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Secretaria de Saúde disponibiliza ferramenta para ajudar na busca de crianças não vacinadas

Sistema já está disponível em 10 cidades goianas. Ferramenta identificará crianças com maior risco de adquirir doenças preveníveis por vacinas

Modificado em 19/09/2024, 00:30

Segundo a SES-GO, apenas em 2023, mais de 193 mil doses foram aplicadas dentro do Calendário Nacional de Vacinação em crianças de até um ano

Segundo a SES-GO, apenas em 2023, mais de 193 mil doses foram aplicadas dentro do Calendário Nacional de Vacinação em crianças de até um ano (Wesley Costa/O Popular)

Uma nova ferramenta desenvolvida pela Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) permitirá que os municípios goianos saibam quais crianças estão com calendário vacinal atrasado. De início, 10 cidades, com população inferior a 50 habitantes com até um ano de idade, já estão em fase de teste com o Sistema de Busca de Susceptíveis/Não Vacinados -- que são crianças com maior risco de adquirir doenças preveníveis por vacinas.

A ferramenta possibilitará que agentes de saúde tenham acesso aos dados disponíveis dessas crianças para que a busca ativa seja realizada. A reportagem, a superintendente estadual de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim, disse que o sistema facilitará a busca ativa e identificação dessas crianças.

A gente quis ter uma ferramenta que possibilite o município identificar que criança está sem vacina, onde ela mora, o endereço, o telefone... Vamos conseguir identificar quais são as vacinas estão atrasadas, e isso vai facilitar para que a equipe daquele município consiga ir naquele local e já saber o que precisa levar para recuperar essa cobertura vacinal", disse.

A ferramenta já está disponível nos municípios de Araçu, Avelinópolis, Brazabrantes, Campestre de Goiás, Caturaí, Damolândia, Itaguari, Jesúpolis, Santa Rosa de Goiás e Taquaral de Goiás. Segundo a SES-GO, apenas em 2023, mais de 193 mil doses foram aplicadas dentro do Calendário Nacional de Vacinação em crianças de até um ano. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, anualmente, as vacinas salvam mais de 3 milhões de vidas ao redor do mundo.

Queda vacinal

Desde 2016, a cobertura vacinal está em queda no Brasil. Em 2015, os índices de cobertura vacinal, que chegaram a 97%, caíram a 75% em 2020, segundo dados do Ministério da Saúde. As maiores quedas dizem respeito às vacinas para a BCG (38,8%) e a Hepatite A (32,1%), entre 2015 e 2021.

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Em Goiás, 845 mil ainda não tomaram nenhuma dose da vacina contra Covid-19

Quase três anos e meio após início da vacinação, SES-GO ainda trabalha para aumentar cobertura vacinal. Neste mês, Estado recebeu cerca de 86,4 mil doses do imunizante atualizado contra a doença

Modificado em 17/09/2024, 16:14

Início da aplicação da nova vacina contra a Covid-19 (monovalente XBB) no Central Municipal de Vacinação, no Setor Pedro Ludovico, em Goiânia Na foto, geral da Central Municipal de Vacinação, no Setor Pedro Ludovico, em Goiânia.

Início da aplicação da nova vacina contra a Covid-19 (monovalente XBB) no Central Municipal de Vacinação, no Setor Pedro Ludovico, em Goiânia Na foto, geral da Central Municipal de Vacinação, no Setor Pedro Ludovico, em Goiânia.
 (Wesley Costa)

Quase três anos e meio após o início da vacinação contra a Covid-19, Goiás ainda possui 845,8 mil pessoas que não tomaram nenhuma dose do imunizante contra a doença. Neste mês, o governo estadual recebeu cerca de 86,4 mil doses da nova vacina atualizada contra a Covid-19, a monovalente XBB, da farmacêutica americana Moderna, que protege contra as principais cepas em circulação hoje. Mesmo assim, a Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) ainda enfrenta desafios para aumentar a cobertura vacinal de alguns grupos, especialmente crianças.

A nova vacina está incluída no Calendário Nacional de Vacinação (para crianças de 6 meses a 4 anos, 11 meses e 29 dias), além de ser indicada para grupos prioritários e pessoas que ainda não tomaram nenhuma dose do imunizante. Atualmente, a recomendação é de que pessoas que nunca se vacinaram contra a doença recebam apenas uma dose da vacina contra a Covid-19, sendo ela a monovalente XBB.

A superintendente de Vigilância em Saúde da SES-GO, Flúvia Amorim, acredita que notícias falsas relacionadas à vacinação, especialmente de crianças, ajudam a explicar o cenário de pessoas ainda desprotegidas. "Para superar esses obstáculos, nosso trabalho tem sido o de repassar a informação correta", esclarece.

Em Goiás, 6,3 milhões de pessoas acima de 5 anos tomaram pelo menos uma dose da vacina contra a Covid-19 até o primeiro trimestre de 2023. O dado é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os grupos que mais aderiram foram as mulheres e os idosos.

Flúvia chama atenção para o fato de que uma parte considerável dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), especialmente os que culminam em internações, ainda são causados por Covid-19. Neste ano, dos 3,2 mil casos de SRAG em Goiás, 15,5% são por Covid-19, enquanto a influenza é responsável por 9,5% até agora. "Não é uma doença do passado, é uma doença do presente", pondera.

Durante o lançamento da campanha Vacina Brasil, ocorrida nesta terça-feira (29), a imunologista e diretora médica de Vacinas da América Latina da Adium/Moderna, Glaucia Vespa, compartilhou do mesmo ponto de vista de Flúvia. "A emergência em saúde pública acabou, mas o vírus continua presente", avaliou. Glaucia também chamou atenção para a tecnologia da vacina, que é baseada no mRNA mensageiro. "Destaque pela eficácia e segurança", disse.

O infectologista e diretor científico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Alexandre Naime, pontua que a vacinação contra a Covid-19 não é benéfica só para prevenir quadros graves e mortes, mas também para evitar casos de Covid longa. "É quando o indivíduo permanece inflamado após o episódio agudo (da doença)", explica. Alguns dos principais sintomas são a fadiga e a confusão mental. Mulheres, idosos e portadores de comorbidades fazem parte do grupo de risco. "Como não estamos mais em emergência, é preciso entender que a fisiopatologia da doença está mudando. A melhor forma de se proteger é pela vacina."

Vacina

Na visão da superintendente de Vigilância em Saúde de Goiás, ter uma vacina como a monovalente XBB disponível representa um ganho para a população em termos de proteção. "É a que está mais atualizada no que diz respeito às cepas em circulação." O imunizante é conhecido como monovalente XBB por oferecer proteção contra a subvariante ômicron XBB 1.5, que circulou de forma intensa em Goiás em 2023. "Foi a que mais identificamos nos sequenciamento que fizemos", aponta Flúvia.

De acordo com a SES-GO, as mais de 80 mil doses de monovalente XBB recebidas do Ministério da Saúde já estão nos postos de saúde, que estão abastecidos e orientados sobre a aplicação do imunizante. "Temos a expertise. A forma de armazenamento é a mesma da Pfizer, de ultracongelamento", detalha Flúvia.

Idosos

Os idosos representam 65,1% das 28,5 mil mortes por Covid-19 ocorridas em Goiás até agora. Apesar de a cobertura vacinal do grupo ser mais satisfatória, Flúvia reforça que é importante que as pessoas com mais de 60 anos não se esqueçam de tomar o reforço de seis em seis meses. "Nunca deixou de ser um grupo de atenção da doença. Eles têm maior chance de agravamento e morte", avalia Flúvia.

A geriatra e presidente do Comitê de Imunização da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Maisa Kairalla, lembra que mesmo com boa saúde, os idosos sofrem com a imunossenescência, um processo de deterioração gradual do sistema imunológico que ocorre com o envelhecimento natural do organismo. Nesse contexto, ainda existem os idosos que possuem quadros agravados por condições crônicas ou uso de medicamentos. "Para envelhecer com saúde, um dos pilares fundamentais é a vacinação", comenta.

Crianças

Em Goiás, as crianças e adolescentes possuem a pior cobertura vacinal contra a Covid-19. A cobertura com duas doses entre aqueles de seis meses a quatro anos de idade é de apenas 12,7%. Apesar de as crianças não estarem entre aqueles que mais morrem, a superintendente de Vigilância em Saúde de Goiás destaca que é importante considerar que uma parcela delas tiveram pouco contato com o vírus e ainda não se vacinaram. "Principalmente aquelas que nasceram no pós-pandemia. Um aumento de casos não está descartado", esclarece Flúvia.

A pediatra e membro do departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), Flavia Almeida, corrobora as ideias de Flúvia e reforça que do ponto de vista de internação, aqueles com menos de um ano de idade ainda são um grupo importante. O cenário é preocupante, já que, em Goiás, apenas 10,3% daqueles com idade entre seis meses e dois anos tomaram duas doses da vacina contra a doença. Nesse sentido, Flavia explica que é imprescindível que o poder público continue fazendo um trabalho de comunicação e combate às notícias falsas junto aos pais e médicos. "Um trabalho de formiguinha", finaliza.

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Goiânia amplia vacinação contra a gripe para todas as pessoas acima de 6 meses

Imunização começa oficialmente nesta quinta-feira (2) e novo público-alvo pode comparecer a 72 salas de vacina da capital

Modificado em 17/09/2024, 16:09

Novo público-alvo pode receber imunização em 72 salas de vacina da capital

Novo público-alvo pode receber imunização em 72 salas de vacina da capital
 (Wesley Costa)

A Prefeitura de Goiânia ampliou a vacinação da gripe para todos com mais de seis meses de idade. A partir desta quinta-feira (2) a imunização estará disponível nas 72 salas de vacina da capital. Inclusive no Centro Municipal de Vacinação (CMV), localizado no Setor Pedro Ludovico, que foi reaberto após passar por revitalização.

O anúncio ocorre após a divulgação de nota técnica do Ministério da Saúde que amplia o público-alvo e da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) autorizar a imunização.

Embora a vacinação na capital comece oficialmente só nesta quinta, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que as pessoas que foram até o CMV e os Ciams Urias Magalhães, Dr Domingos Viggiano e Novo Horizonte no feriado do Dia do Trabalhador - as quatro unidades estavam abertas - não foram dispensadas e receberam a vacina.

Segundo a ministra Nísia Trindade, a ampliação ocorre para responder ao aumento dos casos de influenza no País, que tem lotado emergências de hospitais públicos e privados.

Antes da ampliação, a imunização tinha como público-alvo os grupos prioritários, como idosos, gestantes, povos indígenas e crianças de até seis anos. A campanha teve início no dia 25 de março, já de forma antecipada, uma vez que a vacinação é tradicionalmente iniciada entre os meses de abril e maio.

A SES-GO informou que recebeu no início da tarde desta quarta-feira (1º) a nota técnica do Ministério da Saúde que recomenda a ampliação da oferta da vacina influenza a toda a população não vacinada a partir de seis meses de idade. Mas isso "a depender da situação epidemiológica nos territórios e do estoque existente da vacina e da estratégia definida pelas Secretarias Estaduais e Municipais da Saúde", recomenda a nota.

Ainda de acordo com a pasta, a nota ressalta que, "apesar da alta vulnerabilidade dos grupos iniciais definidos como público alvo da vacinação, como gestantes, puérperas, adultos com mais de 60 anos, crianças menores de seis anos de idade e indivíduos com comorbidades ou condições clínicas especiais, entre estes, cardiorrespiratórias, com obesidade mórbida, diabetes, imunossuprimidos, entre outros, a ampliação se fundamenta no benefício que a vacinação pode proporcionar para a população não contemplada nos grupos prioritários já estabelecidos". Também faz alusão à contribuição na redução dos atendimentos ambulatoriais e internações durante o período do outono e inverno, quando as doenças de transmissão respiratórias são mais frequentes e as pessoas passam mais tempo em ambientes fechados.

A SES-GO diz que seguirá a nota técnica e orientará os municípios para acompanharem a ampliação. Atualmente, a cobertura para a vacina Influenza entre os grupos prioritários em Goiás é de 22,28% e de 26,78% no Brasil, mas o preconizado pelo MS é cobertura acima de 90%.

O Estado recebeu 952 mil doses da vacina de Influenza, que já foram distribuídas aos municípios goianos, que estão abastecidos e preparados para imunizar a população nas mais de 900 salas de vacinação de Goiás.

Exceção

A região Norte do País é a única que não é alvo desta campanha, uma vez que já teve a vacinação antecipada para novembro de 2023.

O Ministério da Saúde mudou permanentemente o calendário de vacinação contra o vírus influenza, causador da gripe, nos estados do Norte. A mudança visa proteger a população durante o inverno amazônico - de meados de novembro até maio -, período de maior circulação viral e de transmissão da gripe.

O vírus da influenza costuma começar a circular em maio, junho e julho. A vacina utilizada é trivalente, ou seja, apresenta três tipos de cepas de vírus em combinação, protegendo contra os principais vírus em circulação no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde.

A pasta informa que a vacina influenza pode ser administrada na mesma ocasião de outros imunizantes do Calendário Nacional de Vacinação.

Geral

Novas doses da vacina contra a dengue voltarão a ser aplicadas só em público de 10 a 14 anos, diz SE

Busca por imunizante lotou locais de aplicação em Goiânia após o Ministério da Saúde ampliar vacinação para pessoas de 4 a 59 anos, a fim de evitar desperdício

Modificado em 17/09/2024, 15:50

As 2 mil doses disponíveis em 12 salas de vacinação de Goiânia acabaram em poucas horas nesta quinta (18)

As 2 mil doses disponíveis em 12 salas de vacinação de Goiânia acabaram em poucas horas nesta quinta (18)
 (Wildes Barbosa)

JOÃO GABRIEL PALHARES

Após a aplicação das doses com vencimento para o dia 30 de abril, nesta quinta-feira (18), em uma faixa etária ampliada, as próximas remessas das vacinas contra a dengue destinadas a Goiás serão voltadas ao público-alvo inicial: crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. A informação é da Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO). Em Goiânia, todas as doses remanescentes da Qdenga foram aplicadas. A estratégia de ampliação anunciada pelo Ministério da Saúde (MS) ao público de 4 a 59 anos poderá ser repetida caso as novas vacinas não sejam aplicadas no público-alvo até o período próximo à data de vencimento das doses, como ocorreu nesta quinta-feira.

A ampliação da faixa etária ficará vigente até o esgotamento das doses remanescentes que foram distribuídas nos 246 municípios goianos, a SES confirmou a aplicação de 60,4% do quantitativo enviado ao estado. Goiás recebeu um total de 158.505, destas 1,4 mil foram distribuídas nesta quinta-feira em Goiânia para contemplar estratégia com maior público. Esse número foi somado a outras 600 doses que já estavam disponíveis para aplicação na rede municipal de saúde da capital.

O jornal esteve em cinco das 12 salas de vacinação anunciadas pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Em grande parte das unidades foram encontradas pessoas à espera dos imunizantes, que foram repostos no decorrer do dia devido a alta procura.

Durante a manhã, Danilo Oliveira, 35 anos, esteve no Centro de Saúde (CS) do Cidade Jardim e não encontrou vacinas disponíveis. As que haviam no local tinham acabado por volta das 9h30. A esperança era por mais uma remessa de 100 doses que chegaria na parte da tarde.

Segundo a SMS, uma média de 116 doses foram distribuídas para cada uma das 12 salas de vacinação. No entanto, no Centro Integrado de Atenção Médico Sanitária (Ciams) Doutor Domingos Viggiano, no Jardim América, responsáveis pela vacinação disseram ter recebido cerca de 250 doses durante o dia, fora as 70 unidades que já estavam disponíveis no local. Na tarde desta quinta-feira o centro estava lotado de pessoas para vacinação e os imunizantes foram esgotados.

A medida foi necessária para evitar o desperdício dos imunizantes que demonstraram uma baixa procura entre o público estabelecido anteriormente. Apesar do impasse pela permanência da ampliação da faixa etária, as pessoas que se vacinaram durante essa estratégia estão com a segunda dose garantida para daqui 90 dias.

Mesmo com a mudança na faixa etária, gestantes, puérperas, imunossuprimidos e pessoas com mais de 60 anos ainda não podem receber o imunizante. O último grupo é o mais afetado pelas mortes de dengue. De acordo com indicadores da SES, 177 óbitos e 109.978 casos estão confirmados em Goiás.

Busca

Em um dos pontos anunciados pela SMS, no Cais Bairro Goiá, até às 12h não havia imunizante para aplicação. Segundo responsáveis pela administração do local, a unidade já estava com doses esgotadas desde quarta-feira (17) devido à alta adesão. Pessoas no local esperavam também pela chegada de imunizantes na parte da tarde.

Durante a passagem da reportagem no Ciams Novo Horizonte, na região Sudoeste, às 13h30, cerca de 100 doses foram entregues. Antes disso, um homem estava tentando falar com a direção da unidade para entender sobre o anúncio da sala e a falta de vacinas. Mas o diretor responsável pela unidade não estava no local.

De acordo com o homem, devido ao anúncio, ele teria evitado levar as crianças para a escola e aproveitado o horário de almoço para ir até a unidade, mas "não tinha informações sobre a atual situação da vacinação". Com a chegada de mais vacinas, ele, a esposa e os três filhos foram imunizados.

Entenda

Iniciada em fevereiro, a vacinação contra a dengue tem tido baixa procura do público-alvo no País. A campanha atualmente é recomendada só para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. E para evitar perdas de estoques de vacinas que estão próximas do vencimento, o Ministério da Saúde emitiu nota técnica na noite de quarta-feira (17) ampliando a vacinação contra a dengue para todas as pessoas de 4 a 59 anos, conforme aprovado pela bula do imunizante.

A estratégia busca reduzir a perda das doses com vencimento no próximo dia 30 de abril e é válida somente para esse contingente próximo ao vencimento.

A vacina Qdenga, produzida pela farmacêutica Takeda, foi aprovada em julho de 2023 para pessoas de 4 a 59 anos após estudos clínicos da vacina demonstrar eficácia geral de 80,2% na proteção contra a dengue. Os participantes foram acompanhados por 4,5 anos.

Pessoas com menos de 4 anos ou 60 anos ou mais não foram incluídas no estudo, por isso a vacina não foi aprovada para essas faixas etárias.

(João Gabriel Palhares é estagiário do GJC em convênio com a UFG)

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Cobertura vacinal tem crescimento tímido em Goiás

Embora o Ministério da Saúde aponte tendência de reversão na queda de imunizações, Goiás ainda não tem números muito promissores, o que é atribuído à mudança do sistema de registros

Modificado em 19/09/2024, 01:16

Embora o crescimento da cobertura vacinal em Goiás ainda seja pequeno, Secretaria Estadual da Saúde (SES) diz que há motivo para comemoração

Embora o crescimento da cobertura vacinal em Goiás ainda seja pequeno, Secretaria Estadual da Saúde (SES) diz que há motivo para comemoração
 (Fábio Lima)

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, comemorou na semana passada os "resultados vitoriosos" do Movimento Nacional pela Vacina, lançado em fevereiro com o objetivo de reverter a trajetória de queda das coberturas vacinais no Brasil registrada desde 2016. Dados preliminares, coletados até outubro, apontam que em nível nacional houve crescimento de aplicação de oito imunizantes do calendário infantil, mas em Goiás o aumento foi tímido até esta quinta-feira (21). A Secretaria Estadual da Saúde (SES) acredita que haverá um avanço maior à medida em que os municípios inserirem os dados na Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) e com a exigência da apresentação do certificado de vacinação no ato da matrícula para estudantes de 0 a 18 anos.

Para a gerente de Imunização da SES, Joice Kellen Dorneles, embora o crescimento da cobertura vacinal em Goiás ainda seja pequeno, há motivo para comemoração. "É um grande benefício porque há anos não tínhamos essa representatividade. Além das ações, houve uma mudança de comportamento da população em relação à vacinação." Ela lembra que ainda existe uma adesão grande de pais e responsáveis de menores de dois anos ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), que possuem o hábito de levar as crianças aos postos de vacinação, entretanto, o mesmo não ocorre com os adolescentes. "Após a fase infantil, os pais deixam de levar os filhos para vacinar".

A estratégia de ações regionalizadas definida pelo Movimento Nacional pela Vacina levou à melhora dos índices vacinais nos quatro cantos do País, segundo o MS. Todas as unidades da federação melhoraram os índices para a DTP (difteria, tétano e coqueluche) e em 26 estados aumentou a cobertura contra a poliomielite e da primeira dose da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola). Goiás, que está entre eles, elevou a cobertura desse imunizante em 2023 de 82,35% para 83,42%, em comparação a 2022. A vacinação contra febre amarela aumentou de 63,68% para 64,66%. Em ambos os casos, a meta do MS é de cobertura de 95%. Por outro lado, chama atenção a queda da cobertura da BCG em Goiás, de 79,64% para 63,83%.

Até 2022, os registros de vacinas de rotina eram inseridos em sistemas próprios de estados, municípios e do Distrito Federal e depois compilados para entrar no sistema do MS. Desde o início do ano, as informações estão sendo direcionadas para a RNDS, com doses aplicadas atreladas ao número do Cadastro de Pessoa Física (CPF), tornando a carteira digital de vacinação uma realidade. Quando todos os dados estiverem migrados, o cidadão poderá consultar a sua situação vacinal pelo ConecteSUS, como já ocorre com a vacina da Covid-19. A reestruturação impactou, em especial, o registro de doses de BCG e hepatite B, normalmente aplicadas em maternidades. Grande parte das milhares de doses de ambos os imunizantes ainda não foi contabilizada no cálculo da cobertura vacinal, o que explica a queda na cobertura vacinal de BCG em Goiás.

Joice acena que os números estão dentro do esperado e devem melhorar quando todos os dados dos municípios forem incluídos na RNDS. "Foi criada uma ferramenta para identificar as crianças e adolescentes em idade vacinal e ela já está implantada em 220 municípios. Essa ferramenta facilita a busca por parte dos agentes comunitários de saúde. Com ela identificamos os nomes, o endereço, o nome dos responsáveis e telefone. A gerente de Imunização lembra que também começam a ser colhidos os resultados das ações de microplanejamento nos municípios, financiadas pelo MS. Goiás recebeu mais de R$ 1 milhão.

Desde o lançamento do Movimento Nacional pela Vacinação, equipes do PNI percorreram o Brasil realizando oficinas junto às secretarias municipais de saúde buscando soluções para a realidade de cada local. Imunização extramuros, ampliação do horário das salas de vacinação e a busca ativa por não vacinados estão entre as ações. Para Joice, a ideia tem sido eficaz porque as equipes têm chegado a locais de difícil acesso. "O próprio Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Cosems) elogiou muito essa forma de trabalhar em parceria com o MS. Também estamos atuando em ações de vigilância em saúde nos municípios, co-financiadas pelo Estado. Acreditamos que vamos aumentar as coberturas vacinais."

Impacto das matrículas na rede pública

Outro aspecto que deverá refletir positivamente no PNI, conforme Joice, é a extensão para 18 anos da obrigatoriedade de apresentação do cartão de vacinação no ato da matrícula em escolas públicas e privadas. Sancionada em agosto deste ano pelo governador Ronaldo Caiado, a Lei 22.243 alterou a norma anterior - Lei 19.519/2016 - que previa a exigência só para alunos da educação infantil e da primeira etapa do ensino fundamental. Os dados da SES-GO ainda não contemplam o período de matrículas porque estão sendo inseridos de forma gradativa na RNDS.

Em 2024, vacina contra Covid-19 estará no PNI

Até o dia 31 de dezembro a vacina contra Covid-19 fica disponível nos postos de saúde de todo o estado para as pessoas que não completaram o esquema indicado pelo MS. Segundo a SES, além da vacina bivalente, foram distribuídas para todo o território goiano 40 mil doses do imunizante monovalente. Maiores de 18 anos que receberam duas doses da vacina, devem procurar os postos para uma dose de reforço da bivalente. Joice lembra que sub variantes do vírus que provoca a Covid-19 estão circulando no Brasil e fazendo vítimas. A cobertura vacinal para o imunizante bivalente está hoje em 12% em Goiás.

Em 2024, por definição do MS, a vacina contra Covid-19 deixa de ser alvo de campanhas para se tornar parte do PNI, do calendário fixo de vacinação em todo o País para crianças de seis meses a 5 anos e grupos prioritários, como idosos, imunocomprometidos, gestantes, puérperas e trabalhadores em saúde. "É bem semelhante à vacina contra a Influenza", explica a gerente de Imunização. O esquema vacinal ainda será definido pelo MS.