Dois trabalhadores rurais foram indiciados pelo incêndio no Parque Lagoa Vargem Bonita, na zona rural de Goiânia, que aconteceu em 28 de agosto. De acordo com o delegado de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema), Luziano de Carvalho, os dois foram contratados para limpar o terreno de uma chácara na região, e atear fogo ao lixo foi o que causou o incêndio que destruiu 100 hectares do Parque.
O nome deles não foi divulgado pela polícia, por isso, o joranl não conseguiu localizar a defesa dos indiciados até a última atualização desta matéria.
Os dois indiciados são irmãos, e há cerca de um mês trabalhavam no local limpando o terreno. Segundo o delegado, era rotineiro atear fogo aos montes de lixo, mas nesse dia, o fogo não tinha apagado completamente quando saíram para almoçar. Um vento alastrou o fogo pelo Parque, informou. Ao delegado, os indiciados disseram que o ocorrido foi um “vacilo”, já que fazia aquele serviço com frequência.
“Há mais de mês que eles estavam já fazendo aquele trabalho e saíram ali na hora do almoço. E o fogo não tinha apagado lá naquele monte, veio um vento muito forte, alastrou ali para a vegetação muito seca também, que era o capim”, disse Luziano. Os bombeiros atenderam a ocorrência e o fogo foi apagado no mesmo dia. Mesmo assim, 100 hectares foram queimados, incluindo áreas de preservação e lavoura.
“Os vizinhos também têm a prática de fazer ações semelhantes a que aqueles dois estavam fazendo. Até as pessoas que foram ouvidas como testemunhas também praticam incêndios naquele ponto, e isso é lamentável”, disse Luziano.
Serra das Areias
Além deste inquérito finalizado, a polícia também concluiu a investigação sobre um incêndio na Serra das Areias, em Aparecida de Goiânia, que aconteceu em 6 de setembro. Nesta ocasião, 30 hectares foram queimados. Duas pessoas, um casal de namorados, foram indiciadas por este incêndio. Segundo o delegado, os dois teriam ateado fogo em um colchão, que foi o causador da queimada.
O delegado conta que o casal estava de carro, estacionou na beira da estrada e jogou o colchão, depois ateou fogo. Os bombeiros foram acionados e contiveram o incêndio no mesmo dia, mas o fogo alastrou e causou danos. Quando as autoridades questionaram o casal, eles disseram que estavam ali porque voltavam de uma cachoeira próxima, depois admitiram o crime, segundo o delegado.
“O rapaz e a namorada já foram ouvidos na delegacia, indiciados pela prática de crime de expor a perigo a vida, a integridade física, o patrimônio de outro”, explicou Luziano. Em depoimento, conforme informou o delegado, os dois disseram que queriam descartar o colchão porque uma cadela havia parido nele e estava sujo. A sugestão de queimar foi do homem, que já havia queimado no mesmo lugar um guarda-roupas velho, informou o delegado.
Como o nome deles também não foi divulgado, o jornal não conseguiu localizar a defesa até a última atualização desta matéria.
Crimes
Os quatro indiciados respondem por “causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem”, de acordo com o artigo 250 do Código Penal. A pena é de três a seis anos, podendo haver aumento se “o crime é cometido com intuito de obter vantagem pecuniária em proveito próprio ou alheio”; ou se o incêndio é:
- em casa habitada ou destinada a habitação;
- em edifício público ou destinado a uso público ou a obra de assistência social ou de cultura;
- em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de transporte coletivo;
- em estação ferroviária ou aeródromo;
- em estaleiro, fábrica ou oficina;
- em depósito de explosivo, combustível ou inflamável;
- em poço petrolífero ou galeria de mineração;
- em lavoura, pastagem, mata ou floresta.
No caso do Parque Lagoa Vargem Bonita, o crime foi considerado culposo, não intencional. Já no caso da Serra das Areias, foi considerado doloso, porque, segundo o delegado, o casal “no mínimo assumiu o risco” do incêndio alastrar.