IcMagazine

Famosos

Sem Wagner Moura, 'Narcos' chega a sua terceira temporada

A relação entre o tráfico de drogas e a política é o grande assunto desta temporada

Modificado em 27/09/2024, 00:55

Sem Wagner Moura, 'Narcos' chega a sua terceira temporada

(Reprodução / Facebook)

"No dia em que Pablo Escobar caiu, o cartel de Cali se tornou o inimigo número um das autoridades", narra Javier Peña nos primeiros minutos da terceira temporada de "Narcos", que estreia nesta sexta-feira, dia 1º de setembro. O cartel controlado já havia sido apresentado anteriormente, mas agora ele vira a estrela da série que já não conta mais com Wagner Moura no elenco.

Logo nos primeiros minutos da nova fase, a narração deixa claro que o modo de operação do Cartel de Cali é muito diferente do de Escobar. Enquanto "El Patrón" fazia de tudo para conseguir apoio popular, os "cavalheiros de Cali" trabalhavam escondido, por trás de grandes companhias e políticos.

E é justamente a relação entre o tráfico de drogas e a política o grande mote desta temporada. Quase como em uma analogia ao segundo filme da série "Tropa de Elite - O Inimigo Agora É Outro", o agente especial da DEA (Drug Enforcement Administration) Javier Peña se vê isolado com seus ideais de combate aos grandes cartéis de cocaína enquanto descobre como os mais diversos setores do executivo e do legislativo estão corrompidos.

"Cali é mais interessante. A verdade é que a indústria da cocaína não foi afetada pela morte de Escobar. Infelizmente, ela cresceu e isso teve tudo a ver com os poderosos chefões de Cali, com o jeito que eles expandiram seus negócios, de uma forma mais disciplinada. Eles basicamente controlavam todo o sistema da cidade de Cali. Aqui não estamos mais lidando com apenas um grande rei, que derruba um avião, que concorre a deputado. Nós estamos lidando com pessoas que estão controlando toda a sociedade, em termos de governo, em termos de vigilância. Se você quer lutar contra isso, é quase como lutar contra Goldman Sachs", opina Pedro Pascal, que dá vida a Peña, em entrevista.

O Cartel de Cali é comandado pelos irmão Miguel (Francisco Denis) e Gilberto Rodriguez (Damian Alcazar) Orejuela, Pacho Herrera (Alberto Amman) e Chepe Santacruz Londoño (Pepe Rapazote), que começam a temporada anunciando um acordo com o governo da Colômbia para saírem do ramo da cocaína - em troca de liberdade e manutenção da fortuna. Peña, porém, tenta dissuadir as autoridades e o DEA dessa ideia.

Em sua terceira temporada, "Narcos", que continua sendo produzida e dirigida pelo brasileiro José Padilha, traz diversos novos personagens, mas o destaque vai para Jorge Salcedo, o chefe de segurança do cartel, interpretado pelo sueco Matías Varela. O fascinante personagem ganha contornos complexos ao longo de todos os dez episódios em que aparece e a tarefa de descobrir os reais propósito de suas ações é cada vez mais intrigante para o espectador.

"Ele é um personagem real. Ele encarna o drama, ele está em uma tempestade entre dois mundos diferentes. Às vezes você gosta dele, às vezes você o odeia, às vezes você o entende. Ele leva uma montanha-russa de emoções. Salcedo está sempre em perigo, qualquer coisa que ele diz, que ele faz está sendo vigiada, ele é um personagem muito incomum, e ele realmente existiu", diz Andi Baiz, um dos diretores da série.

Baiz já dirigiu vários episódios da primeira e da segunda temporadas, mas agora ganha mais força justamente porque Cali é sua cidade natal. "Para mim, é fascinante, porque eu tive a oportunidade de gravar na minha cidade. Eu conhecia muitas das locações, eu fiquei muito animado por contar a história do cartel que eu conhecia tão bem", disse.

Questionado se "Narcos" vai ser uma série antológica a partir de agora, ele diz que é uma possibilidade. "Eu não posso dizer que será antológica, porque pode ser que isso não aconteça sempre, mas nós temos a liberdade de mudar as histórias, e acho que essa é a coisa mais legal da série: podemos mudar a narrativa, as histórias, e sempre vai continuar sendo a mesma série, com os mesmos temas, com a mesma complexidade, mas de um jeito diferente a cada vez", explica Baiz.

Na quarta temporada, que já está confirmada há quase um ano, os agentes da DEA deixarão a Colômbia e partem rumo ao México. Lá, o foco será o Cartel de Juárez, que liderou o tráfico de cocaína no país durante a década de 1990. O cartel era comandado por Amado Carillo, ou o Senhor de Los Cielos, que já aparece na terceira temporada de "Narcos", vivido pelo mexicano Jose Maria Yazpik.

IcMagazine

Famosos

Paolla Oliveira diz que perdeu trabalhos por questões físicas

“Deixei ir algumas marcas e produtos que não faziam mais parte da pessoa que eu me tornei”, comenta a atriz

Modificado em 16/01/2025, 18:38

Artista encara o desafio de viver Heleninha Roitman na regravação de 'Vale Tudo'

Artista encara o desafio de viver Heleninha Roitman na regravação de 'Vale Tudo' (Hugo Barbieri)

De um tempo para cá, a atriz Paolla Oliveira, 42 anos, tem preferido expor seu corpo real sem filtros. E isso, segundo ela, a fez perder trabalhos. Ao GShow, ela conta que, desde 2023, quando decidiu levantar a bandeira do "corpo livre", tem recebido críticas nas redes sociais.

Mais do que perder contratos, deixei ir algumas marcas e produtos que não faziam mais parte da pessoa que eu me tornei e do que não queria mais ajudar a reforçar. Com isso, acho que ganhei força com marcas que já tinham um conceito mais apurado desse feminino", diz.

Acho que não só as marcas, mas o mundo, no geral, tem muito ainda que caminhar para realmente comunicar sem preconceitos e para entender a beleza de maneira mais diversa", reforça.

Pioneira da campanha do corpo livre, sem a pressão estética imposta pelas redes, Paolla sofreu na pele as consequências de sua escolha. Em 2023, um pouco antes do carnaval, a atriz recebeu críticas por seu físico não estar tão sarado como costumava exibir. O visual "fora dos padrões" a fez sofrer ataques nas redes sociais. Na época, ela desabafou ao Fantástico e contou como as críticas a afetaram.

Rainha de bateria da Acadêmicos do Grande Rio, ela se prepara para o carnaval 2025. O enredo da escola embarca nos encantos do Pará e propõe uma viagem pelas águas amazônicas.

Não só viajei como ganhei o título de cidadã paraense, olha que honra. Fui ao terreiro, dancei carimbó, comi a comida paraense, foi uma pequena imersão que começou lá e que continua aqui no Rio comigo estudando os sons e os ritmos do Pará. Tenho certeza de que vai ser uma homenagem linda", afirma.

Para superar a icônica fantasia de onça que Paolla usou no desfile do ano passado na escola, grande campeã do Carnaval 2024 com o enredo "Nosso destino é ser onça", a equipe de carnavalescos está desenvolvendo algo muito especial. O que ainda é uma surpresa.

O que eu posso garantir é que tem um time lindo preparando a fantasia desse ano, que vem cheia de encantaria, assim como o enredo da escola, e é feita com o mesmo carinho que todas as que usei ao longo dos anos", despista a rainha.

Paralelamente à luta por aceitação e liberdade corporal, Paolla se mantém como uma das atrizes mais requisitadas do Brasil. Desde que ganhou destaque como Giovana em Belíssima (2005), sua carreira tem sido marcada por papéis de grande sucesso na TV, no cinema e no streaming.

Entre seus trabalhos mais memoráveis estão as protagonistas Jeiza, em A Força do Querer (2017), e Vivi Guedes, em A Dona do Pedaço (2019), personagens que a consolidaram como um dos maiores nomes da teledramaturgia brasileira. Além disso, sua atuação em Amor à Vida (2013), como Paloma, também conquistou o público e a crítica.

Agora, Paolla encara o desafio de viver Heleninha Roitman na regravação de Vale Tudo , um dos maiores clássicos da televisão. O papel, originalmente interpretado por Renata Sorrah, é um dos mais emblemáticos da trama e promete ser um divisor de águas na carreira da atriz.

A novela original é de autoria de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères. Ela foi exibida entre 1988 e 1989 e fez um estrondoso sucesso. O mistério sobre quem matou Odete Roitman (Beatriz Segall) mobilizou os telespectadores no final da trama. Taís Araujo e Bella Campos também estão confirmadas na novela das nove de Manuela Dias, nos papéis de Raquel e Maria de Fátima, mãe e filha protagonistas da história.

IcMagazine

Famosos

Reality BBB 25 vai começar com teste de afinidade entre as duplas

Participante já serão divididos entre VIP e xepa na estreia

Modificado em 13/01/2025, 11:06

Tadeu Schmidt no BBB 25

Tadeu Schmidt no BBB 25 (Fabio Rocha/TVGlobo)

O BBB 25 estreia na próxima segunda-feira (13) e já vai começar com uma mini prova. No Fantástico deste domingo (12), Tadeu Schmidt deu alguns detalhes do que vai acontecer.

A prova será um teste do quanto as duplas se conhecem entre si. Cada participante, ao entrar na casa, terá de escolher um número de um a cinco e optar entre líder ou anjo. Em seguida, sua dupla terá que adivinhar o que o parceiro escolheu.

As duplas que acertarem as escolhas do parceiro começarão no VIP (maior acesso à variedade de alimentação) e as que errarem estarão direto na xepa (comida racionada).

Tadeu ainda anunciou um detalhe: a dupla que entrará no dia da estreia, por votação popular, já entra no programa com imunidade.

IcMagazine

Famosos

Dona Déa Lúcia anuncia a aposentadoria da TV para 2025

"Estou cansada já", adianta a assistente de palco do apresentador Luciano Huck

Dona Déa: "Três coisas salvaram a minha vida: minha fé, meu trabalho e minha família”

Dona Déa: "Três coisas salvaram a minha vida: minha fé, meu trabalho e minha família” (Angélica Goudin / Globo)

Dona Déa Lúcia, 77, anunciou que 2025 será seu último ano como assistente de palco do apresentador Luciano Huck. A mãe do humorista Paulo Gustavo (1978-2021), que chegou ao Domingão com Huck, na Globo, há dois anos, revelou que vai se aposentar: "Estou cansada", declarou a cantora.

Ela continuou: "Ano que vem vou continuar trabalhando no Domingão, curtindo meus netos, e depois vou me aposentar definitivamente. Ano que vem é o meu último ano na TV", afirmou em entrevista à Quem.

Avó dos gêmeos Gael e Romeu, de cinco anos, frutos do casamento do filho com o médico Thales Bretas, Déa contou que pretende passar mais tempo com os netos. "A energia é só para os netos, e assim mesmo até a página três", brincou, fazendo referência ao cansaço.

Dona Déa Lúcia também falou sobre a saudade de Paulo Gustavo, que morreu em 2021 por complicações da Covid-19. "Meu ano, como todos os outros, tem uma lágrima sempre saindo, mas foi um ano bom. Trabalhei. Três coisas salvaram a minha vida: minha fé, meu trabalho e minha família. Então, o ano para mim foi maravilhoso", disse a cantora, que virou amiga pessoal de Luciano Huck. "Ele é um querido, um grande amigo", disse em uma entrevista recente.

Carreira

Natural de Barra do Piraí, Déa Lúcia, mais conhecida como Dona Déa, trabalhou por 30 anos como cantora de uma banda e tocava em festas para ajudar a pagar as contas, além de ser dona de casa. Começou a ganhar grande notoriedade no País após o filme Minha Mãe é Uma Peça, de Paulo Gustavo, ir ao ar nos cinemas em 2013. O longa chegou a vender 26 milhões de ingressos no Brasil.

Dona Déa inspirou o filho, dono do espetáculo, a fazer a personagem principal dos filmes. Em 2016 e 2019, Paulo Gustavo lançou mais duas sequências e também incluiu imagens da mãe após os créditos da obra. Depois da terceira versão do filme, subiu nos palcos com o filho na peça Filho da Mãe.

Com seu jeito alegre, descontraído e capaz de falar com diferentes públicos, Dona Déa apresentou na Globo o especial Falas da Vida, programa inspirado no especial Falas e que marcou a comemoração ao Dia Internacional das Pessoas Idosas e Dia Nacional do Idoso, celebrado em 1º de outubro.

Geral

Laudo indica que piloto morto pela PM não tinha pólvora na mão

Ministério Público pede que Justiça avalie se resultado pode ser considerado prova nova para reabrir inquérito sobre triplo homicídio. Relação com narcotráfico já foi descartada

Modificado em 17/09/2024, 17:19

Helicópteros apreendidos após abordagem do COD que resultou na morte de três pessoas em chácara

Helicópteros apreendidos após abordagem do COD que resultou na morte de três pessoas em chácara
 (Wesley Costa)

O laudo de identificação de resíduos de disparo de arma de fogo feito a partir de material colhido no corpo do piloto Felipe Ramos Morais, morto aos 35 anos com mais duas pessoas durante uma abordagem policial em uma chácara em Goiânia no dia 17 de fevereiro de 2023, deu negativo para pólvora. Nesta quinta-feira (22), o Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) encaminhou para a Justiça requerimento para que seja analisado o resultado do laudo e se avalie a reabertura do inquérito que apurou o triplo homicídio devido ao surgimento de uma possível prova nova.

A Justiça havia arquivado o processo em agosto de 2023 sob alegação de que não havia elementos para apontar se houve crime ou não na ação realizada por policiais do Comando de Operações de Divisas (COD) da Polícia Militar do Estado de Goiás (PM-GO). Além de Felipe, foram mortos os mecânicos de aeronaves Paulo Ricardo Pereira Bueno, de 36 anos, e Nathan Moreira Cavalcante, de 22. A abordagem foi realizada pelo então comandante do COD, tenente-coronel Edson Luiz Souza Melo Rocha, e pelo major Renyson Castanheira Silva.

O resultado do exame ficou pronto em maio de 2023, porém só foi encaminhado para a Justiça no dia 20 de agosto deste ano após diversas ordens judiciais ignoradas pela Polícia Científica do Estado de Goiás. O laudo foi assinado pelo perito Marcos Tiago de Amaral e Elói, do Instituto Nacional de Criminalística (Ditec) da Polícia Federal, e foi encaminhado para a Polícia Científica em 1º de junho. Como o Instituto de Criminalística estadual não realiza este tipo de exame, o pedido é repassado para a Polícia Federal, que depois devolve para a Polícia Científica.

Polícia não encontra relação de mortos pelo COD em Goiânia e tráfico e processo é arquivado
Polícia Civil não investiga possível envolvimento de mecânicos e piloto mortos em ação da PM em Goiânia com tráfico
Justiça de Goiás nega pedido de devolução de helicóptero usado para o tráfico de drogas

Felipe era considerado inimigo jurado de morte do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa surgida em São Paulo e com ramificações em todo o Brasil, desde que ao ser preso acusado de participação na morte de dois líderes do grupo, em 2018, resolveu delatar os ex-companheiros e ajudou a Justiça a prender outros integrantes e a recuperar mais de R$ 1 bilhão em dinheiro e bens.

A ação policial do COD se deu em uma chácara na saída de Goiânia para Abadia de Goiás, onde os três que foram mortos faziam a manutenção de três helicópteros. O tenente-coronel afirmou na época que o comando recebeu uma denúncia anônima de que o local era usado como ponto de referência para tráfico e distribuição de drogas e ao chegarem lá para verificação foram recebidos a tiros, por isso reagiram.

O exame residuográfico só aconteceu por causa da mobilização da família de Felipe, que acionou a Justiça para garantir a realização do laudo. O material só foi colhido no cadáver do piloto porque quando os parentes dele chegaram com a decisão judicial na madrugada do dia 18, os familiares de Paulo Ricardo e de Nathan já haviam retirado seus corpos para velório e sepultamento. O Instituto Médico Legal (IML) também já teria se livrado das roupas usadas pelos três, o que inviabilizou esta possibilidade para o teste.

A família de Paulo Ricardo chegou a entrar com um pedido similar na manhã do dia 18, mas neste caso a Justiça negou a autorização para o exame por ter passado mais de 12 horas após a morte. Isso, segundo o MP-GO na época, tornaria o resultado inconclusivo.

A Polícia Civil não pede exames residuográficos nos corpos de pessoas mortas em ações policiais sob alegação de que este tipo de teste é bastante questionado por peritos criminais por causa de uma suposta probabilidade alta de falsos positivos ou mesmo falso negativo. As famílias dos três mortos na abordagem pelos policiais do COD sempre afirmaram que o confronto foi forjado e que eles foram executados. Obrigada pela Justiça, a Polícia Civil investigou e não encontrou nenhuma prova de que os três tivessem envolvimento com tráfico de drogas e o inquérito foi arquivado em junho.

Na conclusão do laudo, o perito afirma que não foram encontrados nem resíduos determinantes nem indicativos de disparo de arma de fogo nas amostras encaminhadas, mas destaca que uma instrução técnica orienta que as superfícies analisadas não tenham sido lavadas e, segundo o Instituto Médico Legal (IML) de Goiânia, Felipe morreu por volta de 14h20 do dia 17 de fevereiro de 2023, o cadáver passou por processo de limpeza com água às 19h e a coleta foi feita às 13h25 do dia seguinte. "Tal fato pode ter contribuído para o resultado dos exames", afirma Marcos Tiago.

Com base no resultado, o promotor Lauro Machado Nogueira, da 41ª Promotoria de Justiça de Goiânia, encaminhou ofício à 3ª Vara Criminal dos Crimes Dolosos contra a Vida para que avalie o exame junto ao processo com o inquérito que apurou as circunstâncias em que se deram as mortes. O documento fala em uma "possível prova nova", sem se aprofundar no resultado. Desde janeiro, o promotor vinha alertando à Justiça sobre a demora da Polícia Científica em encaminhar o resultado do exame.

Demora no envio

A Justiça chegou a expedir quatro ordens para que a Polícia Científica entregasse o laudo. A primeira em setembro, após a família de Felipe cobrar a entrega do laudo. Na terceira vez que a Justiça pediu o laudo, em fevereiro deste ano, o juiz Liciomar Fernandes da Silva, da 4ª Vara Criminal dos Crimes Punidos com Reclusão e Detenção, chegou a falar que seria a "última vez" que determinaria a intimação e, "diante de reiteradas abstenções quanto ao cumprimento da ordem judicial", que a Corregedoria da Polícia Técnico Científica do Estado de Goiás fosse notificada.

Em julho, a juíza Ana Cláudia Veloso Magalhães, da 1ª Vara das Garantias, mandou intimar pessoalmente o gerente do Instituto de Criminalística "sob as penas da lei".

O jornal questionou a Polícia Científica uma explicação sobre o resultado e sobre a demora no encaminhamento, mas na resposta o órgão afirmou apenas que o perito responsável pelo laudo não pertence aos seus quadros, e que por isso mesmo "não pode comentar acerca de laudo de outra força policial".

Contradições

Em agosto do ano passado, o promotor Spiridon Anyfantis, da 83ª Promotoria de Justiça de Goiânia, afirmou, ao pedir o arquivamento das investigações, que até então "não foram obtidas provas aptas a esclarecer, de maneira satisfatória, as circunstâncias do fato retratado nos autos" e que apesar de a hipótese de crime não pudesse ser descartada, encontravam-se ausentes "elementos necessários à oferta de denúncia". Ele destacou o fato de a Polícia Civil não ter encontrado nada contra os mecânicos mortos.

A chácara era usada há algum tempo por Felipe para manutenção de helicópteros. Atualmente, a família de Felipe e o dono de uma das aeronaves tenta reaver o material apreendido em fevereiro de 2023, com posicionamento favorável do MPGO. "Não se pode afirmar que os bens apreendidos, ora pleiteados, sejam instrumentos ou produtos do tráfico", afirmou o órgão em um parecer anexado ao processo.

Os argumentos do promotor seguem o posicionamento dos peritos criminais que participaram da elaboração de laudos do local de morte e da reprodução simulada, apontando que a versão apresentada pelos policiais militares é verossímil, mas não pode ser confirmada. "Não existem elementos suficientes a caracterizar a legítima defesa pleiteada. De igual forma, inexistem elementos suficientes para sustentação de ação penal contra os policiais nominados."

Os pontos que chamam a atenção tanto dos peritos como do promotor e que os impediram de chegar a uma conclusão são: o recolhimento dos estojos das munições das armas dos policiais da cena; as armas que supostamente foram usadas pelas vítimas estarem dentro de um carro na hora em que os peritos chegaram; as vítimas terem sido levadas por socorristas mesmo já estando mortas; e o fato de um veículo próximo aos corpos ter sido alvejado por apenas dois disparos, apesar da dinâmica e do número de tiros que atingiram as vítimas.

O delegado Alexandre Bruno Barros, na época adjunto da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH), concluiu em seu relatório pela tese da legítima defesa sem abordar os apontamentos feitos pelos peritos. No dia da ação policial, o delegado esteve na chácara e já havia se posicionado favorável à versão dos policiais.

Cobrança

O pai de Felipe, Carlos Alberto Morais, diz esperar que a remessa do laudo à Justiça leve alguma autoridade a providenciar a reabertura do inquérito e que, desta vez, seja feita o que ele chama de leitura correta das provas e fatos arrolados no processo. Ele cita também o resultado da investigação que não encontrou nenhuma ligação de Felipe e dos dois mecânicos com tráfico de drogas. Segundo Carlos, é mais uma prova nova de que os três foram executados. "Nossa esperança é que os responsáveis sejam punidos. Vamos aguardar a manifestação da Justiça."

Edson deixou o comando do COD em abril deste ano, após a morte de duas pessoas por seis policiais do batalhão especializado. Atualmente, ele atua na segurança do candidato a prefeito por São Paulo, Pablo Marçal (PRTB). Ele não foi localizado pelo POPULAR para comentar o resultado do exame.