Geral

Prefeitura de Goiânia quer organizar fios de 170 mil postes até dezembro

Administração municipal pretende retirar cabos em desuso e identificar os que são usados por mais de 200 empresas de telecomunicações. Situação atual traz riscos

Modificado em 19/09/2024, 00:37

Emaranhado de fios em poste na Avenida Contorno, no Setor Norte Ferroviário: preocupação com peso que cada poste pode suportar

Emaranhado de fios em poste na Avenida Contorno, no Setor Norte Ferroviário: preocupação com peso que cada poste pode suportar (Wildes Barbosa)

A Prefeitura de Goiânia estima que até o final deste ano terá ordenado toda a fiação aérea da capital. Hoje, os mais de 170 mil postes da cidade são disputados por cabos da Equatorial, operadora de energia elétrica, e de aproximadamente 200 empresas de telecomunicações, trazendo insegurança e poluição visual. Na manhã desta terça-feira (15) foi lançado o programa Cidade Segura, que visa retirar fios em desuso, identificar e organizar os condutores. O trabalho começa nesta quarta-feira (16) nas etapas 1 e 2 da Vila Mutirão, na região Noroeste.

As ações da administração municipal para o Cidade Segura serão coordenadas pela Secretaria de Governo. O titular, Jovair Arantes, explica que desde abril vem conversando com a Equatorial, que assumiu o legado da Enel, com representantes do Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) e também com empresas de telecomunicações, operadoras de serviços de telefonia e de internet. "Levamos um susto quando descobrimos que quase 200 operam em Goiânia", contou. A grande preocupação é com o peso que cada poste pode suportar, sem colocar em risco os cidadãos, além da poluição visual.

Presidente da Associação Brasileira de Engenheiros Eletricistas (Abee) em Goiás, Petersonn Caparrosa concorda. Segundo ele, nessa espécie de "cabo de guerra", as empresas vão instalando seus fios nos postes e a estrutura acaba cedendo mais para um lado. "Tem de ter um limite. Não pode ser algo em que a operadora chega e coloca os cabos do jeito que bem entende. É preciso seguir um critério técnico de engenharia", avisa. Outro aspecto, conforme o engenheiro, é que muitos cabos de empresas de telecomunicações estão baixos. Sem atender uma norma mínima de altura, o risco de acidentes com caminhões, veículos menores, motocicletas e bicicletas é grande.

"Toneladas"

Jovair Arantes estima em "toneladas e toneladas" de fios que serão retirados dos postes da cidade até o final do ano. Caberá à Companhia Municipal de Urbanização de Goiânia (Comurg) recolher todo o material e destiná-lo para as cooperativas de reciclagem. "O que não tiver condições de ser aproveitado será incinerado." Os fios serão retirados pelas operadoras, com a fiscalização da Equatorial, que legalmente, é a responsável pela manutenção e monitoramento da rede de energia elétrica. As câmeras de alta definição dos veículos da Mapzer Inteligência Artificial , que desde abril mapeiam os problemas urbanos da capital, vão ajudar a identificar postes com emaranhados de fios.

Promotor de Justiça, da 8ª Promotoria de Goiânia, Carlos Alexandre Marques instaurou o procedimento administrativo de acompanhamento de política pública depois de solicitação da Prefeitura de Goiânia. "Envolvemos todos os atores e construímos uma solução negociada, com diálogo e consenso." A inspiração ele buscou em Anápolis, comarca em que atuava até há poucos meses, e que realizou um projeto semelhante, com sucesso. "É um problema estrutural que exige medidas estruturantes. E estas demandam uma construção por camada. Todo o trabalho foi construído com a parceria das empresas de telecomunicações.

"Tem cabos da época da Telegoiás e até da antiga Cotelgo", revela Jovair Arantes. Algumas operadoras já se anteciparam e retiraram fios sem uso da região de Campinas. "Tiraram uma carreta de fios", comenta o promotor Carlos Alexandre.

O promotor de Justiça ressalta que o MP irá acompanhar a execução do programa e trabalhar para aperfeiçoá-lo. A intenção do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente é levar o projeto para outras cidades que já manifestaram intenção de implantá-lo. "Toda a sociedade ganha".

Problema é histórico em Goiânia

Petersonn Caparrosa, da Abee Goiás, lembra que a responsabilidade da fiscalização é da operadora de energia elétrica, um trabalho que vem sendo protelado há anos, até porque as mudanças foram constantes. Depois da Celg, veio a Enel e agora a Equatorial. "Eu trabalho com isso desde 1998 e o tema não evolui. Espero que agora, com o envolvimento do MP, as ações saiam do campo das intenções", comentou.

Em 2014, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) publicaram a Resolução Conjunta nº 004 estabelecendo que a concessionária de distribuição de energia é a responsável pela manutenção e fiscalização da rede.

Em 2019, um morador de Niterói (RJ) ajuizou a Enel porque os fios expostos em um poste em frente à sua residência colocavam em risco a segurança dos transeuntes. A 10ª Vara Cível da comarca local acolheu o pedido do consumidor e condenou a companhia elétrica a adequar os fios. "É preciso separar os condutores da parte elétrica, da parte de telefonia e de internet", afirma o presidente da Abee Goiás. Jovair Arantes garante que tudo isso está definido no programa elaborado num ambiente de consenso."Cada fio terá um nome e um número.

As empresas alegavam que não retiravam os excedentes porque não sabiam quem era o dono. Isso acabou"

Subterrânea

Petersonn salienta que, embora seja um debate antigo e desejo de muitos, a fiação subterrânea não é uma alternativa viável pelo custo que seria transferido ao consumidor. "Teríamos a energia mais cara do país", explica ele.

Segundo o engenheiro, cidades maiores e mais antigas do que Goiânia, como Manaus, São Paulo e Rio de Janeiro convivem há décadas com uma enorme profusão de fios embolados nos postes e que Goiânia pode sair na frente para estabelecer regras de cobrança, de uso e de fixação desses cabos nos postes.

Geral

Memorial de Iris já tem busto e projeto

Desenhado pelo arquiteto Leo Romano sobre a estrutura da Casa de Vidro, espaço que guardará trajetória da lenda política goiana vai ganhando forma com empenho da filha Ana Paula Rezende

Modificado em 22/03/2025, 08:32

No auditório do memorial, arquiteto Leo Romano e Ana Paula, filha de Iris Rezende, mostram projeto da fachada do espaço, na Avenida Jamel Cecílio

No auditório do memorial, arquiteto Leo Romano e Ana Paula, filha de Iris Rezende, mostram projeto da fachada do espaço, na Avenida Jamel Cecílio (Diomício Gomes / O Popular)

Ainda sem previsão de abertura ao público, o Memorial Iris Rezende vai tomando forma sob a batuta de Ana Paula Rezende Craveiro, a filha que decidiu tornar realidade o desejo do pai de criar um lugar que lembrasse sua trajetória. Um dos mais significativos políticos goianos, Iris Rezende morreu aos 87 anos, em novembro de 2021, mas sua presença marcante, seus gestos e até a voz sobrevivem pelas mãos de uma equipe multiprofissional. Na última semana chegou às mãos da coordenadora do projeto o plano de construção da fachada e do receptivo, um presente do designer e arquiteto Leo Romano.

Maquete do futuro Memorial Iris Rezende: linhas contínuas, sem quinas (Diomício Gomes / O Popular)

Maquete do futuro Memorial Iris Rezende: linhas contínuas, sem quinas (Diomício Gomes / O Popular)

O arquiteto não tinha uma relação próxima com Iris Rezende, mas traz na memória os comentários dos pais e dos avós que participavam dos comícios do político em Morrinhos. "Depois, quando me mudei para Goiânia, ele sempre foi uma referência política. Eu me sinto honrado e prestigiado por fazer parte desse projeto." Leo Romano revela que seu projeto, com traços minimalistas, tem o objetivo de preparar o espectador para entrar no espaço de memória. "A proposta dessa arquitetura é de silêncio e de respeito. A ideia é mexer com o emocional do visitante para que ele entenda que está entrando num memorial e não num lugar de ruídos."

"Ideia é que história de Iris Rezende sirva de inspiração", diz Ana Paula sobre instituto
Dona Iris morreu um ano e três meses após o marido, Iris Rezende
Filhas de Dona Iris falam do legado dos pais durante velório: 'Obrigação de honrar a história deles'

Ana Paula foi arrebatada pelo projeto de Leo Romano. "Fiquei emocionada. Era exatamente o que eu queria proporcionar à cidade. Eu pensei em um profissional que tivesse a sensibilidade de entender e representar a história do meu pai e Leo Romano enxergou isso. Ficou muito parecido com o jeito do meu pai, uma pessoa simples, mas elegante nos gestos e atos", disse ela ao POPULAR. Ana Paula passou os últimos anos ao lado do pai, cuidando de seus interesses pessoais e de olho na vertente política. Ela relata que não cansa de se impressionar com as descobertas que tem feito ao peregrinar pelos caminhos percorridos pelo pai. Histórias que estarão no memorial.

Buscando recursos para concluir a obra já em fase adiantada, Ana Paula não arrisca mencionar nenhuma data para a inauguração, embora seu desejo seja o aniversário do pai, no dia 22 de dezembro, quando ele faria 92 anos. O projeto assinado por Leo Romano será desenvolvido na íntegra e, para isso, algumas adaptações serão realizadas. Uma delas diz respeito ao já batizado Café com Íris, de onde poderia ser visto o exterior. "Pelo sentido do memorial, ele tem de ser fechado", explica o arquiteto que optou por um acrílico alveolar, material translúcido que será iluminado. "Ele vira um grande painel de luz", detalha.

O Memorial Iris Rezende funcionará na Casa de Vidro, prédio inaugurado pelo ex-prefeito em 2020 a partir de uma emenda parlamentar da mulher, Iris Araújo, quando ela foi deputada federal. A ideia de transformar o espaço em um centro cultural e educativo para crianças carentes nunca avançou. A Câmara de Vereadores aprovou a proposta de tornar o lugar uma referência da história do político que dedicou 70 anos à vida pública. "Apesar de ser somente uma pele que envelopa o prédio que já existe, meu projeto não terá cara de reforma. Isso é bom porque pouca gente conhece esse lugar, que não foi utilizado em todo o seu potencial", explica o arquiteto.

"A proposta dessa arquitetura é de simbolismo. O prédio está numa região nobre da cidade e tínhamos tudo para cair numa armadilha e transformar isso em algo monumental", diz Leo Romano, que optou por uma arquitetura horizontal, baixa, com o propósito de que não apareça tanto, mas que desperte curiosidade. As quinas foram eliminadas para ter uma linha contínua. "Isso faz com que o olho tenha vontade de passear por todo o perímetro. Prepara o espectador para entrar numa atmosfera que conta a história de uma pessoa que já morreu. É quase um ritual." Alguns elementos foram propostos com esse objetivo, como a luz embaixo de todo o prédio, "numa referência a algo sagrado".

Busto ficará de frente para Av. Jamel Cecílio

No ponto extremo da linha contínua proposta pelo arquiteto Leo Romano para o memorial ficará um dos elementos mais aguardados: o busto de Iris Rezende, com 3,5 metros de altura, mas com previsão de chegar a 4,5 metros, com a base. A arquiteta Ana Paula Alves, amiga de Ana Paula Rezende, que assina o projeto de todo o espaço, acompanhou de perto a feitura pelo artista Edu Santos, da Fundição Artística (Fundiarte), em Piracicaba, no interior de São Paulo. "Ele foi feito em alumínio brilhante e está pronto, mas só virá para Goiânia próximo à inauguração do memorial", explica a arquiteta.

Edu Santos apresenta o busto de Iris Rezende, escultura com 3,5 metros de altura, mas com previsão de chegar a 4,5 metros junto com a base (Ana Paula Alves)

Edu Santos apresenta o busto de Iris Rezende, escultura com 3,5 metros de altura, mas com previsão de chegar a 4,5 metros junto com a base (Ana Paula Alves)

Edu Santos, que criou obras alusivas aos ex-jogadores Rivellino e Zico, o humorista Ronald Golias e o médico e cientista Vital Brasil, entre outras, esteve em Goiânia para ver de perto a formatação do memorial e conhecer a história de Iris Rezende. "Ele optou por uma estética clássica", ressalta Ana Paula Alves, que elogia o cuidado do artista com o cabelo do homenageado, "todo riscado à mão com um estilete". O busto poderá ser visto do lado de fora, em frente à Avenida Jamel Cecílio. Perto, o espectador terá uma visão num ângulo de 360 graus ao circular em seu entorno. O projeto de fachada alterou também o paisagismo proposto por Fernanda Schmitz, que ficará agora na lateral direita.

Última geração

Ana Paula Alves comenta que visitou mais de 30 memoriais para criar o espaço de homenagem a Iris Rezende. "Nenhum possui os recursos que estamos preparando", garante. A tecnologia e a interatividade são destaques do projeto desenvolvido pela empresa Alyce Mundo Interativo, de Brasília, responsável por conteúdos semelhantes no Memorial JK. Thiago Michael Mendes, CEO da empresa, explica que no espaço de memória dedicado ao ex-presidente no Distrito Federal foram utilizados efeitos tecnológicos de dez anos atrás. "Hoje há muita inovação. Aqui estou usando muita tecnologia que é aplicada no mercado corporativo."

Entre os destaques estão três holografias, um modelo inovador que proporciona interação a partir de imagens tridimensionais criadas pela interferência da luz. Os ambientes imersivos, os óculos em 3D e as telas interativas visam, segundo Thiago, envolver principalmente o público mais jovem que não conheceu Iris Rezende e seus atos políticos, como os grandes comícios e os mutirões. No memorial será contada toda a história de Iris Rezende, desde o nascimento em Cristianópolis, município a 92 quilômetros da capital, até sua morte, num leito hospitalar na cidade de São Paulo. Ana Paula Rezende reservou para o último ambiente a oração do pai, gravada por uma enfermeira, em que pede proteção para Goiânia.

O memorial terá espaço exclusivo para Iris Araújo, que se casou aos 21 anos com Iris Rezende e com quem teve três filhos. Ela pavimentou a própria carreira política, ocupando uma cadeira na Câmara dos Deputados entre 2007 e 2015 e chegando a presidir o então PMDB regional. Morreu em 21 de fevereiro de 2023, aos 79 anos. "Vamos contar a história dos nomes (idênticos), porque as pessoas sempre me perguntam se minha mãe mudou o nome e isso não ocorreu", afirma Ana Paula Rezende. Também está sendo reproduzido o gabinete de Iris Rezende no Paço Municipal, o último cargo que ocupou. Além da mesa de trabalho e a foto de Juscelino Kubitschek que ele mantinha na parede, estará sobre a mesa a revista Realidade (já extinta), que contou a história dos mutirões, publicação que ele fazia questão de mostrar aos visitantes.

No ano passado, Ana Paula Rezende fez um apelo para que a sociedade doasse objetos que fazem referência a Iris Rezende. Milhares de lembranças foram entregues -- ternos, camisetas, fotos, santinhos, chapéus de campanha, equipamentos usados em mutirões, para citar alguns -- para serem expostas no memorial. "É impressionante como cada pessoa tem uma história com meu pai para contar". No auditório com 190 poltronas, pronto para uso, o público visitante poderá assistir vídeos e documentários que vão contribuir para a compreensão da grandiosidade de Iris Rezende na vida pública goiana.

Geral

Defesa Civil recomenda demolição de parte afetada de igreja após teto desabar em Goiânia

Telhado de templo desabou durante instalação de placas solares. Seis funcionários estavam trabalhando no momento e um deles foi encaminhado para o hospital

Modificado em 20/03/2025, 13:01

Defesa Civil recomenda demolição de parte afetada de igreja após teto desabar em Goiânia

A Defesa Civil de Goiânia recomendou a demolição de parte afetada da igreja em que teto desabou após a instalação de placas solares, no setor Leste Vila Nova, em Goiânia. O coordenador geral da Defesa Civil, Robledo Mendonça, disse ao DAQUI que a área do tempo foi isolada na quarta-feira (19).

Recomendamos a demolição da parte abalada e que seja feita com acompanhamento de um engenheiro especializado em demolição", salientou Mendonça.

Segundo ele, agora a igreja deve passar por vistoria para identificar possíveis riscos. Além disso, a Defesa Civil deve orientar os responsáveis sobre as medidas de segurança a serem adotadas no local.

A gente vai continuar acompanhando o desenrolar da situação aqui. Estamos aqui para prestar todo o apoio ao pessoal da igreja. A Polícia Técnica-Científica entrou no caso, vai investigar a causa e a gente tem auxiliado a polícia com informações, com fotos que a gente tem, vídeos. E cabe agora a Polícia Técnica-Científica fazer a perícia", ressaltou o coordenador da Defesa Civil.

O DAQUI entrou em contato com a Polícia Técnica-Científica para obter informações prévias sobre o acidente, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.

O telhado da Igreja Videira desabou enquanto trabalhadores colocavam os equipamentos sobre o edifício. Segundo a direção do templo, que estava vazio, o prédio recebe em média três mil pessoas aos domingos.

De acordo com relato do Corpo de Bombeiros Militar de Goiás (CBM-GO), no momento do desabamento havia seis funcionários fazendo a instalação. Quatro deles estavam no teto da igreja e dois no chão subindo os paineis.

Os trabalhadores que estavam no telhado precisaram se agarrar nas estruturas para esperar o socorro à medida que um dos auxiliares conseguiu escapar, mas o segundo foi atingido e teve ferimentos na cabeça. Ele foi encaminhado para o Hospital Estadual de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (Hugo). Por não ter o nome divulgado, a reportagem não conseguiu obter informação sobre o estado de saúde da vítima.

Os bombeiros alertam que as empresas que instalam esse tipo de equipamento precisam apresentar o projeto técnico para avaliação e análise da conformidade com as medidas de segurança contra incêndio, por exemplo. Como o nome da empresa não foi divulgado, a reportagem não conseguiu um posicionamento se houve cumprimento das regras para o serviço.

Desabamento em igreja

O alerta do desabamento parcial do telhado da Igreja Videira foi feito por um trabalhador de uma oficina mecânica localizada em frente ao templo. Ao ver o acidente, o homem acionou o Corpo de Bombeiros.

Matheus Oliveira, de 27 anos, relatou que operários vinham instalando as placas no telhado havia cerca de uma semana. Mas, por volta das 10h30, de quarta, a estrutura cedeu e surpreendeu quem estava por perto.

"Um barulho muito alto e muita poeira", descreveu a testemunha, depois que ele e colegas se assustaram com o incidente.

Além dos bombeiros e da Defesa Civil de Goiânia, esteve no local representante do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO), que irá elaborar um relatório técnico da situação. Os dois primeiros órgãos devem emitir juntos um laudo sobre o acidente.

O capitão do CBM, Guilherme Lisita, disse que os trabalhadores informaram que mais de 70 placas já haviam sido instaladas antes do desabamento. A estimativa é que cada uma delas pesa aproximadamente 30 quilos, o que representou um acréscimo de mais de duas toneladas à estrutura do edifício.

O gerente de fiscalização do Crea-GO, Jeorge Frances, ressaltou que, além das questões administrativas relacionadas à área elétrica, a instalação de placas solares envolve diversos aspectos da engenharia. Conforme ele, o primeiro passo é calcular a capacidade de geração de energia no local.

Frances frisou que a demanda de carga determina tanto a quantidade quanto o tipo de placas a serem utilizadas, sendo que cada modelo possui um peso específico. Esse fator também influencia a maneira como as placas serão distribuídas e fixadas na estrutura.

A Absolar ressaltou que instalações fotovoltaicas em telhados, fachadas e coberturas são seguras quando projetadas e executadas conforme os protocolos de segurança e qualidade estabelecidos pelo setor, em conformidade com as exigências técnicas e legais. Além disso, enfatizou a necessidade de uma perícia técnica específica para investigar as causas do incidente com precisão e transparência.

A Igreja Videira afirmou, em nota, que tomou todas as medidas de segurança necessárias e acionou especialistas para investigar as causas do incidente. A instituição informou que colabora com as autoridades para assegurar que "todas as medidas corretivas sejam tomadas com a máxima responsabilidade e segurança".

Presidente da igreja, o pastor André Francisco lamentou o ocorrido e informou ao DAQUI que o edifício é ocupado pela comunidade há mais de duas décadas. Agora, ele antecipa que o restante da estrutura será demolido, e um novo prédio deve ser construído no local.

Geral

Cancelamento de licitação encerra denúncia sobre semáforos em Goiânia

Com fim de pregão eletrônico para modernizar parque semafórico, unidade técnica do TCM-GO não leva adiante averiguação sobre possível trava que impediria novas empresas de atuarem e sugere que administraçã municipal analise este ponto

Cancelamento de licitação encerra denúncia sobre semáforos em Goiânia

A decisão de revogar o pregão eletrônico que renovaria o parque semafórico de Goiânia fez com que a Secretaria de Controle Externo de Contratações (Secex Contratações) do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás (TCM-GO) resolvesse não avançar na denúncia de que os semáforos da Dataprom Equipamentos e Serviços de Informática possuem "protocolo fechado". Isso inviabiliza que outras empresas assumam a manutenção de 99,39% dos 805 cruzamentos semaforizados da capital. O processo licitatório se arrastou durante toda a gestão do prefeito Rogério Cruz (SD) e estava parado desde julho do ano passado, mesmo não havendo nenhum entrave administrativo.

A reportagem mostrou na sexta-feira (14) que a Prefeitura desistiu de levar adiante a licitação ainda em 20 de dezembro de 2024, nos últimos dias de Rogério no cargo, porém a decisão só foi oficializada pela Secretaria Municipal de Administração (Semad) já na gestão do prefeito Sandro Mabel (UB), horas antes da publicação da reportagem e após o jornal acionar a administração municipal em busca de esclarecimentos.

A decisão, entretanto, já era de conhecimento do TCM-GO, do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) e da própria Dataprom, empresa de Curitiba cujas chances de vencer o pregão eram baixas. Ao justificar a revogação em dezembro, a Prefeitura alegou morosidade no processo e desatualização dos estudos que embasaram o pregão.

A licitação estava avaliada em até R$ 53 milhões e foi dividida em três lotes: um para o fornecimento e implantação de centro de controle operacional (CCO); outro para o fornecimento, manutenção e comunicação de software de controle de tráfego; e o último para a prestação dos serviços de manutenção preventiva e corretiva do sistema semafórico. O Consórcio Goiânia Semafórica, formado pelas empresas Kapsch Trafficcom e Newtesc Tecnologia e Comércio, ambas de São Paulo, venceu o primeiro lote e passava por teste de capacidade para ver se levava os outros dois. Já a Dataprom estava, respectivamente, em segundo e quarto nesses lotes ainda em disputa.

Mabel já havia anunciado a intenção de passar a gestão do parque semafórico para a Rede Metropolitana de Transporte Coletivo (RMTC), consórcio de empresas responsáveis pelo transporte coletivo público na região metropolitana de Goiânia. A partir daí, caberia à RMTC fazer a contratação da empresa responsável pela manutenção do sistema. A Prefeitura informa que o processo de transferência está em fase de elaboração de um acordo de cooperação técnica e não deu uma data para que ela se efetive. O prefeito diz que os primeiros novos semáforos seriam instalados ainda em março em três avenidas de grande circulação.

Denúncias

O parecer da Secex Contratações ainda depende de análise por parte dos conselheiros do TCM-GO. No documento, a que O POPULAR teve acesso com exclusividade, o órgão explica que a apuração sobre o suposto "protocolo fechado" demandaria uma avaliação pormenorizada dos produtos fornecidos, inclusive a realização de perícia técnica e avaliação laboratorial, pontos que fogem ao escopo legal do tribunal e que, de qualquer forma, o processo deve ser arquivado após a Prefeitura ter se manifestado, ainda em dezembro, pelo fim da licitação. Outras três denúncias foram consideradas procedentes, o que levou o órgão a sugerir que sejam feitas recomendações.

A equipe da Secex Contratações também alega não possuir "profissionais com alta expertise no tema" para averiguar a parte técnica da denúncia envolvendo os equipamentos da Dataprom. "Não obstante, esta unidade técnica frisa que se trata de uma temática sensível, de grande repercussão à disputa e de elevado nível de discussão técnica, típica de especialista do ramo de comunicação semafórica", afirma o relatório. No documento enviado aos conselheiros do TCM-GO, a equipe da Secex Contratações afirma que o problema levantado na denúncia é "o principal ponto a ser observado pela nova gestão, pois foi o cerne da discussão deste processo e dos grandes embaraços na condução do pregão".

A Dataprom foi responsável pelo controle do parque semafórico de Goiânia entre 1997 e 2019 e conseguiu manter contratos emergenciais para manutenção dos equipamentos até abril de 2022. Depois, por meio de um consórcio, desde novembro de 2023 fornece material para que equipes da própria Secretaria Municipal de Engenharia de Trânsito (SET) faça a correção dos problemas. O contrato mais recente foi renovado em novembro, com validade por 12 meses.

Entre as denúncias confirmadas pela unidade técnica do TCM-GO, todas já haviam sido noticiadas e, de certa forma, resolvidas quando o tribunal liberou o procedimento licitatório em julho. Uma é que o Consórcio Goiânia Semafórica foi prejudicado pelo "efeito surpresa" na prova de conceito do lote 3. Também não foram apresentados "elementos técnicos robustos" para justificar a redução do checklist dos lotes 2 e 3. E faltou deixar mais claro qual o período a ser disponibilizado para que a licitante possa demonstrar sua capacidade nos testes. No relatório da Secex, esses pontos são tratados como recomendações de atenção se a Prefeitura decidir fazer um novo pregão.

Geral

Veja fotos: Teto de igreja desaba enquanto trabalhadores instalavam placas solares, em Goiânia

Uma pessoa foi levada para o Hospital Estadual de Urgências de Goiás (Hugo) com suspeita de traumatismo craniano

Modificado em 19/03/2025, 16:16

O teto de uma igreja desabou nesta quarta-feira (19) enquanto trabalhadores instalavam placas solares, no Setor Leste Vila Nova, em Goiânia . De acordo com os bombeiros, quatro trabalhadores estavam sobre o telhado no momento do desabamento.

Uma pessoa foi levada para o Hospital Estadual de Urgências de Goiás (Hugo) com suspeita de traumatismo craniano (confira as fotos acima) .

O POPULAR entrou em contato com a Igreja Videira para pedir um posicionamento sobre o caso, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.