Governador reforça marcas da gestão na área e adapta bordão sobre expulsão de bandidos; também fez contraponto à gestão de Lula, que, segundo o goiano, é ‘complacente com o crime’
Ao lançar sua pré-candidatura a presidente da República nesta sexta-feira (4), em Salvador, o governador Ronaldo Caiado (UB) reforçou a aposta em marcas de sua administração, especialmente a segurança pública , e trouxe uma nova versão de seu bordão para área, agora repaginado para a disputa pelo Palácio do Planalto. "Se eu chegar no governo, na presidência da República, vocês podem ter certeza que bandido vai ser na cadeia ou fora do Brasil", afirmou, adaptando a frase "ou bandido muda de profissão ou muda de estado", repetida desde o início de seu primeiro mandato à frente do governo estadual.
Caiado falou de segurança pública em três momentos diferentes do seu discurso, sempre repetindo que pretende reproduzir a nível nacional seus feitos em Goiás. Ele também fez contraponto com a administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo ele, seu potencial adversário é "complacente com o crime".
Citando países da Europa, o goiano defendeu que em nenhum lugar do mundo que seja "referência de democracia" existem bairros dominados por facções criminosas. "Isso só existe num país em que o governo é complacente com o crime. Essa é a realidade", emendou.
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Diante de uma plateia formada majoritariamente por políticos e militantes de Goiás e da Bahia, estes mobilizados pelo comando local do UB, o governador citou Lula nominalmente em seguida, lembrando reunião convocada pelo petista no início do ano para tratar da criação de um Sistema Nacional de Segurança Pública. "Caiado já desmascarou o presidente Lula na frente dele, dizendo: 'Você quer tirar as prerrogativas dos estados. Isso é presente para os faccionados' (...) Lá de Brasília ele acha que o iluminado vai saber como é que acontece a criminalidade na Bahia", disparou.
Caiado discursou cercado por dezenas de aliados como o prefeito de Salvador, Bruno Reis, e seu antecessor ACM Neto, ambos do União Brasil. Também estavam no palanque do Centro de Convenções de Salvador o vice-governador Daniel Vilela (MDB), a primeira-dama de Goiás, Gracinha Caiado, e as filhas Anna Vitória, Marcela e Maria. Também estavam por lá os senadores Sérgio Moro (UB-PR) e Vanderlan Cardoso (PSD).
Deputados estaduais e federais goianos completam a lista, assim como os prefeitos de Goiânia, Sandro Mabel (UB) e Aparecida de Goiânia, Leandro Vilela (MDB). A grande quantidade de lideranças políticas no palco atrapalhava a visão do público que teve dificuldades para ler frases projetadas no telão, a exemplo do slogan da pré-campanha, "coragem para endireitar o Brasil ".
Além de Leandro Vilela, Sandro Mabel e Bruno Reis, a organização do evento contabilizou a presença de aproximadamente 200 prefeitos, a maioria de Goiás. Mas também passaram pelo ato figuras como Paulinho Freire e Sheila Lemos, que são do União Brasil e administram Natal (RN) e Vitória da Conquista (BA), respectivamente.
Antes de Caiado fechar o evento, que teve como mote as entregas a ele de título de cidadão baiano e da Comenda 2 de julho, todos que lhe antecederam ao microfone também priorizaram a segurança pública. Foi o caso de Sérgio Moro, que citou casos de violência recente em São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, antes de defender o projeto do goiano.
"O governador tem um discurso firme contra a criminalidade. É isso que a gente está precisando agora, para estes quatro anos, a partir de 2027. E hoje é o dia que a Bahia virou Goiás e Goiás virou a Bahia", disse Moro, que foi ministro da Justiça durante a administração de Jair Bolsonaro (PL).
Embate
Caiado também partiu para cima de Lula ao falar de economia. Seus alvos foram a taxa básica de juros, que chegou a 14,25%, o empréstimo consignado vinculado ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e dificuldade de diálogo com a nova classe média empreendedora.
"Pelo amor de Deus, Lula, cê não dá conta de governar. Deixa a gente chegar lá, tomar conta deste país, e voltar a botar comida no prato do cidadão e ele poder comprar na sua gôndola, no supermercado", criticou Caiado. "Quem quer um governo desses, ressuscitando programa antigo. O governo Lula não tem plano de governo", emendou o governador de Goiás.
Outro alvo do presidenciável foi a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), que recentemente reagiu a suas críticas nas redes sociais. Sem citar o nome da petista, o governador classificou sua nomeação como "segundo golpe".
"Agora tem uma líder lá, (ACM) Neto, foi colega nossa no parlamento. Todo mundo sabe que a única característica que ela tem é não saber articular. E (Lula) botou como secretária de articulação política do governo. É um elefante numa casa de louças", ironizou.
Caiado também mencionou o interesse de "construir a paz em nosso país e construir a convivência harmônica dos brasileiros e governar para o bem da população". Ao finalizar o discurso, o governador sinalizou que o ato desta sexta deu início a um movimento irreversível. "Quero dizer daqui da Bahia ao Brasil: o Caiado acabou de atravessar o Rubicão. Não tem volta. Agora é chegar no Palácio do Planalto, se Deus quiser. Quatro de outubro de 2026. Arrocha Brasil", gritou ao encerrar.
Ideb goiano
Outra área que foi relembrada repetidas vezes pelo governador foi a Educação de Goiás, que Caiado classificou como a melhor do Brasil. O governador destacava as referências ao primeiro lugar no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no ensino médio, alcançado em 2023. O resultado foi divulgado no ano passado.
Grupo de professores e servidores da Secretaria Estadual de Educação, posicionado o em frente ao palco, aplaudiu comemorou cada uma das menções de Caiado ao índice. (O repórter viajou à convite da Fecomércio-GO)