Homem que matou fazendeiro a mando da filha e genro por herança de R$ 3 milhões foi preso na casa de familiares, diz PC
Quatro pessoas foram presas por auxiliar na fuga do suspeito, mas respondem em liberdade, segundo a polícia
Rodrigo Melo
6 de janeiro de 2025 às 17:58
Modificado em 06/01/2025, 18:07

Luiz Henrique da Silva Lima Mendonça estava dentro de um deposíto, segundo a polícia. Quatro pessoa foram presas por auxiliar na fuga do suspeito (Divulgação/Polícia Civil)

Luiz Henrique da Silva Lima Mendonça estava dentro de um deposíto, segundo a polícia. Quatro pessoa foram presas por auxiliar na fuga do suspeito (Divulgação/Polícia Civil)
O suposto matador de aluguel Luiz Henrique da Silva Lima Mendonça, de 22 anos, suspeito de assassinar o fazendeiro Nelson Alves de Andrade, de 73, foi preso dentro de um depósito na casa de familiares, em Novo Gama, no Entorno do Distrito Federal (DF), de acordo com a Polícia Civil (PC). O homicídio teria ocorrido a mando da filha e do genro do idoso para eles ficarem com a herança de R$ 3 milhões, conforme as investigações. Quatro pessoas foram presas por auxiliar na fuga do suspeito, mas respondem em liberdade, segundo a polícia.
Era um depósito da casa. Tinha um caminho de entrada no meio dos dois imóveis, mas um terreno só", explicou o delegado responsável pelo caso, Peterson Amin.
Luiz Henrique passou por audiência de custódia na manhã desta segunda-feira (6) e foi mantido preso. Ao POPULAR , a advogada Pollyanna Milhomem, que está na defesa do Luiz Henrique, afirmou que seu cliente é inocente. Acrescentou que fará o pedido de habeas corpus para o Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), além de solicitar a revogação da prisão para a comarca de Campinorte. Sobre a alegação da PC de que ele teria confessado o crime, a defesa de Luiz afirmou que o cliente apenas indicou os envolvidos, colaborando dentro do que ele soube e através da confissão de um deles.
A defesa da filha do fazendeiro, Nauany Steffany Maia Alves, de 20, não respondeu aos questionamentos enviados pela reportagem. Anteriormente, o advogado da mulher disse que a cliente é inocente e pretende provar isso nos autos. A Defensoria Pública de Goiás, que representou durante audiência de custódia o esposo dela, Rui Clessio Ferreira de Souza, de 21, informou que não está mais na defesa dele.
O crime aconteceu no dia 1º de abril deste ano, em Campinorte, no sul de Goiás. Cerca de oito meses após o desenrolar das investigações, a PC requereu a prisão dos cinco envolvidos na morte do fazendeiro, mas o Poder Judiciário decidiu pelo mandado apenas do casal e de Luiz Henrique, apontado como o executor e contratante de outros dois homens que participaram do assassinato.
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Prisão dos familiares
O suspeito foi considerado foragido pela polícia e preso somente neste domingo (6), escondido por parentes em uma casa, segundo o delegado responsável pelo caso, Peterson Amin.

Luiz Henrique da Silva Lima Mendonça é suspeito de executar e contratar dois assassinos no crime (Divulgação/Polícia Civil)
Ao todo, quatro pessoas, avós e pai do suspeito e uma vizinha foram presas por terem "auxiliado na fuga" de um foragido da Justiça, podendo responder pelo crime de favorecimento pessoal, esclareceu o delegado.
Ele estava dentro de um depósito de pneus, onde estava trancado, e os familiares estavam dando alimentação e água para ele", relatou.
O investigador informou ao POPULAR que os suspeitos pelo auxílio na fuga de Luiz Henrique assinaram um termo circunstanciado de ocorrência (TCO) e respondem em liberdade pelo crime. Por não terem os nomes divulgados, a reportagem não conseguiu localizar a defesa deles.
Na ocasião da prisão, o matador de aluguelconfessou o crime , segundo o delegado. Luiz Henrique segue detido no presídio de Novo Gama e será transferido para o presídio de Uruaçu, no norte goiano, nesta segunda-feira (6).
A ação contou com o auxilio de policiais da Rotam (Rondas Ostensivas Táticas Metropolitana)
Outros envolvidos no homicídio
Além dos três, o delegado destacou que indiciou mais dois homens, suspeitos de envolvimento no crime: Vitor Manoel Martins Soares e Wilkinson Durval Barbosa dos Santos. De acordo com as investigações, a dupla "auxiliou na emboscada do fazendeiro", que foi morto com dois tiros enquanto pilotava uma motocicleta e foi abordado por três homens de bicicleta.
"Eles [Vitor e Wilkinson] foram indiciados junto com os outros três, mas o Poder Judiciário não autorizou a prisão preventiva deles", frisou Peterson.
Relembre o caso

Crime aconteceu na zona rural de Campinorte após uma emboscada (Divulgação / Polícia Civil)
O assassinato do fazendeiro era apurado pela Delegacia Regional da Polícia Civil de Uruaçu por meses, que tinha suspeitas contra a filha e o genro do fazendeiro, que começaram a vender os propriedades da vítima e aquirirem bens.
No entanto, conforme o delegado Peterson Amin, o fato que acelerou as investigações foi uma denúncia anônima do matador de aluguel, que teria sido contratado por R$ 20 mil para cometer o crime. "Ele recebeu apenas R$ 1 mil", continuou Peterson.

Filha e genro de Nelson Alves de Andrade foram presos, no dia 20 de dezembro, na cidade de Campos Verdes (Divulgação/Polícia Civil)
A contratante do assassinato, a filha do fazendeiro Nauany Steffany, e seu esposo Rui Clessio, seguem presos desde 20 de dezembro de 2024. Segundo o delegado, no interrogatório, ela responsabilizou o esposo, Rui, pelo crime. Porém, Peterson ressaltou que a jovem não demonstrou nem remorso e nem raiva do companheiro.
"Ela fala que não tem envolvimento, que não teve participação, mas não demonstra nenhum tipo de sentimento de raiva ou mágoa em relação ao marido, por ele ter mandado matar o pai nada", emendou.
Acerca do depoimento de Rui, Peterson contou que o jovem demonstrou nervosismo, mas negou envolvimento ou conhecimento do crime. "Ele fala que não sabe de nada. Negou tudo. O que ele disse no interrogatório não fez sentido nenhum com o que as investigações apontaram", relatou Peterson.
Agora, o delegado informou que irá acrescentar no inquérito a confissão do matador de aluguel, Luiz Henrique, que conforme Peterson, "contou tudo sobre o crime" quando foi preso.
Antes, ele já tinha enviado para a polícia, por um número de celular anônimo, prints de conversas com o casal cobrando o pagamento do serviço para executar o fazendeiro e ameaçando denunciar o caso para a polícia .

Suposto matador de aluguel sugere parcelamento da dívida após matar a vítima (Divulgação/Polícia Civil)