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Filho 04 de Bolsonaro curte viagem ao Ceará ao lado de mulheres e sem máscara

Não é a primeira vez que o filho de Bolsonaro, aparece em festas durante a pandemia. Em fevereiro, ele publicou um vídeo no qual participa de aglomeração durante show da dupla sertaneja Diego e Victor Hugo, em Brasília

Folhapress

Modificado em 21/09/2024, 00:45

Renan Bolsonaro com o pai, o presidente Jair Bolsonaro

Renan Bolsonaro com o pai, o presidente Jair Bolsonaro (Reprodução/Instagram Renan Bolsonaro)

Jair Renan Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), postou em suas redes sociais, nesta terça (22), um vídeo no qual aparece na Praia da Lagoinha, no Ceará, dançando ao lado de amigos e mulheres de biquíni. Em outro momento, eles aparecem andando de quadriciclos. Nenhum deles usa máscaras nas imagens.

Na legenda, ele escreveu: "Vocês gostaram do final de semana na mansão nordestina? Deixe nos comentários qual a próxima mansão."

Não é a primeira vez que o filho de Bolsonaro, conhecido pela alcunha de "04", aparece em festas durante a pandemia. Em fevereiro, ele publicou um vídeo no qual participa de aglomeração durante show da dupla sertaneja Diego e Victor Hugo, em Brasília.

Jair Renan é mais novo que os irmãos Flávio (senador, Republicanos), Carlos (vereador, Republicanos) e Eduardo (deputado, PSL). Ao responder perguntas de seguidores no Stories do Instagram nesta terça, o 04 disse que não pretende ser político. Ele tem 433 mil seguidores na rede social.

O nome de Jair Renan está envolvido em algumas polêmicas. Empresa dele, a Bolsonaro Jr, é investigada pela Polícia Federal, a pedido do Ministério Público Federal, sob a suspeita de tráfico de influência junto ao governo.

Outra polêmica envolve seus vídeos publicados no YouTube. Em janeiro, ele lançou em seu canal na plataforma, o programa "Condomínio 04", em referência ao episódio em que seu pai disse que o filho havia namorado metade do condomínio onde moravam, o Vivendas da Barra, no Rio.

No primeiro episódio, com o influenciador Raiam Santos, Jair Renan debate com o convidado sobre quem entre eles fez mais sexo.

Geral

Reflexo da pandemia aparece em casos de câncer de próstata

Consultórios têm recebido pacientes com quadros mais avançados que demandam tratamentos mais complexos. Médicos orientam procura por prevenção. Só em 2021 foram 915 casos e 516 mortes

Modificado em 19/09/2024, 01:22

Diagnóstico tardio: Randolfo Moreira trata um câncer de próstata

Diagnóstico tardio: Randolfo Moreira trata um câncer de próstata
 (Fábio Lima)

As previsões negativas feitas durante os anos de pandemia estão se concretizando em relação aos casos de câncer de próstata. Médicos têm encontrado pacientes com casos mais avançados, reflexo das medidas necessárias de distanciamento social tomadas à época.

O vácuo nos diagnósticos é evidente nos dados do Ministério da Saúde (MS). Estes registros somaram 1.052 em Goiás em 2019, mas reduziram para 747 em 2020. Somente no ano passado o indicador superou o ano pré-pandêmico. Foram 1.104 em 2022.

A informação precisa ser olhada com atenção, sobretudo neste mês, no qual é celebrado o Novembro Azul, campanha visa a chamar a atenção de homens para realizar acompanhamento médico. O câncer de próstata é o mais prevalente nesta parcela da população.

"O que nós temos vivenciado hoje é exatamente o reflexo da pandemia. Um grande número de homens deixou de ir ao médico. Estamos diagnosticando um número muito maior de casos avançados e vamos ver aumento da mortalidade", explica o chefe do Setor de Urologia do Hospital de Câncer Araújo Jorge (HAJ), Adriano Augusto Peclat.

O médico acrescenta que ainda vai levar tempo para uma situação de normalidade. "O impacto na mortalidade não vai ser visto de imediato. Possivelmente vamos ver dentro de três ou quatro anos. É o que esperemos de acordo com a história natural da doença, que conhecemos."

O médico urologista Rodrigo Rosa de Lima tem a mesma percepção de Peclat. "2022/2023 passaram sem rastreamento, aquele caso que pode ter surgido em fase inicial agora é visto em estágio mais avançado. Isto vai ter impacto, na verdade já temos visto isto."

Os médicos afirmam que além de os pacientes terem mais chances de cura quando o câncer é identificado em estágio inicial, o tratamento é mais simples e o paciente passa por menos transtornos.

"Quando temos o caso de um câncer metastásico ou avançado, ele precisa de um tratamento sistêmico, um bloqueio de hormônios e muitas vezes associado à quimioterapia. É um tratamento mais sofrido, mais penoso e as chances de cura são muito menores", explica Peclat.

Tratamentos mais complexos e, eventualmente, mais invasivos podem contribuir para aumentar a conta dos gastos públicos e privados com saúde.

Se os casos deixaram de ser registrados, as mortes não. De 2018 a 2021 elas continuaram crescendo e chegaram a 516 em 2021 (veja quadro).

A orientação, conforme os especialistas, é para que se o homem for negro ou tiver pelo menos um familiar em primeiro grau (pai ou irmão) que tenha sido acometido pelo câncer de próstata, a visita ao urologista deve ser feita aos 40 anos. Nos demais casos, esta deve se concretizar aos 45 anos.

O organizador Randolfo Moreira Trindade, de 67 anos, não seguiu a recomendação. Atualmente ele faz tratamento no Araújo Jorge contra um câncer de próstata. O diagnóstico veio em 2022. "Eu não estava fazendo xixi. Me preocupei, sentia muita dor ao tentar urinar. Fiz os exames e o médico constatou a doença", relata.

Randolfo conta que fez 39 sessões de radioterapia e agora recebe, a cada 30 dias, uma injeção com hormônios, o que deve acontecer até 2025. "Eu me sinto curado. Estou 100%."

O desleixo masculino com a saúde é cultural, mas os médicos defendem que é preciso mudar. "Costumo receber homens que vêm pela primeira vez aos 40/45 anos e a última vez que teve uma consulta médica foi com o pediatra", relata Lima.

O diagnóstico precoce proporciona chances de cura que chegam a até 95%. Um dos motivos que levam à procura tardia por um rastreamento é o preconceito contra o exame de toque. Embora o exame de sangue (PSA) tenha importância na leitura do quadro, assim como a avaliação clínica, não é possível desperdiçar chances de identificar um câncer.

"Tem uma frase que a gente usa muito é que 'homem forte é homem que se cuida'. Nossa sociedade não aceita mais esses preconceitos em relação ao diagnóstico. O exame do toque é importante, entre 10% e 15% dos casos o tumor não vai afetar o exame de sangue", explica Lima.

Para 2024, a estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) é que os diagnósticos possam ultrapassar a marca dos 60 mil em todo o País. Para este ano o número é um pouco menor.

Prevenção

Lima afirma que há estudos clínicos que mostram que maus hábitos de vida contribuem para favorecer a ocorrência de câncer. "Entre os fatores de risco há a obesidade, inclusive para casos mais agressivos. É importante uma alimentação pobre em gordura e açúcar. Tudo que faz bem para o coração, como atividade física e dormir bem, também protege a próstata."

Embora o estresse seja considerado a "doença do século 21", não há estudos que conectem o problema às substâncias inflamatórias, que influenciam na ocorrência de câncer.

Geral

Operação cumpre mandado de busca e apreensão contra Jair Renan Bolsonaro

Os investigadores cumprem dois mandados de busca contra Jair Renan, um em Balneário Camboriú (SC), onde ele mora atualmente, e um outro em Brasília

Modificado em 19/09/2024, 01:10

Jair Renan e Jair Bolsonaro

Jair Renan e Jair Bolsonaro (Reprodução)

Jair Renan, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), é alvo nesta quinta-feira (24) de uma operação da Polícia Civil do Distrito Federal relacionada a um grupo suspeito de estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.

Os investigadores cumprem dois mandados de busca contra Jair Renan, um em Balneário Camboriú (SC), onde ele mora atualmente, e um outro em Brasília.

A investigação está a cargo da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Ordem Tributária, da área de combate à corrupção e ao crime organizado da Polícia Civil do Distrito Federal.

Em agosto do ano passado, a Polícia Federal afirmou em relatório final da investigação sobre a atuação de Jair Renan que não havia encontrado crimes na suposta atuação do filho do presidente em favor de empresários.

Na ocasião, o caso foi encerrado na superintendência da PF no Distrito Federal sem nenhum indiciamento. O inquérito foi aberto em março de 2021, após pedido do Ministério Público Federal baseado em denúncias feitas por parlamentares da oposição ao governo.

Como revelou a Folha, a cobertura com fotos e vídeos da festa de inauguração da empresa do 04 em Brasília foi realizada gratuitamente por uma produtora que tem contratos com o governo federal.

A revista Veja, por sua vez, mostrou a abertura da empresa e como Jair Renan solicitou ao gabinete da Presidência da República uma audiência para tratar de interesses comerciais de um de seus patrocinadores do Espírito Santo.

Empresas capixabas chegaram a doar um carro elétrico avaliado em R$ 90 mil para um projeto parceiro da empresa de Renan, a Bolsonaro Jr Eventos e Mídia.

Geral

Cientistas falam em uma nova onda da Covid-19 a cada 6 meses

Incremento de casos atual pode estar relacionado à variante Ômicron, do coronavírus, e suas sub variantes que circulam com predominância

Modificado em 20/09/2024, 00:52

Testagem de Covid-19 em Goiânia: reinfecção tem um protocolo complexo para confirmação de casos

Testagem de Covid-19 em Goiânia: reinfecção tem um protocolo complexo para confirmação de casos (Wesley Costa)

Em todo o mundo, especialistas estão atentos à possibilidade de reinfecção da Covid-19 provocada pela Ômicron, variante do Sars-CoV-2 (coronavírus) e suas sub variantes. Em Goiás, aumentou muito nos últimos dias os índices de positividade para a doença em todo o estado, como mostra o mapa de calor divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). Especialistas acreditam que a Ômicron escapa dos anticorpos criados por infecção natural ou pela vacina, mas não provocam danos tão graves como as variantes anteriores.

Detectada pela primeira vez em novembro do ano passado na África do Sul, a variante Ômicron se tornou dominante em todos os países. Os últimos estudos do comportamento do coronavírus têm revelado que a reinfecção de Covid-19 ficou mais comum em comparação às que circulavam anteriormente, como Beta, Delta e Gama, a última a mais mortal. Em média, num prazo de 120 dias, uma pessoa de qualquer idade, que já tenha pego a doença ou que tenha se vacinado, pode se reinfectar, segundo especialistas. "As vacinas não protegem contra o vírus, mas contra doenças graves provocadas por eles", explica a infectologista Christiane Kobal.

Professora e pesquisadora da área de Virologia do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP), da Universidade Federal de Goiás (UFG), a doutora Menira Souza explica que o último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), referente ao período de 27 de maio a 27 de junho, mostra uma predominância de 94% de sub variantes Ômicron em circulação. Além da BA.1, a original, surgiram BA.2, BA.3, BA.4, BA.5 e uma série de recombinantes. A maior presença, segundo a OMS é a BA.5 (43%), vindo em seguida a BA.2 (25%), BA.4 (12%) e a BA.2.12.1 (11%).

"As sub variantes Ômicron possuem mutações que estão relacionadas a uma maior capacidade de replicação, como algumas que modificaram a proteína de superfície spike da sub variante BA.2. Os estudos sugerem que isso pode estar associado a uma maior transmissibilidade. O risco de reinfecção com as sub variantes Ômicron está sendo estudado e casos de reinfecção com a BA.2 após a BA.1 têm sido documentados", ressalta a pesquisadora.

O goianiense Eduardo Antonio de Camargo Franco, 33 anos, enfrentou a Covid-19 três vezes, em outubro de 2020, em fevereiro de 2021 e em janeiro de 2022. Ele não sabe dizer quais as variantes foram detectadas nos testes de positividade e precisou de uma internação, rápida, na segunda vez. Há poucos dias, mesmo com três doses da vacina, ele precisou de ajuda médica hospitalar com sintomas da doença, mas preferiu não fazer o teste. E também reconhece que não tem se protegido porque "a doença não se agravou".

A professora da Universidade Federal de Goiás, Flávia Aparecida de Oliveira, mesmo com o esquema de vacinação completo, confirmou em janeiro deste ano que estava com Covid-19 quando já circulava no Brasil a Ômicron (BA.1). Ela não teve sintomas graves e a mesma coisa ocorreu na segunda quinzena de junho quando novamente apresentou sintomas e o exame foi positivo para a doença. Ela também não fez o sequenciamento genético dos vírus.

Para a doutora Menira Souza, embora não se tenha falado em outro tipo de variante do coronavírus depois do Ômicron e suas sub variantes, é praticamente certo que outros virão. "O coronavírus é um vírus que tem genoma RNA que possui elevada variabilidade genética. Como estamos vivendo uma pandemia e em um contexto de um número elevado de pessoas ainda sendo infectadas em um mesmo período de tempo, com a utilização de diferentes vacinas e medicamentos, o vírus sofre mais pressão para continuar evoluindo e modificando o seu genoma, o que pode resultar em novas variantes."

Novas ondas

Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), tem reafirmado que haverá várias ondas da Covid, com tendência de uma a cada seis meses, fato revelado em publicação da revista científica Nature. A expectativa, segundo ele, é que sejam ondas de menor impacto, tanto em número de pessoas afetadas, quanto em casos graves e mortes, desde que os esquemas propostos de vacinação estejam completos. "Vamos viver assim por algum tempo até que a gente tenha uma vacina que consiga bloquear a infecção e reduzir a disseminação dessas variantes."

Para o presidente da SBI a expectativa está numa vacina futura, chamada pelos cientistas de pan coronavírus, ou seja, capaz de proteger contra todos os vírus, independente das variações. Por enquanto, é preciso fazer reforços de imunização. "Temos perspectiva de no segundo semestre ter vacina com a cepa da Ômicron, que mais se assemelha às variantes que estão circulando, levando a uma melhor proteção." Christiane Kobal concorda que as novas plataformas a serem lançadas por empresas como Pfizer e Moderna, vão definir a periodicidade necessária para o reforço de imunização contra a Covid-19.

Na semana passada, Denise Garret, vice-presidente de Epidemiologia Aplicada, do Sabin Vaccine Institute, disse numa rede social que a variante Delta produzia anticorpos por até três meses, mas com a Ômicron e as sub variantes a reinfecção pode ocorrer em até duas semanas. Christiane Kobal não acredita nessa possibilidade. "Nesse período o vírus não deixou o organismo. O problema é que os testes de antígenos encontrados em farmácias ou feitos em casa são menos sensíveis. A pessoa adoece, faz o teste e dá positivo. Como ninguém quer ficar isolado ou usar medidas de proteção, no quarto dia fazem um teste de antígeno que vai dar negativo. O ideal é fazer um teste de boa qualidade, como um PCR."

Para autoridades, há subnotificação

A SES considera que há subnotificação de casos de reinfecção. "No sistema oficial do Ministério da Saúde (MS) há o registro de 19 casos de reinfecção por Covid-19 referentes aos anos de 2020 e 2021 em Goiás. Em 2022, não há notificação de reinfecção", diz a pasta em nota. Segundo o comunicado, para confirmar a reinfecção é necessário ter as amostras de RT-PCR da primeira infecção, segunda, terceira ou mais para comparar se foi uma infecção por variantes diferentes ou pela mesma variante.

De acordo com a SES, pelos critérios do MS para considerar casos de reinfecção por Sars-CoV-2 a pessoa precisa ter dois resultados positivos de RT-PCR em tempo real; o intervalo tem de ser igual ou superior a 90 dias entre os dois episódios; e se há disponibilidade de amostras biológicas, com conservação adequada, para investigação em laboratório oficial que em Goiás é o Laboratório Central de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros que faz o sequenciamento genômico.

O que ocorre, de acordo com a SES, é que muitos pacientes que apresentaram sintomas de Covid em mais de uma ocasião, não realizaram exames de RT-PCR, portanto não há amostras para fazer o sequenciamento genômico. Laboratórios particulares não armazenam as amostras por muito tempo. Superintendente de Vigilância em Saúde de Goiânia, Yves Mauro Ternes confirma as informações e também acredita que a subnotificação é grande.

Na capital, conforme Yves Mauro, desde o início da pandemia até 30 de junho último foram confirmados 268.679 de pacientes com Covid na rede SUS. Desses, 4.799 apresentaram dois exames positivos com intervalo maior que 90 dias, 1,78% do total. O que reforça o fato de que esse número não reflete a realidade é que no início de 2022 houve testagem maciça na rede privada, com maior pico de casos confirmados, cerca de 46 mil, mas não foram feitas as notificações. O mesmo ocorreu com pessoas que se testaram em farmácias, fizeram o auto-teste, além de casos de positividade em família. "Aliado a tudo isso, é preciso levar em conta a instabilidade do sistema".

Yves Mauro explica que no início do ano circulava a variante BA.1, da Ômicron. Nas últimas quatro semanas o sequenciamento genético mostrou que a BA.2 está predominando. "Ambas são mais transmissíveis, mas menos virulentas e não impactaram tanto a rede assistencial, com internações, ou mortes." Para interromper a cadeia de transmissão, a SMS de Goiânia decidiu ampliar a testagem. Na última semana de janeiro 30 mil pessoas fizeram o teste de Covid na rede pública, em maio, foram 17.700, mas na última semana de junho foram aplicados 46.400 testes. "Goiânia é uma das cidades do País que mais testam e a positividade acompanhou."

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Geral

Em Goiás, pelo menos 240 escolas particulares fecharam na pandemia

Levantamento da Juceg mostra que, pela primeira vez desde 2019, número de unidades que encerraram as atividades supera o de novos estabelecimentos abertos no estado

Modificado em 20/09/2024, 00:16

Educandário Paranaíba, no Centro de Goiânia: escola tradicional fechou as portas por motivos familiares

Educandário Paranaíba, no Centro de Goiânia: escola tradicional fechou as portas por motivos familiares (Wildes Barbosa)

Ao menos 240 escolas particulares de Goiás foram fechadas desde o início da pandemia de Covid-19. Os dados mostram que até 2019 as novas unidades eram mais que o dobro das que encerravam as atividades ano a ano. Diante da crise de saúde que afetou o mundo, o quadro se inverteu. Na avaliação de representantes das escolas, mesmo com uma ligeira melhora, as dificuldades ainda persistem, com dívidas acumuladas que podem forçar ainda mais baixas.

De acordo com dados da Junta Comercial do Estado de Goiás (Juceg), 68 unidades foram fechadas em 2019, 92 em 2020 e 109 em 2021. As estatísticas abrangem os ensinos Infantil, Fundamental e Médio.

A presidente da Associação das Instituições Particulares de Ensino de Goiás (Aipeg), Eula Wamir, diz que o atual momento é de retomada. A definição não significa a recomposição do equilíbrio das finanças, mas um curto fôlego, explica. "Houve perdas financeiras por parte das famílias, de forma que muitas delas migraram para a rede pública", cita Eula. Influenciando um resultado ainda mais severo, grande parte dos alunos da educação infantil, etapa não obrigatória, não retornou para as escolas mesmo após a liberação pela retomada. "Essas crianças estão em casa", diz Eula.

O Sindicato dos Estabelecimentos das Escolas Particulares de Goiânia (Sepe-GO) estima que o estado tenha cerca de mil unidades particulares de educação. No último levantamento, realizado pela entidade em agosto do ano passado, cerca de 30% das unidades haviam sido fechadas. Na época, o presidente do Sepe, Flávio Roberto, destacou que levantamento detalhado seria feito, mas o mesmo ainda não está disponível.

O setor de educação foi um dos últimos a retomar as atividades presenciais, só tendo passado a frente do setor de eventos. Entre as liberações e restrições, as unidades buscaram se adaptar, com adoção de atividades remotas. O modelo não foi suficiente para reter as matrículas no patamar necessário para manter as contas equilibradas. Diante de sucessivas reclamações, porém, a área não recebeu socorro financeiro, diz Eula.

Inversão

A tendência anterior à pandemia era de abertura de mais que o dobro de unidades que eram fechadas. Em 2019, por exemplo, foram fechadas 68 escolas, mas outras 176 foram abertas, um saldo positivo de 108. Em 2020 a margem foi reduzida abruptamente, com 92 fechamentos e 102 inaugurações. Em 2021 foram 136 aberturas contra 109 fechamentos. Neste ano, porém, o quadro se inverteu, com mais encerramentos de atividades que a abertura de novos negócios: 39 fechamentos contra 25 inaugurações.

Com dívidas e volta tímida, perspectivas são incertas

As perspectivas para os próximos meses ainda são incertas. Para manter os negócios, grande parte dos gestores precisou de empréstimos bancários. "As escolas que estão abertas sofrem com os impactos dos empréstimos, que foram necessários para cumprir com a folha de pagamento", explica a presidente da Aipeg, Eula Wamir. A única ação governamental que alcançou a área foi a possibilidade de redução das jornadas de trabalho dos funcionários.

"Essa medida do Governo Federal manteve a estabilidade do colaborador. Quando retornamos, não estávamos com um grande número de alunos. Isso acabou impactando em desligamentos e indenizações", diz Eula sobre os gastos com verbas trabalhistas.

"Não houve auxílios por parte dos municípios ou do Estado. A rede privada de educação não recebeu nenhum tipo de incentivo", observa. Segundo Eula, os impactos foram sentidos em todos os municípios. "Nas escolas pequenas, que já estavam com dificuldades financeiras, esses problemas só foram aumentados com o advento da pandemia."

Em Goiânia, o número de fechamentos também passou a ser maior que o de aberturas. Em 2019, 57 unidades foram abertas e 25 fechadas. Em 2020 os números quase se equipararam, com 34 encerramentos e 31 inaugurações. Em 2021 houve uma recuperação tímida, com 48 aberturas e 30 fechamentos. Nos primeiros quatro meses deste ano, 12 escolas foram fechadas e 9 abertas. O Sepe diz que escolas da capital chegaram a perder 40% dos alunos.

Entre as unidades fechadas na capital está o Educandário Paranaíba, localizado na Avenida Paranaíba, no Setor Central. A unidade foi fundada na década de 1970. O fechamento, conforme explica uma ex-colaboradora, se deu antes que os problemas financeiros pudessem ser sentidos. A decisão do proprietário, porém, teria sido influenciada pelos baixos rendimentos observados ao longo dos últimos anos, mas sem que houvesse desequilíbrio.

"Hoje as escolas que sobreviveram estão tendo que ajustar suas mensalidades de acordo com as realidades das famílias, porque precisam manter essas matrículas. Porém os gestores também precisam fazer o estudo dos impactos disso. Hoje tudo aumentou. Atualmente, para poder cumprir com os protocolos de biossegurança, com as necessidades funcionais e administrativas, tudo o que era preço 'x' hoje é 'y'", diz sobre os desafios que ainda devem acompanhar as unidades.