Uma investigação da Polícia Civil descobriu um esquema de tráfico de medicamentos controlados, que eram desviados de hospital. Os suspeitos são cinco ex-funcionários do Hospital Estadual de Trindade (Hetrin). Esta situação causou a morte de uma técnica de enfermagem que trabalhava na unidade, segundo a polícia. Entenda como os suspeitos agiam.De acordo com o delegado do caso, Thiago Escandolhero Martinho, os investigados também são técnicos em enfermagem. Eles mentiam que determinados pacientes estavam com dores intensas e precisariam de medicamentos mais fortes, que então eram receitados pelo médico. Esses remédios saíam da farmácia do hospital, mas eram desviados e nunca chegavam até o paciente. "Uma das mensagens que pegamos no celular da vítima tem uma das investigadas falando que ia convencer o médico de que o paciente estava com muita dor”, disse Thiago.Nesta quarta-feira (16), uma técnica em enfermagem foi presa em flagrante por tráfico de drogas e outra está sendo procurada pela polícia. Isso porque, enquanto cumpriam mandados de busca e apreensão na casa dos suspeitos, foram encontrados nas residências das mulheres medicamentos desviados, incluindo os contidos na Portaria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como entorpecentes. Os suspeitos podem responder por peculato (praticado por funcionário público que tem acesso a bem público e o desvia em benefício próprio), associação criminosa e tráfico de drogas e homicídio, segundo o delegado. Segundo o delegado, não há investigação contra o hospital ou médicos. Ele afirmou que o hospital e os médicos não sabiam do esquema e que, ao tomar conhecimento, o Hetrin demitiu os cinco funcionários investigados.Ao Daqui, o Hetrin confirmou a demissão dos suspeitos e informou que a equipe do hospital prestou colaboração durante o mandado de busca e apreensão ocorrido nesta quarta e que segue colaborando com a investigação (veja nota na íntegra ao final do texto).Como os nomes dos suspeitos não foram revelados, a reportagem não conseguiu localizar a defesa deles até a última atualização deste texto. O jornal procurou a Secretaria de Estado da Saúde (SES), por e-mail, para um posicionamento, mas até a última atualização deste texto não obteve resposta.De acordo com o delegado, as investigações começaram após a técnica de enfermagem morrer por overdose de morfina e familiares dela informarem a polícia de que a mulher conseguia os medicamentos com funcionários do hospital. Durante a apuração, os policiais chegaram à conclusão de que técnicos de enfermagem e enfermeiros investigados do Hetrin negociam morfina para terceiros. O delegado informou que além de morfina, os suspeitos desviavam medicamentos controlados como tramal e tramadol."Mês passado fomos procurados pela irmã da pessoa que faleceu, porque inicialmente foi tratado como suicídio, mas analisando o celular da irmã ela detectou que, na verdade, havia fornecimento dos funcionários do Hetrin de morfina, então tudo indica que foi overdose mesmo", afirma o delegado.À TV Anhanguera, a irmã da vítima, Jhessica Fernandes da Silva, disse que a irmã tinha depressão e aplicava morfina na própria veia. Jhessica disse que a irmã se viciou no remédio, que ela comprava ou ganhava dos investigados."Elas começaram a vender, quando não vendiam, davam. Porque que elas não chegaram em nós e falaram: 'interna ela, ela tá dependente da morfina'? Não, elas começaram a roubar dentro do hospital e vender para minha irmã”, disse.Nota Hetrin"O Hospital Estadual de Trindade informa que na manhã desta quarta-feira, 16, a Polícia Civil realizou uma diligência em computadores na farmácia da unidade. A equipe prontamente prestou total colaboração durante o procedimento e segue colaborando com a investigação.Ressaltamos que o caso está sendo conduzido pelas autoridades policiais e a unidade está prestando todas as informações requeridas.Esclarecemos que assim que teve ciência de fatos suspeitos, a diretoria demitiu os funcionários envolvidos.Assessoria de Comunicação do Hetrin"