De 2000 a 2022, o porcentual da população que tem diploma subiu de 4,8 para 18%, segundo o Censo Demográfico de 2022. Índice é levemente menor que média nacional
Em duas décadas, o total de concluintes no ensino superior quadruplicou em Goiás, passando de 4,8% em 2000 para 18% em 2022. Os dados são do módulo educação do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (26) e que mostram maior quantitativo de alunos formados nos cursos das áreas voltadas à gestão e administração, formação de professores e Direito. O porcentual do Estado, contudo, ainda é menor do que a média nacional, de 18,4%.
Em 2000, o Censo contou 120,5 mil pessoas graduadas com 25 anos ou mais em Goiás. Em 2010, havia 356,6 mil residentes no Estado com a etapa finalizada -- 10,3% do total, um aumento de mais de cinco pontos percentuais em dez anos. Já em 2022, tinham feito a graduação 879,2 mil. Ao mesmo tempo, os indicadores relativos a pessoas sem ensino fundamental ou médio concluído caíram drasticamente.
No comparativo da população com mais de 25 anos por nível de instrução no Estado, os dados mostram que 66,2% não tinham nem mesmo o ensino fundamental em 2000, porcentual que caiu para 49,9%, em 2010, e para 35% em 2022. Considerando também a educação básica não concluída, o percentual sai de 79,1%, em 2000, para 65% e 49,8% em 2010 e 2022, respectivamente. No caso do ensino médio completo, o índice era de 15,7% em 2000 e subiu para 24,4% em 2010. Já em 2022, a porcentagem chegou a 32,2%.
Superintendente do IBGE em Goiás, Edson Vieira aponta que o número de graduados "tem relação com o avanço nas outras etapas, mas também com a maior oferta do ensino superior". Com a ampliação da oferta em instituições de ensino superior, diz, houve maior facilidade de acesso. "E políticas afirmativas que permitiram mais entrada de pessoas de baixa renda, pretas e pardas na universidade, notadamente na pública."
Os dados do Censo 2022 apontam ainda que, em Goiás, da população com 18 anos ou mais com nível superior de graduação concluído, metade é branca. Em seguida, estão as pessoas pardas (42,4%), pretas (6,9%), amarelas (0,5%) e indígenas (0,1%). Vale destacar, contudo, que a população parda é justamente a maior em Goiás, abrangendo 53,2% dos habitantes. Logo depois, vêm as pessoas brancas (36,2%) e pretas (10,1%). Amarelas e indígenas correspondem, respectivamente, a 0,3% e 0,2%.
Odontologia é o curso com maior predominância da população branca, com 68,5% dos formados. E Medicina vem logo em seguida, com 68,4%. Já no caso da população parda, predomina a área voltada à formação de professores, com 48,4%. Considerando gênero, as engenharias contam com maior prevalência do público masculino, contabilizando 94% desse total, sendo que para a formação de professores, é o oposto, com o público feminino dominando com 94,5%. Considerando as duas maiores áreas de formação já citadas, como gestão e administração e Direito, brancos têm o maior percentual de formados, com 57% e 48,2%, respectivamente.
Doutor em Educação e professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Goiás (PPGE/UFG), Nelson Amaral pontua que, mesmo com o avanço no ingresso e na conclusão de estudantes no ensino superior, ainda se mantêm as desigualdades de raça e gênero. "Melhorou com as cotas, mas tem de continuar o processo para diminuir essas desigualdades", declara.
O docente pondera que houve um avanço nos últimos 22 anos resultante de uma ampliação das instituições de ensino superior. "Em 2007, tivemos o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) e houve um grande aumento, porque a UFG praticamente dobrou de tamanho. Depois teve a expansão dos institutos federais, que também ofertam ensino superior. As estaduais, em geral, também aumentaram em quantidade de vagas. Então, houve um aumento do número de pessoas nas universidades públicas", cita.
Ele acrescenta ainda sobre os fatores que levaram ao maior ingresso nas instituições privadas de ensino superior. "O setor privado também expandiu muito no fim do período de Fernando Henrique Cardoso (FHC), até 2002, e isso continuou -- tanto que as matrículas na rede particular concentram 77% das matrículas. Houve vários incentivos, como o lançamento do Programa Universidade para Todos (ProUni), em 2004; o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) já havia sido lançado, mas também teve grande expansão, e depois a educação a distância (EaD) fez isso crescer mais ainda."
Pró-reitor de graduação da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Raoni Ribeiro também percebe este aumento de concluintes relacionado às políticas de permanência, como bolsas, além da política de cotas que, como diz, na grande maior parte os casos garante um maior êxito. "A conclusão está baseada na melhoria da infraestrutura, da formação do professor, do fomento à pesquisa", cita. Ele pondera ainda que há dificuldades para o preenchimento de vagas, com o decréscimo de ingressantes. "Mas a tendência é que haja melhoria."
Índice do Estado é o menor do Centro-Oeste
Mesmo com o avanço no total de pessoas com mais de 25 anos com ensino superior completo, Goiás ainda se mantém aquém dos outros Estados. Para ter ideia, na região Centro-Oeste todas as outras unidades federativas têm um percentual maior. No Distrito Federal, a taxa é de 37%, a maior registrada no Brasil; em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, de 18,6% e 19,8%, respectivamente. Em um ranking nacional, o Estado fica com a 13ª posição. Além do DF, integram o topo da lista São Paulo (23,3%) e Santa Catarina (21,4%).
Os dados do Censo Demográfico de 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (26), demonstram ainda que Goiás se manteve levemente abaixo da média nacional, de 18,4%. Contudo, o aumento proporcional no Estado foi maior do que o registrado no Brasil. De 2000 para 2022, a proporção de graduados cresceu 2,7 vezes, sendo que no primeiro ano da década o País contabilizava 6,8% da população com 25 anos ou mais com nível superior completo. Em 2010, o Brasil também registrava uma média superior, com 11,3%, ante os 10,3% no Estado.
Superintendente do IBGE em Goiás, Edson Vieira explica que pode haver fatores econômicos envolvidos no ranking de Estados com maior taxa de graduados. "No Distrito Federal, isso está ligado aos tipos predominantes de emprego. Lá, muitas vezes a entrada é por concurso público, o que exige na maior parte das vezes ter nível superior. São Paulo é o maior Estado e gera maior gama de empregos que requerem nível superior. Então, tem a ver com questões econômicas, mas não dá para fazer relação direta apenas com isso, porque tem Estado à frente (de Goiás) e que são menores em termos econômicos", pontua.
Entre as unidades federativas mencionadas por Edson estão o Amapá (20,9%) e Roraima (19%), ambas localizadas na Região Norte do País. Contudo, Goiás também se apresenta à frente de outras grandes unidades mais ricas, considerando os maiores indicadores do Produto Interno Bruto (PIB), como Minas Gerais e Bahia, que registraram índices de 17,8% e 12%, respectivamente. A Bahia, vale ressaltar, está entre as três piores taxas de pessoas com graduação completa, ao lado do Maranhão (11,1%) e Pará (12%).
Edson pontua ainda que, para além de um comparativo nacional, se faz importante uma análise com os países integrantes da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). "No ensino superior, tivemos de fato evolução em nível nacional e também aqui em nível estadual, mas a gente ainda tem um percentual de pessoas com ensino superior que é, mais ou menos, metade do que tem nos países da OCDE, cujo percentual é cerca de 47%", pontua.
"Têm alguns destaques em nível internacional, como a Coreia do Sul, com quase 70%, o Canadá, com cerca de 67%, e o Japão, com aproximadamente 66%. E aqui, próximo a nós, temos o Chile, que registra 40%, a Colômbia, com 34%, e o México, com 27%. Então é claro que a gente avançou, mas ainda temos espaço para que ocorram maiores avanços neste campo", complementa o superintendente do IBGE em Goiás.
