A partir do próximo dia 16, a Feira da Madrugada vai voltar a ocupar a Praça do Trabalhador, o que não ocorria desde 2019, quando foram iniciadas as obras de revitalização do espaço público. Desde então, o evento, que possui cerca de 500 feirantes, estava sendo montado na Viela da Rua 44, a rua localizada entre a praça e a Rodoviária de Goiânia. Na semana passada, os trabalhadores da Feira da Madrugada se reuniram e fizeram uma montagem como teste na praça, no espaço que deverão ocupar. O local será semelhante ao que se tem hoje, em localização mais próxima da Rodoviária, mas na praça.A presidente da Associação da Feira da Madrugada, Patrícia Mendes, confirma que já está acertada a ida do evento para a Praça do Trabalhador, em um local que é o desejo dos feirantes. “Da nossa parte está resolvido, fizemos teste na segunda-feira. Estaremos do lado aqui mesmo, dentro da praça”, diz. A Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Economia Criativa (Sedec) informa que a mudança vai ocorrer no dia 16 em “acordo que foi feito diretamente com os representantes da feira”. A Feira da Madrugada funciona das 4 horas de quarta-feira até às 22h de quinta-feira desde maio deste ano. Até então, o funcionamento era apenas nas quintas, desde a pandemia de Covid-19.A mudança para a Praça do Trabalhador deve impactar a instalação da Feira Hippie, que tem o interesse de passar a ocorrer também na sexta-feira, além dos sábados e domingos, que já são próprios do evento. Isso porque a desmontagem da Feira da Madrugada na noite de quinta-feira poderia prejudicar a montagem da Feira Hippie para sexta-feira. A Associação da Feira Hippie, inclusive, enviou um ofício para a Sedec no final de maio deste ano pedindo que fosse cumprido um acordo que teria sido firmado na gestão anterior do Paço Municipal sobre a distribuição dos eventos na Praça do Trabalhador.Segundo o documento, direcionado ao secretário Diogo Franco, o acordo era que a Feira Hippie ficasse na Praça do Trabalhador enquanto que a Feira da Madrugada passasse a ser montada no espaço que era da praça anteriormente e foi recortado pela passagem da Avenida Leste-Oeste, ficando entre esta via e a Avenida Independência. O local hoje é ocupado, aos finais de semana, irregularmente por parte dos feirantes da Feira Hippie, aqueles que estão na chamada Quadra I. A Sedec já determinou que todos os trabalhadores da Feira Hippie montassem suas barracas dentro da Praça do Trabalhador. Não há interesse da Feira da Madrugada em ocupar o espaço, visto que o local na praça é próximo de onde estão atualmente e de conhecimento dos clientes.O ofício da Associação da Feira Hippie cita que o acordo tem de ser cumprido para evitar confronto entre os dois eventos. “Com relação às montagens e horários em datas especiais e também horários de final de ano, peço que cumpra o que foi estabelecido em negociações anteriores, não dando espaço para pedidos políticos que não vivem a realidade da Feira Hippie”, relata o ofício, que ainda cita a presença de trabalhadores que atuam nas duas feiras e, assim, a realização de ambas no mesmo local poderia ser um impeditivo. O espaço destinado à Feira da Madrugada corresponde ao que está sendo ocupado pela chamada Quadra R da Feira Hippie.Por outro lado, ainda não está definido que a Feira Hippie vai poder funcionar às sextas, já que a legislação municipal permite o funcionamento apenas aos finais de semana. Ocorre que a Prefeitura, em ocasiões específicas, publica decretos permitindo que a feira ocorra com um dia a mais, sobretudo em datas comemorativas, como Dia das Mães e Natal, o que ocorre até por mais de um final de semana. Isso ocorreu, por exemplo, entre 20 de janeiro e 19 de fevereiro deste ano, sob o argumento de impulsionar as vendas em razão do carnaval.Uma reunião entre o Paço Municipal e a Associação da Feira Hippie deve ocorrer no próximo dia 14, justamente para que seja discutido o funcionamento da feira nas sextas de forma permanente. Presidente da entidade, Waldivino da Silva, reforça que a falta deste dia representa uma queda de até 50% nas vendas do evento e que seria uma solução até mesmo para a sobrevivência da feira. No entanto, ele reforça que haverá problemas caso a Feira da Madrugada funcione no mesmo lugar, reforçando a necessidade de cumprir o acordo que teria sido realizado na gestão anterior do Paço.Cadastro ainda não foi iniciadoEm julho, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Economia Criativa (Sedec) anunciou que abriria um processo de revalidação da autorização que os feirantes da Feira Hippie possuem junto à Prefeitura de Goiânia. O objetivo era comprovar qual a quantidade de trabalhadores que participam do evento, visto que a Associação da Feira Hippie apresenta uma contagem de 5,7 mil feirantes. A estimativa da Sedec, no entanto, seriam 3,5 mil trabalhadores, sendo 1,1 mil regulares e outros 1,4 mil com protocolos. Na época, a previsão era que o chamamento começasse ainda naquele mês, mas ainda não foi sequer publicado o chamamento no Diário Oficial da União.Segundo a Sedec, o “cadastro ainda não foi iniciado no aguardo da publicação do chamamento que acontecerá nos próximos dias”. Após isso ocorrer, os feirantes terão 30 dias para atualizar o cadastro junto à Sedec e confirmar que atuam na Feira Hippie. É com base nessa atualização que será definido o modelo de ocupação da Praça do Trabalhador por cada feirante, ou seja, onde cada um será locado, com o fim do sistema de quadras que ocorria até então e ainda prevalece. Válido lembrar que a obra de revitalização da praça ainda não foi finalizada.Os feirantes ainda trabalham sem utilizar os banheiros e as estruturas de alvenaria. A questão seria ainda a ausência da implantação de subestações de energia na praça. Além disso, a Sedec ainda discute quais as atividades que serão desenvolvidas no local nos dias em que não funcionarão as feiras.