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Pesquisadores e pecuaristas se unem para proteger a raposa-do-campo, em Goiás

Animal é genuinamente brasileiro e específico da região do cerrado. Pouco se sabe sobre ele, realidade que está mudando com o projeto

Modificado em 20/09/2024, 04:02

A raposinha-do-campo, ou raposa-do-campo, é genuinamente brasileira e parente do lobo-guará e do cachorro-do-mato

A raposinha-do-campo, ou raposa-do-campo, é genuinamente brasileira e parente do lobo-guará e do cachorro-do-mato (Reprodução/Globo Rural)

Biólogos e pesquisadores de Goiás e várias partes do Brasil, e até de outros países, têm unido esforços com pecuaristas da região do município goiano de Cumari para estudar os hábitos e características da raposinha-do-campo e, assim, investir em sua proteção. O animal, considerado um dos sete canídeos menos estudados do mundo, está no cerne de um programa de preservação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) que têm feito descobertas inéditas sobre ele.

O biólogo, pecuarista e professor da Universidade Federal de Catalão (UFCat), Frederico Lemos, por exemplo, decidiu transformar sua propriedade rural de cerca de 500 hectares em Cumari em um grande "laboratório" de estudo da raposinha-do-campo.

"Temos trabalhado a parte científica, de tentar responder o maior número de perguntas sobre a raposinha, e também transformar isso em divulgação e conhecimento para que as pessoas possam valorizar esse patrimônio natural", disse o pesquisador e um dos idealizadores do Programa de Conservação Mamíferos do Cerrado (PCMC), ao Globo Rural.

A raposinha-do-campo, raposa-do-cerrado, ou raposa-do-campo, é genuinamente brasileira e parente do lobo-guará e do cachorro-do-mato, tendo grandes semelhanças com esse último.

De acordo com o biólogo João Pedro Cicatelli, a raposa é endêmica ao cerrado brasileiro. No entanto, "devido à predação, em grande parte por conta do homem, a mesma está em risco de extinção". Segundo ele, sua principal fonte de alimentação são cupins, porém, por falta de conhecimento, "grande parte da população rural elimina a raposa e suas tocas, local onde seus filhotes".

Boa aceitação dos pecuaristas

De acordo com a bióloga Fernanda Cavalcanti, que integra o projeto, ainda há poucas informações sobre a raposinha, quadro que está mudando com o projeto. "Comportamento básico, reprodutivo, estamos descobrindo com o projeto que são [informações] inéditas".

Os pesquisadores têm visitado as propriedades rurais da região e conversado com pecuaristas. Esses, por sua vez, estão recebendo o projeto com bons olhos e unidos esforços com os biólogos para a preservação da raposinha. "É possível produzir com qualidade e respeitando o meio ambiente", afirmou ao Globo Rural o criador de gado Petrônio Gomide Neto.

Geral

Cobra de 'bigode' e que vive em árvores: biólogos descobrem nova espécie de serpente no cerrado tocantinense

Materiais da nova espécie foram coletados em 2017, no Tocantins, e foram comparados com outras espécies já existentes ao longo dos últimos anos. A cobra não é peçonhenta, segundo especialistas

Modificado em 22/02/2025, 13:16

Nova espécie de cobra-papagaio é descoberta no Tocantins (Leandro Alves da Silva / Divulgação)

Nova espécie de cobra-papagaio é descoberta no Tocantins (Leandro Alves da Silva / Divulgação)

Uma nova espécie de cobra-papagaio foi descoberta no Tocantins e em Minas Gerais. Com cores vibrantes de verde, branco e amarelo, a Leptophis mystacinus é encontrada apenas no bioma cerrado. Seu nome faz referência à faixa preta que percorre a cabeça, próximo aos olhos e acima da boca, formando uma espécie de 'bigode', segundo os pesquisadores.

O biólogo Diego Santana é um dos pesquisadores que trabalhou na descoberta da serpente mystacinus. Em conversa com o g1, ele explicou como foi feito o estudo que identificou a espécie e a diferença entre ela e as outras cobras do grupo Leptophis. Como a descoberta da mystacinus é recente, outros estudos devem ser feitos para saber mais sobre seu comportamento. Segundo o biólogo, a cobra não é peçonhenta .

Antes da nova espécie ser identificada, apenas 19 do gênero eram catalogadas em todo o mundo, sendo que cinco são encontradas no Brasil. A descoberta foi realizada a partir de comparações de materiais coletados no Tocantins em 2017, com outros 1.625 espécimes.

"O professor Nelson [um dos pesquisadores envolvidos] e eu, analisamos vários materiais que estavam tombados em museus de zoologia, em coleções zoológicas. Esse material fica nessas instituições. E os meus alunos coletaram alguns exemplares, esses do Tocantins, em 2017. E o professor Nelson veio para Campo Grande entre 2021 e 2022. E aí quando ele chegou aqui a gente começou a avaliar esse material", disse.

Segundo o artigo científico 'Uma nova espécie de cobra-papagaio, Leptophis (Serpentes: Colubridae) do Cerrado brasileiro', publicado na revista PeerJ, a cobra-papagaio é encontrada no México, América Central e do Sul. No Tocantins, a nova espécie foi identificada na região norte e central do estado, nas cidades de Araguaína, Caseara e Pium .

"Essa espécie até agora é conhecida só para áreas de cerrado. Só que no Tocantins tem uma área que é de cerrado, mas é numa área de transição. Na transição entre o cerrado e a amazônia que é ali em Caseara. Mas as áreas que a gente pegou esse bicho foi em áreas de cerrado", explicou.

Leptophis mystacinus é a nova espécie identificada das cobras-papagaio (Leandro Alves da Silva / Divulgação)

Leptophis mystacinus é a nova espécie identificada das cobras-papagaio (Leandro Alves da Silva / Divulgação)

A espécie é uma serpente e pode estar presente em outros estados da região centro-oeste do país. "A gente acredita que ela possa ocorrer no meio do caminho, então deve ter ido no leste do Mato Grosso. Ela provavelmente deve ocorrer em Goiás também. No nosso artigo a gente encontrou exemplares para o Tocantins e Minas, e sabemos que tem registros para Goiás e para o leste do Mato Grosso", explicou Diego.

"A gente conhece pouco, ela acabou de ser nomeada, então agora começam os estudos ecológicos, os estudos de comportamento. Ela pertence a um grupo de serpentes e não é peçonhenta. Elas são mais fininhas mesmo, porque elas são um tipo de cobra cipó também, tanto que tem gente que chama elas de cobra-cipó. Ela tem outros nomes como cobra-papagaio, ela também é conhecida como cobra-cipó verde ou azulão-boia", explicou.

Essa serpente se chama colubridae e são conhecidas por viverem em árvores. Seus parentes mais distantes, que são da mesma família, são as cobras caninana e papa-pinto.

A gente sabe que as serpentes desse gênero, as cobras-papagaios, no geral, gostam de comer lagartos, algumas aves pequenas também, e elas dormem nas árvores. Elas até ficam no chão também, podem rastejar no chão, mas elas sobem nas árvores também, que chamam de serpente arborícola", disse o biólogo.

O nome científico da cobra deriva do grego e faz referência a faixa preta que fica acima da boca. Desse forma, a identificação dela vem de mystax, que significa 'lábio superior' ou 'bigode' e do sufixo latino inus, que significa 'semelhança' ou 'pertencente a'. Segundo o biólogo, é justamente esse bigode que a diferencia de outras espécies como ahaetulla e dibernardoi.

"Além disso, ela também tem uma faixa preta escura depois do olho (pós-ocular) que vai até o corpo dela. Nas outras quando tem essa faixa é um menor e mais discreta", explicou.

Todas as cobras-papagaios possuem a coloração verde, com uma faixa branca, marcas pretas e algumas vezes amareladas. Conforme Diego, os padrões dessas colorações variam de acordo com a espécie.

Veja quem são os pesquisadores envolvidos na descoberta:

  • Nelson R. Albuquerque
  • Roullien H. Martins
  • Priscila S. Carvalho
  • Donald B. Shepard
  • Diego J. Santana
  • Cobra-papagaio é a nova espécie descoberta no Tocantins (Leandro Alves da Silva / Divulgação)

    Cobra-papagaio é a nova espécie descoberta no Tocantins (Leandro Alves da Silva / Divulgação)

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    Animal raríssimo e ameaçado de extinção, cachorro-vinagre é visto em Goiás

    Registro foi feito no Parque Estadual da Mata Atlântica (Pema), que fica no município de Água Limpa. Essa é a segunda aparição da espécie no local

    undefined / Reprodução

    Uma matilha de cachorros-vinagre foi vista no Parque Estadual da Mata Atlântica (Pema), localizado no município de Água Limpa, no sul goiano. Segundo especialistas do Programa de Conservação Mamíferos do Cerrado (PCMC), a espécie é considerada rara e está ameaçada de extinção no Brasil. O registro foi publicado em uma rede social do projeto nessa terça-feira (17) (assista acima) .

    O vídeo mostra três cachorros-vinagre passando pelo parque. O caso foi celebrado pelos profissionais que fizeram a filmagem. "A equipe do Projeto Detetives Ecológicos comemora com alegria o privilégio de registrar essa espécie em nossas armadilhas fotográficas", diz a legenda da publicação.

    Segundo os ecologistas do PCMC, essa é a segunda aparição do cachorro-vinagre no parque. A primeira aconteceu em 2022. A presença dessa espécie indica a qualidade ambiental da região, conforme explicaram os especialistas. Além disso, o cachorro-vinagre é uma das espécies-alvo do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Canídeos Silvestres Brasileiros.

    Ainda segundo os profissionais do projeto, o cachorro-vinagre é, dentre os canídeos silvestres brasileiros, o único que caça em bando. O nome do animal foi escolhido devido à sua urina, que tem cheiro de vinagre. Eles são mais registrados em ambientes próximos a corpos d'água, onde conseguem encontrar suas presas. A espécie possui membranas interdigitais - adaptações nas patas que facilitam a locomoção na água.

    Cachorro-vinagre, espécie ameaçada de extinção no Brasil. (Frederico Gemesio Lemos)

    Cachorro-vinagre, espécie ameaçada de extinção no Brasil. (Frederico Gemesio Lemos)

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    Cotec leva a coleção Cores do Cerrado para a Amarê Fashion

    Com criações inovadoras e inspiradas na biodiversidade do Cerrado, desfile vai mostrar a qualidade do ensino profissionalizante gratuito oferecido nos Colégios Tecnológicos do Estado de Goiás

    Modificado em 17/09/2024, 17:26

    Cotec leva a coleção Cores do Cerrado para a Amarê Fashion

    (Divulgação)

    O projeto "Cores do Cerrado", das escolas de moda dos Colégios Tecnológicos de Goiás (Cotecs), rede de profissionalização gratuita do Governo de Goiás ligada ao Programa Goiás Social, será apresentado em um desfile coletivo durante a Amarê Fashion - Semana de Moda Goiana, que acontece de 07 a 10 de agosto, no Centro Cultural Oscar Niemeyer, em Goiânia.

    As peças prometem destacar a riqueza da fauna e flora do Cerrado, em criações autênticas e inovadoras, fruto de um processo colaborativo entre nove unidades do Cotec. A coleção Cores do Cerrado apresentará peças produzidas em linho, sarja e crepe georgette, tecidos que conferem maior liberdade e alta qualidade na produção das peças, que vão abraçar a moda feminina e masculina.

    O desfile do Cotec vai acontecer no dia 9 (sexta-feira), às 14h, com a missão de apresentar ao mundo da moda a qualidade e os resultados do ensino profissionalizante gratuito ofertado para o segmento.

    De acordo com Mirella Melazo, coordenadora de Moda do Centro de Educação Trabalho e Tecnologia da Universidade Federal de Goiás (CETT-UFG), "o processo de orientação e desenvolvimento do projeto foi colaborativo e detalhado". Cada escola recebeu diretrizes específicas para garantir que as peças criadas estivessem alinhadas com o tema central.

    Capturar a diversidade e a riqueza das cores do bioma, de maneira autêntica e atraente, foi um dos principais desafios enfrentados, segundo a coordenadora. "A orientação incluiu reuniões periódicas e revisões de progresso, assegurando que todas as escolas estivessem no caminho certo e que a coleção final fosse coesa e harmoniosa", explica Melazo.

    Titular da pasta responsável pelos Cotecs, o secretário de estado da Retomada César Moura reforça a importância desse espaço. "Para os alunos, estar na passarela da Amarê é um catalisador nos planos de se dedicar à moda, tanto no trabalho que é promovido durante o evento como também na troca de experiências com os profissionais que participam da Semana da Moda Goiana", afirma.

    Para Alethéia Cruz, diretora de Desenvolvimento e Avaliação do CETT-UFG, a orientação contínua e o feedback construtivo foram essenciais para refinar cada look, garantindo as diretrizes estabelecidas e a criatividade individual de cada aluno.

    "Foi uma oportunidade de compartilhar conhecimentos, aprender uns com os outros e superar desafios juntos", avalia Aletheia, que completa ainda que "essa experiência reforçou a importância da colaboração na moda, mostrando que a união de diferentes mentes criativas pode resultar em realizações extraordinárias".
    Oferta de cursos
    Durante a Amarê Fashion, os interessados na formação profissionalizante gratuita do Cotec, poderão se inscrever nos cursos: Técnicos em Vestuário (1.300h) e Modelagem de Vestuário (900h).

    Para se ter uma ideia da grandeza da moda, o setor de confecção de artigos de vestuário e acessórios (camisetas, calças, bermudas e semelhantes) cresceu 426% no estado, de acordo com dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), do IBGE, referentes a novembro de 2023, e divulgados no início deste ano.
    Sobre a Amarê Fashion
    A 3ª edição da Amarê Fashion - Semana da Moda Goiana, marcada para acontecer de 07 a 10 de agosto, no Centro Cultural Oscar Niemeyer, em Goiânia (GO), é uma realização do Sebrae Goiás, Senac Goiás e Governo de Goiás, e tem como propósito entregar a todos os atores do mercado da moda goiana os mais assertivos insights e tendências para alavancarem seus negócios, seja para o empreendedor com mais experiência de mercado, para o novo empreendedor, para o estudante de moda, para o produtor de algodão, para o lado autêntico da moda autoral ou para o lado veloz do fast fashion. O evento contribui para o fortalecimento de Goiás, de suas riquezas, do seu povo, de sua cultura, e claro, da moda goiana.

    IcMagazine

    Famosos

    Websérie destaca destinos turísticos de Goiás

    Produção "Goiás: o coração do Brasil", que está disponível gratuitamente no YouTube, recebeu incentivo da Lei Paulo Gustavo e e explora maravilhas ocultas do estado

    Modificado em 17/09/2024, 16:34

    Caverna em Paraúna (GO)

    Caverna em Paraúna (GO) (Divulgação Vida de Mochila)

    A nova websérie "Goiás: O Coração do Brasil" convida o público a conhecer lugares turísticos do Cerrado e ainda pouco explorados. Realizada com recursos da Lei Paulo Gustavo do governo federal e operacionalizada pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura, a produção promete revelar as maravilhas ocultas do estado no coração do Brasil.

    Com episódios já disponíveis gratuitamente no canal "Vida de Mochila" no YouTube, a websérie, conduzida pelos viajantes Richard Oliveira Silva e Lanna Sanches Dogo, percorre três das 12 regiões turísticas do Mapa do Turismo Goiás.

    Rota

    Entre as regiões visitadas estão: Serranópolis, lar de um sítio arqueológico de 12 mil anos, que surpreende com suas pinturas rupestres, cachoeiras de águas cristalinas e abrigos de pedras; Chapadão do Céu, localizada no o Parque Nacional da Chapada das Emas, uma das últimas áreas remanescentes de Cerrado intocado no Brasil; Caiapônia, que é conhecida por suas cachoeiras gigantes, como a São Domingos e a Santa Helena; Paraúna, cidade cercada do misticismo das formações rochosas do Parque Estadual de Paraúna, como a Serra das Galés e a Ponte de Pedra, encanta os visitantes.

    A série também explora a vinícola Serra das Galés e as lendas locais que beiram o realismo mágico.

    Outras regiões visitadas foram Mambaí e Terra Ronca, região que possui o maior complexo de cavernas da América Latina, dentro do Parque Estadual da Terra Ronca. Com mais de 100 grutas catalogadas.

    Vida de Mochila

    Criado em 2014, o canal Vida de Mochila nasceu com o objetivo de inspirar e apoiar pessoas a viajarem de maneira transformadora. O canal promove a ideia de repensar o estilo de vida e se conectar profundamente com as histórias das comunidades locais. Richard Oliveira Silva e Lanna Sanches Dogo incentivam seus seguidores a saírem das rotas turísticas tradicionais para desbravar o novo.

    Através de suas viagens, eles mostram como é possível ter experiências enriquecedoras em contato direto com as culturas e as pessoas dos lugares que visitam, promovendo um turismo mais consciente e significativo.

    Caverna em Paraúna (GO)

    Caverna em Paraúna (GO) (Divulgação Vida de Mochila)

    Cenário em Chapadão do Céu

    Cenário em Chapadão do Céu (Divulgação Vida de Mochila)