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Série de 'O Senhor dos Anéis' traz a beleza dos filmes com muito ruído

Novo show do Prime Video é merecida viagem de volta à Terra-Média

Folhapress

Modificado em 20/09/2024, 03:49

Senhor dos Aneis

Senhor dos Aneis (Matt Grace / Prime Video)

A chegada de uma série de TV inspirada na obra de J.R.R. Tolkien preocupa há anos os entusiastas da Terra-Média. É fácil escorregar na hora de recriar um mundo tão complexo --e por isso tão delicado--quanto o de Tolkien.

Foi, aliás, o que aconteceu com o livro "O Hobbit", uma breve e divertida história que virou uma ambiciosa trilogia épica de horas e horas de duração. Ali se perdeu a essência do texto --uma sátira de gêneros medievais.

Mas, a julgar pelos primeiros episódios de "Os Anéis de Poder", os fãs podem baixar --um pouco-- a guarda e admirar as gaivotas voando no céu da Terra-Média. A série reconstrói com carinho e sensibilidade o universo que há décadas alucina leitores e espectadores. É uma merecida viagem de volta à Terra-Média, com paradas em Valinor e em Númenor. Tem aquela magia que parecia perdida desde 2003, data do último filme da trilogia de "O Senhor dos Anéis".

O roteiro de "Os Anéis de Poder" é inspirado nos apêndices dos livros de Tolkien e em anotações soltas. A história se passa milhares de anos antes dos acontecimentos de "O Senhor dos Anéis", mas há intersecções entre os dois enredos.

Esses pontos de contato ajudam a criar uma sensação de familiaridade para quem não conhece o universo a fundo. A protagonista, por exemplo, é a elfa Galadriel, imortalizada por Cate Blanchett nos filmes e agora interpretada por Morfydd Clark.

A Galadriel da série é mais jovem e mais impetuosa do que a de "O Senhor dos Anéis". Tenta convencer os elfos de que o ser maligno Sauron --que na era retratada em "Os Anéis de Poder" ainda não era um terrível olho em chamas-- não foi destruído. Deslumbrados pelos anos de paz, os elfos não acreditam nela.

A série mostra, também, as profundezas de Khazad-Dûm, que aparece na trilogia posterior com o nome de Moria. Há alguma beleza em por fim ver o esplendor daquelas cavernas, que já estavam abandonadas quando Frodo e a Sociedade do Anel passaram por ali uma era depois.

O fio condutor da série, ademais, é a criação dos anéis do poder que são centrais à trama dos filmes. Os fãs já conhecem a história toda, mas é a primeira vez em que ela aparece em detalhes, fora da sua imaginação.

Não são só os personagens e cenários que evocam a trilogia do cinema. Os efeitos especiais foram feitos pelas mesmas empresas, de maneira a manter a coerência estética. A trilha sonora é do mesmo compositor, Howard Shore.

Mesmo algumas das soluções visuais são semelhantes, como a decisão de fazer a lente da câmera sobrevoar o mapa da Terra-Média durante narrações. Em tese, vai ser fácil fazer a transição entre a última cena da série e a primeira dos filmes.

Os dois enredos provavelmente se entrelaçam na histórica aliança entre homens e elfos para derrotar Sauron, narrada nos primeiros minutos de "A Sociedade do Anel", que estreou a trilogia em 2001.

Apesar de todas essas reconfortantes semelhanças, "Os Anéis de Poder" se distingue de "O Senhor dos Anéis" em um ponto fundamental. A série, ao contrário do filme, escalou atores não brancos para diversos papéis. A Terra-Média finalmente representa a variedade do nosso mundo.

Não faltaram detratores quando foi anunciado, no começo do ano, que "Os Anéis de Poder" teria personagens negros. Incomodou em especial a decisão de ter um elfo negro, o personagem Arondir, interpretado por Ismael Cruz Córdova. Houve quem insistisse em que os elfos precisam ser brancos para convencer o público de que são reais. Vale o spoiler aqui --elfos não são reais.

A série acerta em cheio na decisão de espelhar a nossa Terra real na Terra-Média de Tolkien. Com isso, "Os Anéis de Poder" cria um mundo em que diferentes povos, sejam elfos, hobbits ou humanos, brancos ou negros, homens ou mulheres, podem colaborar para derrotar Sauron, a encarnação do mal.

Com todas essas qualidades, decepciona um pouco que a série corra o risco de ser mais um épico do fim dos tempos --o mesmo escorregão da adaptação de "O Hobbit". Tudo é estrondoso demais, tudo parece prestes a desmoronar. Sobra pouco tempo para apreciar a fragilidade desse belo mundo mágico.

Nos dois primeiros episódios, a série mostra Galadriel escalando paredões de gelo, derrotando um monstro, enfrentando ondas gigantes no mar. Não precisava de tanto suor. Uma das coisas mais singelas do texto de Tolkien é justamente o controle da mão, a capacidade de emocionar mesmo quando narra uma espada se chocando com outra no escuro.

A trilogia de "O Senhor dos Anéis" conseguiu reproduzir esse dom. Resta ver se "Os Anéis de Poder" vai repetir o feito.

O SENHOR DOS ANÉIS: OS ANÉIS DE PODER

Avaliação: Ótimo

Quando: Estreia na sexta (2), no Amazon Prime Video

Classificação: 16 anos

Elenco: Morfydd Clark, Maxim Baldry e Nazanin Boniadi

Produção: EUA, 2022

Criação: Patrick McKay e J.D. Payne

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Marco Nanini vive João de Deus em série que revive os abusos

Série 'João sem Deus - A Queda de Abadiânia', dirigida por Marina Person, está disponível no Canal Brasil e no Globoplay

Modificado em 19/09/2024, 01:18

Marco Nanini: "Foi um desafio, mas o convite da Marina veio de forma muito gentil. Eu não podia rejeitar”

Marco Nanini: "Foi um desafio, mas o convite da Marina veio de forma muito gentil. Eu não podia rejeitar”
 (Divulgação)

LEONARDO SANCHEZ

Ruazinhas apertadas passeiam por predinhos antigos, alguns literalmente caindo aos pedaços, no que parece um túnel do tempo. No fundo daquela vila cercada por cancelas e portões, Abadiânia, município de 20 mil habitantes no interior de Goiás, foi recriada em plena capital paulista, no fim do ano passado.

Localizada na zona leste de São Paulo, a antiga vila operária Maria Zélia reflete o senso de isolamento e desconexão com a realidade que cercava a cidadezinha goiana. Por isso, foi o cenário perfeito para as gravações da série João sem Deus - A Queda de Abadiânia .

Foi em meio à ausência do poder público e a muito misticismo, afinal, que o médium manteve centenas de abusos sexuais em sigilo por décadas. Agora condenado, por esses e outros delitos que reforçavam o coronelismo que regia Abadiânia, João Teixeira de Faria é mais uma vez execrado na praça pública do audiovisual.

A série, que estreou no Canal Brasil e no Globoplay, retoma o frenesi midiático que rondou o caso quando os crimes vieram à tona, em dezembro de 2018. Rememora também a dupla de documentários que ajudaram o público a ter dimensão da rede de abusos que era a Casa de Dom Inácio de Loyola, sede das bênçãos e cirurgias espirituais do médium e também de seus crimes - Em Nome de Deus , do Globoplay, e João de Deus: Cura e Crime , da Netflix.

Mas a série que sai agora se distância dessas produções e das muitas reportagens que inundaram o noticiário televisivo ao escolher a ficção como ferramenta. Dirigidos por Marina Person, os episódios dão ênfase a três vítimas imaginárias, mas baseadas num trio de perfis observados entre as mais de 300 mulheres que foram abusadas.

Interpretada por Bianca Comparato, Carmen trabalha na Casa de Dom Inácio e se mantém fiel ao médium quando os casos começam a aparecer. Maria Clara Strambi vive a sua filha, Ariane, que passa por um processo até assimilar o que sofreu. E Cecília, personagem de Karine Teles, sabe desde o princípio que foi abusada, mas se cala até ser encorajada por uma amiga.

"Não é uma biografia do João de Deus, que dá visibilidade à trajetória dele. Ela pode até ser interessante, mas isso não me interessava contar", diz Person. "Ainda assim fiquei cheia de dúvida ao aceitar o projeto, porque é difícil lidar com as dores de pessoas reais. Foi preciso muito cuidado. Na primeira leitura que fizemos, todas as mulheres na sala relataram ter vivido casos de abuso, então falamos de uma realidade que está na nossa cara."

Para Person, era essencial que a trama fosse contada por mulheres, e foi por isso que ela deixou os postos de comando de sua equipe em mãos femininas. Outro cuidado que teve foi o de não julgar a fé daqueles que teriam sido curados ou ajudados por João de Deus, uma crença que, para muitos, nem seus crimes conseguiram abalar.

"Quando os casos vieram à tona, fiquei atônita, passada, triste, porque era um lugar que fazia bem para as pessoas. Eu fui para Abadiânia como acompanhante uma vez, e eram centenas meditando, numa corrente. É inegável que isso tem algum efeito. Eu não sou totalmente cética, mas não consigo me entregar totalmente. Agora, o sagrado de cada um é sagrado, e nós respeitamos isso."

Apesar da trama ser centrada no trio feminino, um homem deve roubar a cena pelo assombro que vai causar no público - que o guarda num lugar especial, quase paternal, em boa parte graças à longevidade de A Grande Família. Marco Nanini foi escolhido para viver João de Deus, numa performance que disseca, aos poucos, a monstruosidade e o descontrole do médium.

Durante as gravações, os cabelos brancos lambidos para trás, tão desprovidos de cor quanto as vestimentas, davam tom de divindade e capturavam a atenção enquanto Nanini deslizava pelo enorme galpão transformado em templo na Vila Zélia, em meio a retratos de Jesus Cristo e decorações de Natal.

"Para aqueles que têm fé, nenhuma explicação é necessária. Para os que não têm, nenhuma explicação é possível", lia-se num letreiro no centro do altar, de onde o ator benzia uma fila de pessoas. Na cena seguinte, Nanini empunhava uma tesoura para cavocar o nariz de uma figurante, num momento incomodamente visual sobre as cirurgias que supostamente livravam os seguidores de tumores e outras mazelas.

"Foi um desafio, mas o convite da Marina veio de forma muito gentil. Eu não podia rejeitar", diz Nanini. "Eu não queria imitar o João de Deus nem fazer juízo sobre ele. Queria um personagem como outro qualquer. Mas eu sentia emoções estranhas, porque havia cenas complicadas de fazer, como cenas de estupro. Eu fazia e ficava chocado, claro, mas não queria passar esse julgamento para o meu trabalho."

O set repleto de mulheres, afirma o ator, foi importante para que o clima fosse o mais leve que o tema permitia que todos os envolvidos se sentissem seguros ao interpretar a história. "Foi uma surpresa agradável, porque eu nunca tinha visto uma equipe assim. Aliviou o peso do trabalho", diz Nanini, assimilando do alto de seus 60 anos de carreira não só uma nova era do audiovisual, mas do mundo como um todo, como o derretimento da figura de João de Deus atesta.

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Julia Konrad estrela séries em três idiomas diferentes

Modificado em 19/09/2024, 00:20

Julia Konrad estrela séries em três idiomas diferentes

(Dessa Pires)

Neste ano, Julia Konrad, de 32 anos, poderá ser vista falando três idiomas distintos em três séries diferentes para três plataformas de streaming concorrentes. Na segunda temporada de 'Cidade Invisível' (Netflix), ela interpreta a ativista brasileira Gabriela, falando o português nativo. Enquanto isso, em 'Dom' (Prime Video), ela vive uma agente da Interpol que fala espanhol. Já em 'Rio Connection', que chegará ao Globoplay daqui uns dias, dará vida a uma personagem cujo idioma nativo será o inglês.

"Às vezes eu me embanano toda", brinca a atriz, natural de Recife (PE). Por ter crescido em Buenos Aires, na Argentina, ela diz que, às vezes, se sente "mais argentina do que brasileira". Alfabetizada em três idiomas, Julia ainda se formou em artes cênicas em Nova York (EUA).

"Essa mudança de chavinha de um projeto para o outro, de um idioma ao outro, adiciona camadas a mais nessas construções e deixa os personagens mais redondos. Sempre almejei uma carreira internacional, entre Brasil, Argentina e Espanha. Me sinto mais preparada para fazer qualquer papel", afirma.

(Dessa Pires)

(Divulgação Glamour)

(Bruna Valença)

(Divulgação Hering)

(Julia Rodrigues)

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Mario Sergio Conti

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Leandro Hassum contracena com filha pela 1ª vez em 'Amor Sem Medida'

Filme chega à plataforma de streaming nesta quinta-feira (18)

Modificado em 21/09/2024, 00:27

Leandro Hassum contracena com filha pela 1ª vez em 'Amor Sem Medida'

(Reprodução/ Twitter )

Estrelando sua segunda produção original Netflix, o ator Leandro Hassum, 48, celebra o lançamento do filme "Amor Sem Medida", nesta quinta-feira (18), remake do filme argentino "Corazón de León". Além de contracenar com Juliana Paes, 42, na comédia romântica, o artista também atua ao lado de sua filha, Pietra Hassum, para falar sobre um amor sem barreiras.

"Trouxemos um roteiro super consagrado para a nossa versão brasileira, nossa forma de encarar o amor", afirma. Na trama, o ator interpreta o cardiologista renomado Ricardo Leão, um homem com estatura muito baixa, que mostra seu valor em tudo o que faz e se apaixona por Ivana (Juliana Paes), uma mulher forte.

Os dois se conhecem quando a advogada recém-divorciada Ivana perde seu celular e Leão o encontra. Após uma breve conversa, o cirurgião convida a dona do aparelho para um café, e então faz de tudo para conquistá-la. A dona do celular fica surpresa de primeiro com a altura de seu novo relacionamento.

O artista conta que, assim como seu personagem, já precisou superar padrões para que as pessoas não o vissem de forma diferente. "[O Leão] busca se tornar interessante por vários outros lugares e de outras formas, assim como o Leandro Hassum", explica. "Por ter um tipo físico fora dos padrões, eu precisava ser um cara que se superava", afirma.

Além disso, também foi fácil levar a relação que tem com sua filha para os sets de filmagem, na estreia de Pietra em filmes. "Foi delicioso porque eu sou um pai babão", comenta, "e foi muito parecido com a relação que temos aqui em casa". Hassum afirma que, em sua família, a cumplicidade e liberdade são muito presentes.

"É muito bacana trazer essa visão do filho aconselhando o pai, porque essa geração tem acesso muito mais rápido a informação do que as gerações anteriores", completa o ator. Ele também pontua que o longa-metragem reforça que o amor deve prevalecer acima de tudo, e deve ser despido de preconceitos e julgamentos.

"É importante que, por meio do audiovisual e da comédia, a gente consiga passar essa mensagem", diz. Para ele, o filme mostra, pelo humor, como não existem empecilhos quando há o amor verdadeiro. "Quando amamos não tem barreira, fronteira, altura, forma física, nada. É amor."

O ator ainda diz que está animado com o lançamento do filme e que gostaria de superar as marcas positivas que alcançou com o sucesso "Tudo Bem no Natal Que Vem" (2020), também original da Netflix. "Cada vez que se faz um sucesso a sua expectativa e responsabilidade aumentam", afirma. "E com grandes poderes vêm grandes responsabilidades".

O longa-metragem tem direção de Ale McHaddo, com roteiro de Michelle Ferreira. A produção é de Geórgia Costa Araújo e Luciano Patrick, com produção executiva de Patrick, Andrezza de Faria e Nicole Weckx.

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Sob pressão e vaivém de local, Caiado afina discurso para lançar pré-candidatura

Com o bordão “Coragem para Endireitar o Brasil”, painéis, bandeiras, adesivos e camisetas terão o slogan nas cores verde, amarelo e azul

Modificado em 28/03/2025, 23:06

Caiado participa de Cavalgada do 2º Encontro de Comitivas de Goiás, na quinta-feira (27): “Acomodações virão ‘naturalmente’ em 2026”

Caiado participa de Cavalgada do 2º Encontro de Comitivas de Goiás, na quinta-feira (27): “Acomodações virão ‘naturalmente’ em 2026” (Wesley Costa)

Após pressões de correligionários pelo adiamento, vaivém de local e incertezas sobre quem de fato participará do evento, o governador Ronaldo Caiado (UB) chega a uma semana do lançamento de sua pré-candidatura focado na preparação do discurso, que seguirá o conceito do slogan "Coragem para Endireitar o Brasil". Painéis, bandeiras, adesivos e camisetas confeccionados para o ato, no dia 4 de abril, em Salvador (BA), terão o slogan nas cores verde, amarelo e azul.

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Segundo informações do União Brasil, o bordão e a identidade visual do evento foram propostos por núcleo de criação que trabalha com o ex-prefeito de Salvador e vice-presidente nacional do partido, ACM Neto. Os marqueteiros Ana Luisa Almeida e André Schaer, que trabalharam na campanha de Caiado a governador em 2018, são parte do time, de acordo com correligionários.

Ao restabelecer o Centro de Convenções de Salvador (CCS) como sede do evento, como mostrou o POPULAR nesta sexta-feira (28), Caiado minimizou os desgastes e disse que será mais adequado para garantir "liberdade" nos discursos e na decoração da festa, sem riscos de problemas jurídicos.

As semanas que antecedem o evento vêm sendo de dificuldades internas para Caiado, diante de avanços nas articulações pela federação entre UB e PP, recusas de lideranças importantes do partido em participar do ato e pedidos de adiamento do início da pré-campanha.

Parte das lideranças do UB defendia que o governador focasse apenas no recebimento do título de cidadão e da comenda 2 de julho, concedidos pela Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), e deixasse para mais adiante o lançamento do nome para 2026.

Em meio a essas pressões por caráter mais institucional, Caiado acabou aceitando transferir o evento do CCS para o estacionamento da Alba, na última terça-feira (25). No entanto, diante de alertas de uso indevido de prédio público para evento político-eleitoral, ele acabou mudando de ideia para voltar ao CCS.

Condenado recentemente por abuso de poder político justamente por ter utilizado o Palácio das Esmeraldas em evento em favor do então candidato a prefeito de Goiânia do UB, Sandro Mabel, Caiado preferiu não correr o risco de ser alvo de nova ação. Como mostrou o POPULAR nesta quinta-feira (27), o julgamento do recurso de Caiado contra a condenação está marcado para o dia 8 de abril no Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO).

O título e a comenda serão entregues também no Centro de Convenções. Segundo auxiliares, o regimento da Alba estabelece que é necessário requerimento de três deputados para a realização de sessão solene simbólica fora da sede. O UB tem oito parlamentares na bancada baiana e já teria feito o pedido.

Apesar da expectativa da presença de correligionários da Bahia - além de ACM Neto, o prefeito de Salvador, Bruno Reis (UB), também participa da organização -, ainda não há informações sobre quais lideranças da cúpula nacional e de outros estados vão comparecer.

O avanço da proposta da federação ajudou a esvaziar o evento, depois de informações, ainda de fevereiro, de que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (UB-AP) não estaria presente. Alcolumbre mantém proximidade com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com quem viajou ao Japão esta semana. O UB também tem indicações de três ministros, que também já se manifestavam contrários a lançamento antecipado de pré-candidatura de Caiado.

Depois das conversas em favor da federação, cresceram as pressões pelo adiamento e manifestações de ausência. Nem mesmo a assessoria do presidente nacional do partido, Antonio Rueda, confirma a participação dele, embora o grupo de Caiado mantenha expectativa de que ele vá.

Na bancada na Câmara dos Deputados, com 59 parlamentares, apenas 2 haviam confirmado presença ao longo desta semana, segundo informações da assessoria da liderança: Cristiane Lopes (RO) e Pauderney Avelino (AM).

De Goiás, a comitiva deve ser grande: conforme mostrou o Giro na primeira quinzena de março, metade dos deputados estaduais e pelo menos cem prefeitos compraram suas passagens para Salvador. Também há mobilização de auxiliares e comissionados do governo.

O espaço reservado no CCS tem cerca de dois mil metros quadrados, com capacidade para 4,2 mil pessoas. O palco terá 330 metros quadrados.

Discurso

A escolha das palavras "coragem" e "endireitar" no slogan da pré-campanha busca ressaltar duas das bandeiras que Caiado quer explorar no giro que pretende dar pelo País: a primeira pelo que considera "independência moral" e "exemplos na prática" da capacidade em enfrentar problemas; e a segunda que representa tanto a tradicional atuação dele na direita como o sentido de "consertar" o País.

Seguindo em forte oposição ao governo Lula, ele vai ressaltar que foi um dos primeiros a chamar atenção para o que considera inação do terceiro mandato do petista, ao dizer em abril do ano passado que o presidente "perdeu a vontade de governar".

Ele também deve reafirmar o cansaço da população com "polarização entre extremos" e falta de foco nos maiores problemas do País. Como já vem ressaltando em palestras e entrevistas em vários Estados, o governador vai comparar índices do Brasil com países como Índia e China para ressaltar o atraso em ações que considera prioritárias.

Inviabilidade

Segundo aliados, Caiado segue apostando que a federação com o PP não vai prosperar, apesar de sinais fortes de disposição ao acerto entre a maioria das lideranças dos dois partidos. Na noite da última terça-feira, o governador teve jantar com Rueda e com o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), quando voltou a defender que a união é inviável no caso de dois grandes partidos.

Sobre a falta de apoio interno, independentemente de federação, o governador atribui os movimentos a articulações da gestão de Lula e afirma que, mais adiante, "quando o governo estiver acabando", o partido se reorganizará.

Ele tem defendido que as "acomodações virão naturalmente" em 2026. Até lá, acredita que será mais conhecido nacionalmente, com maior pontuação nas pesquisas, e com discurso condizente com o sentimento majoritário da população, o que ampliará as chances de ser escolhido na convenção partidária.