MP faz operação contra grupo suspeito de falsificar e vender milhares de diplomas e carteiras de estudantes
Investigação teve início após servidores públicos de Perolândia apresentarem diplomas para receber gratificação. Houve bloqueio de mais de R$ 17 milhões de cada um dos investigados
Letícia Graziely
21 de janeiro de 2025 às 19:14

Carteiras de estudantes falsificadas por grupo preso em operação do Ministério Público de Goiás (Divulgação/ Ministério Público de Goiás)
Quatro pessoas foram presas em Minas Gerais, nesta terça-feira (21), durante uma operação contra um grupo suspeito de falsificar e vender milhares de diplomas de diversas áreas e carteiras de estudantes em todo o país. Também houve o bloqueio de bens de mais de R$ 17 milhões de cada um dos investigados.
Segundo o Ministério Público de Goiás (MP-GO), a investigação teve início após servidores públicos de Perolândia, no sudoeste Goiás, apresentarem diplomas para receber gratificação de 30% de incentivo profissional por aperfeiçoamento ou capacitação, mas os diplomas pertenciam a uma mesma instituição, que fica a mais de 1 mil km da cidade, o que gerou suspeita.
Além das prisões preventivas, foram cumpridos oito mandados de busca, todos na cidade de São Lourenço (MG), e medidas de alcance em ambiente virtual, como a autorização de coleta automatizada de dados em servidor virtual (uma espécie de busca e apreensão feita em ambiente virtual).
Por não terem os nomes divulgados, O POPULAR não conseguiu localizar as defesas dos investigados até a última atualização desta reportagem.
O POPULAR entrou em contato com o MP-GO para saber se os servidores públicos também são investigados, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Por não terem os nomes divulgados, O POPULAR não conseguiu localizar as defesas dos investigados até a última atualização desta reportagem.
Em nota enviada ao POPULAR, a Prefeitura de Perolândia disse que "foi surpreendida com as investigações do Ministério Público que apontavam para possíveis irregularidades cometidas por servidores públicos" e que "se colocou disponível para contribuir com os esclarecimentos dos fatos". Também informou que ainda "não foi notificada a cerca do resultado das investigações e segue à disposição da justiça para que tudo se esclareça, e, caso comprovada a má fé, os culpados sejam punidos" (confira a nota na íntegra ao final da reportagem).
A operação aconteceu em parceria entre o MP-GO e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG). Conforme a investigação, a organização criminosa cibernética atuava por meio de dois sites.
O MP-GO informou que havia documentos para áreas sensíveis, relacionadas à medicina e outras ciências correlatas, sempre com carga horária escolhida por quem adquiria a certificação e incompatível com a realidade.
Assim, o MP-GO determinou a desindexação das instituições em buscador da internet, derrubada de patrocínios, suspensão de perfis de redes sociais e derrubada dos sites ligados ao grupo.
De acordo com o MP-GO, também foi realizada a interceptação telemática e a infiltração virtual, além da coleta automatizada de dados, com o uso de softwares para coletar documentos falsos existentes em ambientes virtuais, em uma espécie de busca e apreensão virtual por meio de dados obtidos em interceptação telemática.
As investigações continuam e a denúncia deve ser oferecida em breve, após a análise do material apreendido, conforme o MP-GO.
Nota da Prefeitura de Perolândia
A Prefeitura Municipal de Perolândia comunica que há cerca de 2 anos foi surpreendida com as investigações do Ministério Público que apontavam para possíveis irregularidades cometidas por servidores públicos de todo o país. Desde o primeiro momento, a gestão se colocou disponível para contribuir com os esclarecimentos dos fatos, por também ser interessada e vítima. A administração informa ainda que não foi notificada a cerca do resultado das investigações e segue à disposição da justiça para que tudo se esclareça, e, caso comprovada a má fé, os culpados sejam punidos.