Goiás registra mais de 4 mil casos de dengue em janeiro e tem 15 cidades em situação de emergência, diz Saúde
Estado tem 5.689 casos confirmados nesta terça-feira e outros 12.777 em investigação
Letícia Graziely
4 de fevereiro de 2025 às 14:00
Modificado em 04/02/2025, 14:01

Mosquito Aedes aegypti é o transmissor da dengue, zika e chikungunya (Raul Santana/Fiocruz)
Goiás registrou mais de 4 mil casos de dengue em janeiro deste ano e tem 15 cidades em situação de emergência, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO (confira a lista abaixo). Nesta terça-feira (4), o estado tem 5.689 casos confirmados e outros 12.777 em investigação. A SES-GO informou que neste momento, não há decreto de emergência em nível estadual.
Já iniciamos as visitas em alguns municípios que estão com o número de casos acima do esperado. Nessas visitas vão pessoas especializadas para identificar, junto com a equipe local, quais são as principais dificuldades com o objetivo de melhorar a qualidade da assistência, tentar conter ou diminuir a transmissão e ter números melhores, com menos óbitos e casos", explicou a subsecretária de Vigilância em Saúde da SES-GO, Flúvia Amorim.
O número de casos ainda é menor comparado ao mesmo período de 2024, quando foram registrados 12.479 casos. Ao POPULAR , a superintendente de Vigilância Epidemiológica e Imunização da SES-GO, Dra. Cristina Laval, explicou que o motivo de tantos casos no ano passado foi a inversão do sorotipo da dengue, quando o sorotipo 2 passou a ser mais frequente.
"75% dessas amostras no ano de 2024 foi do sorotipo 2. Então a possibilidade de haver uma explosão de casos dessas pessoas que não haviam tido contato ainda com o sorotipo 2 fez com que houvesse essa situação que vivenciamos em 2024. E a se você tem um grande número de casos, consequentemente você tem mais casos graves e óbitos. O que a gente tem observado agora no início de 2025 esse cenário permanece o mesmo. O sorotipo mais frequente tem sido o 2. Se permanecer essa situação, com certeza nós vamos ter um cenário bem mais tranquilo do que nós tivemos em 2024, que foi a nossa pior epidemia", ressalta Cristina.
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Monitoramento
De acordo com a SES-GO, o importe é continuar monitorando porque apesar do cenário mostrar que o sorotipo mais prevalente nesse ano continua sendo o sorotipo 2, da mesma forma que foi em 2024, existe agora uma circulação maior do sorotipo 3 em estados que fazem fronteira com Goiás.
"Isso é preocupante porque o sorotipo 3, desde 2008, nós não temos uma circulação expressiva dele. Então, a gente tem aí uma população toda exposta a esse sorotipo 3, o que pode levar ao aumento do número de casos. Nós também já tivemos, nesse ano de 2025, o isolamento do sorotipo 3, mesmo que de forma isolada em poucos municípios, mas ele está circulando. Por isso o monitoramento importante para que a gente vá acompanhando se vai acontecer uma inversão sorológica em 2025 ou nos próximos anos. Esse monitoramento da vigilância é extremamente importante para a gente acompanhar esse cenário epidemiológico", afirma Cristina.
Situação de emergência
A SES-GO informou que os municípios em emergência são aqueles que estão acima do limite máximo esperado do ponto de vista de incidência, que são o número de casos por 100 mil habitantes, e que estão acima desse limite máximo esperado por pelo menos mais de quatro semanas consecutivas. Assim, o monitoramento é mais importante ainda nesses municípios, porque é necessário acompanhar com a vigilância laboratorial se esses casos são realmente dengue ou se são de outra arbovirose para apoiar esses municípios nas suas à de prevenção e controle.
"Esse limite máximo esperado, assim como a média móvel, é baseado num acompanhamento, num monitoramento de uma série histórica dos últimos 10 anos, onde eu tenho então essa média móvel do número de casos que foram confirmados e tem os desvios padrões que me levam para o limite máximo esperado. Quando no momento atual eu tenho um número de casos notificados que ultrapassa esse limite máximo esperado, me acende um alerta de que esses municípios podem estar ou em alerta ou em emergência. Confira abaixo as cidades que estão em situação de emergência em Goiás:
- Iporá (778 casos);
- Itapuranga (216 casos);
- Itapaci (209 casos);
- Faina (187 casos);
- Diorama (126 casos);
- Caçu (102 casos);
- Mozarlândia (94 casos);
- Guarinos (80 casos);
- Americano do Brasil (63 casos);
- Cromínia (46 casos);
- Mundo Novo (45 casos);
- Brazabrantes (42 casos);
- Santo Antônio de Goiás (37 casos);
- Mossâmedes (29 casos);
- Davinópolis (21 casos).
Alerta X Emergência
De acordo com a SES-GO, emergência é quando tem pelo menos quatro semanas consecutivas acima desse limite e alerta é quando o número ultrapassa esse limite, mas na outra semana ele já abaixa desse limite, não é de forma sustentada.
Prevenção
A SES-GO explica que durante os períodos chuvosos os focos de proliferação são ampliados, destacando a urgência de medidas preventivas para conter a expansão desses focos. Por isso, é importante limpar e verificar regularmente esses pontos que podem acumular água. Além do uso de repelentes e vacina.
As principais medidas preventivas é evitar que o mosquito nasça. Tirar 10 minutos por semana e verificar se em casa tem algum recipiente acumulando água. Se cada um fizer isso a gente consegue diminuir o índice de infestação e transmissão. Outra forma de prevenção muito importante é a vacinação. Em Goiás a vacina está disponível para todas as crianças e adolescentes de 6 a 16 anos", afirma Flúvia.
Morte
O POPULAR mostrou que Goiás registrou a primeira morte por dengue em 2025 na cidade de Heitorai, no centro goiano. Em 2024, o estado registrou 414 mortes por dengue, com outras 53 ainda sob investigação. No ano anterior, foram 58 óbitos confirmados. No Brasil, a doença matou 6.041 pessoas em 2024.
Sorotipos
A dengue possui quatro sorotipos, em geral, denominados DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4, ou sorotipos 1, 2, 3 e 4, que podem causar quadros leves ou graves, onde pode ocorrer o choque hipovolêmico ou o acometimento direto de vários órgãos como fígado, cérebro e coração. A preocupação da SES-GO em relação a circulação do sorotipo 3 se dá porque ele não circula no país desde 2008, dessa forma a população não possui defesa (imunidade) para esse sorotipo.
A SES-GO informou que em 2025 foi identificado o sorotipo 3 da dengue em Anápolis. No entanto, ele é relativo a um paciente residente no estado do Mato Grosso e que estava momentaneamente na cidade com a doença. Foi feita a identificação, coleta, exames pela secretaria, mas o caso é contabilizado para o estado do Mato Grosso, uma vez que a notificação é feita a partir do domicílio de residência, e não de ocorrência.