Esporte

Primeiros gols de pênalti como batedor oficial do Goiás dão confiança ao goleiro Tadeu

Wesley Costa
Tadeu é festejado por Thiago Galhardo após gols de pênalti

Tadeu entrou para uma seleta e curta lista de goleiros que marcaram pelo menos um gol na história do Goiás e da Série B. Autor dos dois gols da vitória, de virada, por 2 a 1, sobre o Ceará na última segunda (12), o jogador de 32 anos é apenas o segundo atleta da posição que marcou pelo clube esmeraldino no tempo regulamentar de uma partida. O outro é Márcio, ex-goleiro que hoje é, inclusive, empresário do camisa 23 do alviverde.

Na Série B, desde 2006, Tadeu se tornou apenas o 10º goleiro que marcou ao menos um gol na competição nacional (veja a lista completa no fim da matéria). Uma coincidência é que o último jogador da posição que marcou na Segundona foi Diogo Silva, que fez dois gols de pênaltis pelo CRB, há exatos dois anos (13 de agosto de 2022), em uma vitória sobre o Grêmio.

Na história do Goiás, além de Márcio e Tadeu, outros dois goleiros marcaram pelo menos um gol pelo clube: Eduardo Heuser e Kleber Guerra. Ambos, porém, converteram pênaltis em um período do futebol em que, quando os jogos terminavam empatados, uma disputa de penalidades era iniciada e quem vencia ganhava ponto extra.

Eduardo converteu um pênalti contra o Flamengo, na Série A de 1988, enquanto Kleber fez diante da Jataiense, no Goianão de 1995. No tempo regulamentar, apenas Tadeu e Márcio marcaram pelo Goiás.

“Tem uma história que poucas pessoas sabem. Uma vez (em 2021), eu fui ao Goiás assistir a um treino e vi o Tadeu batendo falta. Não o conhecia pessoalmente ainda. Depois do treino, ele falou comigo e eu disse: ‘Eu vi que você tem qualidade para bater faltas. Mete bronca, você tem que treinar esse fundamento’”, contou o ex-goleiro e empresário Márcio, que se orgulha de ter incentivado Tadeu a aprimorar cobranças de faltas e pênalti e disse que cobra o goleiro do Goiás para continuar os treinos com a bola parada.

Márcio, que tem longa história de gols marcados pelo Atlético-GO, fez um gol em sua passagem pelo Goiás. Foi na Série B de 2016, na derrota de 4 a 2 para o Bahia. O ex-goleiro fez o gol de empate (1 a 1), aos 22 minutos do 1º tempo, em cobrança de pênalti.

O ex-jogador é o maior artilheiro, entre goleiros, da Série B nos pontos corridos. Ele marcou nove gols pelo Atlético-GO e um pelo Goiás.

“Durante o jogo, o goleiro não pensa no erro que cometeu. Só vai pensar nisso depois, em casa, quando sentar e ver os lances. O meu gol contra o Bahia foi marcado depois de um erro. Eu tomei um gol olímpico, que não teve desvio. Foi erro meu, logo em seguida teve o pênalti e marquei o gol”, complementou Márcio, ao explicar que geralmente o goleiro que faz gols não pensa em se redimir por uma falha, mas por ter a confiança do elenco e comissão técnica.

Tadeu falhou no lance de origem do gol do Ceará, o primeiro da partida que o Goiás venceu de vriada, e afirmou que não cobrou os pênaltis diante do Vozão com o intuito de se redimir, mas que já estava definido que ele seria o cobrador oficial.

“Eu conversei com ele (Tadeu) na semana passada, me disse que já estava definido contra o São Paulo (pela Copa do Brasil) que ele seria o batedor oficial. O Tadeu treina há anos, e o Mancini percebeu isso nos primeiros treinos. Quis o destino que ontem (segunda) o Tadeu pudesse ajudar o Goiás”, salientou Márcio.

Empresário de Tadeu, Márcio diz que a partir de agora o goleiro do Goiás, por ser “líder” e ter “boa batida”, precisa se credenciar a seguir como batedor oficial do clube. O ex-jogador reforça, no entanto, que o emocional do atleta precisa estar bem.

“A função mais difícil do futebol é cobrar pênalti, por isso há pressão. Não envolve só a batida da bola, o principal é o emocional. Nos treinos, você sabe que pode errar, sempre tem a próxima bola. No jogo, não tem isso. Se o Tadeu perdesse o primeiro pênalti (contra o Ceará), hoje estaria sendo crucificado. Precisa estar pronto, ter treinado, mas, diferente da falta, é condição emocional. Não é só bater na bola”, opinou Márcio, que defende que Tadeu precisa manter os treinos com a bola parada para aumentar sua confiança e diminuir uma possível pressão após os gols marcados.

“Nós conversamos bastante sobre ele cobrar pênaltis, faltas. Teve um período (neste ano) em que ele ficou preocupado com a situação do time e não treinou muito, mas treina bastante e tem tudo para seguir como batedor oficial.”

Tadeu cobra pênaltis e faltas desde jovem, quando estava nas categorias de base do Coritiba. Passou a bater faltas e pênaltis na Ferroviária-SP, a partir de 2018. O primeiro gol dele na carreira foi pelo clube paulista, em sua despedida antes de acertar uma transferência para o Oeste.

No Goiás, Tadeu já tinha feito um gol em uma disputa de pênaltis contra o RB Bragantino, na Copa do Brasil de 2022, mas no tempo regulamentar fez os primeiros gols no triunfo diante do Ceará, pela 20ª rodada da Série B.

A tendência é que Tadeu siga como batedor oficial do Goiás, mas ele vai dividir essa condição com Thiago Galhardo e Régis. David Braz e Edu são outros batedores da equipe esmeraldina, mas estão abaixo na lista de cobradores.

O goleiro está no Goiás desde 2019 e renovou contrato no início deste ano. O atual vínculo é válido até o final de 2026. Ainda nesta Série B, Tadeu vai completar a marca de 300 jogos pelo clube esmeraldino. Se não perder nenhuma partida, o registro vai ocorrer na 26ª rodada, contra o Avaí, na Serrinha.

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