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'Já temos 11 crimes de Bolsonaro e vários agravantes', diz Renan sobre relatório final da CPI

O senador do MDB também acrescenta que cogita propor o indiciamento de filhos de Bolsonaro por suas ações com a negociação de vacinas contra a Covid-19

Folhapress

Modificado em 21/09/2024, 00:29

Renan Calheiros

Renan Calheiros (Agência Senado)

O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirma que seu texto final terá três personagens centrais: o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e seu braço-direito, o coronel Élcio Franco.

Em relação ao chefe do Executivo, a quem chama "mercador da morte", afirma que está clara e comprovada a sua participação em crimes e que por isso não há dúvidas de que será responsabilizado.

"Nós já temos a especificação de 11 crimes e vários agravantes", afirma em entrevista à Folha. A previsão é de leitura do relatório no dia 19 de outubro.

O senador do MDB também acrescenta que cogita propor o indiciamento de filhos de Bolsonaro por suas ações com a negociação de vacinas contra a Covid-19, pela ligação com o caso Prevent Senior e com o gabinete paralelo.

Além das tipificações que vêm sendo mencionadas para enquadrar os responsáveis --como prevaricação, crime contra a vida, charlatanismo e crimes de responsabilidade--, o relator afirma trabalhar com a hipótese de incluir nas sugestões de indiciamentos homicídio comissivo, quando é cometido por omissão.

De volta aos holofotes com a CPI, após dois anos de ostracismo, o senador nega que esse seja um retorno definitivo para o centro da política. "Não pretendo voltar a ser pauta da política nacional."

Folha - Qual o balanço que o sr. faz dos trabalhos da CPI?

Renan Calheiros - Eu nunca havia participado de CPI, faço agora porque era preciso investigar profundamente e exemplarmente punir essas pessoas. Era necessário retomar a capacidade do Parlamento de investigar.

Essa CPI teve muitas especificidades, foi sem dúvida a que obteve mais aderência social, teve índices históricos de aprovação e foi a que mais obteve audiência.

O primeiro resultado visível da CPI foi a potencialização da indignação social represada durante meses de pandemia por temor a aglomerações e contágio.

A partir da CPI, as ruas passaram novamente a ser ocupadas por opositores do governo Bolsonaro. E teve outras coisas, como a maneira espontânea e inédita que criou também um gabinete do bem de defesa da vida, da ciência, que envolveu denúncias, checagens, sugestões, linhas de investigações, perguntas onlines. A sociedade verdadeiramente participou do seu dia a dia.

Nós não imaginávamos inicialmente investigar a corrupção.

Mas, a partir das primeiras reuniões, nós começamos a receber denúncias de que, enquanto o governo recusava as ofertas da Pfizer, do Butantan e da OMS, algo em torno de 170 milhões de doses que poderiam ter sido aplicadas ainda no ano que passou, priorizava tratativas com lobistas, atravessadores, indicados por critérios políticos, pelo seu líder na Câmara dos Deputados [Ricardo Barros (PP-PR)].

E depois [chegamos aos] contratos escusos no Ministério da Saúde, depois a disputa de poder dos remanescentes do centrão com os representantes dos militares que foram levados pelo ministro Pazuello.

Folha - Olhando para trás, o sr. se arrepende de algo, de ter ouvido algum depoente?

Renan Calheiros - Não, quem define os limites da investigação acaba sendo a própria investigação. Chega em um momento que é preciso ouvir todos os que têm culpa no cartório.

Naquela circunstância era necessário ouvir o Luciano Hang, por tudo o que ele fez e deixou de fazer, independentemente do que ele simbolizava ou não para o bolsonarismo.

A CPI, quando vai investigar, não investiga em função de direção A ou B. Ela tem que investigar indistintamente.

Se tivesse que ouvir, eu ouviria novamente o Luciano Hang com as suas mentiras, com as suas imprecisões, suas contas em paraísos fiscais, com a falsificação da certidão de óbito da sua própria mãe, para não desmerecer a eficácia do tratamento da Covid, que era um produto brasileiro que o governo brasileiro queria vender com a Prevent Senior para o exterior.

Em regra geral, os governistas negaram o negacionismo, enrolaram, procuraram ser imprecisos, mentiram veladamente, mas isso não poderia inibir a convocação de ninguém.

Folha - Em alguns momentos, a CPI perdeu o foco?

Renan Calheiros - Nós apresentamos um plano de trabalho. Nele, nós não iríamos investigar determinados desvios de condutas. Acabamos tendo de investigar, sim, porque é a investigação que define os rumos do trabalho. Então a CPI acertou sempre.

Nós mantivemos esse canal com a sociedade, com os internautas, com redes sociais, com telespectadores, que acompanharam como nunca os trabalhos da comissão.

Procuramos corrigir rumos, ouvir as críticas, redefinir táticas de investigação. Nós tentamos o tempo todo colar o ouvido no Brasil para amenizar os erros. Por isso estamos acabando com essa aprovação popular.

Folha - A CPI teve muita audiência, virou trending topic, mas muitas vezes isso se deu por bate-boca, confusões, piadas. Como responde a essa crítica de que a CPI em determinados momentos virou um circo?

Renan Calheiros - Da forma que respondemos a todos que procuraram expor a comissão parlamentar de inquérito para atender aos propósitos do negacionismo e do governo Bolsonaro.

A circunstância juntou na comissão parlamentar de inquérito quadros respeitados da vida nacional. O senador Tasso Jereissati, por exemplo, exerceu uma liderança indiscutível do ponto de vista ético, moral e colaborou para colocar equilíbrio.

O próprio presidente Omar [Aziz], com muita precisão, catalisava rapidamente o sentimento majoritário e repelia com firmeza arruaças, insinuações, intimidações.

A comissão, é claro, em todos os momentos, procurou ouvir, ouvir, ouvir e por isso acertamos muito mais.

Folha - Qual será a tônica do relatório do sr.?

Renan Calheiros - O aprofundamento da investigação nos levou a caracterizações várias, de procedimentos criminosos, em função disso vamos usar vários tipos penais, desde crime de responsabilidade, passando pelos crimes comuns, chegando aos crimes contra a saúde pública e contra a humanidade. Mais de 40 pessoas serão indiciadas.

Folha - O sr. disse que o presidente Jair Bolsonaro será indiciado "com certeza". Quais seriam as tipificações?

Renan Calheiros - Detalhadamente, ainda não as temos. E a partir do dia 15 eu vou colher o ponto de vista de cada senador da CPI.

Mas há um consenso de que o Bolsonaro é um mercador da morte. Sua trajetória é autoexplicativa: defendeu matar 30 mil brasileiros, ainda quando deputado federal, inclusive o presidente Fernando Henrique Cardoso. Idolatra ditadores carniceiros como Pinochet, Ustra, Stroessner, Médici, tem vínculos inegáveis com a face mais assustadora da morte, as milícias.

Quer dizer, continua defendendo armamento, fala em armar a população, em fuzilar adversários. E foi decisivo para a morte de milhares de brasileiros.

É um facínora, e esse governo criou o gabinete da morte, um ministério paralelo, também responsável pelo extermínio dos brasileiros. Por causa disso tudo, desse impedimento óbvio e majoritário, ele será responsabilizado.

Folha - O sr. poderia mencionar alguns crimes ou quantos seriam?

Renan Calheiros - Nós já temos a especificação de 11 crimes e vários agravantes. Mas não há ainda uma conclusão, porque antes de qualquer coisa eu vou ouvir os senadores.

Folha - Cogita propor o indiciamento de filhos do presidente?

Renan Calheiros - Evidentemente que eu não posso dizer o que estou cogitando, não posso antecipar, porque todas dependerão da maioria da CPI e não apenas do relator.

Mas nós estamos estudando todas essas hipóteses, inclusive em relação aos filhos, na negociação de vacinas, de defesa do que aconteceu na Prevent Senior, no gabinete do ódio, nas fake news.

Folha - Quem serão os personagens centrais do relatório?

Renan Calheiros - Todos cujas condutas foram investigadas serão responsabilizados. Esses encaminhamentos [relativos a pessoas sem foro especial] não serão feitos para a Procuradoria-Geral da República. Serão feitos a instâncias inferiores do Ministério Público Federal.

Mas todos serão responsabilizados, aqueles cujas comprovações a comissão parlamentar de inquérito observou durante os trabalhos.

Existem figuras principais. O general [Eduardo] Pazuello é um, o coronel Élcio Franco, o presidente da República, tiveram participações comprovadas na materialização do que aconteceu no Brasil e no custo que se pagou com vidas. Esses são os principais, mas vamos ter o indiciamento de mais de 40 pessoas.

Folha - Há provas suficientes para ligar o caso Prevent Senior ao governo?

Renan Calheiros - O caso da Prevent Senior, agora na reta final, e o de Manaus foram os mais aterradores de nossa apuração.

Eles nos remetem a experiências macabras do Terceiro Reich com seres humanos, teste de remédios, resistência física e até mesmo experiências cruéis com gênios de Josef Mengele, com hinos entoando a obediência e lealdade. É algo macabro, desumano, criminoso.

Em Manaus, a delegação da morte, que é a comitiva oficial do Ministério da Saúde, matou pessoas asfixiadas.

Na Prevent Senior, o mais grave é a vinculação direta com o Poder Executivo, com o presidente da República, com os seus filhos e com o gabinete paralelo.

Os experimentos nazistas eram festejados e espalhados pelo presidente. E nós temos provas de tudo isso. Era um instrumento que, segundo o próprio Bolsonaro, iria revolucionar a medicina do mundo.

Folha - O sr. pensa em propor indiciamento por homicídio por ações durante a pandemia?

Renan Calheiros - Dentre os tipos penais que estão sendo observados, uma hipótese que avança é a hipótese da utilização do homicídio por omissão, o homicídio comissivo.

Por isso que não pode haver a essa altura ainda um detalhamento com relação aos tipos penais que vamos utilizar, mas estamos discutindo, sim, a hipótese do homicídio como um deles.

Folha - Teme que o relatório final seja engavetado pelo procurador-geral Augusto Aras?

Renan Calheiros - Não tenho nenhuma dúvida de que a investigação isenta, independente e profunda que se fez nesses 165 dias, defendendo a vida, a ciência, colocando luz em lugares que precisariam ser iluminados, trabalhando na adversidade contra a morte, contra o obscurantismo, a crença medieval e as trevas vai ser analisada tecnicamente.

Eu não acredito que o procurador-geral da República substitua tudo isso por um engavetamento de tudo o que se levantou com o apoio da sociedade.

A expectativa que eu tenho é que as coisas andarão na Procuradoria-Geral da República com relação àqueles que têm prerrogativas especiais.

Eu acho que os índices superlativos de apoio que essa CPI teve acenarão definidamente para que essas coisas aconteçam no prazo da lei, que são 30 dias.

Folha - Depois da derrota nas eleições para a presidência do Senado, em 2019, o sr. manteve uma atuação mais discreta. A CPI marcou em definitivo sua volta aos holofotes da cena política?

Renan Calheiros - Não, eu apenas, com meu trabalho, colaborei com a conexão do Senado com a sociedade, com a investigação de fatos que precisavam vir à luz e, sobretudo, colaborei com a retomada da condição de investigar do Senado Federal, do Parlamento, que tem que fazer investigações coletivas todas as vezes em que fatos graves não estão sendo investigados pelos canais convencionais.

Não pretendo voltar a ser pauta da política nacional. Quero exercer plenamente meu mandato de senador, em nome do povo de Alagoas e, modestamente, colaborar, como devo colaborar.

Renan Calheiros, 66

Nascido em Murici (AL) e formado em direito, iniciou sua carreira política no final dos anos 1970, ao ser eleito deputado estadual em Alagoas. Foi também deputado federal e atua como senador desde 1995, sempre pelo MDB. Foi presidente da Casa por três vezes. É o atual relator da CPI da Covid

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Bolsonaro diz que vai processar Haddad após fala sobre crise do Pix

Bolsonaro diz que ministro da Fazenda o acusou de comprar imóveis sem declarar a origem do dinheiro

Bolsonaro diz que vai processar Haddad após fala sobre crise do Pix

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse neste sábado (18) que vai processar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por ter dito que ele estaria por trás da crise em torno da medida da Receita Federal que ampliaria a fiscalização sobre transações via Pix.

"Vou processar o Haddad. Ele não tem o que fazer, sempre me acusa de alguma coisa", disse a jornalistas no aeroporto em Brasília, ao levar Michelle Bolsonaro para embarcar para a posse de Donald Trump nos Estados Unidos. Ele foi impedido por Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), de viajar.

"[Haddad] Falou inclusive que eu comprei 101 imóveis sem origem de dinheiro. Pegou meia dúzia de familiares meus do Vale do Ribeira. O que essa meia dúzia de Bolsonaro de 1990 para cá e está pago em moeda nacional corrente. Natural. Naquela época comprava até telefone em dólar", completou.

Ele comparou ainda Haddad com Paulo Guedes, seu ex-ministro da Fazenda. E disse que o governo Lula não pode dar certo, comparando a gestão a um "bebum dirigindo um carro".

"Recuou porque é fraco ou porque é incompetente ou os dois? Recuaram. Agora querem processar o Nikolas [Ferreira], o Eduardo Bolsonaro o [Gustavo] Gayer por fake news", disse.

Após decidir revogar a medida da Receita Federal, o governo acionou a PF (Polícia Federal) para investigar quem poderia estar por trás da divulgação de notícias falsas, além de criminosos que tenham aplicados golpes utilizando logomarca e nome do Fisco.

Não foram citados nomes de parlamentares, mas a oposição foi atuante nas críticas à norma nos últimos dias.

Haddad, em entrevista à CNN na véspera, declarou que a família Bolsonaro é pessoalmente focada na Receita Federal em decorrências de investigações feitas sobre o clã.

"Tenho para mim que o Bolsonaro está um pouco por trás disso, porque o PL financiou o vídeo do Nikolas. O Duda Lima foi quem fez o vídeo", disse, em referência ao deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e ao marqueteiro que fez a campanha à reeleição de Bolsonaro.

Na terça (14), o parlamentar mineiro fez a publicação na qual afirma que o governo "só está pensando em arrecadar, sem oferecer nada" e fala em "quebra de sigilo mascarado de transparência". O post ultrapassou 300 milhões de visualizações.

O vídeo foi o estopim para o recuo do governo no caso. Embora Haddad tenha defendido o mérito da medida até a manhã de quarta (15), quando teve a primeira reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pesou o argumento de que uma campanha publicitária já não seria mais suficiente para deter a onda críticas à medida, fake news e a prática de crimes contra a economia popular, com aplicação de golpes.

Em outro momento de sua entrevista neste sábado, Bolsonaro elogiou a decisão da Meta de pôr fim ao seu programa de checagem de fatos. O governo Lula (PT) vê com preocupação a medida, e a AGU (Advocacia-Geral da União) está questionando a empresa no Brasil por maiores detalhes sobre a nova política.

"Agora estamos vendo aí, Elon Musk, [Mark] Zuckerberg, entre outros, acabando com as agências de checagem, que a informação tem que ser livre. Você não pode garrotear as mídias sociais. Essa mídia social foi que me elegeu em 2018. E não foi com mentira não, seu Haddad, foi com verdade", disse Bolsonaro.

"E não existe fake news para atacar o PT do que a própria verdade. Então ninguém precisa mentir para atacar o PT, atacar essa política falida do Haddad aqui no Brasil. Os números estão aí. O ministro, um dos mais importantes, é o da economia. Esse que está aí é um fiasco, uma piada", completou.

O ex-presidente disse ainda que Haddad "fez um cursinho de economia por três meses". O ministro da Fazenda é bacharel em direito, mas tem mestrado em economia pela USP (Universidade de São Paulo), e doutorado em filosofia na mesma instituição.

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Veja o que se sabe sobre operação contra golpe de Estado e plano para matar Lula, Alckmin e Moraes

Polícia Federal descreve em relatório como grupo planejou assassinatos. Mais de 36 pessoas foram indiciadas e cinco foram presas

Grupo pretendia matar Lula, Alckmin e Moraes em dezembro de 2022, segundo a Polícia Federal

Grupo pretendia matar Lula, Alckmin e Moraes em dezembro de 2022, segundo a Polícia Federal (Agência Brasil)

Cinco pessoas foram presas suspeitas de planejarem matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Um dos suspeitos, o major Rodrigo Bezerra Azevedo, que é militar do Exército Brasileiro, foi preso em Goiás. O inquérito narra uma tentativa de golpe de Estado que seria executada em dezembro 2022, com o intuito de impedir a posse de Lula após a eleição.

As prisões foram realizadas pela Polícia Federal durante a 'Operação Contragolpe" na última terça-feira (19). No entanto, nesta quinta-feira (21), foi divulgada uma lista com 37 pessoas indiciadas, dentre elas o ex-presidente Jair Bolsonaro, pelos crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa (veja lista ao final da matéria).

Entre os indiciados, 25 são militares das Forças Armadas. A lista inclui sete oficiais-generais - um da Marinha e seis do Exército. A investigação reuniu troca de mensagens, áudios, registro de entradas nos prédios dos Poderes em Brasília, geolocalização de aparelhos celulares e outras provas foram inseridas no inquérito. O relatório final com cerca de 800 páginas foi enviado para o ministro Alexandre de Moraes.

Quem são os presos

Mario Fernandes - ex-número 2 da Secretaria-Geral da Presidência, general da reserva e homem de confiança de Bolsonaro
Wladimir Matos Soares - policial federal que fazia a segurança no hotel de Lula durante a transição de governo.
Rafael Martins de Oliveira - major do Exército
Hélio Ferreira Lima - major de Exército
Rodrigo Bezerra de Azevedo - major do Exército

Qual era o plano

A investigação aponta que Fernandes elaborou um plano para impedir a posse de Lula, que incluía os assassinatos. Os suspeitos teriam discutido a investida golpista na casa do general da reserva Braga Netto. O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro que fechou uma delação premiada sobre o caso, teria participado da reunião.

Bolsonaro indiciado

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) avaliam que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de militares e de aliados deve ocorrer no primeiro semestre de 2025 para evitar que os casos se arrastem até as eleições presidenciais de 2026.

O relatório final da Polícia Federal concluiu que Bolsonaro participou de uma trama para impedir a posse de Lula (PT). Os indícios já são conhecidos desde o início do ano, quando a PF revelou - com base em provas e na delação do tenente-coronel Mauro Cid - que o ex-presidente teria apresentado aos chefes das Forças Armadas uma proposta de golpe de Estado.

Veja a cronologia do plano:

9 de novembro de 2022 - O general Mário Fernandes cria o planejamento "Punhal Verde e Amarelo" em um arquivo Word, inicialmente denominado "Fox_2017.docx". O documento detalha um plano para sequestrar ou assassinar Moraes, Lula e Alckmin;

12 de novembro de 2022 - Acontece uma reunião na casa do general e vice de chapa à Presidência com Bolsonaro em 2022, Walter Braga Netto. Segundo a Polícia Federal, nessa data foi apresentado e aprovado o planejamento chamado "kids pretos";

21 a 24 de novembro de 2022 - Entre esses quatro dias, a Polícia Federal identificou registros de geolocalização de dois suspeitos em locais onde estaria o ministro Alexandre de Moraes. Também é citado o aluguel de carros usados por eles com registros de pedágio que mostram que eles se deslocaram entre Goiânia e Brasília neste período.

6 e 7 de dezembro de 2022 - Mensagens trocadas entre Oliveira e Cid indicam que os dois estavam juntos no Palácio do Planalto no dia 6. Nas datas também foi registrada conversas entre o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e Marcelo Câmara, então assessor do mandatário. Neste mesmo dia e horário, Fernandes, então Secretário-executivo da Presidência, estava no Palácio do Planalto e imprimiu o planejamento operacional denominado "Punhal Verde e Amarelo".

8 e 9 de dezembro de 2022 - Nessas datas, as linhas telefônicas utilizadas no evento "Copa 2022″ foram ativadas. O codinome, que também originou um grupo no aplicativo de troca de mensagens "Signal", foi usado para se referir ao crime. Os suspeitos receberam codinomes associados a países -- Alemanha, Áustria, Brasil, Argentina, Japão e Gana -- para não revelarem suas verdadeiras identidades.

10 de dezembro de 2022 - Marcelo Câmara, então assessor de Bolsonaro, encaminhou quatro mensagens para Cid, com informações detalhadas sobre a cerimônia de diplomação do presidente eleito, a ser realizada dia 12, incluindo a rota que seria usada por Moraes. Durante a cerimônia, os dois também trocam mensagens.

13 de dezembro de 2022 - O prefixo telefônico associado ao codinome "Gana" se desloca de Goiânia para Brasília. Os registros de geolocalização mostram que ele esteve em locais relevantes para a ação que seria realizada no dia 15 de dezembro, como a residência funcional de Moraes.

15 de dezembro de 2022 - Segundo o relatório, neste dia é "Áustria" quem se desloca para Brasília, também partindo de Goiânia. "Neste dia, também são observados registros de deslocamento do veículo particular de Oliveira e pelo menos um veículo oficial vinculado ao Batalhão de Ações de Comandos", diz o relatório.

Quem é o militar preso em Goiás

Tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo foi preso em operação da Polícia Federal (Reprodução/Lattes e Divulgação/Polícia Federal)

Tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo foi preso em operação da Polícia Federal (Reprodução/Lattes e Divulgação/Polícia Federal)

O major Rodrigo Bezerra Azevedo, militar do Exército Brasileiro, foi preso em Goiás suspeito de participar da tentativa de golpe de Estado e de planejar a morte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) , Alexandre de Moraes.

Rodrigo Bezerra de Azevedo informou em seu currículo Lattes que tem experiência e interesse em "Defesa, Operações Especiais, Relações Internacionais, Organizações Internacionais e Terrorismo Internacional". O documento foi atualizado no dia 4 deste mês. O histórico de cargos inclui as funções de major, tenente-coronel e capitão, todas no comando do Exército.

Na plataforma, o militar informou as seguintes formações acadêmicas:

Doutorado em Ciências Militares na Escola de Comando e Estado Maior do Exército (Eceme)
Mestrado em Ciências Militares na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (Esao)
Especialização em Ciências Militares com ênfase em Defesa - Eceme
Especialização em Bases Geo-Históricas para a Formulação Estratégica - Eceme
Graduação em Ciências Militares na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman)

Militar usou dado de motorista para tramar contra Moraes

A Polícia Federal afirma que um dos militares envolvidos no plano usou dados de outra pessoa para habilitar um celular usado na comunicação do grupo. De acordo com relatório policial que respaldou a Operação Contragolpe, o tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira, então major, cadastrou o aparelho em nome do dono de um carro com quem se envolveu em acidente de trânsito na rodovia que liga Brasília a Goiânia.

Os investidores afirmam que a conduta "converge com o processo de 'anonimização', técnica prevista na doutrina de Forças Especiais do Exército que possui como finalidade não permitir a identificação do verdadeiro usuário do prefixo telefônico".

O uso dos dados, segundo afirmou a PF, foi identificado após a apreensão de celular em poder de Oliveira em fevereiro passado, quando foi realizada a Operação Tempus Veritatis, fase anterior da investigação que tem o objetivo de identificar os responsáveis pela trama golpista.Os peritos identificaram no telefone duas imagens, fotos da carteira de habilitação de Lafaiete Teixeira Caitano e de um certificado de licenciamento de veículo.

Lista dos indiciados

  1. Ailton Gonçalves Moraes Barros
  2. Alexandre Castilho Bitencourt da Silva
  3. Alexandre Rodrigues Ramagem
  4. Almir Garnier Santos
  5. Amauri Feres Saad
  6. Anderson Gustavo Torres
  7. Anderson Lima de Moura
  8. Angelo Martins Denicoli
  9. Augusto Heleno Ribeiro Pereira
  10. Bernardo Romao Correa Netto
  11. Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
  12. Carlos Giovani Delevati Pasini
  13. Cleverson Ney Magalhães
  14. Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira
  15. Fabrício Moreira de Bastos
  16. Filipe Garcia Martins
  17. Fernando Cerimedo
  18. Giancarlo Gomes Rodrigues
  19. Guilherme Marques de Almeida
  20. Hélio Ferreira Lima
  21. Jair Messias Bolsonaro
  22. José Eduardo de Oliveira e Silva
  23. Laercio Vergilio
  24. Marcelo Bormevet
  25. Marcelo Costa Câmara
  26. Mario Fernandes
  27. Mauro Cesar Barbosa Cid
  28. Nilton Diniz Rodrigues
  29. Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho
  30. Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira
  31. Rafael Martins de Oliveira
  32. Ronald Ferreira de Araujo Junior
  33. Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros
  34. Tércio Arnaud Tomaz
  35. Valdemar Costa Neto
  36. Walter Souza Braga Netto
  37. Wladimir Matos Soares

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Convidado por Bolsonaro, Caiado vai à posse de Milei na Argentina

Ronaldo Caiado deve integrar comitiva que inclui outros governadores de direita

Modificado em 19/09/2024, 01:25

Jair Bolsonaro (PL) e o governador Ronaldo Caiado (UB), no Palácio das Esmeraldas, em Goiânia

Jair Bolsonaro (PL) e o governador Ronaldo Caiado (UB), no Palácio das Esmeraldas, em Goiânia (Diomício Gomes)

O governador Ronaldo Caiado (UB) vai à posse do presidente eleito da Argentina, Javier Milei, no dia 10 de dezembro, em Buenos Aires. Caiado foi convidado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e deve integrar comitiva que inclui outros governadores de direita como Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Jorginho Mello (PL), de Santa, Catarina, .

A informação foi confirmada pelo próprio Caiado. O governadro, aliás, usou sua conta no X (antigo Twitter), no domingo (19), para parabenizar Milei pela vitória. "Numa bela festa democrática, os argentinos votaram, com maioria robusta, em um projeto de mudança, cansados que estão de uma sucessão de governos populistas que levaram o país a uma crise profunda, atolado numa inflação que já passa dos 140%", afirmou na rede social.

Segundo a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, Jair Bolsonaro também convidou os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) e do Paraná, Ratinho Jr. (PSD).

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Dentista divulga foto de Bolsonaro após colocar em Goiânia lentes de contato nos dentes

Procedimento foi realizado no último dia 21 de julho

Modificado em 19/09/2024, 01:06

Dentista divulga antes e depois de Bolsonaro após realização de procedimento

Dentista divulga antes e depois de Bolsonaro após realização de procedimento
 (Reprodução/Redes Sociais rildolasmar)

O dentista responsável por colocar lentes de contato no ex-presidente Jair Bolsonaro, em Goiânia, divulgou em suas redes sociais nesta terça-feira (22), o antes e depois do procedimento, realizado no último dia 21 de julho.

"Um sorriso para cada história... As proporções ideais e o estudo da face são primordiais para o resultado harmônico entre o sorriso e o rosto...", escreveu Rildo Lasmar ao compartilhar o registro.

Em um vídeo, publicado no dia em que o procedimento foi concluído, o ex-presidente falou sobre o resultado alcançado.

"Realmente superou a expectativa. Um pouco de vaidade não faz mal a ninguém. Então estou muito feliz", afirmou Jair Bolsonaro.

Nas imagens, Bolsonaro ainda aparece cumprimentando apoiadores, que foram até a clínica para ver o ex-presidente.