Trabalho de descontaminação busca diminuir danos no Rio Vermelho
Manancial recebe raspagem do solo afetado por agrotóxicos, além da lavagem das pedras que compõem suas margens na cidade de Goiás
João Gabriel Palhares
24 de dezembro de 2024 às 09:58

Equipes fazem a descontaminação das margens do Rio Vermelho (Divulgação/Semad)
Autoridades municipais da cidade de Goiás percorreram o Rio Vermelho nesta segunda-feira (23), até o distrito de Buenolândia, para avaliações sobre a contaminação por agrotóxicos. A carga de pesticidas entrou em contato com o manancial após um acidente na GO-164, na manhã de terça-feira (17), que matou um casal e deixou dois homens feridos. Desde a última semana, moradores vêm registrando a morte de centenas de peixes ao longo das águas que cortam a antiga capital.
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A contaminação é monitorada pelas Secretarias de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e Municipal do Meio Ambiente da cidade de Goiás. Nesta segunda-feira (23), equipes realizaram a remoção dos resíduos com a raspagem do solo contaminado e a lavagem das pedras que compõem as margens do rio.
A preocupação, tanto de pesquisadores da cidade como da administração pública com a qualidade das águas, que podem sofrer prolongadamente os efeitos da contaminação, gerou recomendações quanto à utilização do recurso hídrico. De acordo com a Semad, a população que necessitar de água para a hidratação de animais pode recorrer à secretaria pelo WhatsApp 62 92798321.
"Eu não tive coragem de descer mais em outros poços, só no que eu fui já fiquei bem triste", diz um agricultor familiar da região sobre a contaminação do Rio Vermelho. Em áudio ao qual a reportagem teve acesso, o homem pede a um agente público para solicitar à prefeitura uma fiscalização urgente junto do rio: "A situação não está normal, estamos muito tristes", complementa.
O homem diz ter encontrado ao longo do rio diversas espécies de peixes mortos, devido à grande quantidade de "veneno" nas águas. Após a ida ao local, ele diz não conseguir mais voltar pelo cheiro e situação em que o rio se encontra. "Tem uma espuma, está grossa, um cheiro muito estranho", complementou. Os peixes vêm sendo vistos mortos na antiga capital desde o museu Casa de Cora Coralina e se estendido também ao Balneário Cachoeira Grande, na junção do Rio Vermelho com o Bagagem.
Acidente
O acidente ocorreu na terça-feira passada, depois que um caminhão carregado de agrotóxicos teve uma falha nos freios próximo ao primeiro trevo de acesso à cidade. O caminhão atingiu a traseira de um veículo, o que causou a morte de um casal. Com o acidente, o Corpo de Bombeiros chegou a comunicar a Semad sobre os agrotóxicos espalhados na área. A carga foi identificada como roubada de um local no município de Marcelândia (MT).
Apesar de a Gerência de Gestão e Prevenção de Incêndios e Acidentes Ambientais (Gegia) da Semad tomar iniciativas para evitar o contato com o rio, como barreiras de contenção, as chuvas torrenciais na região acabaram levando produtos tóxicos para o manancial. Após a morte dos peixes, a secretaria entrou em contato com os fabricantes dos produtos, Bayer e Basf, para atender à emergência ambiental. Como prevê a Lei Federal 6.938/1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, as duas empresas contrataram a Ambipar, que enviou profissionais para atuar na descontaminação da área.
Os ocupantes do caminhão onde a carga estava foram encaminhados ao Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol). De acordo com nota da unidade, enviada na segunda (22), os dois homens estão internados na enfermaria do hospital, com o estado de saúde estável, conscientes e respirando espontaneamente.
(João Gabriel Palhares é estagiário do GJC em convênio com a UFG)