Karine Giselle Gouveia e Paulo César Dias Gonçalves tiveram a prisão preventiva mantida pela juíza Ana Cláudia Veloso Magalhães, em audiência de custódia realizada nesta quinta-feira (13)

À esquerda, o casal Karine Gouveia e Paulo Cesar, donos da clínica investigada. À direita, paciente com nariz necrosado após um procedimento feito na clínica (Reprodução/Redes Sociais e Divulgação/Polícia Civil)
A Justiça manteve a prisão preventiva do casal Karine Giselle Gouveia, de 34 anos, e Paulo César Dias Gonçalves, 44, donos de uma clínica de estética acusada de deformar pacientes em Goiânia, em audiência de custódia realizada nesta quinta-feira (13).
Em nota enviada ao POPULAR , o advogado de Paulo César, Tito Amaral, classificou a decisão como "absurda".
São apenas falácias e narrativas na tentativa de induzir a erro o Poder Judiciário. Já estamos trabalhando, elaborando os recursos cabíveis e necessários, e iremos acionar todas as instâncias do Poder Judiciário, até mesmo, se necessário, o STJ e o STF, objetivando cessar esta absoluta ilegalidade", disse em um trecho da nota (leia na íntegra ao final da matéria).
A reportagem também solicitou um posicionamento para a defesa de Karine Gouveia, mas não obteve retorno até a última atualização desta matéria.
Segundo um trecho do documento da audiência, assinado pela juíza Ana Cláudia Veloso Magalhães, os elementos da prisão preventiva contra o casal persistem, "uma vez que permanecem sólidas as provas da materialidade dos delitos e os indícios de autoria".
Karine Gouveia e Paulo César foram presos novamente na quarta-feira (12). Ainda de acordo com o documento, o casal deve ser encaminhado ao complexo prisional.
O casal foi preso pela primeira vez em 18 de dezembro do ano passado. Aos dois, a ministra do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) Daniela Teixeira concedeu liberdade com medidas cautelares, em 8 de fevereiro.
Na decisão do STJ, eles estavam proibidos de manter contato com os funcionários das clínicas e fazer qualquer divulgação na internet sobre procedimentos estéticos.

Foto mostra vítimas com nariz necrosado e a paciente entubada após o procedimento. (Divulgação/Polícia Civil)
Entenda o caso
Em dezembro de 2024, a Polícia Civil (PC) prendeu preventivamente Karine Gouveia e o seu marido, Paulo César, proprietários da clínica Karine Gouveia Estética (KGG), localizada na capital.
A prisão, realizada pela 4ª Delegacia de Polícia de Goiânia, foi decretada pela 1ª Vara das Garantias da Comarca de Goiânia, sob graves acusações de crimes relacionados a procedimentos estéticos e cirúrgicos realizados na clínica.
De acordo com a polícia, a investigação foi iniciada em fevereiro de 2024, quando foi revelado que a clínica KGG realizava procedimentos de alto risco, como rinoplastias, lipoaspirações, aplicações de botox e preenchimentos faciais, sem a devida autorização e com o uso de substâncias proibidas, como o (PMMA), e agora a apuração indica também a utilização de óleo de silicone.
O delegado Daniel José de Oliveira apontou que a clínica funcionava de forma organizada e hierárquica, com estratégias de marketing agressivas e a participação de profissionais sem a qualificação necessária.
Além disso, a clínica comercializava medicamentos manipulados de forma irregular, incluindo substâncias proibidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Conforme Oliveira, essas substâncias podem causar deformidades permanentes, necroses, infecções graves e outras complicações de saúde. Ao todo, mais de 70 pessoas procuraram a delegacia como vítimas dos investigados, segundo o delegado.
Nessa nova fase das investigações, a polícia suspeita que o número de vítimas chegue a 954, com base nos atendimentos realizados também entre março de 2028 e março de 2019. Para Oliveira, esses pacientes podem ter sido submetidos a aplicação de óleo de silicone durante procedimentos estéticos, o que pode causar inflamações, deformidades e outros danos à saúde.
Diante de riscos à saúde, o delegado recomendou que os pacientes da clínica KGG procurem um médico com urgência e solicitem um exame de ultrassom dermatológico com doppler. Esse exame, segundo o investigador, pode detectar substâncias não absorvíveis pelo corpo, como o óleo de silicone. E, se o resultado der positivo, a pessoa é orientada a procurar a 4ª Delegacia Distrital de Goiânia para prestar depoimento e colaborar com as investigações.
Acusações contra os proprietários da clínica:
Formação de organização criminosa;
Falsificação de produtos terapêuticos;
Lesões corporais gravíssimas;
Exercício ilegal da medicina;
EstelionatoTráfico de medicamentos.
Nota da defesa de Paulo César
A decretação da prisão preventiva de Paulo Cesar Dias Gonçalves é uma decisão absurda, que não se sustenta juridicamente. O próprio STJ, através da ministra Daniela Teixeira, já disse que, neste caso, é desproporcional e desnecessária, portanto, ilegal. Paulo César estava submisso a medidas cautelares diversas da prisão, as cumprindo na íntegra. O que está havendo é uma série de situações inventadas pela Polícia Civil de Goiás, sem nenhum documento e sem nenhuma prova ou indício.
São apenas falácias e narrativas na tentativa de induzir a erro o Poder Judiciário. Já estamos trabalhando, elaborando os recursos cabíveis e necessários, e iremos acionar todas as instâncias do Poder Judiciário, até mesmo, se necessário, o STJ e o STF, objetivando cessar esta absoluta ilegalidade.
Goiânia - GO, 13 de março de 2025.

Exames comprovaram substâncias como polimetilmetacrilato e óleo de silicone na face dos pacientes. (Divulgação/Polícia Civil)