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Veneno que matou mãe e filho em Goiânia é altamente letal

Sem citar o nome da substância, Polícia Técnico-Científica diz que produto não tem cheiro nem sabor, e que devia estar em alta concentração pela grande quantidade encontrada nas amostras

Modificado em 19/09/2024, 01:16

Luzia e Leonardo: análises nos corpos das vítimas mostrou características parecidas e comprovou envenenamento

Luzia e Leonardo: análises nos corpos das vítimas mostrou características parecidas e comprovou envenenamento
 (Reprodução)

GABRIELLA BRAGA

Após descartar o uso de 300 pesticidas no envenenamento de Leonardo Pereira Alves, de 58 anos, e da mãe dele, Luzia Tereza Alves, de 85, a Polícia Técnico-Científica do Estado de Goiás (PTC-GO) confirmou ter encontrado a substância utilizada no crime. Sem citar o nome, justificando medida de "segurança pública", a corporação informou que um produto altamente letal e tóxico, sem odor e sabor, foi identificado nos corpos e em dois bolos em potes adquiridos pela suspeita, a advogada Amanda Partata Mortoza, de 31.

O crime ocorreu durante um café da manhã na residência das vítimas, no dia 17 de dezembro, em Goiânia. A advogada está presa desde o dia 20 por suspeita de ter envenenado os alimentos consumidos por Leonardo e Luzia. Câmeras de segurança de um estabelecimento comercial do Setor Marista registraram a mulher comprando bolos em potes e outros alimentos e bebidas no local, que foram levados para a casa da família. Mas, antes de ir, ela ainda teria passado em um hotel onde estava hospedada, no Setor Bueno.

O inquérito policial sob responsabilidade da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH) da Polícia Civil do Estado de Goiás (PC-GO), que investiga causas e circunstâncias das mortes, ainda está em andamento e será complementado com os laudos periciais produzidos pela PTC-GO. Nos laudos produzidos pelos institutos de Criminalística e Médico Legal, foi apontado que a substância utilizada no envenenamento é um óxido inorgânico com alto grau de letalidade e toxicidade, mesmo em baixas quantidades.

Chefe do Laboratório de Química e Toxicologia Forense, a perita criminal Mayara Cardoso aponta que mesmo a venda da substância não sendo proibida, é de difícil acesso. O uso, em geral, fica restrito à indústria. "É uma substância natural, encontrada no meio ambiente de forma rara, e no passado foi muito utilizada como pesticida, mas foi sendo descontinuado seu uso. Hoje a aplicação principal é na indústria, principalmente de semicondutores, fabricação de alguns tipos de vidros, preservante para madeira", explica.

Conforme ela, não é possível dizer se o produto foi utilizado em forma líquida ou em pó. Mas destaca que, pela facilidade, a hipótese seria o uso em pó. "Substância sem sabor e sem odor, muito potente, e em pequenas quantidades já consegue causar efeito tóxico irreversível." O óxido inorgânico também foi encontrado nas análises de sangue e estômago das vítimas. A suspeita é que a substância estava em alta concentração, pois foi encontrada "grande quantidade, principalmente nas amostras biológicas" das vítimas.

Dessa forma, os laudos comprovaram que a causa da morte foi intoxicação exógena, ou seja, por envenenamento. A causa havia sido levantada inicialmente pelos peritos criminais diante da exclusão da possibilidade de intoxicação ou infecção bacteriana, visto que o quadro evoluiu rapidamente para óbito, em um período inferior a 24 horas.

Sintomas gastrointestinais

Gerente do Instituto Médico Legal (IML), Ciro Mendes Vargas explica que, após a entrada das vítimas no hospital com fortes sintomas gastrointestinais, "houve evolução rápida para sintomas mais graves, como confusão mental, e progrediram para instabilidade nos parâmetros clínicos". A morte de Leonardo foi registrada por volta das 22h do dia 17, e a de Luzia por volta de 3h do dia 18.

Médica legista da seção de Patologia Forense do IML, Rafaella Marques destaca que foram feitas análises nas vísceras das vítimas e que ambas continham "características semelhantes", com diferença que, no caso de Luzia, as alterações foram mais significativas pelo maior tempo de ação do veneno.

Somado ao histórico de saúde, a medicina legal previamente já constatou que a morte não ocorreu por causas naturais. "Fica na conta do óxido encontrado. Eles faleceram por conta da ação (envenenamento)", comenta. A substância causou lesões cardíacas, hepáticas, renais e neurológicas.

Além dos bolos em potes e das amostras biológicas das vítimas, foram analisadas pela perícia três colheres utilizadas no café da manhã e a garrafa de um suco integral de uva. Ao contrário da primeira suspeita de que o suco, comprado por Amanda Partata, seria o produto envenenado, os laudos periciais apontaram que a substância tóxica foi inserida nos bolos em potes.

Dos quatro potes recolhidos pelos peritos criminais no dia seguinte ao crime, na segunda-feira, dia 18, apenas dois tiveram resultado positivo para a contaminação. Outros dois não estavam envenenados. A perita criminal Mayara Cardoso apontou que no lote enviado pela doceria, que fabricou os bolos, à PTC-GO também não foi localizado o óxido inorgânico.

A constatação do trabalho pericial, já apontada pela PC-GO, é que o envenenamento ocorreu após a aquisição dos alimentos. O perito criminal Daniel Veríssimo, especialista em locais de crime, explicou que um dos quatro potes encontrados na residência das vítimas não estava com o lacre rompido.

"Havia tentativa de rompimento, mas não havia sido rompido, porém facilmente conseguia abrir o pote. Posteriormente, em testes com recipientes semelhantes aos utilizados pela doceria, constatamos que é possível abrir o pote sem romper o lacre", explicou. Ainda não se sabe, entretanto, como a substância foi colocada sem levantar suspeitas das vítimas.

Os advogados de defesa de Amanda Partata, Carlos Márcio Rissi Macedo e Rodrigo Lustosa, informaram que ainda não tiveram conhecimento formal do resultado das perícias. "Aguardamos o devido acesso para nos manifestarmos quanto a este ponto. De toda forma, isto não modifica a situação quanto a patente ilegalidade da prisão de Amanda. Nós esperamos ter bom êxito na obtenção de sua liberdade", finaliza a nota conjunta.

Depoimentos

Única testemunha ocular do crime, o marido de Luzia e pai de Leonardo, João Alves, de 81 anos, prestou depoimento à DIH na manhã desta quarta-feira (27). O advogado da família das vítimas, Luís Gustavo Nicoli, contou que o idoso relatou como Amanda Partata chegou ao local naquele dia, os alimentos que ela levou e como foi a interação entre eles.

"Receberam ela, montaram a mesa", comenta. João foi o único que não comeu durante o café da manhã. Nicoli explica que, por ser diabético, o idoso evita ingerir doces e, como também já havia se alimentado naquela manhã, preferiu não comer os produtos levados pela principal suspeita. Ela permaneceu na residência por volta de 3h. "Chegou às 9h30 e foi embora 12h", explica o advogado.

Outros familiares já foram ouvidos pela polícia. Na manhã desta terça-feira (26), o ex-namorado de Amanda e filho de Leonardo, o médico Leonardo Pereira Alves Filho, a irmã Maria Paula Alves e a mãe dele, Eliane Lino, também prestaram depoimento. Na porta da delegacia, ele disse que nunca imaginou algo que "justificasse tamanha brutalidade."

O advogado da família também destacou que aguarda a polícia ter acesso ao celular da suspeita. Conforme ele, a corporação aguarda autorização judicial para fazer a perícia do aparelho. "Tenho certeza que com a abertura do celular muita coisa vai ser revelada. Se ela não temesse, ela entregava a senha", comenta.

O delegado responsável pelo caso, Carlos Alfama, informou durante entrevista coletiva na quinta-feira (21) que Amanda se recusou a dar a senha do aparelho telefônico. Com a prisão temporária com validade de 30 dias, a DIH tem o mesmo prazo legal para finalizar o inquérito policial, que está sob segredo de justiça. Um dos objetos de investigação é justamente o celular.

Na entrevista coletiva, o delegado também apontou que o filho de Leonardo era ameaçado de morte desde o final de julho por perfis falsos nas redes sociais e por ligações de números distintos. A PC-GO havia constatado que tanto os perfis falsos quanto os números distintos, feitos por meio de um aplicativo para mascarar o contato original, eram de Amanda.

A motivação do crime, conforme as investigações, foi vingança pela rejeição sentida com o fim do relacionamento entre a advogada e o médico. A relação teria durado cerca de um mês e meio e, após o término, ela contou que estava grávida. Por isso, a família do homem mantinha proximidade com a principal suspeita.

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Mãe e filha são suspeitas de 'fraude espiritual' ao cobrarem altos valores em troca de proteção contra 'feitiços'

As mulheres são investigadas pelo mesmo tipo de crime em outros estados. O caso está registrado em Araguatins e as suspeitas são consideradas foragidas

Pamela Nicolete Estefano e Maria Nicolete são suspeitas de estelionato (Reprodução / SSP / Montagem g1 Tocantins)

Pamela Nicolete Estefano e Maria Nicolete são suspeitas de estelionato (Reprodução / SSP / Montagem g1 Tocantins)

Mãe e filha são procuradas pela polícia suspeitas pelo crime de estelionato. Segundo a Polícia Civil, elas são investigadas por aplicar golpes cobrando altos valores das vítimas com a promessa de usar temporariamente em rituais de proteção contra feitiços . Os crime também teriam sido registrados nos estados de Rondônia e Mato Grosso do Sul.

As duas foram identificadas como Pamela Nicolete Estefano, de 37 anos, e Maria Nicolete, de 63 anos. O Daqui não conseguiu contato com a defesa delas.

As investigações apontaram que as duas mulheres se apresentavam como líderes religiosas e induziam as vítimas a entregar grandes quantidades de dinheiro para fazer limpezas espirituais, quebra de maldições e atração de prosperidade. Segundo a polícia, as contas bancárias usadas estavam no nome de Pamela Nicolete.

Uma das vítimas chegou a vender a própria casa e entregou R$ 12 mil às mulheres acreditando que o valor seria usado em um ritual temporariamente. Já outra vítima transferiu mais de R$ 36 mil após ser persuadida pelas suspeitas de que o ato iria a proteger de um feitiço e a faria ganhar na loteria.

Após as transferências, as suspeitas desapareceram. As vítimas registraram o caso na delegacia de Araguatins e reconheceram as suspeitas por meio de fotografias.

Mesmo crime em outros estados

As duas mulheres são investigadas pelo mesmo crime, com o mesmo modus operandi em um inquérito instaurado na delegacia de Dianópolis. A polícia apura um caso de golpe semelhante que ocorreu em 2023. Outros registros do crime também foram feitos em Rondônia e Mato Grosso do Sul.

Devido a recorrência, a Justiça expediu mandado de prisão preventiva contra as duas suspeitas.

A polícia pede para que qualquer informação sobre a localização das mulheres sejam repassadas para a delegacia de Araguatins por meio dos contatos (63) 98118-9091 ou (63) 3474-2155. O sigilo é garantido.

Pamela Nicolete Estefano tem 37 anos (SSP / Divulgação)

Pamela Nicolete Estefano tem 37 anos (SSP / Divulgação)

Maria Nicolete tem 63 anos (SSP / Divulgação)

Maria Nicolete tem 63 anos (SSP / Divulgação)

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Mulher agredida em chácara que pediu socorro pelo whatsapp morre após mais de 20 dias internada

Delvânia Campelo da Silva estava internada em estado grave no Hospital Geral de Palmas desde o dia 22 de março. Segundo a Polícia Civil,o namorado dela, Gilman Rodrigues da Silva, foi indicado pelo crime de feminicídio

Modificado em 13/04/2025, 16:45

Investigação da polícia aponta que Delvânia e Gilman começaram a se relacionar no segundo semestre de 2024 (Arquivo Pessoal)

Investigação da polícia aponta que Delvânia e Gilman começaram a se relacionar no segundo semestre de 2024 (Arquivo Pessoal)

Delvânia Campelo da Silva, de 50 anos, que foi agredida em uma chácara na zona rural de Caseara, morreu após ficar mais 20 dias internada no Hospital Geral de Palmas (HGP). Segundo as investigações da Polícia Civil, Delvânia chegou a pedir socorro por um grupo de aplicativo de mensagens. O namorado dela, identificado como Gilman Rodrigues da Silva, de 47 anos, é o principal suspeito do crime.

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que Delvânia Campelo morreu na tarde desta sexta-feira (11), no HGP, onde estava internada em estado grave. O crime aconteceu no dia 22 de março deste ano.

Segundo a Polícia Civil, Delvânia foi agredida com diversos golpes de arma branca na cabeça e na nuca. No dia do crime, a vítima chegou a pedir socorro em grupo, onde havia presença de diversas pessoas da cidade. Ela foi encontrada por um caseiro que chamou a Polícia Militar.

Gilman Rodrigues foi preso no dia 3 de abril, em Paraíso do Tocantins, após ser chamado para prestar depoimento à polícia sobre o caso na delegacia.

A defesa dele informou que a família manifesta 'profundo pesar pelo falecimento' de Delvânia e afirma que aguarda a conclusão das investigações para que todos os fatos sejam 'devidamente aclarados' (veja a íntegra da nota no fim da reportagem) .

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que nesta sexta-feira o inquérito instaurado contra ele foi concluído e ele foi indiciado por feminicídio. Gilman Rodrigues está preso na Unidade Penal de Paraíso do Tocantins, onde aguarda a disposição do Poder Judiciário.

Relembra o caso

Delvânia Campelo da Silva tinha 50 anos e morreu após dias internada (Arquivo Pessoal)

Delvânia Campelo da Silva tinha 50 anos e morreu após dias internada (Arquivo Pessoal)

A Polícia Civil apurou que Delvânia e Gilman namoravam desde o segundo semestre de 2024 e o relacionamento era marcado por diversos episódios de violência doméstica, conforme relato de pessoas próximas ao casal.

No dia do crime, segundo a polícia, Gilman teria agredido com diversos golpes com arma branca, principalmente na nuca, segundo a polícia. Ela foi socorrida em um hospital da cidade, mas precisou ser transferida para Palmas, onde a ocorrência sobre o crime foi registrada, a princípio.

O delegado José Lucas informou que, a partir do momento que fugiu da propriedade, Gilman foi para Palmas e não retornou mais a Caseara, sendo acolhido por parentes na capital.

No primeiro depoimento, ele teria tentado desqualificar a vítima, informando que agiu em legítima defesa. Mas, diante da força empregada nas agressões contra Delvânia, essa versão não teria consistência.

A Polícia Civil também descobriu que ele chegou a mandar mensagens em um grupo de Whatsapp informando que 'não estava acontecendo nada' após a vítima pedir socorro.

"Se ele alega que estava sendo agredido, é um comportamento que é contraditório ao de mandar mensagem no Whatsapp afirmando que a situação está tranquila, acalmando as pessoas que recebem essas imagens e retardando que alguém compareça no local", reafirmou o delegado.

Para dar mais explicações sobre o caso, Gilman foi intimado a prestar novo depoimento. Mas, como a Polícia Civil já havia representado pela prisão preventiva, deferida pela Justiça, a ordem foi cumprida assim que ele se apresentou na delegacia de Paraíso do Tocantins.

Íntegra da defesa de Gilman

A família e a defesa tecnica de gilman rodrigues da silva manifestam profundo pesar pelo falecimento da sra. Delvânia Campelo da Silva.

A defesa aguardará a conclusão das investigações policiais, onde espera que todos os fatos relacionados, inclusive de dias anteriores ao dia 22 de março e detalhadamente a sequência de eventos daquela data, sejam colacionados ao inquérito.

A defesa afirma ainda que os fatos todos serão devidamente aclarados e ainda, todos, independentemente da acusacao, tem direito de defesa e que essa garantia deve ser preservada.

Marcos Candal Advogado

Geral

Motorista de caminhão que levou meia tonelada de cocaína com carga de melancias disse que iria receber R$ 20 mil

Em depoimento, o motorista afirmou a policiais que foi abordado com a oferta por dois suspeitos em um posto de Porto Nacional. Caso foi enviado para tramitar na Justiça Estadual

Modificado em 11/04/2025, 12:44

Operação em Fátima apreende 565 kg de cocaína escondidos em caminhão que transportava melancias (Divulgação/FICCO-TO)

Operação em Fátima apreende 565 kg de cocaína escondidos em caminhão que transportava melancias (Divulgação/FICCO-TO)

O motorista do caminhão que transportava mais 556 kg de cocaína junto com uma carga de melancias prestou depoimento à Polícia Federal (PF) e afirmou que receberia R$ 20 mil pelo transporte das drogas . A versão também foi informada a dois policiais que fizeram a abordagem no município de Fátima, na região central do Tocantins.

A apreensão aconteceu nesta quarta-feira (9) em ação realizada pela Polícia Federal, por meio da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), e a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado do Tocantins (FICCO/TO). A suspeita da polícia é de que a droga tenha entrado no Brasil de avião.

Além do motorista, de 37 anos, mais dois presos vão passar por audiência de custódia nesta quinta-feira (10). Outras duas pessoas chegaram a ser levadas para delegacia, mas acabaram sendo liberadas. Os nomes não foram divulgados e por isso o Daqui não conseguiu contato da defesa deles até a última atualização desta reportagem.

Conforme o relato do motorista e dos policiais, o caminhoneiro saiu de Santa Fé de Goiás com a carga de melancia na segunda-feira (7) e deveria fazer a entrega na quarta-feira em Santa Izabel, no Pará.

Por volta das 11h de terça-feira (8), o motorista parou em um posto de Porto Nacional depois que o caminhão apresentou problemas mecânicos. Nesse momento ele foi abordado por dois homens, que chegaram em uma picape branca e ofereceram R$ 20 mil para ele fazer o transporte da droga.

Segundo o motorista, como estava com problemas financeiros, resolveu aceitar o dinheiro, que só receberia após entregar a grande quantidade de cocaína no destino.

Como acordo feito, os homens teriam levado o caminhão para ser carregado com a droga, mas não permitiram que o motorista fosse junto. Cerca de uma hora depois, teriam voltado e entregado o veículo ao caminhoneiro.

Durante a negociação os suspeitos não teriam dito ao motorista onde a droga deveria ser entregue, mas afirmaram que no dia seguinte, na quarta-feira, alguém entraria em contato para combinar o local.

O plano foi frustrado quando o motorista chegou em Fátima e foi abordado pelas equipes policiais que acabaram descobrindo e apreendendo a droga. Aos policiais ele contou que não conhecia os dois suspeitos que o abordaram e que não sabia a quantidade de droga que estava transportando.

Maços de dinheiro apreendidos durante oparação (Divulgação/FICCO-TO)

Maços de dinheiro apreendidos durante oparação (Divulgação/FICCO-TO)

Caso enviado para Justiça Estadual

A identificação do caminhão com as drogas contou com o apoio de diversas forças de segurança, entre elas do Grupo Especial de Fronteira de Mato Grosso (GEFRON/MT). Segundo a polícia, pelas características da embalagem, a cocaína pode ter sido produzida na Bolívia, Peru ou Colômbia .

Após pedido do Ministério Público Federal para que sejam decretadas as prisões preventivas dos suspeitos presos, a 4ª Vara Federal Criminal da Justiça Federal no Tocantins declinou da competência e determinou que o caso fosse enviado para a Justiça Estadual dar andamento ao processo.

No caso, não restou minimamente evidenciada transnacionalidade do ilícito, uma vez que as drogas foram apreendidas no Município de Fátima/TO quando era transportada para local ignorado pelo condutor do veículo, tendo o delito, portanto, ocorrido dentro do território nacional", conforme destacou o juiz substituto Hallisson Costa Glória.

O caso foi enviado ao Juízo da Vara Criminal da Comarca de Porto Nacional. O Tribunal de Justiça informou que o motorista e os outros dois suspeitos passarão por audiência de custódia ainda nesta quinta-feira (10).

Maior apreensão em 15 anos

Conforme informações da Polícia Federal, esta foi a maior apreensão de cocaína dos últimos 15 anos no estado. Também houve a apreensão de dinheiro em espécie, veículos utilizados na logística de distribuição dos entorpecentes, cinco armas de fogo de uso restrito e de uso proibido, incluindo pistolas e carabinas com numeração raspada e sem registro legal.

Os suspeitos foram conduzidos à Superintendência Regional da Polícia Federal no Tocantins, em Palmas, onde prestaram depoimentos.

Os envolvidos foram indiciados pelos crimes de tráfico internacional de drogas e associação para o tráfico, posse ilegal de armas de fogo de uso restrito e de uso proibido. As penas somadas podem ultrapassar 47 anos de reclusão.

Armas e munições apreendidas com suspeitos de tráfico internacional (Divulgação/FICCO-TO)

Armas e munições apreendidas com suspeitos de tráfico internacional (Divulgação/FICCO-TO)

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Jovem desaparecida pode ter sido assassinada e queimada em fornalha de cerâmica pelo companheiro, diz polícia

Adair Gonçalves, de 53 anos, foi indiciado na conclusão da investigação da morte de Míria Mendes Sousa Lima, de 19 anos. Crime teria sido cometido após ela descobrir abusos contra as filhas

Modificado em 08/04/2025, 21:30

Homem preso pela Polícia Civil suspeito de matar ex-companheira (Polícia Civil/Divulgação)

Homem preso pela Polícia Civil suspeito de matar ex-companheira (Polícia Civil/Divulgação)

O inquérito que apura o desaparecimento de Míria Mendes Sousa Lima, de 19 anos, foi concluído com o indiciamento do empresário Adair Gonçalves, de 53 anos, pelos crimes de tortura, estupro, feminicídio tentado, feminicídio consumado e ocultação de cadáver. Ele teria matado a companheira e queimado o corpo na fornalha de uma cerâmica de sua propriedade.

A jovem desapareceu no dia 18 de agosto de 2023 em Guaraí, na região centro-norte do estado. A cerâmica passou por perícia após a Polícia Civil receber informações de que o corpo dela teria sido queimado no local, após a morte.

Adair foi preso preventivamente em março deste ano. Na época, uma testemunha disse que recebeu informações de que ele confessou a uma terceira pessoa que matou Míria.

A defesa do indiciado informou que recebeu o resultado do indiciamento com 'indignação e surpresa' e que 'serão empenhados esforços para comprovar a inocência de Adair' (veja nota na íntegra no fim da reportagem).

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Possível motivação

O motivo do crime, segundo a polícia, seia porque Adair teria abusado sexualmente das filhas de Míria. Ela teria descoberto os abusos e isso levou o indiciado a matá-la. "Já ao final das investigações, fomos surpreendidos com essa nova informação [...] Nesse sentido, após os fatos terem sido descobertos por Míria, esta acabou sendo morta e com requintes de crueldade", explicou o delegado Joelberth Nunes de Carvalho.

Míria vivia com o indiciado e sofria violência física e psicológica. Ela já tinha tentado matá-la jogando-a de um carro em movimento, conforme a polícia.

"Chama a atenção a violência e brutalidade que teria sido empregada pelo autor com o intuito de causar violência física e psicológica na vítima, que era obrigada a praticar sexo contra sua vontade e, muitas vezes com outras pessoas, e de forma violenta", explicou Joerberth.

Além das agressões contra Míria, a polícia apurou que Adair também cometeu crimes semelhantes com outros mulheres e em diferentes cidades do Tocantins.

Os depoimentos que deu à polícia entraram em conflito, o que aumentou a desconfiança contra ele dentro da investigação. "Nas vezes em que foi instado a prestar depoimento, o indivíduo apresentou versões conflitantes que não condizem com a realidade dos fatos, o que nos motivou a intensificar as diligências investigativas com o intuito de descobrir as motivações para esses crimes bárbaros", disse o delegado Antonione Wandré, que também está à frente do caso.

Fornalhas da cerâmica de propriedade do suspeito foram periciadas nesta sexta-feira (4) (PCTO/Divulgação)

Fornalhas da cerâmica de propriedade do suspeito foram periciadas nesta sexta-feira (4) (PCTO/Divulgação)

A polícia recebeu informações que levaram às equipes a realizarem a perícia na cerâmica do suspeito na sexta-feira (4). O objetivo era buscar algum indício de que o corpo da jovem foi destruído no local.

Após ser concluído o inquérito policial foi enviado ao Poder Judiciário e ao Ministério Público para a adoção das medidas legais do caso.

Íntegra da nota da defesa

A defesa manifesta indignação e surpresa com o indiciamento do nosso constituinte, destacando a desnecessária espetacularização do caso, que tramita desde o início em segredo de justiça, mas tem cada andamento reportado em tempo real à mídia, talvez com o objetivo de atrair protagonismo a quem não conseguiu elucidar um suposto crime mesmo após mais de 2 anos de investigação. A equipe de defesa reforça que serão empenhados esforços para comprovar a inocência de Adair. Vinícius Moreira, Wagner Nascimento, José Augusto Nascimento e Leonardo Almeida (advogados).