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Animais peçonhentos causam 6,6 mil acidentes em Goiás em 2022

Ocorrências registradas em Goiás em 2022 supera a de anos anteriores. Em 2023 já foram 1.129 casos, com dois óbitos. Notificações costumam crescer no período de chuvas

Modificado em 19/09/2024, 00:11

Animais peçonhentos causam 6,6 mil acidentes em Goiás em 2022

(Arte de O Popular)

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera os acidentes por animais peçonhentos como um dos maiores problemas de saúde pública em países tropicais. O Brasil, que não foge à regra e possui um alto número de agravos, obriga que casos como esses sejam incluídos na Lista de Notificação Compulsória do Ministério da Saúde. Durante todo o ano de 2022, foram feitas 6.602 notificações no estado de Goiás e este ano, até a última quinta-feira (23), foram 1.129, com dois óbitos.

Animais peçonhentos são aqueles que possuem glândulas de veneno em seu corpo e estruturas especializadas em sua inoculação, como ferrões, dentes ocos e espinhos. O veneno é utilizado, normalmente, para afastar predadores ou capturar sua presa. Geralmente, os acidentes com seres humanos ocorrem quando esses animais são ameaçados.

Os números fornecidos pelo Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Goiás (Ciatox), da Secretaria Estadual de Saúde, mostram que as ocorrências com animais peçonhentos têm crescido nos últimos anos. Os acidentes mais notificados envolvem, pela ordem, aranhas, serpentes e escorpiões. Médica do Ciatox, Fabiana Camargo lembra que a combinação do verão, quando as chuvas são intensificadas, e os períodos de férias e feriados, como Carnaval e Semana Santa, ampliam as notificações. "Nas férias as pessoas costumam se deslocar para áreas mais rurais, como chácaras e fazendas, beiras de rio e de represas, onde os acidentes acontecem."

Embora as aranhas apareçam no topo do ranking do maior número de ocorrências, são as cobras que mais preocupam por serem mais venenosas. Somente em 2021, 15 pessoas perderam a vida no estado em razão de picadas de serpentes. Os trabalhadores rurais, com idade entre 20 e 59 anos, são as maiores vítimas. E não por acaso, municípios como Jataí e Rio Verde, no Sudoeste goiano, expoentes do agronegócio, estão entre os que mais notificam.

Dados coletados pela enfermeira Marina Figueiredo da Silva, do Ciatox, revelam que os acidentes ocorrem exponencialmente em meses com maior volume de chuvas entre outubro e março em Goiás. "Nesse período as serpentes movimentam-se mais, à procura de alimento e abrigo, é também o de maior trânsito de trabalhadores nas lavouras, com a colheita entre março e abril." Em 2022, esses foram os meses de maior número de notificações em Goiás.

Cerca de 90% dos acidentes com cobras envolvem o gênero Bothrops (jararaca, jararacuçu, urutu-cruzeiro, caiçaca). A espécie costuma ficar camuflada em folhas secas, dificultando sua visualização. Além de áreas de cultivo, são encontradas em locais úmidos, como matas e próximo a rios, brejos e lagoas. "Quando estiver em locais assim, o ideal é que a pessoa use vestimentas e calçados adequados, como uma calça de tecido mais grosso ou bota de cano longo", avisa a médica Fabiana Camargo.

No caso das mãos, a médica alerta para nunca tocar em um ponto desconhecido, sem usar um graveto ou algo similar, capaz de afugentar o animal. Uma Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego define que o empregador é obrigado a fornecer equipamento de proteção individual para os trabalhadores rurais.

Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, antes da criação do soro antiofídico por Vital Brazil em 1901, a letalidade dos envenenamentos por serpentes era de 25%. Essa taxa reduziu ao passar dos anos com a ampliação da produção e distribuição do antiveneno no Brasil, tendo atualmente uma letalidade de aproximadamente 0,4%.

Plantão

Em maio do ano passado, depois de registrar 22 mortes em 2021, 15 por serpentes, a SES realizou uma capacitação direcionada a médicos e enfermeiros do Sistema Único de Saúde (SUS) para diagnóstico e tratamento de acidentes com animais peçonhentos. Para os profissionais do Ciatox, a avaliação dos principais sintomas clínicos e a escolha da melhor soroterapia com agilidade, é determinante para o desfecho do caso.

A médica Fabiana Camargo ressalta que, no caso de ataques de serpentes e escorpiões, se a pessoa for alérgica, não piora os casos. "O que pode ocorrer é uma reação ao soro, mas os médicos já ficam preparados para isso, mesmo sem histórico de alergia", explica. No caso de picadas de abelhas, uma reação alérgica ao veneno pode ser perigoso.

Em Goiás, para auxiliar profissionais da saúde e toda a população em situações de envenenamento por animais peçonhentos, o Ciatox mantém serviço durante 24 horas. O contato deve ser feito através dos telefones 0800 646 4350, 0800 722 6001 ou (62) 3241-2723.

Em áreas urbanas, quando a pessoa encontra animais peçonhentos no interior da residência, o ideal é que ela se afaste lentamente, sem assustá-los. A dica é do Centro de Controle de Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, que pode ser acionado pelos telefones: 3524-3131, 3524-3129, 3524- 3130. O Corpo de Bombeiros (193) também atende esse tipo de ocorrência.

Escorpiões

O tempo quente e úmido no verão é propício ao aparecimento de escorpiões que costumam usar o veneno como mecanismo de defesa. E eles gostam muito de lugares mais sujos, com lixo acumulado ou o mato alto. No ano passado, a SES registrou em Goiás 921 acidentes com esses animais, 82 somente na capital. Na maioria dos casos, os sintomas apresentados pelas vítimas foram leves.

A picada de escorpião causa dor, formigamento, vermelhidão e suor no local da ferida. As crianças costumam sofrer mais e apresentar náuseas, vômitos, excesso de saliva, tremores e até hipertensão. Todos os escorpiões são venenosos e a gravidade do ataque depende da espécie e da quantidade de veneno inoculada. Há soro específico para combater o veneno de escorpião.

Cuidados básicos podem evitar o ataque de escorpiões, como o uso de calçados e luvas no campo e em jardinagem, balançar roupas e sapatos antes de usar e afastar camas das paredes. O principal, entretanto, é manter a moradia e toda a área próxima limpa. Em caso de picada, o local deve ser lavado com água e sabão antes de procurar uma unidade de saúde próxima. Fotografar o escorpião é importante para auxiliar o profissional de saúde no momento do tratamento.

Lagartas

Em Goiás, as taturanas, lagartas com pelo, também costumam proliferar nesta época do ano. São várias espécies de taturana, nome que em tupi-guarani significa "aquilo que arde como fogo". As mais ameaçadoras são as taturanas-bezerras, também conhecidas como lagarta-cachorrinho ou taturana-ursinho, pela quantidade causam queimaduras muito doloridas e, para as quais não existe soro.

O Brasil é o único país produtor de soro contra um único tipo de taturana, a Lonomia Oblíqua, popularmente conhecida como Lagarta de Fogo. Ela é comum no Sul do País. Em Goiás, segundo a médica Fabiana Camargo, é muito rara a sua aparição. A primeira vez ocorreu na região do Entorno do Distrito Federal há mais de cinco anos. "A Lonomia Oblíqua é o único tipo de lagarta que pode causar efeito sistêmico, com risco à vida", salienta a médica.

(Arte de O Popular)

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Fotógrafa goiana obtém remédio fora da lista do SUS após batalha na Justiça

Convivendo com esclerose múltipla recorrente, uma doença neurológica progressiva, Maria Francisca da Silva Santos conquista direito a medicamento de alto custo considerado um dos mais eficazes para sua condição

Chica Fotógrafa lida há 18 anos com percalços da esclerose múltipla

Chica Fotógrafa lida há 18 anos com percalços da esclerose múltipla (Wildes Barbosa / O Popular)

A fotojornalista Maria Francisca da Silva Santos, a Chica Fotógrafa, lida há cerca de 18 anos com os percalços provocados pela esclerose múltipla (EM), doença neurológica crônica que afeta o sistema nervoso central e que tornou-se recorrente nos últimos anos. Este mês ela ganhou na Justiça Federal uma ação que obriga o Sistema Único de Saúde (SUS) a liberar o medicamento ofatumubabe, considerado um dos mais eficazes para sua condição. O remédio não integra a lista de remédios de alto custo fornecidos pelo SUS.

O ofatumumabe ou Kesimpta (nome comercial) é também indicado para leucemia linfocítica crônica. O remédio é aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas a Comissão Nacional de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) não recomendou a sua inclusão na lista de medicamentos fornecidos pelo SUS alegando alto impacto orçamentário e sob a justificativa de que não faria muita diferença em relação ao progresso da doença. Anticorpo monoclonal, o remédio ataca alvos específicos do sistema imunológico e podem reduzir em até 59% as taxas de recidiva da EM recorrente, segundo especialistas.

Convivendo com fadiga, fraqueza muscular, dificuldade para respirar e dores articulares, Chica e a médica Denise Sisteroli Diniz, que a acompanha no tratamento no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, viram no ofatumumabe a única possibilidade de uma melhor qualidade de vida e interrupção do progresso da doença. O pedido inicial para obter o remédio foi apresentado ao Ministério Público de Goiás que o encaminhou à Defensoria Pública da União. No final de 2023, o pedido de urgência para o caso foi negado pela Justiça Federal.

Sem conhecer a fotojornalista, a advogada Janaina Mathias Guilherme Soares, especialista em Direito da Saúde, se ofereceu para ajudá-la. E deu certo. A urgência foi reconhecida judicialmente e o Estado foi obrigado a fornecer o medicamento até que houvesse uma sentença a respeito. A advogada lembra que o Supremo Tribunal Federal criou regras limitando o suprimento de remédios não disponibilizados pelo SUS, cabendo à parte autora o ônus de demonstrar a segurança e a eficácia do fármaco e a inexistência de um substituto terapêutico.

"Eu melhorei muito com o ofatumubabe, cheguei a andar 4 km num dia, mas como há interrupções no fornecimento, tudo piora nas minhas funções neurológicas. É uma doença progressiva", lamenta Chica. Ela diz que a última vez que o Estado cumpriu a liminar foi em maio de 2024. "Depois, passei a pedir o bloqueio da conta para que a compra do remédio fosse providenciada. Eles compram três ampolas e entregam, mas cada vez que peço o bloqueio há um intervalo de tempo até que o pedido seja apreciado e a compra efetivada."

A ação protocolada por Janaina Guilherme na Justiça Federal tem como réus o Município de Goiânia, o Estado de Goiás e a União que sistematicamente vêm recorrendo. No dia 2 deste mês, o juiz federal Leonardo Buissa Freitas julgou procedente o pedido da Chica Fotógrafa e determinou que o medicamento seja fornecido a ela em quantidade suficiente para três meses de tratamento. Antes do término, a fotojornalista deve apresentar relatório médico atualizado para justificar a renovação da aquisição. "No próximo dia 24 tenho de tomar o remédio, mas não tenho convicção de que irão cumprir a sentença", afirma Chica. Os réus ainda podem recorrer.

Fornecimentos

Para obter uma sentença favorável ao uso do ofatumumabe (Kesimpta) 20 mg, que custa cerca de R$ 10 mil cada ampola e fora das condições financeiras da fotojornalista, a advogada Janaina Guilherme se dedicou a uma árdua tarefa, segundo ela. "À medida que os meses foram passando fui anexando relatórios e exames médicos demonstrando o quão positivo estava sendo o tratamento. Também fiz uma pesquisa científica e anexei estudos que demonstram a superioridade do medicamento em relação a outros", detalha

A advogada, que soube pelas redes sociais do caso de Chica Fotógrafa, lembra que a prática tem demonstrado a eficácia de medicamentos não disponibilizados pelo SUS. "Pelo país afora existem muitas pessoas vivas, com saúde e dignidade graças a liminares e muito trabalho por parte de seus procuradores. E estão assim por fazerem uso de medicamentos que a Conitec disse não serem eficientes o suficiente para o aumento da sobrevida global, ou seja, o tempo entre o diagnóstico e a morte do paciente."

O impacto financeiro mencionado pela Conitec para não incorporar o ofatumumabe (Kesimpta) no rol de medicamentos fornecidos pelo SUS à população é, na visão da advogada, um ponto importante, no entanto é necessário observar outro aspecto. "Sob a ótica individualista é doloroso pensar que o fator econômico pesou nessa decisão. O fármaco poderia estar sendo fornecido a tantas outras pessoas que trabalharam a vida toda e que agora, sem condições de pagar um plano de saúde, se veem diante de um fim lento e doloroso ou da morte iminente."

A Associação Brasileira de Esclerose Múltipla estima que 40 mil brasileiros sofram com a condição. Em setembro de 2023, por decisão da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o ofatumumabe (Kesimpta) foi incluído na lista obrigatória a ser garantida pelos planos de saúde privados.

Chica Fotógrafa possui uma longa trajetória como ativista dos direitos humanos, das causas feminista e indígena. Ela trabalhou por muito tempo ao lado de Dom Tomás Balduíno na Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil. Ela assina seus trabalhos fotográficos e videodocumentários como Antonieta de Sant'Ana.

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Homem usa criança como escudo durante perseguição policial, diz PM

Criança foi resgatada em segurança e suspeito preso em flagrante por tráfico de drogas

undefined / Reprodução

Um homem foi preso suspeito de usar uma criança como escudo para se proteger após uma perseguição policial ocorrida nesta sexta-feira (18), em Anápolis, a 55 km de Goiânia. Segundo a Polícia Militar (PM), o homem ainda teria apontado uma arma falsa para a equipe. O caso será investigado pela Polícia Civil (PC).

A polícia não divulgou o nome do suspeito e o grau de parentesco dele com a criança. A criança foi resgatada em segurança.

Conforme a Polícia Militar, o caso ocorreu no Bairro Adriana Parque, após a equipe tentar abordar o carro do suspeito, que não obedeceu a ordem de parada e fugiu em alta velocidade.

Durante a perseguição, o suspeito teria batido o carro e, neste instante, saiu do veículo usando uma criança de aproximadamente quatro anos como escudo, enquanto um outro homem que também estava no carro, tentou fugir a pé por uma região de mata.

Ainda segundo a PM, o homem usava a criança como escudo para se proteger ao mesmo tempo em que apontava uma arma de fogo para os policiais, arma esta que após verificação a equipe constatou se tratar de um simulacro, ou seja, uma arma falsa. Ele foi contido e a criança resgatada em segurança.

A polícia informou que com os suspeitos foram apreendidas porções de drogas, dinheiro em espécie e um aparelho celular. Na casa de um dos suspeitos, os policiais encontraram mais droga, balanças de precisão e materiais usados para o tráfico de drogas.

Ainda segundo a PM, o suspeito de usar a criança com escudo estava em descumprimento de medida cautelar, sem tornozeleira eletrônica, e se recusou a fazer o teste do bafômetro. Os dois foram presos por tráfico de drogas.

Homem foi preso e no carro dele foram apreendidas porções de drogas (Reprodução/ Polícia Militar)

Homem foi preso e no carro dele foram apreendidas porções de drogas (Reprodução/ Polícia Militar)

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Idosa morre e outras três pessoas ficam feridas após capotamento na GO-080

Segundo os bombeiros, o motorista perdeu o controle do veículo e capotou por várias vezes até parar no canteiro central da pista

Idosa de 93 anos morreu em acidente na GO-080, em Goiás (Reprodução/Corpo de Bombeiros)

Idosa de 93 anos morreu em acidente na GO-080, em Goiás (Reprodução/Corpo de Bombeiros)

Uma idosa de 93 anos morreu e outras três pessoas ficaram feridas após o carro em que estavam capotar várias vezes na GO-080, entre Goiânia e Nerópolis. Segundo o Corpo de Bombeiros, o motorista perdeu o controle do veículo, que só parou no canteiro central da rodovia.

O acidente aconteceu nesta sexta-feira (18), na altura do km 46. De acordo com os bombeiros, a idosa foi encontrada fora do veículo e teve a morte constatada ainda no local. As outras três vítimas foram socorridas e encaminhadas ao hospital.

Como os nomes dos feridos não foram divulgados, a reportagem não conseguiu obter informações atualizadas sobre o estado de saúde deles.

Segundo os bombeiros, o motorista estava agitado, mas não apresentava lesões visíveis. A passageira do banco da frente estava consciente e sofreu ferimentos no braço, além de uma fratura no punho direito.

Uma das passageiras que estava no banco traseiro teve fratura no ombro direito, relatou dormência nos pés e queixava-se de dores de cabeça. A idosa que morreu também estava no banco de trás, mas foi encontrada fora do veículo.

Segundo o Corpo de Bombeiros, o motorista perdeu o controle do veículo. (Reprodução/Corpo de Bombeiros)

Segundo o Corpo de Bombeiros, o motorista perdeu o controle do veículo. (Reprodução/Corpo de Bombeiros)

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Três motociclistas morrem a cada 2 dias

De 1.775 mortos no trânsito em 2024, 589 estavam em moto, mostram dados da SES-GO

Modificado em 19/04/2025, 07:08

Trecho urbano da BR-153 é o local com a maior registro de mortes de motociclistas em Goiânia em 2024

Trecho urbano da BR-153 é o local com a maior registro de mortes de motociclistas em Goiânia em 2024 (Wildes Barbosa / O Popular)

No ano passado, a cada dois dias em Goiás, três motociclistas ou passageiros de motos vieram a óbito nas vias do Estado ou em decorrência de sinistros de trânsito, quando foram registrados 1.775 vítimas fatais do trânsito, sendo 589 que estavam em motos, de acordo com os registros de óbitos da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), dentro do Programa Vida no Trânsito (PVT).

Para se ter uma ideia, há 20 anos, em 2005, o número de óbitos de motociclistas em Goiás era um quinto do total. Naquele ano, a SES-GO, segundo o sistema Datasus do Ministério da Saúde, registrou 1.612 óbitos no trânsito do Estado, sendo 324 vítimas fatais ocupantes de motocicletas. O aumento proporcional dos acidentes em duas décadas se deu ao mesmo tempo em que tivemos uma redução na proporção da quantidade de motocicletas no Estado. Em 2005 eram 1.444.165 veículos, sendo 308.259 motos, sendo 21,34%. Já neste ano, os números são de 4.880.873 veículos no Estado, com 904.389 motos, uma relação de 18,32%.

O perito criminal de trânsito e membro da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), Antenor Pinheiro, explica que o problema não é o número de motocicletas, mas como elas transitam nos sistemas viários das cidades. "A ausência de uma política pública rigorosa de fiscalização de trânsito justifica essa assustadora letalidade, pois as infrações de excesso de velocidade, avanço de semáforo, uso de celular e trânsito sobre calçadas são a regra prevalente dos motociclistas urbanos em geral. Se essas infrações não são coibidas, a tendência é a ocorrência de sinistros crescer, pois tecnicamente todo sinistro a ele precede uma ou mais infrações simultâneas cometidas", esclarece.

Diretor-executivo do Instituto Co.Urbano e membro do Mova-se Fórum de Mobilidade, Marcos Villas Boas acredita que, no geral, a frota teve aumento vegetativo, mas os óbitos dos motociclistas é um aumento exponencial. "É um meio mais barato e não tem investimento no transporte coletivo, não temos infraestrutura de corredores para os ônibus, por exemplo, e as pessoas sofrem pressão dos patrões para chegar no horário, acabam indo para as motos. Depois, é uma tragédia anunciada a partir do advento do serviço de entrega, que atinge uma massa social relevante, que são remunerados para correr o quanto puderem e fazer infrações."

Pinheiro entende que o problema imediato é nacional e "está vinculado aos fatores já mencionados, mas também associado aos tradicionais e falhos critérios de formação de condutores de motociclistas no Brasil". O perito afirma ser preocupante os exames de prática para obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). "Há muito se faz necessário a revisão desses processos, mas nada acontece."

Proporção se mantém em 2025

A estatística da proporção de óbitos dos motociclistas permanece idêntica nos primeiros meses deste ano, em que, até março, já haviam sido registrados 53 óbitos de motociclistas ou passageiros de um total de 158 registros de todos os meios somados. Nos primeiros 15 dias deste mês, ao menos oito óbitos de motociclistas foram registrados no Estado. No último dia 6, um motociclista de 29 anos faleceu ao atingir um cavalo e, em seguida, ser atropelado por uma caminhonete, cujo motorista não prestou socorro, na GO-060, em Trindade. Dois dias depois, uma mulher de 20 anos atingiu com uma motocicleta a traseira de um caminhão na GO-080, no município de Petrolina, e morreu ainda no local.

Em Goiânia, os dados da SES-GO de mortes em decorrência de sinistros de trânsito ao final de 2024 apontam para 267 vítimas fatais, sendo 123 que estavam acima de uma moto, ou seja, uma representatividade de 46% do total de 2024. Na capital, ocorre uma morte de motociclista ou passageiro do veículo a cada três dias e a cidade lidera a estatística no Estado.

O perímetro urbano da BR-153 de Goiânia é o local com a maior quantidade de registros de óbitos de motociclistas. Em todo 2024, oito pessoas morreram em ao percorrer o trecho, de acordo com o relatório do Programa Vida no Trânsito (PVT).

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