Geral

Com nova variante, cidades de Goiás podem vetar festas de Natal e Réveillon

Wildes Barbosa
Caldas Novas: município já havia anunciado programação de festas

Caldas Novas, uma das principais cidades turísticas do estado, pode cancelar as festas de Natal e Réveillon em praças públicas previstas para este fim de ano. O motivo é a circulação da variante do coronavírus (Sars-CoV-2) ômicron, classificada como de preocupação pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A cepa, identificada inicialmente na África do Sul, já foi confirmada em pelo menos 13 países.

Secretário de Turismo de Caldas Novas, Daniel Ribas afirmou que uma reunião está agendada para a tarde desta terça-feira (30) a fim de discutir como devem ocorrer os eventos de fim de ano da cidade.

“Caso seja necessário, pode haver o cancelamento. Do contrário, com certeza faremos algumas mudanças para manter a segurança. Até o momento, faríamos eventos de Natal e Réveillon em praças públicas e a cidade está operando com capacidade máxima de 75% de ocupação da rede hoteleira”. O município já havia divulgado, inclusive, a programação para o Carnaval de 2022.

Em Aruanã, município que costuma promover todos os anos uma festa de ano novo, as chances de comemorações são poucas em 2021. “A possibilidade da realização de shows é remota devido a tudo que aconteceu e está acontecendo. Não vamos impedir que as pessoas venham para Aruanã. Porém, eventos realizados pela prefeitura têm poucas chances de acontecer. Em relação ao carnaval, vamos esperar mais um pouco e nos manifestar no início do ano”, pontua Paulo Valério, secretário de Saúde da cidade.

Em Pirenópolis, o Festival Canto da Primavera começa nesta terça-feira (30) e segue até o próximo domingo (5), sem alterações. A cidade não prevê festas em praças públicas no fim de ano, mas possui a Rua do Lazer com opções de bar e gastronomia, que acaba movimentando o turismo local. Secretário de Saúde da cidade, Hisham Hamida diz que a análise do cenário é constante não apenas levando em consideração a população local, mas também os turistas que devem visitar o município.

“Nós temos acompanhado o cenário epidemiológico e a nova variante nos causa preocupação. O município já havia adotado algumas medidas para realização de eventos nos quais é exigido o certificado do esquema vacinal completo além do reforço, da utilização de máscara, álcool em gel e distanciamento social. Claro que nós continuamos acompanhando este cenário e algumas medidas mais rígidas podem ser adotadas de acordo com a mudança do cenário epidemiológico, tanto para o fim do ano, quanto para o Carnaval”, completa Hamida.

O secretário municipal de Saúde de Alto Paraíso de Goiás, Fernando Couto, informou que a prefeitura não irá promover nenhuma festa de ano novo, mas que eventos particulares podem ser realizados respeitando restrições, assim como tem acontecido com o funcionamento de pousadas, restaurantes e atrações turísticas. Porém, na próxima semana, o aniversário da cidade será comemorado com um evento a céu aberto com capacidade para até 2,5 mil pessoas. “Temos mais de 70% da população vacinada com as duas doses”, destaca.  Entretanto, no Painel da Covid-19, apenas 59% da população do município já tomaram a segunda dose ou a dose única.

Tradicionalmente, a prefeitura da cidade de Goiás promove um show na virada do ano. Em 2020, o evento foi cancelado por conta do coronavírus. Neste ano, a administração municipal ainda não divulgou nenhuma definição sobre festas comemorativas na data. “Durante a semana iremos reunir o comitê de enfrentamento para adotar as medidas”, diz Marcos Neiva, secretário municipal de Saúde da cidade. Em Goiás, pousadas, restaurantes e atrações turísticas estão funcionando com restrições de capacidade e com a exigência do uso de máscaras.

Recomendação

O titular da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), Ismael Alexandrino, afirmou, no último domingo (28) que pode recomendar que os eventos de rua não sejam realizados em nenhuma cidade e que as festas em locais fechados exijam duas doses de vacina contra a Covid-19.

No último domingo (28), o secretário afirmou que além da restrição aos eventos de rua, a SES-GO deve, também, reforçar a exigência da vacinação completa em reuniões fechadas. “Devemos emitir uma recomendação para que não haja eventos de rua e os eventos que houver em locais onde se consiga delimitar o acesso, obrigatoriamente tenha (a exigência) da segunda dose da vacina”, afirmou. Conforme a assessoria da pasta, a orientação deve ser publicada até a próxima sexta-feira (3).

Apesar das medidas, Alexandrino também afirmou que ainda não há motivos para alarde já que os primeiros casos registrados não resultaram em evolução para as formas mais graves da doença. Alexandrino também afirmou que ainda não há motivos para alarde já que os primeiros casos não resultaram em evolução para as formas mais graves da doença.

 

Vacinação é melhor estratégia para conter ômicron, diz infectologista

A vacinação contra a Covid-19 é a melhor estratégia para conter a disseminação da variante ômicron, do coronavírus (Sars-CoV-2), que é potencialmente mais transmissível. Apesar de cientistas ainda estudarem se as vacinas disponíveis no momento são menos eficazes contra esta variante, a imunização ajuda a diminuir a disseminação do vírus. É o que explica o infectologista Julival Ribeiro. “Agora, mais do que nunca, é importante que as pessoas tomem a segunda dose e o reforço”, enfatiza.

A ômicron é uma variante com dezenas de mutações, em especial, em uma proteína que é a “chave” que o vírus usa para entrar nas células humanas (confira quadro). “Ela tem uma quantidade assustadora de mutações. Isso nunca foi visto antes. Ela tem potencial para ultrapassar a variante delta (altamente transmissível) no que diz respeito à disseminação”, esclarece o especialista. 

Apesar de ainda não se saber exatamente o potencial de virulência da variante, Ribeiro destaca que com as festas de fim de ano e o carnaval se aproximando, é necessário manter todos os cuidados necessários. O epidemiologista João Bosco Siqueira compartilha da mesma opinião. “É preciso manter o uso de máscaras e cuidados com as mãos“, destaca.

Ribeiro chama a atenção também para a necessidade de se evitar aglomerações. “Mesmo ao ar livre, é importante evitar aglomerações. Em locais fechados, onde o uso de máscara é essencial, mais ainda”, destaca. 

O especialista aconselha que as pessoas evitem frequentar grandes eventos enquanto ainda não se sabe qual o risco real que a variante ômicron representa.” É uma insensatez pensar em festa, sobretudo agora que não sabemos como esta variante vai se comportar no Brasil”, critica. 

Comentários
Os comentários publicados aqui não representam a opinião do jornal e são de total responsabilidade de seus autores.
ANUNCIE AQUI