Paulo Antônio de Souza Júnior, de 42 anos, está em um presídio militar, em Minas Gerais, e deve ser transferido para Goiânia ainda nesta segunda-feira (25)
O ex-policial militar Paulo Antônio de Souza Júnior, de 42 anos, um dos condenados por matar o adolescente Roberto Campos da Silva, conhecido como Robertinho, em Goiânia, está em Belo Horizonte após ser deportado dos Estados Unidos. Ele segue preso no presídio militar, em Minas Gerais, após ficar mais de um ano foragido.
O advogado do ex-militar, Paulo Borges, informou que o seu cliente deve ser transferido para Goiânia ainda nesta segunda-feira (25). Acrescentou que "está trabalhando no processo do julgamento para a redução de pena ou anulação de júri do autor" (Veja a nota completa no final da reportagem).
Paulo Antônio chegou ao Brasil, nesta sexta-feira (22), no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins. Em nota, o Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) informou que o magistrado já foi notificado e irá emitir o despacho determinando a transferência dele para Goiânia.
Fuga
O ex-policial militar estava foragido desde o dia 20 de outubro de 2023, após ter fugido de uma unidade militar, onde desempenhava serviço de remissão.
Na época, a Polícia Militar (PM) respondeu à reportagem que o Paulo não retornou após o expediente administrativo ao final do trabalho que desempenhava para a remição da sua pena.
Robertinho foi morto no dia 17 de abril de 2017, e o pai dele, Roberto Lourenço, foi atingido por cinco disparos e sobreviveu. Os policiais alegaram que estavam em patrulhamento na região e foram informados que no endereço morava um traficante de drogas. Sem mandado judicial, eles invadiram a casa.
Paulo Antônio de Souza Júnior foi condenado por homicídio consumado triplamente qualificado, homicídio tentado simples e fraude processual. Juntas, as penas somam 21 anos e 4 meses de reclusão, e 8 meses de detenção. Segundo o MP, Paulo Antônio ainda responde a outros processos da mesma natureza.
Condenações
Além de Paulo Antônio, Rogério Rangel Araújo Silva e Cláudio Henrique da Silva foram condenados por duplo homicídio tentado simples e fraude processual. Cada um teve, somadas, penas que totalizam 10 anos de reclusão. Eles recorrem em liberdade.
Como mostrou o Daqui em 1º de junho deste ano, apesar dos condenados conseguirem recorrer da condenação em liberdade, a última decisão da Justiça decretou a prisão preventiva de Paulo Antônio de Souza Júnior, já que ele é o único dos réus que sofreu condenação superior a 15 anos de reclusão.
Relembre o caso

Estudante Roberto Campos da Silva, o Robertinho, foi morto dentro de casa, em Goiânia (Arquivo familiar)
De acordo com a denúncia do Ministério Público (MP), em abril de 2017, os três policiais descaracterizados, invadiram a casa da família em que estavam pai, filho, a madrasta de Robertinho e outros dois filhos menores dela, de 14 e 8 anos de idade, sob a alegação de investigar a posse ilegal de arma de fogo e tráfico de drogas.
No dia do ocorrido, os policiais alegaram que estavam em patrulhamento na região e teriam recebido a informação de que o pai de Robertinho era traficante e andava armado. Segundo a denúncia, os policiais, sem nenhum mandado judicial ou elementos que pudessem concluir a ocorrência do crime na residência, invadiram a casa da família por volta das 20h30. Para isso, eles desligaram a energia elétrica no padrão.
Ao perceber que somente a casa dele tinha energia e que os cachorros da residência começaram a latir bastante, Robertinho pegou uma escada e olhou por cima do muro, quando viu homens segurando armas de fogo. Pelo barulho dos animais, o pai de Robertinho acordou para ver o que estava acontecendo. Os policiais, ainda do lado de fora de casa, disseram que iam "invadir e pipocar todo mundo".
Ainda segundo a denúncia, o pai de Robertinho pegou um revólver, sem saber que os homens eram policiais, e pediu para sua família ir para dentro da casa, porém, o filho não quis sair de perto do pai. Acreditando que assustaria os homens, Roberto efetuou um disparo de arma de fogo para cima. Neste momento, os denunciados, ainda sem se identificarem como policiais, iniciaram os disparos contra os portões da casa.
O MP afirma que os policiais deram 11 disparos para dentro do portão e mesmo sabendo que poderiam matar quem estivesse atrás, assumiram o risco. Depois dos tiros, os denunciados arrombaram o portão e entraram na residência, encontrando as vítimas feridas e sentadas no chão da garagem. Enquanto perguntavam sobre a existência de drogas, Robertinho pediu para não atirarem no pai dele, dizendo que não era traficante.
Veja a nota completa da defesa de Paulo Antônio
Em nota, de acordo com o advogado de defesa, Paulo Borges, que confirma a deportação de Paulo Antônio de Souza Junior, afirma que ele se encontra em um presídio de Belo Horizonte. E que a defesa pretende realizar a transferência do ex-policial militar a Goiânia, prevista para a próxima segunda-feira (25). Ele comenta que está trabalhando em processo do julgamento para a redução de pena ou anulação de júri do autor.