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Lei Rouanet virou ditadura sob o comando de ex-PM e Mario Frias, diz Sá Leitão

Ao todo, 41.817 pediram patrocínio, o que representa um aumento de 338% ante os 9.546 projetos inscritos no ano passado

Folhapress

Modificado em 21/09/2024, 00:40

Lei Rouanet virou ditadura sob o comando de ex-PM e Mario Frias, diz Sá Leitão

(Reprodução / Instagram / @mariofriasoficial )

O secretário de Cultura de São Paulo, Sérgio Sá Leitão, afirmou em entrevista que a gestão cultural do governo Bolsonaro, que ele considera ineficaz, impulsionou os pedidos de ajuda de artistas a governos estaduais.

Em São Paulo, os programas de fomento bateram recorde de inscrições neste ano. Ao todo, 41.817 pediram patrocínio, o que representa um aumento de 338% ante os 9.546 projetos inscritos no ano passado.

Sob Bolsonaro, a Cultura é gerida pelo ator Mario Frias, ex-galã teen de "Malhação", e a André Porciuncula, um ex-policial militar que, mesmo sem experiência com o setor, comanda quase que exclusivamente a Lei Rouanet.

"Bolsonaro deu ao André Porciuncula o cargo não oficial de ditador da Lei Rouanet. O que temos hoje na Lei Rouanet é uma ditadura. Existe uma pessoa que tem poder de vida ou morte sobre projetos culturais", diz Sá Leitão.

É Porciuncula que diz sim ou não aos pedidos de patrocínio para produção de peças de teatro, shows e outros projetos artísticos que chegam ao governo federal, quando o trabalho pertence à Comissão Nacional de Incentivo à Cultura, a Cnic.

A comissão é formada por pessoas com décadas de atuação na cultura, além de representantes do empresariado e das sete entidades vinculadas ao Ministério do Turismo, sob a qual está a Secretaria Especial da Cultura.

O colegiado, no entanto, está desativado desde março, quando terminou o mandato de seus últimos membros, que ofereciam a consultoria ao governo gratuitamente. Desde então, o governo deu a caneta das aprovações ao ex-PM.

"Cresceram os pedidos de ajuda aos estados. O problema é que são poucos os estados que anunciaram programas de fomento, e os que anunciaram tem valores pequenos. São Paulo é exceção da exceção", diz o secretário.

As declarações surgem em meio à polêmica em que Sá Leitão se envolveu nesta segunda-feira ao dizer que havia recebido uma "carta de alforria temporária" do governador João Doria, do PSDB, para participar da cerimônia de posse da nova secretária municipal de Cultura de São Paulo, Aline Torres.

A fala gerou constrangimento entre os presentes, que trocaram olhares de reprovação, segundo relatos feitos à reportagem, já que carta de alforria era um documento por meio do qual um senhor de escravos abria mão dos direitos de propriedade sobre eles.

Sá Leitão também critica a gestão de Mario Frias em relação ao patrimônio público. Ele diz que não obteve resposta para o pedido de transferência da administração da Cinemateca, que pegou fogo no fim de julho, ao governo paulista.

"É muito mais difícil lidar com Mario Frias. Ele é um militante do bolsonarismo que pauta sua atuação pelo desejo de agradar ao chefe. Não tem diálogo. É muito mais difícil do que foi com Regina Duarte e com Roberto Alvim", afirma.

O incêndio, que destruiu filmes e documentos, é apontado por Sá Leitão como uma tragédia anunciada, já que a Cinemateca vinha perdendo funcionários e vendo suas contas atrasarem desde 2019, quando a Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto, que administrava a entidade, não teve seu contrato renovado.

Um dia após o incêndio, o governo federal decidiu agir, anunciando um edital para contratar uma nova administradora, que receberá R$ 10 milhões anuais --metade do valor que havia sido previsto pelo próprio Ministério do Turismo.

"A perda é significativa, porque é um acervo documental, e a história é contada não só por relatos orais, mas sobretudo por documentos. Com este incêndio, a gente perdeu parte da nossa história", diz Sá Leitão.

Procurada, a Secretaria Especial de Cultura não informou à reportagem se vai transferir a gestão da Cinemateca ao governo paulista.

As críticas do secretário surgem em meio a polêmicas da gestão de Mario Frias, que barrou, por exemplo, a captação de verba via Lei Rouanet pelo Festival de Jazz do Capão, autodeclarado antifascista, com um parecer técnico que cita Deus.

A decisão foi suspensa pela Justiça Federal da Bahia, estado onde o festival ocorre desde 2010. O judiciário mandou a Funarte, a Fundação Nacional das Artes, órgão que havia barrado o pedido, fazer uma nova análise.

O parecer técnico, que ainda cita outras referências religiosas, também é alvo de um inquérito civil do Ministério Público Federal, que já investigava, desde o ano retrasado, suspeitas de impessoalidade em decisões da Funarte.

Em São Paulo, a gestão Doria prometeu investir R$ 200 milhões no fomento cultural --um aumento de 13% ante à verba do ano passado, de R$ 177,2 milhões. Do montante, 9,8% --ou seja, R$ 19,6 milhões-- vieram do governo federal a partir do que restou da Lei Aldir Blanc, criada para socorrer o setor durante a pandemia.

Os pedidos de ajuda ocorreram entre duas modalidades do ProAC, o Programa de Ação Cultural. São eles o ProAC Expresso Editais e o ProAC Expresso Direto, que este ano substituiu as doações empresariais por recursos do governo estadual.

As inscrições para ambas as modalidades terminaram em julho. Agora, o governo avalia quais projetos terão direito ao patrocínio. Enquanto isso, as inscrições para o ProAC Lab, que distribuirá os R$ 19,6 milhões federais, vão até 28 de setembro.

Em paralelo, a gestão paulista conduz a reforma do Museu do Ipiranga, um dos mais importantes do país. O museu, que foi fechado às pressas em 2013 sob risco de queda do forro, será reinaugurado em setembro do próximo ano.

"Atingimos um índice de realização da obra de 70%. O restauro do edifício está quase pronto. O que falta é a obra de ampliação, que é subterrânea, mas tudo está no cronograma. Espero que o governo federal não atrapalhe", diz Sá Leitão.

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7ª Mostra GiroDança tem início nesta quinta-feira (3) no Teatro Goiânia

Modificado em 04/11/2024, 08:55

7ª Mostra GiroDança tem início nesta quinta-feira (3) no Teatro Goiânia

(Divulgação)

A 7ª Edição da Mostra GiroDança começa nesta quinta-feira (3) e segue até domingo (6), no Teatro Goiânia, no Centro da capital goiana. O evento tem como objetivo fomentar e difundir a dança goiana, promovendo o intercâmbio entre artistas regionais, nacionais e internacionais.

Nesta edição, a Mostra GiroDança será dividida em quatro eixos principais: Mostra Artística Profissional (adulto e infantil); Mostra Escola; Encontro de Diretores/Professores/Coreógrafos; e Workshops. A Mostra GiroDança é realizada com o apoio da Lei de Incentivo à Cultura -- Programa Goyazes e conta com o patrocínio da Papelaria Tributária.

Os ingressos custarão R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia-entrada), e serão vendidos antecipadamente pela Giro8 Cia de Dança, através do Instagram da Mostra (@mostragirodanca ). A compra antecipada garante preço promocional, com 50% de desconto, mas os bilhetes também poderão ser adquiridos na bilheteria do Teatro.
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Os interessados em participar das oficinas podem se inscrever através do e-mail: mostragirodanca@gmail.com.

Workshops

Como parte da programação, também serão oferecidos workshops gratuitos voltados para estudantes e artistas da dança, com temáticas relacionadas aos espetáculos apresentados. As oficinas ocorrerão no Allegro Centro de Dança (R. 24, 48 - St. Marista) e serão ministradas por profissionais de destaque na área.

Uma inovação desta edição, é que a Mostra se dividirá em dois momentos, sendo um deles criado especialmente para o público infantil. A etapa em questão acontecerá no mês de janeiro (mês de férias escolares), no Parque Mutirama, com envolvimento de companhias locais, como a Cia Flor do Cerrado e a Companhia de Teatro Du Caixote, além da participação internacional representada pela Virtual Núcleo Artístico Binacional (Brasil/Argentina), que trará o espetáculo "Pequenas Histórias", feito em conjunto com a Cia Ladainha (Brasil/França).

SERVIÇO:

7ª Mostra GiroDança - Arte para Todas as Idades

Datas: 03 a 06/10/2024 (5ª a domingo)

Local: Teatro Goiânia e Allegro Centro de Dança

Ingressos e mais informações: https://www.instagram.com/mostragirodanca/

Mostra GiroDança 7ª Edição - Arte para Todas as Idades conta com o apoio financeiro da Lei de Incentivo à Cultura -- Programa Goyazes, e o patrocínio da Papelaria Tributária.

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Imersão ao universo de Clarice Lispector começa nesta quinta-feira (26) no Mutirama

Modificado em 04/11/2024, 08:51

Imersão ao universo de Clarice Lispector começa nesta quinta-feira (26) no Mutirama

(Divulgação)

Os apaixonados por literatura e pela obra de uma das maiores escritoras do País, Clarice Lispector, têm a oportunidade de fazer uma imersão na obra da autora durante quatro dias.

O "Caminhão de Histórias -- Que Mistérios tem Clarice" estaciona no Parque Mutirama, no Centro da capital, nesta quinta-feira (26) e fica até domingo (29), das 10 às 17 horas.

A mostra gratuita conta com exposições, contação de histórias e outras atividades. O projeto tem como objetivo promover a cultura, a literatura e reflexões sobre o universo infantojuvenil criado por Clarice Lispector, além de aproximar crianças, jovens e adultos de umas das escritoras mais importantes do século 20. Entre as obras apresentadas estão A Vida Íntima de Laura, O Mistério do Coelho Pensante e A Mulher que Matou os Peixes.

A ação é promovida pelo Instituto do Grupo CCR, que administra o Aeroporto de Goiânia. O Mutirama está localizado na Av. Contorno, Centro, Goiânia.

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Teatro Goiânia recebe o espetáculo 'Branca de Neve e os Sete Anões' neste domingo (15)

Modificado em 17/09/2024, 17:20

Teatro Goiânia recebe o espetáculo 'Branca de Neve e os Sete Anões' neste domingo (15)

(Divulgação)

O Teatro Goiânia será palco neste domingo (15), às 17 horas, do espetáculo infantil "Branca de Neve e os Sete Anões". A montagem, produzida pela Pinheiro Produções Artísticas, foi aplaudida em Salvador e agora promete encantar o público goiano.

Os ingressos variam entre R$ 40 e R$ 80 e estão à venda antecipadamente pelo telefone (62) 98472-8886.

Indicado para toda a família, a peça explora um reino encantado repleto de magia. Baseada no clássico dos irmãos Grimm, o espetáculo conta com figurino sofisticado, nove cenários tridimensionais e projeções audiovisuais. A protagonista será interpretada pela atriz Amanda Constantino, atual âncora do programa "No Balaio", da TV Anhanguera.

O espetáculo remonta o primeiro conto de fadas adaptado pela Disney. Branca de Neve é uma jovem princesa cuja beleza desperta a inveja de sua madrasta, a rainha. Branca de Neve foge do castelo e encontra abrigo na casa de sete anões. A rainha, disfarçada, engana Branca de Neve com uma maçã envenenada, colocando-a em um sono profundo. O feitiço é quebrado pelo beijo de um príncipe, e Branca de Neve desperta para viver feliz para sempre.

Serviço Espetáculo "Branca de Neve e os Sete Anões"
Data: Domingo (15/09)
Local: Teatro Goiânia (R. 23 com A. Anhanguera, n° 252 - St. Central, Goiânia - GO) 74015-120
Horário: 17h
Ingressos: Entre R$ 40 e R$ 80
Contato: (62) 98472-8886

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Falta de recursos ameaça projeto de música para crianças e jovens carentes

Sem auxílio financeiro, iniciativa sociocultural que ensina instrumentos de corda e realiza concertos na região metropolitana de Goiânia está com atividades paralisadas

Modificado em 17/09/2024, 17:21

Concerto do Cajuzinhos do Cerrado no Sesc Centro, em 2023: mais de 80 alunos têm nível para apresentações

Concerto do Cajuzinhos do Cerrado no Sesc Centro, em 2023: mais de 80 alunos têm nível para apresentações (Júlia Borges)

Uma das mais emblemáticas iniciativas socioculturais de Goiás corre o risco de desaparecer por falta de recursos. Organização da sociedade civil (OSC) sem fins lucrativos, o Instituto Cajuzinhos do Cerrado, que se dedica ao ensino de instrumentos de corda a comunidades carentes e periféricas de Goiânia, Terezópolis de Goiás e Nerópolis, está com suas atividades paralisadas desde julho, após perder seu maior patrocinador. Sem verbas, aulas e apresentações estão suspensas.

Quem já teve oportunidade de conferir as apresentações da orquestra de cordas e coral Cajuzinhos do Cerrado não imagina o que há escondido sob partituras e acordes musicais no palco. O violinista paraibano Igor Viana Monteiro, 35 anos, adotou Goiás em 2011 quando foi aprovado em concurso da Orquestra Sinfônica de Goiás. Em 2015, decidido a se dedicar ao ensino musical, abandonou o projeto inicial e se tornou professor das redes públicas da capital e de Senador Canedo. Ao se deparar com o abismo social, decidiu criar em 2017 na unidade rural onde atuava, Escola Municipal Santa Terezinha, entre Goiânia e Nerópolis, um projeto para democratizar o acesso à música.

No ano seguinte, ainda sem um nome, o grupo foi convidado a participar do Festival Internacional de Música de Trancoso (BA), que ocorreria em 2019. Assim surgiu a orquestra Cajuzinhos do Cerrado, naquele momento com apenas 14 integrantes, que ganhou uma enorme visibilidade e novos convites. "A gente entendeu que era uma necessidade não somente dos alunos da escola, mas de toda a comunidade, por isso decidimos desvincular o projeto da instituição pública. Criamos uma nova turma e passamos a atender no quintal da casa da professora Tânia Monteiro, integrante do projeto", revela o violinista.

Em 2020, a Escola de Música e Artes Cênicas (Emac) da Universidade Federal de Goiás passou a abrigar o projeto e um ano depois veio o convite de uma associação que fomenta a cultura em Terezópolis de Goiás para a criação de um novo polo no município. "Os recursos começaram a entrar, empresas e pessoas físicas passaram a apadrinhar o projeto." Além das aulas de violino, vieram o ensino de viola clássica, violoncelo e canto coral. Atualmente, o projeto mantém 130 estudantes, a partir dos 8 anos e até idosos, mais 15 profissionais dedicados às aulas.

Os entraves financeiros pioraram a partir da pandemia da Covid-19. Em 2022, veio o fim da ajuda da associação de Terezópolis. O polo do município se manteve com o suporte da prefeitura local, que cede sala e transporte para os alunos. Mas em julho deste ano, o maior patrocinador desistiu. "Perdemos 90% da verba que recebíamos, R$ 9,9 mil. A empresa reconhece nosso trabalho, mas não teve mais condições de ajudar. Era um aporte financeiro direto, o que ficou não dá para manter o projeto em funcionamento", explica Igor Monteiro.

Nos primeiros tempos de trabalho do instituto, os instrumentos foram doados pelo próprio violinista e pessoas próximas a ele. Após a apresentação em Trancoso, algumas portas se abriram e outros instrumentos chegaram. Mais recentemente, o nível de excelência oferecido pelo projeto ficou evidente quando o instituto participou de um processo seletivo de uma grande empresa que atua no Centro-Oeste e no Sudeste e venceu dezenas de outros candidatos. O prêmio de quase R$ 90 mil foi pago em 5 violoncelos, 16 violinos e 8 violas, além de papéis para impressão de partituras, cadeiras e estantes de partituras. Os alunos que já atingiram nível ideal para apresentações somam entre 80 e 90.

Campanha busca atrair padrinhos

Até julho, o Instituto Cajuzinhos do Cerrado sobrevivia com R$ 11,3 mil, recursos destinados ao pagamento de professores, técnicos e manutenção de instrumentos. "Muita gente é voluntária. Precisamos, no mínimo, recuperar o que perdemos, mas o ideal seria ao menos R$ 30 mil. Por isso, estamos atrás de empresas interessadas em patrocinar via Lei Rouanet, de incentivo à cultura. Também lançamos uma campanha de apadrinhamento", diz Igor Monteiro. Nos alunos, angústia e expectativa têm andado juntas desde que a suspensão das aulas. Pela fome de música e pela fome literal.

Em uma das apresentações de fim de tarde, veio a decisão de estender as ações para as famílias dos alunos em situação de grave vulnerabilidade social. "Um aluno começou a passar mal. Perguntamos se ele tinha se alimentado naquele dia e a resposta foi 'não', porque não havia o que comer em casa", conta o músico. Assim surgiu dentro do instituto o programa Cajuzinho Social, que distribui cestas básicas para os alunos que vivem em insegurança alimentar. "Dos 130 estudantes, temos 48 pedidos, mas só conseguimos atender 10, porque não temos recursos."

O coordenador do Cajuzinhos do Cerrado revela que os R$ 30 mil considerados ideais para manter o projeto ajudariam na compra das cestas básicas. "Temos alunos que vão para o projeto para receber os alimentos." Para manter as aulas que transformam vidas, o instituto lançou uma campanha com a expectativa de conseguir pelo menos 200 padrinhos, que seriam doadores fixos com, no mínimo, 50 reais.

Concerto do Cajuzinhos do Cerrado no Sesc Centro, em 2023: mais de 80 alunos têm nível para apresentações

Concerto do Cajuzinhos do Cerrado no Sesc Centro, em 2023: mais de 80 alunos têm nível para apresentações (Júlia Borges)