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Câmara de Inhumas decide abrir procedimento para apurar ida de vereador a ato terrorista em Brasília

Órgão legislativo se referiu aos atos como “inadmissíveis”

Modificado em 19/09/2024, 00:07

Vídeo em que o vereador de Inhumas José Ruy aparece em meio aos atos antidemocráticos em Brasília viraliza nas redes sociais

Vídeo em que o vereador de Inhumas José Ruy aparece em meio aos atos antidemocráticos em Brasília viraliza nas redes sociais (Reprodução/Redes Sociais)

Em resposta a uma solicitação de informações feita pela Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO), a Câmara Municipal de Inhumas informou que vai instaurar um procedimento para apurar a ida do vereador José Ruy (PTC) aos atos terroristas ocorridos em Brasília no último domingo (8). O político aparece em um vídeo que viralizou nas redes sociais caminhando e acenando para a câmera na área invadida do Congresso Nacional.

O ofício de resposta à solicitação da DPE-GO, que se referiu à atitude de José Ruy como "inconcebível", foi enviado pela Câmara de Inhumas nesta terça-feira (10). No documento, o órgão legislativo afirma que os atos registrados nos prédios dos Três Poderes são "intoleráveis e inadmissíveis, posto que representam um ataque as instituições".

A Câmara nega, ainda, ter custeado a ida do parlamentar aos atos e declarou que "os gastos públicos realizados pelo legislativo inhumense obedecem estritamente aos princípios constitucionais, e em nenhuma hipótese seriam disponibilizados para atos se não estão em irrestrita consonância com o exercício da legislatura e do interesse público".

"Referente a instauração de procedimento por quebra de decoro parlamentar, informamos que será instaurado o devido procedimento cabível, para apurar os fatos publicamente apresentados, à luz do regimento interno, da lei orgânica municipal, e do código de ética dos vereadores, respeitando ainda, outros mandamentos legais, como o contraditório e a ampla defesa", conclui o ofício, que leva a assinatura do presidente da Casa, o vereador Suair Teles.

A reportagem não conseguiu localizar o vereador para um posicionamento. O espaço permanece aberto.

Vídeo em que o vereador de Inhumas José Ruy aparece em meio aos atos antidemocráticos em Brasília viraliza nas redes sociais

Vídeo em que o vereador de Inhumas José Ruy aparece em meio aos atos antidemocráticos em Brasília viraliza nas redes sociais (Reprodução/Redes Sociais)

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Sogra morre após infartar por genro ameaçar ela e a filha com arma e atirar para o alto durante discussão, diz polícia

Justiça decidiu manter a prisão de Rodrigo Alves Primo, de 32 anos

Lúcia Helena Rosa Lino, de 57 anos, era hipertensa, segundo a família. Ela deixou duas filhas e três netos

Lúcia Helena Rosa Lino, de 57 anos, era hipertensa, segundo a família. Ela deixou duas filhas e três netos (Arquivo pessoal/Amanda Rosa Lino)

Lúcia Helena Rosa Lino, de 57 anos, era hipertensa, segundo a família. Ela deixou duas filhas e três netos (Arquivo pessoal/Amanda Rosa Lino)

Lúcia Helena Rosa Lino, de 57 anos, era hipertensa, segundo a família. Ela deixou duas filhas e três netos (Arquivo pessoal/Amanda Rosa Lino)

Lúcia Helena Rosa Lino, de 57 anos, morreu após infartar depois que o genro ameaçou ela e a filha com uma arma de fogo e ainda atirou para o alto durante uma discussão, em Inhumas, na Região Metropolitana de Goiânia, de acordo com a Polícia Militar (PM). Rodrigo Alves Primo, de 32 anos, foi preso em flagrante.

O suspeito passou por audiência de custódia às 17h30 desta sexta-feira (14) e foi mantido preso preventivamente, segundo a advogada Fabiana da Silva, que faz a defesa dele. A Polícia Civil irá investigar o caso.

Em nota ao POPULAR , a defesa do suspeito informou que lamenta a morte de Lúcia e que Rodrigo está abalado com o ocorrido. A advogada informou que o suspeito é réu primário e disse acreditar que "a verdade real dos fatos será, em tempo oportuno, devidamente esclarecidos no bojo do processo judicial" (veja a nota completa no final da matéria).

O caso aconteceu na tarde desta quinta-feira (13), no Setor Teodoro Alves Rezende. Ao POPULAR , Amanda Rosa Lino, filha de Lúcia, relatou que sua irmã é casada com Rodrigo, mas ela havia saído de casa, no dia anterior, após o casal ter uma briga. Segundo ela, o suspeito não aceitou o término da relação e foi até a casa da sogra, onde estava a companheira.

Amanda contou que no telefone ele havia dito que iria até a casa para ter uma conversa amigável com a mulher, mas quando chegou ao local, passou a ameaçar toda a família com uma arma.

Ele chegou na porta da casa da minha mãe com a arma na mão. Atirou uma vez e não acertou ninguém. Minha irmã me ligou desesperada pedindo ajuda. Eu desci para lá [com o marido], e quando cheguei, ele já estava enforcando minha mãe e com a arma no ouvido dela falando que iria matá-la", disse Amanda.

Segundo a filha, a mãe começou a reclamar de dores no peito e pediu para que ele a deixasse tomar o remédio, por ser hipertensa: "Me solta, você sabe que eu tenho problema de pressão. Não faz isso não", teria dito a mulher para o genro, segundo a filha. O suspeito também apontava a arma para a esposa e a ameaçava de morte, conforme a família.

Em seguida, houve uma briga generalizada entre a família, que conseguiu estabilizar o suspeito. A Polícia Militar informou que foi acionada e, quando chegou ao local, os parentes estavam segurando a mão do suspeito, que ainda estava com a arma.

Os militares conseguiram tirar a arma que estava carregada com quatro munições. Em seguida, ele foi preso e as vítimas encaminhadas para Unidade de Pronto Atendimento (UPA), devido às lesões pelo corpo.

Rodrigo Alves Primo, de 32 anos, foi preso em flagrante com a arma de fogo carregada com mais quatro munições, segundo a polícia (Arquivo pessoal/Amanda Rosa Lino e Divulgação/Polícia Militar)

Rodrigo Alves Primo, de 32 anos, foi preso em flagrante com a arma de fogo carregada com mais quatro munições, segundo a polícia (Arquivo pessoal/Amanda Rosa Lino e Divulgação/Polícia Militar)

Infarto

Segundo a PM, no momento em que as viaturas estavam saindo do local, Lúcia continuou a passar mal e foi encaminhada por vizinhos até a Unidade Básica de Saúde (UBS) João Ribeiro de Castro Sobrinho, que fica na região da casa dela.

Para a reportagem, a família contou que quando ainda estava na UPA, foi informada que a mãe sofreu um infarto no hospital.

Segundo a PM, viaturas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e do Corpo de Bombeiros foram até o local para ajudar no socorro da vítima, mas após 20 minutos de massagem cardíaca, a mulher morreu. Lúcia deixou duas filhas e três netos.

Prisão

O suspeito foi encaminhado para Central de Flagrantes de Trindade e poderá responder pelos crimes de feminicídio, ameaça e injúria contra mulher, lesão corporal, além de disparo de arma de fogo em via pública, de acordo com a polícia.

Nota completa da defesa do suspeito

A defesa a do Sr. Rodrigo, lamenta profundo pesar pelo falecimento da senhora Lúcia. O sr. Rodrigo, encontra-se muito abalado o acorrido.

Esclarecemos que a verdade real dos fatos será em tempo oportuno devidamente esclarecidos no bojo do processo judicial.

Vale ressaltar, que o sr. Rodrigo, é réu primário, possui trabalho lícito, com conduta ilibada até o ocorrido.

Além do mais, é importante frizar que qualquer conclusão nesse momento é meramente especulativa e temerária.

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Famílias que tiveram crianças trocadas se aproximam, e meninos têm boa convivência, diz advogado

Segundo o representante das famílias, o “abalo psicológico” e “muitas incertezas” ainda persistem nos pais

Modificado em 20/12/2024, 11:04

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As famílias que tiveram os bebês trocados no hospital , em Inhumas, estão se aproximando e criando uma boa convivência com os meninos, segundo o advogado Ítalo Camargo, que acompanha o caso. A troca foi descoberta após três anos do nascimento deles. O "abalo psicológico" e "muitas incertezas" ainda persistem, segundo o representante.

"As famílias estão buscando se aproximar e ter uma convivência familiar, compartilhando momentos e sempre que possível estão se encontrando, o que está dando certo. As crianças estão se dando muito bem. Porém, ainda é evidente o abalo emocional e psicológico nas famílias, ainda persiste o sentimento de medo e muitas incertezas", disse o advogado Ítalo Camargo.

Nesta quarta-feira (18), Yasmin Kessia da Silva e Cláudio Alves, além do casal Guilherme Luiz de Souza e Isamara Cristina Mendanha estiveram juntos com os filhos para um novo exame de DNA cruzado, desta vez, para o processo cível que tramita na Justiça. A confirmação de que os bebês foram trocados entre as duas famílias já havia sido confirmada após uma perícia da Polícia Científica.

No último sábado (14), as famílias fizeram o primeiro passeio juntas. O local escolhido foi o Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON), em Goiânia, onde está montada a decoração do Natal do Bem.

Família visitou decoração de Natal, em Goiânia (Reprodução/Redes sociais)

Família visitou decoração de Natal, em Goiânia (Reprodução/Redes sociais)

"Para mim foi um dos momentos mais importantes da minha vida, com meus dois filhos que são a razão da minha vida. Cada batida do meu coração é pelos dois", contou Yasmin para a reportagem na época.

Nas redes sociais, Isamara tirou fotos com os três meninos, entre eles, o filho mais velho de 7 anos, além dos dois meninos que foram trocados. Em uma publicação ela disse: "como me sinto realizada por ter vocês".

Yasmin também posou para uma foto com o menino que é cuidado pelo outro casal e mencionou sorrindo "meu filho". Ela não acredita em uma destroca entre os filhos e deseja que eles convivam como uma "grande família".

Sem assistência e acordo

À reportagem, o advogado, que também representa as duas famílias, Márcio Rocha afirmou que até o momento o hospital não prestou nenhuma assistência às famílias, que inclusive tem recebido acompanhamento psicológico para lidar com a situação. Segundo ele, foi tentado também um acordo com a unidade de saúde, que não foi aceito.

"Chegamos a procurar os advogados do hospital para buscar diálogo numa tentativa de celebrar um acordo. Porém, responderam que não tem qualquer possibilidade de fazer acordo. O hospital segue inerte e sem qualquer preocupação com as famílias e sua dor, e lamentavelmente preferem sustentar uma queda de braço no âmbito judicial", disse o representante.

A reportagem entrou em contato com o Hospital da Mulher de Inhumas, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem. Anteriormente, o hospital informou que não iria se pronunciar até que as investigações fossem concluídas (leia nota na íntegra ao final da reportagem).

Entenda o caso

Yasmin Kessia da Silva e Claudio Alves, e o casal Guilherme Luiz de Souz e Isamara Cristina Mendanha (Rodrigo Melo/O Popular)

Yasmin Kessia da Silva e Claudio Alves, e o casal Guilherme Luiz de Souz e Isamara Cristina Mendanha (Rodrigo Melo/O Popular)

Os bebês nasceram no dia 15 de outubro de 2021, um às 7h35 e o outro às 7h49, conforme relataram as famílias. Os partos foram realizados por equipes médicas distintas, em uma maternidade em Inhumas, na Região Metropolitana de Goiânia. Os pais afirmaram que não puderam acompanhar o nascimento dos filhos devido às restrições impostas durante o período da pandemia de Covid-19.

A troca foi descoberta após um dos casais se separar, pois Cláudio Alves solicitou um exame de DNA para comprovar a paternidade do filho. A ex-mulher, Yasmin Kessia da Silva, de 22 anos, também quis fazer o exame. "Se ele não fosse filho do Cláudio, também não era meu", disse.

O exame foi realizado no dia 31 de outubro de 2024 e o laboratório pediu uma contraprova, que indicou que a criança não era filha de Yasmin e nem de Cláudio.

Eles disseram que o sangue do meu filho não era compatível com o meu. Eu pensei que era um erro. Mas veio a contraprova", disse Yasmin.

A jovem se lembrou da família que estava no mesmo dia do nascimento do filho e conseguiu contato com eles por meio de um pastor. Após ela entrar em contato e contar o que houve, Isamara Cristina Mendanha, de 26 anos, e Guilherme Luiz de Souza, 27 anos, também fizeram o exame de DNA com o filho, que apresentou resultado incompatível de parentesco.

As famílias disseram que as mães não tiveram nenhum acompanhamento durante o parto. Elas só se lembram de ver os filhos no quarto, depois que passou o efeito da anestesia. Nenhuma delas se lembra se havia pulseiras de identificação nas crianças, mas uma foto tirada logo após o parto mostra o filho de Yasmin com um bracelete.

A jovem disse que passou mal durante o parto e não se lembra do que aconteceu na sala de recuperação. "Eu acordei e o bebê já estava do meu lado, minha mãe estava dentro do quarto. Eu me lembro de relances", narrou Yasmin.

Já Isamara disse que chegou ao quarto antes do bebê, que foi levado até ela logo em seguida. "Eu levei a primeira roupinha do meu primeiro filho para colocar no segundo. E para mim, veio tudo certo [a roupinha do bebê]", contou.

O marido de Isamara afirmou que sente que faltou cuidado e respeito com as famílias por parte do hospital, que recebeu a confiança deles. "É um pesadelo. Eu acho que ninguém deveria passar por isso. Esse é um erro que os profissionais da saúde jamais deveriam cometer", afirmou Guilherme.

Exame comprova troca

Na sexta-feira (13), um exame de DNA confirmou que os bebês das duas famílias de fato foram trocados após o nascimento na maternidade em Inhumas. A informação foi confirmada pelo advogado das famílias, e, de acordo com a nota emitida à imprensa, o resultado do exame apontou que o filho do casal Isamara Cristina Mendanha e Guilherme Luiz de Souza foi trocado com o filho de Yasmin Kessia da Silva e Cláudio Alves, o que já era esperado.

Recepcionamos na data de hoje (13), o resultado do Exame de DNA requerido pelo delegado de Polícia responsável pelo inquérito sobre a troca de bebês em Inhumas, o resultado foi conclusivo atestando o que se esperava", diz um trecho do comunicado.

Investigação

O delegado Miguel Mota informou que não vai se manifestar sobre o caso, pois está sob sigilo. Em nota, a Polícia Civil informou que "os envolvidos já foram ouvidos e o inquérito policial prossegue com diligências em andamento para esclarecer a dinâmica do fato e sua autoria" (confira a nota da Polícia Civil ao final da matéria) .

Nota do do Hospital da Mulher

"No momento o hospital não irá se pronunciar até que as investigações sejam concluídas.

Como o caso está sob investigação policial e tramita em sigilo por envolver menores de idade, o hospital está legalmente impedido de fornecer informações acerca do caso à imprensa, em obediência a Lei Geral de Proteção de Dados."

Nota da Polícia Civil

"A Polícia Civil de Goiás informa que a Delegacia de Inhumas - 16ª DRP investiga possível crime previsto no artigo 229 do Estatuto da Criança e do Adolescente (deixar o médico de identificar corretamente o neonato e a parturiente por ocasião do parto), em que dois bebês teriam sido trocados no hospital da cidade. O fato foi descoberto após um dos casais envolvidos resolver se separar, tendo feito exames de DNA que comprovaram que o filho não era biologicamente compatível com nenhum dos dois. Os envolvidos já foram ouvidos e o inquérito policial prossegue com diligências em andamento para esclarecer a dinâmica do fato e sua autoria.

Goiânia, 05 de dezembro de 2024. Gerência de Comunicação e Cerimonial/PCGO"

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Exame de DNA cruzado confirma que os bebês foram trocados após o parto, diz advogado

Segundo o advogado das famílias, exame atestou o que era esperado

Modificado em 13/12/2024, 12:56

Yasmin Kessia da Silva e Claudio Alves, e o casal Guilherme Luiz de Souz e Isamara Cristina Mendanha

Yasmin Kessia da Silva e Claudio Alves, e o casal Guilherme Luiz de Souz e Isamara Cristina Mendanha (Rodrigo Melo/O Popular)

Um exame de DNA confirmou, nesta sexta-feira (13), que os bebês de duas famílias de fato foram trocados após o nascimento em uma maternidade em Ihumas, na Região Metropolitana de Goiânia. A informação foi confirmada pelo advogado das famílias, e, de acordo com a nota emitida à imprensa, o resultado do exame apontou que o filho do casal Isamara Cristina Mendanha e Guilherme Luiz de Souza foi trocado com o filho de Yasmin Kessia da Silva e Cláudio Alves, o que já era esperado.

"Recepcionamos na data de hoje (13), o resultado do Exame de DNA requerido pelo delegado de Polícia responsável pelo inquérito sobre a troca de bebês em Inhumas, o resultado foi conclusivo atestando o que se esperava", diz um trecho do comunicado.

O POPULAR solicitou um posicionamento ao Hospital da Mulher sobre a confirmação da troca dos bebês, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. Anteriormente, o Hospital informou que não irá se pronunciar até que as investigações sejam concluídas (leia nota na íntegra ao final da reportagem) .

Possibilidade de destroca

Crianças foram trocados após o parto, denunciam famílias (Arquivo pessoal)

Crianças foram trocados após o parto, denunciam famílias (Arquivo pessoal)

A mãe de um dos meninos trocados após o nascimento no Hospital da Mulher em Inhumas, na Região Metropolitana de Goiânia, afirmou que não sabe se as crianças serão destrocadas. Nascidos em 15 de outubro de 2021, hoje os meninos estão com 3 anos e 1 mês.

"Acho assim que não tem como ter troca. Foram três anos amamentando, cuidando, zelando, educando e assim, é claro que nós temos um filho biológico. O que eu sempre falo é que nós queremos aproximação, pegar esse momento e ser uma grande família. É difícil e está sendo porque ele [a criança], para mim, não tem explicação", afirmou Isamara Cristina Mendanha, em entrevista à TV Anhanguera.

Para Isamara, o impacto de destrocar os meninos pode ser maior para eles mesmos. "Por mais que a outra família seja incrível, ele [a criança] ver assim 'minha mãe que me amamentou, que cuidou e zelou de mim não é minha mãe', acho que é um choque maior para a criança do que para nós mesmos", ressaltou.

Isamara afirmou ainda que quando soube da troca das crianças, acreditou que poderia se tratar de um engano. "Vemos muito no jornal, novela, mas sinceramente eu nunca acreditei que ia acontecer comigo", completou.

Depoimentos

Na quarta-feira (12), Guilherme Luís de Souza e Isamara Cristina Mendanha, dois dos pais que tiveram os bebês trocados, prestaram depoimento na delegacia. Eles foram os últimos das duas famílias a serem ouvidos. Uma enfermeira do hospital também compareceu à Polícia Civil (PC), mas não falou com a imprensa.

Conforme o representante das duas famílias, mais de 12 funcionários do hospital estiveram diretamente envolvidos nos partos, sendo ao menos seis pessoas compondo cada equipe.

A médica pediatra que fez o atendimento após os partos dos bebês também prestou depoimento e afirmou ao POPULAR que recebeu os meninos com as pulseiras de identificação e que os entregou para as enfermeiras: "as duas crianças já estavam identificadas". Para a reportagem, a médica explicou que não participou do ato das cirurgias, mas foi ela quem pegou os bebês quando foram tirados das duas mães

A advogada da pediatra, Luciana de Castro, disse que a profissional não se lembra se houve apenas os dois partos naquela manhã. Segundo ela, durante o depoimento da médica, foi relatado ao delegado o papel dela no dia dos cirurgias e que "nada aconteceu de diferente".

"Foi esclarecido a conduta da doutora como pediatra dos bebês, a conduta que ela adotou durante os dois partos, mas não aconteceu nada de diferente. Ela não sabe precisar o que aconteceu de fato, onde houve essa troca. No momento do atendimento dela, não tem nada de diferente. Tudo dentro do normal. [...] Ela pega o neném quando ele nasce. Isso aí foi tudo dentro do normal. E depois que passa para a equipe de enfermagem, ela não sabe precisar", disse a advogada.

Investigação

O delegado Miguel Mota informou que não vai se manifestar sobre o caso, pois está sob sigilo. Em nota, a Polícia Civil informou que "os envolvidos já foram ouvidos e o inquérito policial prossegue com diligências em andamento para esclarecer a dinâmica do fato e sua autoria" (confira a nota da Polícia Civil ao final da matéria) .

Entenda o caso

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Os partos aconteceram no Hospital da Mulher de Inhumas. Segundo as famílias, Yasmin Kessia da Silva, de 22 anos e Isamara Cristina Mendanha, de 26, chegaram a ficar juntas na enfermaria antes dos partos, mas depois que foram submetidas a cesarianas por equipes médicas diferentes e não se viram mais.

As famílias afirmam que depois das cirurgias, os pais não puderam acompanhar o processo de limpeza e preparo dos bebês e também não ficaram juntos no mesmo quarto devido aos protocolos adotados em razão da pandemia de Covid-19.

A descoberta da troca dos bebês só aconteceu três anos depois, no dia 31 de outubro deste ano. A suspeita da troca de duas crianças veio à tona após o então marido de Yasmim, em processo de separação, pedir o exame de DNA da criança . Cláudio Alves, de 30 anos, e Yasmin, terminavam um relacionamento de cinco anos quando ele solicitou o teste.

"Muito nervosa, eu falei pra ele: 'eu aceito fazer o DNA, mas desde que faça nós três, porque se você acha que esse filho não é seu, ele também não é meu'. E fiquei tranquila esperando o resultado", contou Yasmim emocionada.

Ao receber o resultado do exame de DNA, Yasmin afirma que ficou desesperada e foi buscar esclarecimento sobre o caso. Ela afirma que se lembrou da família que também fez o parto no mesmo dia e conseguiu contato. Isamara Cristina Mendanha, de 26 anos e Guilherme Luiz de Souza, de 27, fizeram o exame de DNA com o filho, que também apresentou resultado incompatível.

(Colaborou Rodrigo Melo)

Nota do do Hospital da Mulher

"No momento o hospital não irá se pronunciar até que as investigações sejam concluídas.

Como o caso está sob investigação policial e tramita em sigilo por envolver menores de idade, o hospital está legalmente impedido de fornecer informações acerca do caso à imprensa, em obediência a Lei Geral de Proteção de Dados."

Nota da Polícia Civil

"A Polícia Civil de Goiás informa que a Delegacia de Inhumas - 16ª DRP investiga possível crime previsto no artigo 229 do Estatuto da Criança e do Adolescente (deixar o médico de identificar corretamente o neonato e a parturiente por ocasião do parto), em que dois bebês teriam sido trocados no hospital da cidade. O fato foi descoberto após um dos casais envolvidos resolver se separar, tendo feito exames de DNA que comprovaram que o filho não era biologicamente compatível com nenhum dos dois. Os envolvidos já foram ouvidos e o inquérito policial prossegue com diligências em andamento para esclarecer a dinâmica do fato e sua autoria.

Goiânia, 05 de dezembro de 2024. Gerência de Comunicação e Cerimonial/PCGO"

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Meninos trocados: Famílias passam por acompanhamento psicológico, diz advogado

Apoio dos profissionais ajudará na decisão dos pais em relação ao futuro dos meninos, segundo o advogado

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As famílias que tiveram os bebês trocados no hospital de Inhumas passam por acompanhamento psicológico após a descoberta que ocorreu depois de três anos, segundo o advogado Márcio Rocha. O apoio dos profissionais também ajudará na decisão dos pais em relação ao futuro dos meninos, disse o representante da família.

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No primeiro momento, nós estamos aguardando uma decisão liminar para que as famílias possam fazer o exame de DNA trocados para confirmar, via de regra, quem realmente são os pais biológicos dessas crianças. E após isso, as famílias já estão orientadas, já iniciaram alguns tratamentos psicológicos com profissionais da área, e acredito que só depois deste tratamento, elas poderão fazer juízo com relação à decisão do que realmente vão fazer", afirmou o advogado.

Yasmin Kessia da Silva e Claudio Alves, e o casal Guilherme Luiz de Souz e Isamara Cristina Mendanha (Rodrigo Melo/O Popular)

Yasmin Kessia da Silva e Claudio Alves, e o casal Guilherme Luiz de Souz e Isamara Cristina Mendanha (Rodrigo Melo/O Popular)

A dona de casa Silvania Hilário dos Santos Silva, de 42 anos, mãe da Yasmin Kessia da Silva, que teve o filho trocado, foi a primeira pessoa da família a prestar depoimento à Polícia Civil (PC) sobre o caso, nesta segunda-feira (9). Ao POPULAR, ela disse que, após a filha contar que o menino não era o filho biológico dela, se escondeu no guarda-roupa com o neto temendo que a criança fosse tomada.

A avó foi chamada para depor porque esteve com a filha no dia do parto no dia 15 de outubro de 2021, época em que havia restrições de pessoas devido à Covid-19. De acordo com o advogado Márcio Rocha, durante o depoimento de Silvânia, foi dada "uma riqueza de detalhes" sobre o dia da cirurgia, como o nome dos profissionais de saúde.

"Silvana foi quem acompanhou a filha no dia do parto. Ela, inclusive, teve uma atitude de desobediência da orientação do protocolo da Covid-19 naquele dia, que era para ficar dentro do quarto aguardando a filha voltar do centro cirúrgico. E nesse ato de desobediência dela, ela foi capaz de poder estar no corredor observando todo o entre e sai, sabendo quem de fato eram os profissionais que estavam envolvidos no dia do procedimento do parto no centro cirúrgico", disse o advogado.

Horas depois da Silvania prestar depoimento, foi a vez de Isabel Cristina Flores, de 56 anos, mãe de Isamara Cristina Mendanha. O próprio advogado também prestou depoimento nesta segunda-feira, pois exerce a função de pastor na igreja evangélica frequentada por Isamara e Guilherme e foi ele quem intermediou a informação da troca dos bebês no hospital entre os casais.

Quando o caso foi divulgado, o Hospital da Mulher disse em nota que medidas imediatas foram adotadas para garantir a apuração completa e transparente do ocorrido e está colaborando com as investigações.

Crianças foram trocados após o parto, denunciam famílias (Arquivo pessoal)

Crianças foram trocados após o parto, denunciam famílias (Arquivo pessoal)

Entenda o caso

A descoberta da troca dos garotos ocorreu durante o processo de separação de Cláudio Alves, de 30 anos, e Yasmin. Ele conta que havia percebido que alguns traços da criança não pareciam ser dele e, no momento da separação, pediu o teste de DNA. Contudo, a esposa retrucou dizendo que se não fosse dele, também não seria dela. O casal viveu conviveu por cinco anos.

O resultado do exame de DNA saiu no dia 31 de outubro e apontou que o menino criado pelo casal não era compatível nem com o pai nem com a mãe. Nesse momento, Yasmin ficou desesperada e foi buscar esclarecimento sobre o caso e lembrou da família que também fez o parto no mesmo dia.

Yasmin afirmou que conseguiu contato com outra família por meio de um pastor. Segundo ela, o pai da outra família é um professor conhecido na cidade, mas foi aconselhada a buscar o contato por intermédio do pastor desse segundo casal, que também é advogado.

Foi quando Isamara e o professor Guilherme Luiz de Souza, de 27, também fizeram o exame de DNA com o filho, que se apresentou incompatível. O exame de DNA cruzado entre as duas famílias ainda não foi realizado e depende de autorização judicial, segundo os advogados que representam as famílias.