manter o serviço jurisdicional e depoimentos de servidores e magistrados atingidos pela doença. A produção foi exibida no Festival Internacional de Cinema Ambiental (Fica) e concorre este ano ao Prêmio CNJ do Poder Judiciário.

    Foi em 2021 que foi registrado o maior número de óbitos pela doença, em razão da chegada da variante ômicron, uma mutação do coronavírus. O produtor Felipe Jorge Kopanakis acompanhou em Goiânia o sofrimento do pai de 81 anos, que ficou cinco dias intubado antes de morrer, em maio daquele ano. Ele vivia em Niterói (RJ) e colaborou na produção do filme Mulheres & Covid, assinado pela irmã Fernanda Kopanakis e Ivan de Angelis, uma parceria com a Fiocruz. Depois disso, se cadastrou na Associação de Vítimas e Familiares de Vítimas da Covid (Avico). "A Covid impactou todo mundo. Fui me aprofundando no tema e vejo que um dos grandes problemas da sociedade brasileira é esquecer o passado. Houve uma onda de desinformação e mentiras, precisamos lutar contra isso."

    Membro de uma organização não governamental que atua com cinema e literatura em escolas públicas às margens dos rios Guaporé, Amazonas e Negro, na Amazônia, Jorge Kopanakis conta que após a pandemia só conseguiu voltar à região em 2024. "O impacto da Covid nessas comunidades distantes foi imenso. Já existe um isolamento natural porque não têm estradas. Para chegar a Manaus, é preciso pegar uma voadora (tipo de barco comum na Amazônia) e viajar 12 horas. Ninguém chegava e as pessoas foram morrendo. Teve um professor que morreu por falta de oxigênio." O produtor pretende se dedicar a um documentário sobre vacinação. "A taxa vacinal do País caiu. Estamos negando a ciência."

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    Confira os principais benefícios de dez peixes para inserir no cardápio durante a Quaresma

    Especialistas explicam os benefícios de incluir pescados na dieta e destacam as melhores opções para o cardápio

    Os pratos à base de peixe têm ganhado destaque nos cardápios desde o início da Quaresma, seja por tradição religiosa ou não. O período representa a preparação espiritual dos católicos nos 40 dias que antecedem a Páscoa, que neste ano será celebrada no dia 20 de abril. Entre os ritos realizados, não consumir carne vermelha é o mais conhecido deles. Quem costuma ser a grande estrela do prato nessa época é o bacalhau, mas outros peixes podem entrar na lista de compras - e os benefícios de inserir o alimento na dieta são diversos.

    Carol Amorim, nutricionista e especialista em comportamento alimentar, destaca que em Goiás a troca da carne vermelha pelo peixe é especialmente reforçada pela abundância dos animais nos rios da região, como o Araguaia e o Tocantins.

    Ela explica que incluir pescados na dieta traz diversos benefícios para a saúde. "Os peixes são fontes excelentes de proteínas, essenciais para o crescimento e reparação dos tecidos corporais, além de ajudarem no fortalecimento do sistema imunológico", diz. Especialmente os de águas frias, como salmão, sardinha e atum, são ricos em ácidos graxos ômega-3. "Esses ácidos ajudam a reduzir a inflamação, melhoram a saúde cardiovascular e podem auxiliar na prevenção de doenças crônicas, como as cardíacas", aponta.

    Esse tipo de carne possui um baixo teor de gordura saturada em comparação com as vermelhas, sendo uma boa opção para incluir no dia a dia. "Os peixes geralmente têm menos gordura saturada, o que contribui para um perfil lipídico mais saudável e auxilia na redução do colesterol LDL, o 'ruim'", diz. As vitaminas e minerais também estão na lista de benefícios. "São fontes importantes de vitaminas A, D e do complexo B, além de minerais como o selênio, ferro e iodo. Esses nutrientes são essenciais para diversas funções corporais, como a saúde óssea, a função imunológica e o equilíbrio hormonal", destaca.

    O alimento também é mais "leve", de fácil digestão. "As proteínas dos peixes são mais fáceis de digerir do que as de outras carnes, o que pode ser benéfico para pessoas com sistemas digestivos mais sensíveis", diz. Além disso, a especialista destaca a diversidade de preparos. "O peixe é versátil e pode ser feito de várias formas, oferecendo uma gama de opções para enriquecer o cardápio durante a quaresma e além dela. Por essas razões, o consumo de peixes durante esse período é uma excelente escolha para melhorar a alimentação e promover a saúde", diz.

    O bacalhau é o mais tradicional no período da Quaresma, especialmente no almoço de Páscoa. "Ele é rico em proteínas de fácil digestão, contribuindo para a construção muscular. Embora em menor quantidade que o salmão, o bacalhau ainda fornece alguns ômega-3, benéficos para o coração", diz. "É também rico em fósforo, essencial para a saúde óssea e dentária, e selênio, com ação antioxidante", completa.

    O salmão, outro peixe bastante popular em Goiás, é reiterado por ela como boa opção pela quantidade de ácidos graxos ômega-3. "Isso melhora a saúde do coração, reduz inflamações e auxilia na função cerebral. Além disso, é rico em vitaminas A e D, essenciais para a saúde ocular, imunológica e óssea", comenta. Além do bacalhau e salmão, a reportagem convidou nutricionistas para destacar os principais benefícios de peixes como tilápia, sardinha, robalo e pintado de rio.

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