Geral

Goiás é 5º em incidência de chicungunha

Diomício Gomes
Mosquito Aedes aegypti: vetor transmite chicungunha, dengue e zika

Goiás é o quinto estado do País com a maior incidência de casos prováveis de chicungunha (32,2 por 100 mil habitantes) e vizinho das duas unidades da federação com maior incidência da doença: Minas Gerais (180,8) e Mato Grosso (57,1). Nesta semana, o estado registrou a primeira morte pela doença. A vítima, segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), é uma idosa com comorbidades, moradora de Serranópolis, no Sudoeste do Estado, que é a região mais afetada pela doença no estado.

Considerando as oito primeiras semanas epidemiológicas do ano, Goiás registra a maior quantidade de casos de chicungunha para o período dos últimos cinco anos (veja quadro). Levando em conta os registros notificados, o número já é 323,8% maior que no mesmo período de 2023.

O aumento acompanha o crescimento dos diagnósticos de dengue em Goiás. Já são 75,6 mil notificados, número 176% superior ao mesmo período do ano passado, e 31 mortes confirmadas. As doenças são transmitidas pelo mesmo vetor: o Aedes aegypti. A principal forma de prevenção é a eliminação dos focos de proliferação do mosquito, o que depende de ações da população e do poder público. Ao contrário da dengue, não existe vacina contra a chicungunha.

O município de Jataí concentra a maior parte dos casos de chicungunha em Goiás. Para se ter ideia, são 1,8 mil casos notificados na cidade, o que representa 73,7% dos casos do tipo no estado. A superintendente de Vigilância em Saúde da SES-GO, Flúvia Amorim, já havia destacado que a região Sudoeste sofre com a doença devido a proximidade com o Mato Grosso do Sul, que enfrenta um aumento de casos da chicungunha. Atualmente, o estado vizinho é o quarto com a maior incidência da doença, com 38,5 casos por 100 mil habitantes.

De acordo com o mais recente boletim epidemiológico de Jataí, em 2023 foram três casos notificados de chicungunha até o dia 23 de fevereiro. Neste ano, já são 1,8 mil. A maioria é de pessoas adultas e mulheres. A diretora de Vigilância Epidemiológica de Jataí, Araceli Farias, explica que o município tem desempenhado uma ação de manejo ambiental que teve início em 19 de fevereiro e vai até 8 de março. Ela é composta por iniciativas da Secretaria Municipal de Saúde e das demais pastas do município, além de contar com a participação de entidades de classe e da população. “Visa quebrar a cadeia de transmissão das arboviroses no município”, pontua.

A infectologista do Hospital Estadual de Jataí (HEJ), Regyane Ferreira Guimarães Dias, elucida que a unidade atende pacientes de 28 municípios da região. Por se tratar de uma unidade de urgência, os casos costumam chegar ao hospital já na fase aguda. Entretanto, ela aponta que a doença apresenta uma gravidade menor que a dengue. “Não é comum vermos óbitos por chicungunha”, salienta. As pessoas com mais chance de desenvolver casos graves são aquelas com fatores de risco, como idosos e portadores de comorbidades.

Cronificação

O infectologista do Hospital Estadual de Doenças Tropicais (HDT), Boaventura Braz, esclarece que a chicungunha e a dengue têm sintomas semelhantes, como febre, dor no corpo, mal- estar, náusea e até vômitos. A diferença costuma ser o fato de que a chicungunha pode apresentar artralgia, ou seja, dor nas articulações. “Elas podem chegar ao extremo de deixar a pessoa totalmente inativa, sem conseguir levantar da cama”, frisa Braz.

De acordo com informações do Ministério da Saúde, em cerca de 50% dos casos a artralgia se torna crônica. Essas dores podem acompanhar pacientes por até seis meses. “O tempo de evolução vai depender de cada individuo”, destaca o infectologista. Não existe um tratamento específico para esse quadro de saúde. De modo geral, são usados medicamentos como anti-inflamatórios e corticoides, dependendo do estado de saúde de cada paciente. Por conta do longo tempo de sintomas, os casos de chicungunha podem sobrecarregar o sistema de saúde a longo prazo. “Possivelmente, esses pacientes vão demandar um acompanhamento com ortopedista e/ou infectologista”, enfatiza Braz.

A diretora técnica da Atenção à Saúde de Jataí, Myrian Carolina Queiroz Oliveira, explica que os moradores de Jataí que tiveram chicungunha e apresentaram alguma cronificação são, inicialmente, acompanhados por um médico da Estratégia de Saúde da Família (ESF) que passou por uma capacitação específica para o manejo da doença. “As nossas Unidades de Saúde da Família (USF) também contam com fisioterapeutas”, diz.

Os casos que já estão sendo tratados há mais de três meses pela ESF e não apresentam melhoras são encaminhados para o Centro de Reabilitação e Readaptação de Jataí. “Eles contam com um fisiatra (médico com especialização no ramo físico e da reabilitação), reumatologista e fisioterapeuta. Lá passam por um acompanhamento mais intensivo”, finaliza Myrian.

 

Redação
Comentários
Os comentários publicados aqui não representam a opinião do jornal e são de total responsabilidade de seus autores.
ANUNCIE AQUI