A Justiça negou a prisão preventiva dos seis policiais militares acusados de executar duas pessoas e simular um confronto durante uma abordagem no Setor Jaó, em Goiânia. Em sua decisão, o juiz Antonio Fernandes de Oliveira afirma que a prisão cautelar é uma medida de exceção e que não há motivos, neste momento, para atender ao pedido do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO). Os promotores do caso afirmam que a liberdade dos policiais, pela forma como se deu o crime, representa risco a o processo penal.Por outro lado, o magistrado determinou que os seis policiais - que integram o Comando de Operações de Divisas (COD) sejam proibidos de trabalharem em atividades ostensivas na rua, tenham o porte de arma suspenso, usem tornozeleira eletrônica e não tenham contato com qualquer testemunha do caso ou familiares destes e das vítimas, “devendo delas permanecer distantes”. Eles também devem permanecer em suas respectivas casas todos os dias, das 20h às 6h.“Não compreendo razoável creditar na conta dos indiciados o custo (ou consequências) da incompletude das investigações. Isto porque, embora se trate de caso complexo, com vários indivíduos, não há indícios de que tenham dado causa à demora no encerramento das atividades investigativas e ainda permaneceram encarcerados por tempo muito superior ao disposto no artigo 10 do Código Penal, que prevê o encerramento do inquérito policial em dez dias, quando se tratar de investigado preso”, disse o juiz na decisão.Os seis policiais foram soltos pela direção do presídio militar de Goiânia no domingo (2) sob alegação de que o prazo das prisões temporárias havia expirado sem que houve renovação ou conversão para preventiva. O MP-GO afirmou que a corporação militar liberou os presos antes do prazo, que venceria no dia seguinte para quatro deles e no dia 8 para os outros dois. Somente na segunda-feira (3), os promotores entraram com os pedidos de prisão preventiva, o que foi negado nesta terça.Policiais Os tenentes Wandson Reis dos Santos, de 47 anos, e Allan Kardec Emanuel Franco, de 47, os sargentos Marcos Jordão Francisco Pereira Moreira, de 34, e Wellington Soares Monteiro, de 39, e os soldados Pablo Henrique Siqueira e Silva, de 30, e Diogo Eleuterio Ferreira, de 30, foram indiciados pela morte do autônomo Junio José Aquino Leite, de 40 anos, e do corretor de veículos Marines Pereira Gonçalves, de 42. O crime ocorreu no dia 1º de abril.As prisões ocorreram após vazar um vídeo mostrando as vítimas desarmadas e os policiais retirando duas armas de sacos e dando tiros para o alto com elas. Wandson, Marcos Jordão, Wellington e Pablo Henrique foram presos em 6 de abril e tiveram a prisão prorrogada por mais 30 dias em 5 de maio. Já Allan Kardec e Diogo foram presos em 11 de abril e a prorrogação das prisões se deu em 10 de maio.Na petição, so promotores reforçavam a urgência da prisão preventiva alegando que se trata “de delito hediondo, cometido com invulgar ofensa” e que as circunstâncias demonstram “que o perigo gerado pelo estado de liberdade dos representados decorre da altíssima gravidade concreta dos delitos, sobretudo da tentativa de forjar provas, no intuito de incriminar as vítimas.O delegado Carlos Alfama, adjunto da Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH), reclamou no inquérito que tem encontrado “grande dificuldade” por parte da Polícia Militar e da Polícia Técnico Científica (PTC) para a resolução de demandas da investigação.