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Colégio particular de Goiânia demite professor após influenciador alegar doutrinação no ensino

Em vídeo publicado nas redes sociais, o pré-candidato a deputado federal Gustavo Gayer contesta a didática do profissional

Modificado em 20/09/2024, 00:52

Colégio Visão demitiu professor de sociologia, após ele aplicar uma prova com tirinhas do cartunista da Folha de São Paulo

Colégio Visão demitiu professor de sociologia, após ele aplicar uma prova com tirinhas do cartunista da Folha de São Paulo (Reprodução/ Google Street View)

O Colégio Visão, de Goiânia, demitiu o professor de sociologia Osvaldo Machado após um vídeo publicado pelo influenciador e pré-candidato a deputado federal Gustavo Gayer, em que o youtuber contesta a didática do profissional. O conteúdo, que foi postado na segunda-feira (27) e viralizou, obteve ainda mais repercussão nesta quarta-feira (29) depois do desligamento do docente na escola. Gayer alegou que em uma das listas de exercícios elaboradas pelo professor para os alunos do Colégio Visão o sociólogo "ensina jovens a odiar a polícia".

No material preparatório para cerca de dez alunos que estavam de recuperação consta a charge do cartunista André Dahmer. A tira representa um personagem lendo um jornal e dizendo "Mais um assalto em São Paulo, ainda bem que temos a polícia para combater a violência em prol da barbárie", de forma alusiva aos casos de agressão policial. Com isso, o professor questiona no enunciado: "Qual elemento do Estado está sendo retratado na tira abaixo?".

No entanto, o conteúdo foi visto por Gayer como uma "questão ideológica", que inicia o vídeo afirmando "embora a doutrinação hoje seja muito mais forte e evidente em escolas públicas, não pense que ela não seja feita em escolas particulares" e, em seguida, apresenta a charge escolhida pelo profissional de educação, que é graduado em Direito e licenciado em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

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Uma publicação compartilhada por Gustavo Gayer (@gusgayer)

Professor explica que houve distorção na interpretação do enunciado

"A tirinha trata do uso legítimo da força pelo Estado, essa é a resposta. É o contrário do que ele pensa e vai de encontro com o que ele deseja.", destaca Machado. O professor, que mora em Uberlândia, cidade de Minas Gerais, trabalhava na escola há seis anos e diz que a oportunidade, na época, era "inimaginável, por ser de origem humilde". Ele salienta que durante os anos exercendo o ensino no local, ele nunca havia recebido uma advertência de conduta da direção.

De acordo com o profissional, ele sempre prezou a ponderação entre narrativas, inclusive em sua vida pessoal. "Eu jamais diria em sala de aula que um cidadão deve amar bandidos e odiar policiais, eu só levo as tirinhas dele (André Dahmer) para que os alunos possam ter informação sobre a sociedade em que estamos vivendo". Machado garante que não há intenção de contactar Gayer sobre o caso, "não é meu perfil querer gerar mais atrito e não quero processar o rapaz, só quero voltar das férias empregado", diz.

Com o intuito de informar o colégio sobre o ocorrido, o próprio professor foi quem levou o vídeo à direção na segunda-feira e, em um primeiro momento, diz ter sido acolhido pela gestão. Já no dia seguinte, após a postagem repercutir, ele foi comunicado que houve uma decisão para seu desligamento. "A diretora me perguntou o que eu sugeria para situação e eu disse que só queria minha paz e minha vida de volta, e que eles sabiam o profissional que sou", aponta. A demissão resulta, segundo Machado, na perda do plano de saúde que ele possuía e em queda de aproximadamente 50% da sua renda mensal.

Osvaldo segue se apoiando nos ensinamentos que obteve na área de humanas para racionalizar os últimos eventos em sua vida que o deixaram, como ele ressalta, perplexo. "A humanas me permite ter um pouco mais de equilíbrio, de entender quem são os atores sociais envolvidos nesse processo e lidar com esse momento, por mais difícil que seja", comenta.

Apoio de pais e alunos

Assim que receberam a notícia da demissão do professor, alunos se movimentaram no intervalo do colégio com gritos a favor do retorno do docente e recados espalhados pela estrutura da escola. Mensagens como "vai censurar mais quantos?" e "sociologia não é ideologia política!" foram pregadas pelas paredes do Colégio Visão. Também, nas redes sociais, uma série de comentários foram feitos nas publicações da escola e na plataforma Twitter.

"Como aluna, posso dizer que Osvaldo sempre nos ensinou que a formação do senso crítico dos alunos vem do ensinar outras realidades, do respeito e justiça, sempre nos ensinando a enxergar a vida com outros olhos.", escreveu uma das estudantes. As declarações proferidas também por ex-alunos, majoritariamente em cursos superiores de universidades federais do país, que ressaltam o fato do professor sempre os incentivou ao debate civilizado com senso crítico. "Ele era o extremo oposto de doutrinador, nunca impôs nada", publicou uma jovem no Twitter.

Além disso, posicionamentos de pais e responsáveis reforçaram o repúdio. "Decepcionada com a escola a quem dei crédito na formação sociocognitiva dos meus filhos.", escreveu uma mãe. Outra, argumenta que a instituição de ensino está sendo "submissa a um cara em busca de votos e likes". Ela comenta que é a favor do professor, e que a escola deveria "repensar sobre isso, pois não criei meu filho pra viver na censura, o indivíduo deve ser criado livre e pensante", acrescenta.

O então cartunista André Dahmer também reforçou as manifestações contrárias à decisão do colégio, e escreveu "o colégio Visão não sabe, mas meu trabalho aparece com frequência em concursos públicos e vestibulares".

O colégio Visão não sabe, mas meu trabalho aparece com frequência em concursos públicos e vestibulares. Em 2011, um dos meus quadrinhos foi tema de redação do ENEM: https://t.co/dxJGbCwIHK https://t.co/29uXCyW6vb --- André Dahmer (@malvados) June 29, 2022

Em nota, a instituição declarou que "a escola possui um Código de Conduta que veda manifestações políticas, partidárias ou ideológicas em ambiente escolar. A direção do Colégio mantém um canal de diálogo aberto com alunos e familiares, sempre pautando suas ações no Código de Conduta", escreveu.

Manoella Bittencourt é estagiária do GJC em convênio com a PUC-Goiás

Colégio Visão demitiu professor de sociologia, após ele aplicar uma prova com tirinhas do cartunista da Folha de São Paulo

Colégio Visão demitiu professor de sociologia, após ele aplicar uma prova com tirinhas do cartunista da Folha de São Paulo (Reprodução/ Google Street View)

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Trump assina decreto preparando demissões em massa do governo dos EUA

Elon Musk e sua equipe avaliarão a folha de pagamento e decidirão que cortes serão feitos

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos (Reprodução/Instagram)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto nesta terça-feira (11) ordenando que as agências do governo federal americano preparem um plano de demissões em massa a ser liderado pelo bilionário Elon Musk, à frente do Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês).

O texto diz que todos os órgãos federais devem se colocar à disposição de Musk e sua equipe, que avaliarão a folha de pagamento e decidirão que cortes serão feitos. Além das demissões, o decreto prevê novas contratações para cargos-chave -parte da iniciativa de Trump, discutida ainda na campanha eleitoral, de garantir que apenas pessoas leais a ele ocupem as posições mais importantes da burocracia americana.

O decreto, entretanto, estabelece que, para cada quatro servidores federais demitidos, as agências poderão contratar somente um novo trabalhador. A regra não vale para órgãos que lidem com segurança pública ou imigração, e as Forças Armadas não estão inclusas no plano de demissões.

O texto assinado por Trump diz ainda que todas as novas contratações devem ser feitas "em consulta com o chefe da equipe do Doge", Elon Musk, que decidirá ainda quais vagas devem ser permanentemente fechadas.

O Doge, que não é um departamento propriamente dito, foi criado por Trump para que Musk pudesse diminuir o tamanho do aparato estatal americano. Na prática, o bilionário vem usando seu poder para pressionar servidores federais a se demitir e fechar agências e programas que ele julga "de esquerda" ou desperdício de dinheiro -como a Usaid, de ajuda externa, hoje num limbo jurídico.

Em entrevista coletiva no Salão Oval da Casa Branca ao lado de Trump, Musk disse que os EUA irão à falência sem os cortes de gastos no governo federal propostos por ele. Foi a primeira vez que o bilionário conversou diretamente com a imprensa desde que se mudou para Washington para assumir o Doge.

O empresário disse que suas ações à frente da iniciativa buscam eliminar corrupção e fraude na burocracia, sem citar exemplos ou apresentar provas desses crimes. Segundo ele, seu objetivo principal é "restaurar a democracia". "Se a burocracia é quem manda, qual o sentido de falarmos em democracia?", perguntou.

Questionado por jornalistas, Musk descartou a ideia de que ele opera em uma zona jurídica cinzenta sem fiscalização, uma vez que não ocupa um cargo formal em uma agência estabelecida do governo americano. Segundo uma porta-voz da Casa Branca, o bilionário é um "trabalhador especial do governo".

Essa zona cinzenta é a lenha na fogueira dos processos judiciais em curso contra Musk e suas ações de cortes de gastos nos tribunais americanos. No sábado (8), um juiz proibiu que o bilionário e sua equipe do Doge tenham acesso ao sistema de pagamentos do Tesouro -uma decisão que Musk, Trump e o vice-presidente, J. D. Vance, criticaram fortemente nos últimos dias.

"A burocracia, que não é eleita, é o quatro Poder, e tem na verdade mais poder do que qualquer representante eleito", disse Musk nesta terça na Casa Branca -ele próprio uma das pessoas não eleitas mais poderosas do governo americano. "Ela não corresponde à vontade do povo."

IcEconomia

Emprego

Concurso para professor universitário abre vagas com salários de até R$ 11,4 mil; veja edital

Maior salário é para regime de trabalho com dedicação exclusiva. Inscrições começam no dia 31 de janeiro

Modificado em 22/01/2025, 14:17

Universidade federal do Norte do Tocantins

Universidade federal do Norte do Tocantins (UFT/Divulgação)

A Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT) publicou edital do concurso público para preencher 14 vagas de professor efetivo. Os salários variam entre R$ 3.181,35 e R$ 11.481,64. As inscrições começam no dia 31 de janeiro e vão até 17 de fevereiro.

Há reserva de vagas para cotas raciais e pessoas com deficiência. A taxa de inscrição é de R$ 260. Pedidos de isenção podem ser feitos até o dia 3 de fevereiro pelo site da Coordenação de Desenvolvimento Estratégico (Copese), responsável pelo concurso.

  • Clique aqui e confira o edital
  • Os aprovados terão direito a retribuição por titulação. O auxílio-alimentação é de R$ 500 para os cargos de carga horária de 20 horas semanais, e de R$ 1 mil para dedicação exclusiva.

    A seleção será realiza em duas etapas, compostas por prova escrita, prova didática, defesa de projeto e avaliação de títulos.

    A prova escrita será aplicada em Araguaína, no dia 9 de março. A data de divulgação do resultado final ainda não foi definida.

    Veja distribuição das vagas

  • Geografia - 1 vaga
  • Logística - 1 vaga
  • Matemática - 2 vagas
  • Medicina - 7 vagas
  • Medicina Veterinária - 1 vaga
  • Zootecnia - 2 vagas
  • IcEsporte

    Esporte

    Triatleta goiana disputa o Ultraman Brasil, prova de longas distâncias

    Prova envolve percorrer 10km de natação, 421km de ciclismo e 84,4km de corrida

    Modificado em 17/09/2024, 15:55

    Chris Fernandes durante treino de ciclismo em Goiânia

    Chris Fernandes durante treino de ciclismo em Goiânia
 (Sérgio e Talis/Triz Sports)

    A triatleta Chris Fernandes, de 41 anos, pretende se tornar, neste fim de semana, a primeira goiana a completar o Ultraman Brasil, prova de longas distâncias disputada em Ubatuba-SP entre sexta-feira (12) e domingo (14). Completar a prova é o sonho da servidora pública, que se dedica ao triatlo há pelo menos seis anos.

    As distâncias não são nada comuns: 10km de natação, 421km de ciclismo e 84,4km de corrida, ou duas maratonas emendadas. Chris Fernandes não economiza na emoção ao definir o que o Ultraman Brasil significa. "Esta prova vai ser o desafio da minha vida."

    Chris Fernandes vem da corrida, esporte que entrou na vida da triatleta em 2010 e que foi o que a ajudou a superar um quadro de depressão em 2015.

    "Era o que me motivava a sair da cama. É meu amuleto, por isso é tão importante para mim. Aquilo me desconecta do resto do mundo. No pedal, também. Na natação, mais ou menos. O pedal me dá essa liberdade de sentir o vento no rosto, sem olhar distância, sem olhar velocidade. Virou uma terapia. Por isso, as distâncias longas. É mais tempo em que me desligo do mundo", conta a triatleta, que já disputou Ironman (o completo e o 70.3, em meias distâncias), GP Extreme, ultramaratona de corrida, além de maratonas pelo mundo.

    A modalidade que é o grande desafio de Chris Fernandes é a natação. Ela iniciou no triatlo após assistir um documentário em que Fernanda Keller treinava pessoas para competir no Ironman 70.3. Isso ocorreu em 2017.

    "Eu não sabia nadar, tinha medo de água, tinha problema com isso. No documentário, ela treinou três pessoas que não eram triatletas para fazer o 70.3. Eram pessoas sedentárias e uma não sabia nadar. Pensei: 'se uma deu conta, eu dou conta'. Ficou aquilo martelando na minha cabeça", contou Chris Fernandes.

    A atleta, depois de um ano, começou a disputar provas de triatlo. Depois de quatro anos, fez seu primeiro Ironman, no ano em que completou 40 anos.

    Chris Fernandes pretendia disputar o Ultraman Brasil no ano passado, mas uma cirurgia no quadril a fez adiar os planos. O problema foi decorrente de um acidente que a atleta sofreu enquanto pedalava na GO-147, perto de Piracanjuba. Ela ficou desacordada e teve traumatismo craniano.

    O tratamento causou um problema nos ossos decorrente da medicação. "Tive osteonecrose em alguns ossos. Continuando a treinar, o osso foi quebrando", explica a triatleta, que, em 2022, passou pela cirurgia. Apesar dos problemas, Chris Fernandes sempre teve uma certeza. "Nunca pensei em parar", contou.

    A triatleta goiana iniciou o Ultraman Brasil nesta sexta-feira (12), com a natação e parte do ciclismo. No sábado (13), o restante da distância de ciclismo será percorrido. No domingo (14), ela fará a corrida.

    Chris Fernandes conheceu o Ultraman Brasil por meio de Marcos Gimenes, triatleta que treina na mesma equipe que ela. Marcos foi campeão da prova em 2018, logo em sua edição de estreia. Voltou à disputa no ano seguinte. No ano passado, outro atleta de Goiânia completou o Ultraman Brasil, o advogado Rafael Maciel.

    Geral

    Aulas começam, mas faltam de professores em Goiânia

    Mães reclamam da ausência de profissionais e crianças ficam sem ir para Cmeis e escolas, ou com permanência em tempo reduzido. Famílias buscam alternativas até regularização

    Modificado em 17/09/2024, 16:20

    Começou nesta segunda-feira (22), o ano letivo na rede pública municipal de ensino em Goiânia

    Começou nesta segunda-feira (22), o ano letivo na rede pública municipal de ensino em Goiânia
 (Diomício Gomes)

    Mães de crianças que estudam em Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis) e escolas da rede municipal de Goiânia reclamam da falta de professores. Diante da situação, parte dos estudantes está sem ir às unidades, outros que têm aulas em tempo integral estão permanecendo apenas meio período, e os demais estão sendo acompanhados por coordenadores e auxiliares. A Secretaria Municipal de Educação (SME) diz que trabalha em um processo seletivo para a substituição de servidores efetivos em licença.

    O ano letivo de 2024, que começou nesta segunda-feira (22), tem iniciado com falta de professores, de vagas para novos alunos, e a demora na entrega dos kits de materiais escolares e uniformes. O DAQUI também mostrou na edição desta terça-feira (23) que os contratos de fornecimento dos materiais e vestimentas ainda não foi assinado, e deve ter atraso na entrega às famílias. Já o edital de contratação de temporários, anunciado em dezembro passado, ainda não tem confirmação de quando será publicado.

    Enquanto o processo não é aberto, unidades de ensino precisam se reorganizar para o atendimento aos estudantes. No Cmei da Boa Providência, no Setor Boa Vista, região Noroeste da capital, algumas turmas estão sem atendimento nesta primeira semana de aulas enquanto aguardam a chegada dos profissionais. A informação compartilhada pela direção do Cmei foi recebida pela dona de casa Laura Gonçalves, de 26 anos, mãe de um menino de um ano matriculado na unidade.

    Ela conta que conseguiu a vaga para o filho no início deste ano, mas ele não está tendo aula diante da falta de professores. "Não tem como funcionar se não tem profissionais, mesmo a direção se desdobrando", aponta. Com a ida dele à creche, Laura já tinha planos para fazer um curso de instrutora de autoescola no intuito de voltar a trabalhar. "Agora não terá como começar. Já remarquei para próxima turma que ainda não tem previsão", lamenta.

    A promotora de vendas Lígia Pereira, de 27 anos, tem buscado alternativas para deixar o filho de um ano e seis meses enquanto não há previsão de quando serão retomadas as aulas na turma dele no Cmei Herdeiros do Futuro, no Bairro Capuava, também na região Noroeste. "Tivemos uma reunião de pais na sexta-feira (19) e falaram que o agrupamento dele não teria aula porque estava esperando a Secretaria mandar professores. Eles não deram previsão, por enquanto não tem", comenta.

    Para Lígia, que trabalha fora, a solução tem sido deixar o filho em um berçário, pagando diária para a unidade no valor de 50 reais. Em outros momentos, quando há a possibilidade, o menino fica com a avó materna. "Mas é complicado porque minha mãe já tem mais de 60 anos e fica complicado de cuidar de um neném de um ano e seis meses", pontua ela.

    Além dos Cmeis de Goiânia, a falta de profissionais tem sido registrada em escolas municipais. Mãe de duas crianças, uma de 4 anos e outra de 6, a costureira Isabella Oliveira, de 24, tem levado os filhos para o trabalho enquanto as unidades seguem com um fluxo de atendimento diferenciado. A filha mais velha estuda na Escola Municipal Ayrton Senna, no Jardim Curitiba, e o mais novo no Cmei Parque Tremendão, no setor homônimo, ambos na região Noroeste.

    No Cmei, que funciona em tempo integral, as aulas têm ocorrido em meio período. Já na escola, os profissionais estão precisando juntar as turmas. "Só tem uma professora para o primeiro ano. Lá são quatro turmas", comenta. E acrescenta: "A partir de amanhã (quarta-feira, 24), se não chegarem os professores, irá começar o rodízio. Alguns dias da semana terá aula, e outros não."

    Para a dona de casa Daniele Brito, de 27 anos, a ida do filho de quatro anos à Escola Municipal Maria Helena Batista Bretas, no Setor Urias Magalhães, na região Norte da capital, não tem sido afetada. No entanto, na unidade, a criança matriculada para dar início às atividades estudantis neste ano tem permanecido com auxiliares e coordenador pedagógico, diante da falta de professores. "Meu filho ficou lá só com a auxiliar, e a coordenadora está ajudando. Mas é ruim, porque tinha de ter uma professora", lamenta.

    O jornal apurou que ao menos dez escolas municipais, dois Cmeis e um Centro de Educação Infantil (CEI), unidades conveniadas à SME, estão buscando pedagogos e professores neste início de ano. Uma diretora de uma unidade, que não será identificada, confirmou que faltam seis professores para o período vespertino. Uma professora de Cmei também assegurou que faltam profissionais na unidade, mas as aulas seguem normalmente diante de ajustes internos para conseguir manter o atendimento integral.

    Em nota, a SME diz que "trabalha na conclusão de um novo processo seletivo para a substituição de servidores efetivos que estão afastados por algum tipo de licença". Além disso, destaca que "convocou 1.183 aprovados no último concurso público e avalia com responsabilidade fiscal novas convocações". Sem citar quaisquer problemas com a falta de profissionais neste início de ano, finaliza: "As aulas e atividades presenciais na rede municipal de ensino foram retomadas nesta segunda-feira (22) e o atendimento segue conforme o programado."

    Processo seletivo segue sem data

    Um novo processo seletivo simplificado para contratação temporária de até 454 profissionais da educação está previsto ao menos desde o fim de dezembro passado. O DAQUI mostrou na edição do dia 21 daquele mês que as vagas contemplam professores, pedagogos, agentes de apoio educacional, assistente administrativo e auxiliar de atividades educativas.

    A previsão da Secretaria Municipal de Educação (SME) era dar início às convocações dos aprovados a partir do fim de janeiro deste ano. No entanto, ainda não houve publicação do processo seletivo, que será feito mediante análise de títulos e experiência profissional, sem a necessidade de prova ou outros processos avaliativos.

    A nova seleção substituiria o último edital, ocorrido no final de 2021, tinha prazo para convocação até dia 21 de dezembro. Com o tempo vencido, não é possível mais chamar os aprovados naquele processo. Muitos atendiam vagas de profissionais efetivos afastados por motivos de doença, ou por outras licenças temporárias.

    Conforme o DAQUI mostrou à época, a elaboração do novo processo seletivo é trabalhada desde maio deste ano, ainda sob a gestão do então titular da pasta, Wellington Bessa. Dois despachos já chegaram a ser publicados no Diário Oficial do Município (DOM) tratando do edital, em julho e novembro.

    Nos documentos, o atual titular da SME, Rodrigo Caldas, apontou que o processo seletivo é de "inequívoca necessidade urgente" e de "excepcional interesse público", além de destacar que o déficit de servidores tem provocado sobrecarga nos demais. As 454 vagas previstas já foram divulgadas no DOM, mas ainda não há previsão de quando o edital será divulgado e, tampouco, quando terão início às convocações.

    A reportagem solicitou o quantitativo de servidores afastados, de contratos que estão em vigência e também os que foram encerrados no início de 2023. Até o fechamento desta edição, não obteve retorno.