Caminhoneiro é condenado a quatro anos de prisão em regime aberto por acidente que matou 12 pessoas na TO-280
Segundo a decisão, Anderson Oliveira Santos fez ultrapassagem em local proibido, que resultou na batida com a van. A defesa dele diz que estuda a possibilidade de recorrer da sentença
Stefani Cavalcante
17 de janeiro de 2025 às 14:10
Modificado em 17/01/2025, 14:34

Anderson é o motorista do caminhão que bateu em uma van entre as cidades de Natividade e Almas (Ana Paula Rehbain/TV Anhanguera)
O motorista Anderson Oliveira Santos foi condenado pela Justiça a quatro anos de prisão pelo acidente na TO-280 que deixou duas pessoas feridas e 12 mortas (veja nomes abaixo) . Ele dirigia o caminhão que bateu na van da Secretaria de Saúde de Almas. As vítimas voltavam de um atendimento médico. Segundo o TJ, o réu irá cumprir a pena em regime aberto e decisão ainda cabe recurso.
O advogado Felicio Cordeiro, que faz a defesa do motorista, informou que está satisfeito com a sentença e que analisa se irá recorrer ou não.
"A gente buscava a absolvição dele, mas foi uma pena razoável, uma pena dentro do esperado do que a gente pretendia. A defesa está em tese satisfeita com a decisão e agora a gente vai ver se vai recorrer ou não. Após o recesso [do TJ], que eu vou tomar essa decisão se eu vou fazer recurso ou não. É uma sentença que a gente entende que foi um tanto quanto justa até o momento, né? Vamos ver o posicionamento do Ministério Público para gente ver o posicionamento da defesa", disse.
Segundo a decisão, a perícia concluiu que o acidente foi causado quando o motorista do caminhão trafegava na pista no sentido contrário, fazendo manobra de ultrapassagem em local proibido. A ação resultou na batida com a van que transitava regularmente na rodovia. Conforme o documento, o caminhão "trafegava com velocidade superior à máxima regulamentar permitida para o local".
A sentença foi assinada pelo juiz William Trigilio da Silva, da 1ª Escrivania Criminal de Natividade, nesta quarta-feira (15). Ele afirma que o caminhoneiro "agiu de modo imprudente" e que deveria ter esperado o momento certo para fazer a ultrapassagem.
Não há dúvidas de que Anderson agiu de modo imprudente, haja vista que não observou o momento adequado para a realização da ultrapassagem que desejava, além de conduzir o caminhão no meio da pista, segundo relatado pelo próprio Anderson. Sua conduta, feita em momento inoportuno, foi apta a causar o acidente e, por conseguinte, deve ser responsabilizado pelos eventos provocados", escreveu.
Anderson foi condenado pelos crimes de homicídio culposo e lesão corporal culposa, ou seja, quando não há intenção de matar e ferir. Além da prisão, o motorista ficará três meses com a carteira de habilitação suspensa para dirigir veículo automotor.

Acidente entre caminhão e van deixou 12 mortos no Tocantins (Igor Pires/TV Anhanguera)
Relembre o caso
O acidente aconteceu na noite do dia 25 de janeiro de 2023, na Rodovia TO-280, entre as cidades de Natividade e Almas. Por causa do impacto, 12 pessoas morreram e duas ficaram feridas. No dia seguinte, o motorista foi preso em flagrante por homicídio culposo.
Anderson foi encontrado pelos policiais na casa do advogado depois de ter deixado o hospital onde recebeu atendimento. Ele prestou depoimento na delegacia de Natividade. Na época, a defesa disse que a batida foi 'um acidente de trabalho'.
Imagens do local do acidente mostram que a parte dianteira da van e do caminhão ficaram completamente destruídas. Partes dos veículos também ficaram espalhadas pela pista.
Quem são as vítimas?

Vítimas da batida entre van e caminhão na TO-280 (Reprodução/TV Anhanguera)
As vítimas são quatro homens, sete mulheres e um bebê. Todos eram moradores de Almas, cidade que fica a cerca de 290 km de Palmas. Entre as vítimas fatais estavam três pessoas da mesma família, quilombolas, uma professora e servidores públicos da cidade. Os nomes deles são:
Na época, Aristides Curcino dos Santos, de 68 anos, e Suel Martins de Oliveira, de 36 anos foram socorridos e levadas para o hospital.
'Livramento'

O idoso é um dos sobreviventes da colisão na TO-280 (Reprodução/TV Anhanguera)
Um dia depois do acidente, Aristides Curcino recebeu alta do hospital e contou em entrevista à TV Anhanguera sobre o momento da batida que fez com que ele fosse jogado para fora da van.
Quando 'dei fé', foi o baque. Saí pela porta, não sei se a porta abriu e eu saí pelo canal dela. Fiquei tombando no barranco, que era alto demais. Um pessoal que pediu socorro disse 'você não vai sair daqui não enquanto não chegar a ambulância. Foi um livramento. Na hora me apeguei com Deus [...] e uma imagem que eu carrego do Espírito Santo". Ele lembrou que, depois da batida, a equipes fizeram os primeiros socorros.
Na época, Aristides contou que o motorista da van, Luciano Antônio de Almeida, que morreu na colisão, estava trafegando na mão correta antes do acidente: "Não teve nada mais, nada menos. Estava certinho na mão dele. A carreta vinha e bateu".