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Globo Repórter mostra grandes mercados que contam histórias do Brasil

Programa desta sexta-feira (21) visita os tradicionais mercados em São Paulo, Salvador e Belo Horizonte que reúnem sabores e pessoas de todo o País

Modificado em 20/09/2024, 05:19

Sandra Annemberg fala sobre o Mercado Municipal Paulistano: “Pense em qualquer ingrediente, tem!"

Sandra Annemberg fala sobre o Mercado Municipal Paulistano: “Pense em qualquer ingrediente, tem!" (Reprodução/Globo)

Os grandes mercados que contam e recontam as histórias de três cidades brasileiras é o tema do Globo Repórter desta sexta-feira (21). Esses tradicionais locais em São Paulo, Salvador e Belo Horizonte ilustram o programa, que reúne reportagens das jornalistas Sandra Annemberg, Camila Marinho e Viviane Possato.

A transformação de uma então vila para cidade -- hoje, a maior da América Latina, a chegada dos imigrantes e a ocupação do Mercado Municipal Paulistano pelos comerciantes -- o famoso Mercadão -- estão entre os destaques que Sandra Annemberg registrou durante as entrevistas com os donos dos estabelecimentos e frequentadores do local. "Eu não ia ao Mercadão há anos e, reencontrá-lo às vésperas de completar 90 anos, foi uma viagem no tempo. Continua lindo, com sua arquitetura imponente e desenhada pelo paulista Ramos de Azevedo. A variedade de produtos é impressionante. Pense em qualquer ingrediente, tem! E, a diversidade de gente é o retrato de São Paulo", disse Sandra.

Os produtos comercializados no Mercadão retratam histórias desses imigrantes que ajudaram na formação da sociedade paulistana, como o espanhol que teve uma trajetória de sucesso a partir dos sacos de juta encontrados no chão. Além do saboroso sanduíche de mortadela, que faz sucesso entre os visitantes, e que nasceu há quase um século.

A Feira de São Joaquim pode ser considerada o coração de Salvador e muitos a chamam até mesmo de "mãe" porque é sinônimo de acolhimento e resiliência. É na Cidade Baixa que está localizada a maior feira livre da capital baiana, onde há mais de meio século esse grande mercado representa uma mistura de cores, sabores e credos que fazem do local uma fonte de oportunidades.

"A Feira de São Joaquim é daqueles lugares que lembram um espaço sagrado, onde é possível sentir um pouco do que é a essência da Bahia e a cara de Salvador. Não tenho dúvida de que o telespectador vai sentir a energia desse lugar, que é como colo de mãe: acolhe, sustenta e é carregado de afeto. São histórias de quem venceu na vida e tem, na feira, o maior exemplo de resiliência", contou Camila Marinho, que conheceu cada cantinho da Feira de São Joaquim.

E que tal um café fresco e um "cadim" de broa? No Mercado Central de Belo Horizonte, em Minas Gerais, essa é uma parada mais que obrigatória. Cerca de 1 milhão de pessoas visitam o local todo mês. E não é segredo que é preciso tempo para desbravar os corredores do mercado. Afinal, além de ter uma variedade de comidas mineiras para experimentar, muitos fregueses gostam de fazer uma "boquinha" em pé no balcão, mesmo. E, claro, tirar aqueles dois dedinhos de prosa.

"O mercado é sempre uma oportunidade de mergulhar nas raízes mineiras e em nossa deliciosa gastronomia. Tomar um cafezinho com broa de milho, comer o tradicional fígado com jiló e bater muito papo! O Mercado Central é nossa praia, já que não temos mar", brincou Viviane Possato. No momento em que toca a Ave Maria é o sinal de que os portões vão fechar, mas, no dia seguinte, já estarão abertos novamente para mais um dia de visitas e mais quitutes mineiros.

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Prefeitura manda retirar produtos dos corredores dos mercados municipais

Fiscalização em Goiânia determinou que permissionários recolham mercadorias ao interior de seu espaço. Medida bate de frente com costume antigo

Modificado em 17/04/2025, 09:26

Interior do Mercado Central, na Rua 3, no Centro: mercadorias devem agora ficar recolhidas dentro do espaço da banca, fora dos corredores

Interior do Mercado Central, na Rua 3, no Centro: mercadorias devem agora ficar recolhidas dentro do espaço da banca, fora dos corredores (Wildes Barbosa / O Popular)

Os lojistas dos mercados municipais de Goiânia terão de retirar todos os produtos expostos nos corredores dos locais. A decisão partiu da Prefeitura, que já enviou notificação aos empresários, por meio da Secretaria Municipal de Gestão de Negócios e Parcerias (Segenp). De acordo com a secretaria, o objetivo da medida é melhorar a obstrução dos corredores e garantir o fluxo normal de clientes que trafegam pelas lojas.

A fiscalização feita pela prefeitura já está acontecendo desde a semana passada, quando o comunicado foi elaborado. Ao todo, sete mercados municipais foram notificados pelo Paço, sendo eles: Mercado Municipal do setor Pedro Ludovico, Mercado da Vila Nova, Mercado Central de Goiânia, Centro Cultural Mercado Popular da 74, Centro Comercial Popular, Mercado Centro-Oeste (Antigo Mercado Municipal da Vila Operária) e Mercado de Campinas.

Punição

Ao jornal, o superintendente de Gestão de Negócio da Segenp, Karison Ferreira Sobrinho, disse que os corredores ficam tomados não só com os produtos, mas também com carrinhos. Acrescentou ainda que, caso os lojistas não retirem as mercadorias expostas, a Prefeitura vai começar a removê-las e sanções legais serão aplicadas caso haja descumprimentos das normas.

Não gostaram

Os lojistas do Mercado Central de Goiânia reclamaram da medida. Muitos deles recolheram as mercadorias para o interior da loja, mas defenderam que a notificação traz mais prejuízo para o mercado. O dono de um comércio no local não quis se identificar, mas destacou que os clientes gostam de ver o produto nos corredores. "O mercado é feira, não é um shopping, aqui é uma feira coberta".

A resistência diante da notificação também é associada ao fato de o mercado ter a característica de expor os produtos por muito tempo. O lojista ouvido pela reportagem disse não entender o motivo de, agora, depois de tantos anos, a prefeitura decidir impor uma medida que vai contra um costume 'tão bem solidificado'. "Isso é invenção de moda, a vida inteira foi desse jeito."
Márcio Magalhães Ribeiro é presidente da Associação dos Permissionários do Mercado Municipal de Goiânia (Aspemem). Para ele, a notificação faz sentido, pois, se não existir um controle, a situação vira uma bagunça. Ele conversou com os lojistas e ajudou a tirar alguns produtos que estavam atrapalhando o fluxo dos corredores. "É uma medida, temos que cumprir."

Prefeitura proíbe veículos

Além de não expor os produtos nos corredores, a notificação feita pela prefeitura ao lojistas dos mercados municipais ainda lista outras proibições. O documento deixa claro que não é permitido fumar dentro das dependências dos mercados, não é permitido circular ou permanecer com animais, e reforça que a regularização de permissões que estão com atraso de pagamento deve ser feita.

Também fica vedado o trânsito e estacionamento de qualquer veículo no interior desses locais. Ao jornal, o superintendente da Segenp, Karison Ferreira Sobrinho, contou que, ao vistoriar o Mercado de Campinas, os agentes viram a infração de várias dessas proibições e que, inclusive, algumas pessoas andavam de moto pelos corredores.

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'Globo Repórter Personalidades' adentra a trajetória da Alcione

'Globo Repórter Personalidades' adentra a trajetória da Alcione

(Divulgação TV Globo)

Foi em São Luís do Maranhão, no Grêmio Lítero Recreativo Português, que começou a trajetória de Alcione, uma das maiores vozes do Brasil, quando ela tinha apenas 12 anos. Hoje, aos 77 e mais de 50 anos de carreira, ela soma prêmios e reconhecimento internacional.

]Conduzida por Sandra Annenberg, a segunda edição do "Globo Repórter Personalidades", que vai ao ar nesta sexta-feira (29), revisita a vida e a obra de Alcione Dias Nazareth, uma das mais notórias sambistas do País, também conhecida como Marrom, Dama do Samba e A Voz do Samba. Essa é uma edição especial do programa que conta a história de artistas, atletas e personalidades brasileiras, por meio de relatos de quem faz parte dessa trajetória.

Ainda menina, seguindo os ensinamentos do seu pai, que era maestro, Alcione deu os primeiros passos na música. Em um baile de debutantes, em São Luís, ela substituiu o vocalista da Orquestra Jazz Guarani e, ao subir no palco, transformou o baile em um grande show. Seu pai, João Carlos Dias de Nazareth, sonhava que a filha fosse professora e, por isso, a matriculou em uma escola normal. Sandra Annenberg visita o instituto onde Alcione estudou e conhece as colegas de turma que a acompanhavam no dia a dia até ela se formar e seguir para o Rio de Janeiro.

A apresentadora vai ao encontro do músico e diretor Roberto Menescal, um dos fundadores da bossa nova, o primeiro a apostar na versão sambista de Alcione nos anos 1970, quando Beth Carvalho e Clara Nunes despontavam no gênero. Ao "Globo Repórter Personalidades", Alcione relembra a amizade com Clara. "Ela era parceira mesmo. Em dias de desfile, ela ia lá pra casa para pintarmos as unhas com as cores das nossas escolas e nos maquiávamos com o mesmo maquiador. Ela realmente era uma grande voz, com um repertório maravilhoso e uma grande amiga", conta.

Pouca gente lembra que, na década de 1970, Alcione comandou na TV Globo o programa "Alerta Geral", dirigido por Ricardo Cravo Albin, recebendo os principais artistas da música popular brasileira. Um dos maiores conhecedores de MPB do Brasil, Ricardo revela bastidores e conta a Sandra o motivo que levou à escolha de Alcione. "Foi um programa histórico. Era a defesa, dentro da maior emissora do País, da música popular brasileira. Alcione era uma cantora nova, vinda do Nordeste, de grade presença, voz e diversas possibilidades", conta.

Nesta sexta, Marrom revela as histórias por trás de alguns de seus grandes sucessos e conta que desde o início tinha certeza de que o trecho "Você é um negão de tirar o chapéu. Não pode dar mole senão você créu" seria um sucesso. "Quando eu fui mostrar para o meu diretor, ele falou: como você vai cantar uma palavra dessa, créu?". E Alcione não pestanejou ao responder: "Você não sabe das coisas que eu sou capaz!"

Neste ano, a cantora e compositora foi homenageada com o enredo "Negra Voz do Amanhã", da Estação Primeira de Mangueira, sua escola de coração. Alcione é uma das fundadoras do projeto Mangueira do Amanhã, uma escola de samba mirim que faz parte do Programa Social da Mangueira e que há quase 40 anos transforma a vida de jovens e crianças por intermédio do samba. O "Globo Repórter Personalidades" visita a escola, na Zona Norte do Rio, e mostra o legado que é deixado para os novos sambistas.

Passando pelo tambor de crioula e pelos sabores maranhenses preferidos de Alcione, Sandra Annenberg ainda faz um mergulho nas origens da cantora. O programa também ouve parceiros, amigos, anônimos e outros artistas que falam sobre a importância e influência da Marrom na música brasileira e na luta das mulheres por meio da sua voz.

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Globo Repórter revista vida e obra de Machado de Assis

Modificado em 04/11/2024, 08:54

Globo Repórter revista vida e obra de Machado de Assis

(Divulgação )

Nascido há 185 anos no Morro do Livramento, na cidade do Rio de Janeiro, Machado de Assis é um dos maiores representantes da literatura brasileira. Filho de um brasileiro com uma açoriana, foi o principal fundador da Academia Brasileira de Letras, em 1896, e deixou um conjunto vasto de obras, que até hoje se faz presente na vida dos brasileiros. Para mostrar a sua influência e celebrar a sua importância na literatura, o Globo Repórter desta sexta-feira (1º), revisita sua vida e obra, com o olhar do século 21. O repórter Rogério Coutinho mostra como um homem do século 19, que superou preconceitos e se tornou um dos maiores escritores de todos os tempos, ainda inspira tantos jovens a correrem atrás de seus sonhos e a buscarem forças nas palavras e na construção de histórias.

Morador do Morro do Castro, no município de São Gonçalo, região Metropolitana do Rio de Janeiro, o jovem Lucas Luciano, de 20 anos, fala ao programa sobre como Machado de Assis o inspira. Ele tem um livro publicado que retrata o lugar onde nasceu e vive até hoje. O repórter Rogerio Coutinho viaja pela história do escritor e mostra como a trajetória do gênio das letras abre caminhos e oportunidades para diversas gerações.

Como o ator, diretor, dramaturgo e professor Clayton Nascimento, que no ano passado se tornou o mais jovem brasileiro a vencer o Prêmio Shell de Teatro com o monólogo "Macacos". Na peça, na qual ele aparece sem camisa e rabiscado de batom, ele fala sobre episódios de racismo ocorridos desde a fundação do Brasil até a atualidade, com relatos protagonizados, inclusive, por Machado de Assis.

Ao repórter, Clayton fala sobre a sua relação com a literatura e com o escritor, desde a infância. "Eu sou filho de bolsas, mas só estudei em escola pública. Minha primeira escola, ainda no ensino infantil, se chamava Emef Machado de Assis, no Jabaquara. E anos depois eu vim descobrir a potência e a importância do bruxo do Cosme Velho. Se não tivéssemos Machado abrindo caminhos, trazendo a importância da literatura brasileira, do saber articular as palavras, não sei se teríamos Macacos. Ter um dos nossos ícones sendo uma pessoa preta, que nasceu na favela do Livramento, com pai pintor e mãe lavadeira, é um mar de esperança e de possibilidades", conta.

Na Rocinha, uma das maiores favelas do Brasil, Tatiana Lima comanda um jornal comunitário. A jovem conta a Rogerio Coutinho que sua jornada se cruza com Machado de Assis na permissão do sonho. "Eu também escrevo crônicas, edito um jornal, quem sabe um dia eu também possa escrever um livro?". No Méier, Zona Norte do Rio, o livreiro Ivan Costa conduz um espaço de literatura, arte, cultura e resistência, inspirado na garra de Machado. O jogador de futebol Gustavo Scarpa, do Clube Atlético Mineiro, soma 1,3 milhão de seguidores nas redes sociais e se tornou uma referência de leitura. O atleta já leu ao menos 100 livros e conta que esse hábito se tornou fundamental para ele relaxar e obter conhecimento. "Dom Casmurro" é um dos seus preferidos.

A história de Machado de Assis também já foi contada em formato de samba-enredo. Ao Globo Repórter, o cantor Martinho da Vila revela conta como fez para buscar as referências de Machado para compor o samba de 1959 da escola Aprendizes da Boca do Mato e revela que foi nesse momento que nasceu o seu interesse pelo autor. Anos depois, além de cantor e compositor, Martinho escreveu 21 livros, entre eles o que homenageia sua mãe, dona Teresa, e se chama "Memórias Póstumas de Teresa de Jesus". "Ele tem uma influência grande na minha escrita", conta o sambista.
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Em maio deste ano, uma americana viralizou nas redes sociais ao tecer elogios ao livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas". A reação foi imediata e fez com que a obra de 1881 entrasse para a lista dos livros mais vendidos em 2024. No programa, Rogerio Coutinho vive a experiência de conversar diretamente com Machado de Assis, por meio de um avatar que fica na Academia Brasileira de Letras. A interação com o Machado tecnológico aproxima os visitantes, sejam crianças, jovens ou mais idosos, da obra do escritor.

"O Globo Repórter desta sexta é uma grande viagem entre o passado, o presente e o futuro, porque a gente ainda vive Machado de Assis e sente ele presente nas obras que escreveu e nas pessoas que ele inspira. Vamos contar a história de pessoas incríveis que têm, de alguma forma, uma inspiração no escritor e que acreditam no estudo, na educação e na transformação de vida por conta da leitura. Ainda vamos trazer uma questão muito importante de que o Machado de Assis foi embranquecido por muitos anos e agora a gente sabe que ele era um escritor negro, um artista negro e que foi muito inteligente ao conseguir se posicionar e fazer críticas nas suas obras, parecendo já imaginar que esses documentos ficariam na história e fariam parte das rodas de conversa. Machado tem um conteúdo que a gente precisa consumir", afirma o repórter.

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'Globo Repórter' mostra vítimas de tragédias climáticas

Modificado em 17/09/2024, 15:56

'Globo Repórter' mostra vítimas de tragédias climáticas

(Divulgação)

Os eventos climáticos extremos, com enchentes históricas, secas, incêndios florestais recordes e ondas de calor, têm afetado milhares de pessoas no País. Mas também têm trazido à tona um lado especial do brasileiro, o da solidariedade. O "Globo Repórter" desta sexta-feira (17) vai ao encontro de pessoas que, assim como a população do Rio Grande do Sul, já passaram por tragédias climáticas, foram salvas, receberam ajuda e, agora, estendem a mão para o povo gaúcho. Os repórteres Graziela Azevedo, Pedro Bassan, João Mota, Bette Lucchese e Beatriz Castro contam histórias de projetos e pessoas que estão se mobilizando de norte a sul para ajudar os afetados pelas enchentes e formam, hoje, uma grande corrente do bem.

Desde a grande inundação no Rio Grande do Sul, as cidades que cresceram às margens do Rio Taquari estão pedindo socorro, mas uma onda de solidariedade está unindo o País para salvar e resgatar as pessoas que ficaram isoladas. A repórter Graziela Azevedo acompanha a chegada de um grupo que sai de Santa Catarina levando vassouras, rodos e muita vontade de ajudar a limpar a cidade de Muçum. Em Roca Sales, pequenos produtores rurais levam tratores para tirar a lama das ruas. O programa registra momentos comoventes em meio ao cenário desolador das casas destruídas pela terceira vez, desde setembro do ano passado.

No Morro do Espelho, em São Leopoldo, uma corrente formada por jovens estudantes alimenta e aquece quem está desabrigado. O repórter Pedro Bassan vai até o grêmio estudantil de um colégio que tem um departamento permanente de voluntariado onde alunos, ex-alunos, pais e professores se uniram e estão fazendo 600 marmitas e lanches todos os dias com recursos que recebem da comunidade escolar. A comida é levada para os desabrigados que estão em entidades próximas ao colégio. São Leopoldo tem hoje parte da cidade inundada e o Morro do Espelho se tornou um oásis de segurança e solidariedade.

"O que mais me impressionou foi ver que as pessoas têm a consciência de que a vida delas mudou para sempre, seja porque elas perderam tudo e vão ter de recomeçar do zero, seja porque elas perderam o próprio vínculo emocional com a casa delas. O que eu testemunhei foi uma ruptura das pessoas com a vida que elas viviam antes. Nada vai ser igual daqui para frente. Ao mesmo tempo, é importante ver o quanto isso aproxima as pessoas e cria laços. E as pessoas se unem para ajudar as outras. Foi um sentimento de que, se o outro não está bem, eu também não estou bem. Esse sentimento de estar bem é coletivo, não é cada um por si. Não existe mais um, existe o nós", conta ele.

Em 2023, um temporal devastou a cidade de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo. Na ocasião, as chuvas provocaram forte estrago na Vila do Sahy, bairro periférico localizado na encosta da Serra do Mar, em que muitas crianças foram atingidas. O repórter João Mota, da TV Vanguarda, que cobriu a tragédia na época, foi ao encontro de crianças que passaram por esse momento difícil e hoje se mobilizam para mandar um pouco de esperança para as crianças do Sul. "Acompanhando a vida deles nesse tempo todo, me impressiona como o fato forçou uma maturidade imensa nos que mal começaram a vida. Tudo aconteceu na frente deles. Atualmente, com apoio psicológico e ainda muito sensibilizados com o assunto, eles já voltaram aos estudos e, tendo passado por aquilo tudo, hoje mandam uma mensagem ao Sul do País baseado no que viveram: é difícil, mas tudo passa", conta João.

Após fortes chuvas na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, em 2010, um grande deslizamento de terra atingiu centenas de pessoas no Morro do Bumba. No mesmo ano, outra tragédia atingiu o Rio de Janeiro, dessa vez no Morro dos Prazeres, em Santa Tereza. No programa desta sexta-feira, a repórter Bette Lucchese acompanha um bombeiro aposentado que, além de ter trabalhado salvando vidas, cuida de moradores de rua, distribui comida e agora faz a ponte entre doadores e os postos de recolhimento da Ação da Cidadania. Bette também vai a Petrópolis reencontrar sobrevivente da tragédia que está tentando reconstruir a vida e conseguiu montar uma nova casa graças às doações.

As mensagens de força e esperança para o Rio Grande do Sul chegam de todas as regiões do Brasil. No Nordeste, a repórter Beatriz Castro encontra uma sobrevivente do maior desastre climático de Pernambuco, em 2022, onde temporais provocaram deslizamentos de terra e milhares de pessoas ficaram desabrigadas. Cleide Silva era moradora de área de risco e perdeu tudo.

À repórter, ela diz ser grata à pessoa que a salvou e acredita que o povo do Sul também vai conseguir se reerguer. Cleide conseguiu refazer a vida e voltou a estudar. "As pessoas que viveram a tragédia em Pernambuco se identificam muito com as que estão no Sul. Eles sabem que só o tempo vai acalmar o coração, mas é preciso ter muita resiliência. Muitos deles, até hoje, ainda vivem com as doações que receberam na época. Vamos mostrar como as pessoas aprenderam a ressignificar a maior tragédia de suas vidas em um recomeço, a partir da força da solidariedade", afirma Beatriz.