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Terremoto deixa mais de 4.300 mortos e milhares de feridos na Turquia e na Síria

Tremor foi sentido na madrugada desta segunda (6), noite de domingo (5) no Brasil

Folhapress

Modificado em 19/09/2024, 00:12

Terremoto foi de magnitude 7,8

Terremoto foi de magnitude 7,8 (Red Crescent Turkiye)

Atualizada em 06/02/2023 às 18h35

Um terremoto de magnitude 7,8 matou mais de 4.300 pessoas na Turquia e na Síria, segundo balanço de autoridades locais. O **tremor foi sentido na madrugada desta segunda (6), noite de domingo (5) no Brasil ** .

Pelo menos 2.316 pessoas morreram na Turquia, de acordo com a agência de desastres turca, no pior evento do tipo no país desde 1939. Já na Síria, o regime de Bashar al-Assad somou 1.300 mortos até aqui. Há, ainda, 700 mortes relatadas pelos Capacetes Brancos em áreas controladas por rebeldes.

Segundo o governo turco, mais de 11 mil pessoas ficaram feridas e 2.818 prédios desabaram. Na Síria, o número de feridos chega a 1.326 nas áreas controladas pelo regime e a mil em porções dominadas por rebeldes. Centenas de vítimas ainda estão nos escombros, e as cifras de mortos e feridos podem aumentar.

O epicentro do sismo foi registrado na região entre as cidades turcas de Gaziantepe e Kahramanmaras, a uma profundidade de 10 a 24 quilômetros, de acordo com os serviços geológicos dos EUA e da Alemanha. Os tremores puderam ser sentidos na capital turca, Ancara, no Chipre, no Líbano e também no Iraque.

Raed Fares, um integrante dos Capacetes Brancos, disse à agência Reuters que o grupo tenta salvar sobreviventes nos escombros. Acostumados a resgatar vítimas nessas situações devido a ataques aéreos, eles agora são a principal força em território rebelde para atuar no socorro pós-terremoto.

Na cidade de Jandaris, barras de aço e roupas de residentes se misturavam nos escombros de um prédio que desmoronou. Um jovem com a mão enfaixada que aguardava ali disse que 12 famílias viviam no local. Nenhuma havia saído desde o tremor. Abdul Salam al Mahmoud, um sírio da cidade de Atareb, disse que o cenário parecia de apocalipse.

Horas depois do episódio, a mídia estatal ligada ao regime de Assad informou que um tremor foi sentido na capital, Damasco, sem fornecer detalhes sobre a magnitude. Por volta das 8h desta segunda-feira, no horário de Brasília, um novo sismo de magnitude 7,5 também foi detectado no sudeste da Turquia.

O terremoto atingiu uma zona remota e pouco desenvolvida da Turquia, o que escala o desafio das equipes de emergência. Autoridades relataram mais de 50 réplicas dos tremores nas primeiras dez horas a partir do sismo inicial, e alertaram que outras devem ser registradas durante os próximos dias.

O primeiro terremoto ocorreu às 4h17 (22h17 em Brasília), e imagens nas redes sociais logo mostraram os efeitos imediatos da tragédia, com o desabamento de construções. A transmissão da rede de TV estatal TRT exibiu moradores saindo às ruas sob neve para avaliar os estragos em alguns locais, assim como ocorreu em Damasco, onde relatos dão conta de desmoronamentos nas cidades de Aleppo e Hama.

Também houve sismos secundários, cerca de dez minutos depois do primeiro, de magnitudes que chegaram a 6,7, de acordo com a agência de notícias Associated Press. Segundo testemunhas relataram à agência de notícias Reuters, o tremor durou cerca de um minuto.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, manifestou solidariedade às vítimas e destacou que os serviços de emergência e resgate vão trabalhar em conjunto sob coordenação da Autoridade de Gerenciamento de Desastres e Emergências. "Esperamos superar esse desastre juntos, o mais rapidamente possível e com o mínimo de danos."

A região de Gaziantepe, muito atingida, é um importante centro industrial da Turquia. Atravessado por grandes falhas geológicas, o país está entre os mais propensos a tremores no mundo. Em 1999, um sismo de 7,4 sacudiu Izmit, no noroeste, deixando mais de 17 mil mortes e 500 mil desabrigados.

Em 2011, um tremor de 7,1 na província de Van matou mais de 600 pessoas. Em janeiro de 2020, 40 pessoas morreram durante um sismo de magnitude 6,8 na província de Elazing. Meses depois, em novembro, novo episódio em Esmirna fez quase cem vítimas e provocou um minitsunami que inundou cidades próximas e provocou danos severos na costa da Grécia.

A Turquia está sobre o encontro de duas placas tectônicas ---uma espécie de bloco que flutua sobre o manto, uma das camadas no interior da Terra. As placas podem se mexer, de forma divergente (movendo-se em direções contrárias), convergente (chocando-se uma contra a outra) e transformante (movendo-se lateralmente); os dois últimos movimentos costumam causar terremotos.

Diversos países manifestaram solidariedade e se prontificaram a enviar ajuda. Em nota, o Itamaraty manifestou solidariedade às autoridades turcas e sírias e disse que, por meio da Agência Brasileira de Cooperação, providenciará formas de oferecer ajuda humanitária para os atingidos.

O Ministério das Relações Exteriores disse ainda que não há, até o momento, notícias de brasileiros mortos ou feridos e que as embaixadas do Brasil em Ancara e Damasco, assim como o consulado em Istambul, estão acompanhando os desdobramentos.

O governo de Vladimir Putin, na Rússia, disse que dois aviões Ilyushin-76, da era soviética, estão com equipes de resgate disponíveis para voar para a Turquia. O russo tem importantes laços com Bashar al-Assad, que apoia na guerra civil síria, e com Erdogan, que flerta entre a Otan, a aliança militar ocidental, e Moscou.

Na mesma toada, o governo da Ucrânia também se prontificou a enviar "um grande grupo de resgate". O americano Joe Biden disse estar profundamente entristecido pelo terremoto. Segundo o secretário de Estado, Antony Blinken, afirmou que seu país já está prestando assistência a Ancara e que organizações humanitárias apoiadas pelos EUA fazem o mesmo na Síria.

O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, anunciou o envio de equipes de emergência à Turquia e disse que pretende fazer algo semelhante pela Síria. A União Europeia, por sua vez, afirmou que dez times de resgate foram mobilizados de Bulgária, Croácia, República Tcheca, França, Grécia, Holanda, Polônia e Romênia para apoiar os esforços na Turquia.

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Acidente entre carro e caminhão deixa motorista presa às ferragens na TO-010

Batida aconteceu na entrada de Lajeado. Motorista ficou presa às ferragens e passageira teve ferimentos leves

Modificado em 07/03/2025, 20:49

Situação dos veículos após batida na TO-010, em Lajeado (Kaliton Mota/TV Anhanguera)

Situação dos veículos após batida na TO-010, em Lajeado (Kaliton Mota/TV Anhanguera)

Um acidente envolvendo um carro de passeio e um caminhão deixou duas mulheres feridas na tarde desta sexta-feira (7), na TO-010, na região central do estado. Uma das vítimas, a motorista, ficou presa às ferragens.

Uma equipe da TV Anhanguera esteve no local do acidente, em frente à entrada de Lajeado, e apurou que a passageira do veículo sofreu ferimentos leves e seria levada para uma unidade hospitalar.

Nas imagens é possível ver que o carro ficou com a parte frontal destruída. Testemunhas contaram que a motorista teria entrado na rodovia sem olhar e em alta velocidade. A polícia foi chamada e o laudo pericial vai confirmar as causas do acidente.

O caminhão saiu de Palmas e estava retornando para Açailândia, no Maranhão, conforme informou o condutor.

À TV Anhanguera , a passageira do carro contou que é de Palmas e que a motorista é de Minas Gerais e está a passeio no Tocantins.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) fez os primeiros atendimentos às vítimas. Os bombeiros também estão no local e a Polícia Militar (PM) controlou o trânsito em sistema pare e siga.

Em Lajeado, trânsito está no sistema pare e siga após acidente (Kaliton Mota/TV Anhanguera)

Em Lajeado, trânsito está no sistema pare e siga após acidente (Kaliton Mota/TV Anhanguera)

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Funcionário consegue escapar poucos segundos antes de mulher invadir distribuidora com carro; veja vídeo

Silva Sá, de 21 anos, era a motorista do carro e foi presa por tentativa de homicídio e outros crimes. Após audiência de custódia, terá que cumprir prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica

Modificado em 03/12/2024, 19:17

Por questão de segundos, um dos funcionários da distribuidora invadida por um carro em alta velocidade escapou de ser atropelado. Imagens do circuito interno mostraram toda a ação em diferentes ângulos. A motorista era Sâmia Silva Sá, de 21 anos, que foi presa logo após a invasão ao estabelecimento.

O caso aconteceu no início da manhã de domingo (1º), em Palmas. Sâmia responde por duas tentativas de homicídio, sendo uma por dolo direto e outra por dolo eventual, danos materiais, lesão corporal e injúria. A investigação é conduzida pela 1ª Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP - Palmas).

Funcionário escapou do atropelamento (Reprodução)

Funcionário escapou do atropelamento (Reprodução)

Após passar um dia na Unidade Penal Feminina, a Justiça liberou Sâmia para cumprir prisão domiciliar com o uso de tornozeleira eletrônica, segundo informou a defesa. Os advogados dela afirmaram que confiam 'na correta apuração dos fatos pelas autoridades competentes' ( veja nota na íntegra no final da reportagem) .

Na filmagem, feita por uma das seis câmeras que ficam voltadas à entrada da distribuidora, é possível ver que o funcionário está perto de um dos caixas. Há dois clientes na porta esperando os produtos e às 6h15, eles saem correndo.

A movimentação foi percebida pelos que estavam no interior da loja e de repente o carro aparece em alta velocidade, levando a grade do estabelecimento e tudo que estava à frente.

Em um pulo dado no susto, o funcionário se agarra em um caixa que fica à esquerda da loja e escapa de ser atingido. Segundos depois ele se junta aos colegas. O jovem não se feriu, mas outros dois atendentes, um homem e uma mulher, tiveram ferimentos leves.

Entenda

A confusão começou pouco antes das 6h, quando Sâmia chegou ao estabelecimento para comprar cerveja. Mas segundo um funcionário, como estavam vendendo somente em caixa, ela teria se irritado, pois queria comprar por unidade.

Antes de resolver pegar o carro e invadir a loja, a gerência informou que ela agrediu e xingou os funcionários que estavam no plantão, principalmente uma funcionária que estava no caixa.

Imagens gravadas com celular mostram as duas em luta coporal, na calçada do estabelecimento, pouco antes da invasão. Os colegas e outras pessoas que estavam no local separaram as duas (assista abaixo) .

A Secretaria de Segurança Pública informou que "em um ato de fúria", Sâmia atingiu uma pessoa e colidiu em outro veículo ao tentar manobrar o carro para invadir a distribuidora em alta velocidade.

Conforme o boletim de ocorrência, o veículo não está em nome de Sâmia. Dentro do carro foram apreendidas garrafas de bebidas alcóolicas.

Os bombeiros socorreram os feridos e Sâmia foi presa em flagrante e levada à 1ª Central de Atendimento da Polícia Civil. De lá, ela foi encaminhada para a Unidade Penal Feminina, onde ficou presa até a tarde desta segunda-feira (2).

O que diz a defesa de Sâmia

Informamos que, após a realização de audiência de custódia, a senhora Sâmia encontra-se em liberdade. A defesa, representada pelos advogados Lucas Ferreira Bitencourt (OAB/TO 12.991), Caio Pinheiro Dutra (OAB/TO 5.849) e Pablo Araújo Macedo (OAB/TO 5.849), reafirma seu compromisso de zelar pela ampla defesa e pelo devido processo legal, confiando na correta apuração dos fatos pelas autoridades competentes.

Neste momento, não serão fornecidos outros esclarecimentos, respeitando o direito à privacidade e à preservação das informações do caso.

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Naufrágio próximo à Itália deixa ao menos 59 migrantes mortos; 12 eram crianças

Embarcação lotada com mais de 100 iranianos, paquistaneses e afegãos bateu contra rochas em um mar agitado

Modificado em 19/09/2024, 00:13

As equipes de resgate marítimo informaram que a embarcação colidiu com algumas rochas a poucos metros da costa.

As equipes de resgate marítimo informaram que a embarcação colidiu com algumas rochas a poucos metros da costa. (Antonino D'Urso/KONTROLAB/LightRocket via Getty Images)

Ao menos 59 pessoas, incluindo 12 crianças, morreram neste domingo (26) no naufrágio de uma embarcação com migrantes nas proximidades de Crotone, no sul da Itália.

A tragédia ocorre poucos dias após a aprovação de leis que limitam resgates feitos por organizações humanitárias no mar.

Segundo a imprensa local, a embarcação transportava de 150 a 250 migrantes. As vítimas eram do Afeganistão, do Irã, do Paquistão e da Síria. Mais de 80 pessoas foram resgatadas vivas, e as buscas continuam.

As causas do naufrágio são incertas. A agência de notícias italiana AGI informou que o barco tinha excesso de peso e partiu ao meio depois de ser atingido por uma onda. Já a Guarda Costeira disse que a embarcação colidiu contra rochas. Investigações apontam que o barco partiu da Turquia há três dias.

Alguns dos corpos foram localizados em praias de Steccato di Cutro, região turística na costa leste da Calábria. Um dos bombeiros que participa das operações de resgate afirmou que um recém-nascido foi encontrado morto. Equipes fazem buscas com motos aquáticas, mas o mar revolto e as condições climáticas dificultam as operações.

Imagens divulgadas pela polícia mostram pedaços de madeira espalhados pela praia, enquanto alguns dos migrantes aguardavam a transferência para um centro de acolhimento. Um suspeito de envolvimento com tráfico de pessoas foi detido.

A Itália é um dos principais pontos de desembarque de migrantes que tentam entrar na Europa por mar. Muitos depois tentam chegar a países mais ricos do continente usando redes de contrabandistas. Mais de 100 mil pessoas chegaram ao país de barco em 2022.

O naufrágio deste domingo ocorre poucos dias após a aprovação no Parlamento italiano de novas regras para o resgate de migrantes, apoiadas pelo governo de ultradireita que lidera o país. A nova lei obriga navios humanitários a fazerem apenas um resgate por saída ao mar, o que, segundo críticos, aumenta o risco de mortes no Mediterrâneo, área considerada a travessia mais perigosa do mundo para migrantes.

Sob a nova lei, as embarcações devem voltar ao porto sem demora após um resgate e divulgar informações detalhadas sobre suas atividades. Antes, costumavam passar vários dias no Mediterrâneo central e, frequentemente, concluíam vários resgates. Quem descumprir a regra pode ser multado em até € 50 mil (R$ 259 mil). A medida foi criticada pela ONU e por organizações de direitos humanos.

A primeira-ministra Giorgia Meloni, líder do partido Irmãos da Itália, chegou ao poder em outubro passado com uma coalizão que prometeu a diminuição da entrada de migrantes no país. Neste domingo, ela expressou sua "profunda tristeza" e prometeu intensificar os esforços para coibir a migração irregular.

"É criminoso lançar no mar um barco com apenas 20 metros e 200 pessoas a bordo em condições meteorológicas adversas", disse. "É desumano trocar a vida de homens, mulheres e crianças pelo preço de uma passagem paga com a falsa perspectiva de uma viagem segura."

As declarações foram ecoadas por integrantes do governo. O ministro do Interior, Matteo Piantedosi, disse que a tragédia mostra a "necessidade absoluta de agir com firmeza contra os canais irregulares de migração".

Antonio Ceraso, prefeito de Cutro, lamentou a tragédia. "É algo que ninguém gostaria de ver. Uma visão horrível que vai ficar comigo pelo resto da vida. O mar continua devolvendo os corpos. Entre as vítimas estão mulheres e crianças", disse. O papa Francisco, que frequentemente defende o direito dos migrantes, pediu orações às vítimas do naufrágio em discurso na praça de São Pedro.

Organizações de migrantes voltaram a criticar o endurecimento das regras para o resgate no mar. "Bloquear e dificultar o trabalho das ONGs terá apenas um efeito: a morte de pessoas vulneráveis deixadas sem ajuda", disse a organização de resgate de migrantes espanhola Open Arms. Já a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, defendeu a reforma do direito de asilo na União Europeia.

Em novembro, a recusa da Itália em receber um navio com imigrantes a bordo provocou uma rusga diplomática com a França, porque a embarcação, que levava mais de 200 pessoas resgatadas por uma ONG, acabou rumando para o porto militar de Toulon depois de ficar dias à deriva na costa italiana. A atitude de Roma foi classificada de "egoísta" e "incompreensível" por Paris.

De acordo com o Projeto de Migrantes Desaparecidos da Organização Internacional para as Migrações (OIM), braço da ONU para o tema, mais de 20 mil migrantes morreram ou desapareceram no Mediterrâneo central desde 2014.

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Turquia encerra operações de resgate de terremoto em 8 das 10 províncias atingidas

Esforços se voltam, desse modo, para a busca de corpos, para que suas famílias possam realizar funerais e assim se despedir de forma digna

Modificado em 19/09/2024, 00:16

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 26 milhões necessitem de ajuda humanitária em toda a região afetada

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 26 milhões necessitem de ajuda humanitária em toda a região afetada (Burak Kara/Getty Images)

O governo da Turquia decidiu neste domingo (19) encerrar as operações de resgate de vítimas do terremoto que matou mais de 40 mil pessoas só no país, quase duas semanas depois do desastre.

A informação é da Autoridade de Gestão de Emergências e Desastres (Afad), que acrescentou que as operações continuam somente nas duas províncias mais atingidas pelos tremores: Kahramanmaras e Hatay, entre as quais o epicentro do sismo foi localizado.

O terremoto de magnitude 7,8 que também atingiu parte da vizinha Síria soma ao menos 46 mil mortes, sendo 40.642 no território turco, e 5.800 no sírio. A expectativa das autoridades é que a cifra continue a crescer nos próximos dias, uma vez em que ainda há muitos desaparecidos --nem Ancara nem Damasco sabem dizer exatamente quantos, e o número de óbitos sírio tem se mantido o mesmo há dias.

Apesar do cenário de devastação, notícias de resgates de pessoas com vida mesmo tanto tempo após o desastre suscitavam esperança entre a população. No sábado, por exemplo, 296 horas após os tremores iniciais, um casal e seu filho foram achados com vida debaixo de ruínas em Antakya, no sul do país. A mãe e o pai sobreviveram, mas a criança acabou morrendo por desidratação. Eles já tinham perdido seus dois filhos mais velhos para o terremoto.

Na maioria das áreas atingidas, porém, a conclusão é de que não há mais sobreviventes. "Ninguém está vivo", afirmou Mudjat Erdogan, membro da Afad, também em Antakya. Com o rosto e o uniforme cobertos de poeira, ele contou à agência de notícias Reuters, que na meia-noite do domingo, oito horas após uma tentativa de salvar duas pessoas, sua equipe desistiu da operação.

Os esforços se voltam, desse modo, para a busca de corpos, para que suas famílias possam realizar funerais e assim se despedir de forma digna. A tradição islâmica, seguida por 99% da população turca, dita que os mortos devem ser enterrados o mais rápido possível.

"As famílias aguardam esperançosas. Eles querem realizar cerimônias fúnebres. Eles querem um túmulo", disse à Reuters Akin Bozkurt, operador de escavadeiras, enquanto sua máquina içava os restos de um edifício em Kahramanmaras.

Enquanto isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 26 milhões necessitem de ajuda humanitária em toda a região afetada, e cerca de um milhão de pessoas estão desabrigadas.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, aterrissou na Turquia neste domingo para discutir como seu país pode reforçar seu apoio ao governo turco frente ao desastre. O chefe da diplomacia americana veio de Munique, na Alemanha, onde participava de uma conferência internacional de segurança, e pousou na base aérea de Incirlik, no sudeste do país.

É de lá que parte grande parte da ajuda humanitária, inclusive americana, é distribuída pelas áreas afetadas. Desde o terremoto, Washington já enviou a Ancara equipes de busca e resgate, suprimentos médicos, equipamentos capazes de destruir concreto e US$ 85 milhões (cerca de R$ 439 milhões) em auxílios humanitários --parte deste valor é destinado a organizações que atuam na Síria.

A mero título de comparação, especialistas afirmam que reconstruir a Turquia vai exigir do governo de Recep Tayyip Erdogan quase mil vezes isso --US$ 84,5 bilhões, ou cerca de R$ 437 bilhões. A catástrofe acontece às véspéras das eleições gerais, marcadas para 14 de maio, e a resposta do líder à catástrofe, considerada por muitos insuficiente, deve influenciar seu desempenho nas urnas.