Geral

Israel e Líbano chegam a acordo histórico sobre fronteiras marítimas

Pacto mediado pelos EUA foi aceito após 2 anos de negociação; região tem campos de gás natural

Folhapress

Modificado em 20/09/2024, 05:15

"É um marco histórico que fortalecerá a segurança de Israel, injetará bilhões na economia e garantirá a estabilidade de nossa fronteira norte", disse o primeiro-ministro israelense Yair Lapid.

"É um marco histórico que fortalecerá a segurança de Israel, injetará bilhões na economia e garantirá a estabilidade de nossa fronteira norte", disse o primeiro-ministro israelense Yair Lapid. (pixabay)

Israel e Líbano chegaram a um acordo histórico intermediado pelos Estados Unidos para resolver uma antiga disputa sobre fronteiras marítimas, que pode desbloquear a exploração de recursos de gás na área e abre uma nova etapa para dois países que tecnicamente ainda estão em guerra.

A negociação sobre o tema sofreu vários revezes desde que foi iniciada, em 2020, mas progrediu nas últimas semanas, pois os dois lados esperam lucrar com os depósitos de gás existentes no Mar Mediterrâneo.

O primeiro-ministro israelense, Yair Lapid, anunciou o acordo, que deve ser apresentado na quarta-feira ao conselho de segurança israelense e depois a todo o governo e ao Parlamento.

"É um marco histórico que fortalecerá a segurança de Israel, injetará bilhões na economia e garantirá a estabilidade de nossa fronteira norte", disse o primeiro-ministro israelense Yair Lapid nesta terça-feira (11).

Os Estados Unidos vêm atuando como mediadores há dois anos de uma tentativa de resolver a disputa fronteiriça entre os dois vizinhos, que não têm relações diplomáticas, por uma área do Mediterrâneo rica em gás.

O enviado americano, Amos Hochstein, apresentou uma proposta no início deste mês que parecia ter sido bem recebida por ambos os lados.

O presidente libanês, Michel Aoun, afirmou que a proposta final apresentada por Hochstein era "satisfatória para o Líbano" e que esperava oficializar os limites acordados "o mais rápido possível".

O mandatário recebeu um telefonema do presidente dos EUA, Joe Biden, que lhe disse que o pacto deve "marcar um novo capítulo para o povo libanês" e que os americanos ajudarão a resolver eventuais questões que possam surgir relacionadas ao tema.

Segundo um comunicado da Casa Branca, Biden celebrou o acordo e disse que "é essencial que todas as partes mantenham seus compromissos e trabalhem para sua implementação."

O acordo estabelece uma fronteira entre as águas libanesas e israelenses pela primeira vez e também um mecanismo para que ambos os países obtenham royalties de um campo de gás offshore na região. Não há nenhuma menção à fronteira terrestre compartilhada, que hoje é patrulhada pelas Nações Unidas.

O pacto foi endossado pelo grupo libanês Hezbollah, fortemente armado e apoiado pelo Irã, que até recentemente ameaçou atacar instalações de gás israelenses.

Segundo a imprensa local e com os responsáveis pela negociação, a proposta prevê deixar o campo de gás de Karish sob controle israelense e ceder ao Líbano outro campo de gás, de Qana, localizado mais a nordeste, ao Líbano.

No entanto, uma parte desse depósito ultrapassará a linha de fronteira entre os dois países, com a qual Israel levaria parte dos benefícios da exploração, indicaram essas fontes.

De qualquer maneira, a exploração de gás seria um grande benefício para o Líbano, que está atolado em uma gravíssima crise financeira desde 2019.

Em um contexto de escassez de gás na Europa devido à Guerra da Ucrânia, Israel quer iniciar a exploração no campo de Karish o quanto antes para exportar para o Velho Continente. No domingo, a empresa britânica iniciou testes para conectar este campo offshore com Israel.

Embora em um determinado momento os esforços de negociação parecessem ruir depois que Israel rejeitou emendas de Beirute, as conversas continuaram até que um acordo final fosse selado.

"Todas as nossas demandas foram atendidas, as mudanças que pedimos foram corrigidas. Protegemos os interesses de segurança de Israel e estamos a caminho de um acordo histórico", disse o principal negociador de Israel, Eyal Hulata, em nota nesta terça-feira.

LINHA DO TEMPO DO CONFLITO

1948
Líbano luta ao lado de outros Estados árabes contra o nascente Estado de Israel. Cerca de 100 mil palestinos que fugiram ou foram expulsos de suas casas durante a guerra chegam ao Líbano como refugiados.

1949
Líbano e Israel concluem um acordo de armistício sob a supervisão da ONU.

1968
Comandos israelenses destroem uma dúzia de aviões de passageiros no aeroporto de Beirute, em resposta a um ataque a um avião israelense por um grupo palestino baseado no Líbano.

1978
Israel invade o sul do Líbano e monta uma zona de ocupação em uma operação contra guerrilheiros palestinos.

1982
Israel invade todo o caminho até Beirute. O Exército sírio é expulso da capital libanesa e milhares de combatentes palestinos são retirados por mar após um cerco sangrento de dez semanas.

Bashir Gemayel, aliado de Israel e chefe da milícia cristã Forças Libanesas, é eleito presidente, mas é assassinado em um atentado antes de assumir o cargo. Seu irmão, Amin Gemayel, assume. Centenas de civis nos campos de refugiados palestinos de Sabra e Shatila são massacrados por milicianos cristãos autorizados por tropas israelenses.

A Guarda Revolucionária do Irã estabelece o Hezbollah no Líbano.

1983
O governo Gemayel assina um acordo com Israel. Os termos incluem o fim das hostilidades e o reconhecimento mútuo da independência. Mas a implementação depende de uma retirada síria do Líbano. Damasco e seus aliados libaneses rejeitam o acordo.

1985
Israel estabelece uma zona de ocupação no sul do Líbano e controla a área com uma força de procuração, o Exército do Sul do Líbano.

1996
Com o Hezbollah atacando regularmente as forças israelenses no sul e disparando foguetes no norte de Israel, Israel monta a ofensiva de 17 dias da "Operação Vinhas da Ira" que mata mais de 200 pessoas no Líbano, incluindo 102 que morrem quando Israel bombardeia uma base da ONU perto do vila sul do Líbano de Qana.

2000
Israel se retira do sul do Líbano, encerrando 22 anos de ocupação.

2006
Em julho, o Hezbollah cruza a fronteira com Israel, sequestra dois soldados israelenses e mata outros, provocando uma guerra de cinco semanas.

2020
Os EUA, que já haviam mediado, sem sucesso, conversas entre os dois países relativas à disputa pela fronteira marítima, retoma as negociações, com o objetivo de facilitar a exploração de petróleo e gás.

2022
Os dois países chegam a um acordo com a mediação os EUA

Geral

Israel ataca Gaza e encerra cessar-fogo com o Hamas

Ataque pôs fim a trégua em vigor desde janeiro em Gaza

Modificado em 18/03/2025, 09:50

Chefe do Estado-Maior de Israel, Maj. Gen. Eyal Zamir; Chefe do Serviço de Segurança Geral, Ronen Bar; e Comandante da Força Aérea, Maj. Gen. Tomer Bar, no fosso da Força Aéreai sraelense, comandando os ataques noturnos em Gaza

Chefe do Estado-Maior de Israel, Maj. Gen. Eyal Zamir; Chefe do Serviço de Segurança Geral, Ronen Bar; e Comandante da Força Aérea, Maj. Gen. Tomer Bar, no fosso da Força Aéreai sraelense, comandando os ataques noturnos em Gaza (Divulgação/IDF)

O cessar-fogo entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza colapsou na madrugada desta terça (18), com ataques renovados do Estado judeu a posições do grupo terrorista na região que deixaram mais de 400 mortos.

A operação, segundo as IDF (Forças de Defesa de Israel, na sigla inglesa), irá continuar e se expandir além dos ataques aéreos até aqui.

Há sinal de novas ofensivas terrestres, após a saída parcial das forças de Tel Aviv do território árabe a partir da trégua que entrou em vigor em 19 de janeiro. Os militares ordenaram a retirada de moradores de algumas áreas da faixa, sugerindo novos ataques.

Houve a usual troca de acusações acerca das responsabilidades. O Hamas afirmou que os ataques foram uma violação unilateral do cessar-fogo, e Israel disse que os terroristas "se recusaram repetidamente a soltar nossos reféns e rejeitaram todas as propostas recebidas pelo enviado do presidente dos Estados Unidos, Steve Witkoff".

Segundo o Hamas, ao menos 413 pessoas morreram e 660 ficaram feridos nos ataques, que começaram às 2h (20h de segunda em Brasília). Houve ataques em todos os pontos principais da região: a capital homônima, Deir al-Balah, Khan Yunis e Rafah.

O ataque foi recebido com protestos pelo Kremlin, que expressou preocupação com a estabilidade regional e as baixas civis. A Turquia manteve sua posição crítica e acusou Tel Aviv de genocídio. Já o alto comissário da ONU para direitos humanos, Volker Turk, se disse "horrorizado" com a ação de Israel.

Há uma movimentação de negociadores americanos e árabes para tentar ressuscitar a trégua, o que não pode ser descartado, mas o fato é que o colapso coloca um grande ponto de interrogação sobre o futuro da região.

A instabilidade é visível em vários pontos: em Gaza, nas escaramuças recentes no Líbano, em novos ataques israelenses em sua ocupação de uma faixa no sul da Síria e no embate direto entre EUA e rebeldes houthis no mar Vermelho e no Iêmen.

Tudo aponta para a pressão de Donald Trump sobre o Irã, patrocinador dos rivais de Israel e de Washington no Oriente Médio, algo que será aplaudido pelo premiê Binyamin Netanyahu ---cuja permanência no poder parece atrelada à sua capacidade de manter Israel em pé de guerra.

Israel vinha sinalizando que retomaria os ataques ao Hamas nas últimas semanas. No centro da crise há a questão do futuro político tanto do Hamas quanto do governo de Netanyahu.

Os radicais são colocados como carta fora do baralho em qualquer transição no território que comandam desde o cisma com a facção que governa a Cisjordânia, a Autoridade Nacional Palestina, em 2007. Foram massacrados militarmente, mas retém poderio como força de guerrilha.

Ao dificultar o prosseguimento dos termos do acordo com Tel Aviv, a chamada fase 2, o Hamas tenta ganhar tempo. Foi assim durante o processo de libertação inicial dos reféns, com ameaças de renovação das hostilidades frequentes.

Já Netanyahu faz o mesmo por outros motivos. Do ponto de vista doméstico, o fracasso em dar sequência ao processo de libertação dos reféns tomados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, ataque que disparou a guerra, o pressiona por um lado.

Do outro, a ultradireita que o sustenta no Parlamento cobra o endurecimento com os palestinos. O premiê ganhou musculatura com a volta de Trump ao poder, com seu plano delirante de remover os palestinos de Gaza para tornar as ruínas num empreendimento imobiliário à beira-mar.

Netanyahu vive também uma guerra interna contra o chefe do Shin Bet, o serviço de segurança interna que participou com a IDF da nova operação, Ronen Bar. O premiê chegou a anunciar que recomendou a remoção do diretor por falta de confiança.

As Forças Armadas também estão num processo de transição, com um novo chefe de Estado-Maior, Eyal Zamir. A ideia de retomar ações grandes com suas forças descansadas após dois meses pode ser tentadora para suas pretensões.

Tudo isso embaralhou as cartas na região, forçando atores como países árabes a se mexer, pressionados por Washington para receber boa parte dos mais de 2 milhões de moradores de Gaza. Egito e Jordânia protestaram e o sauditas buscaram algum protagonismo, mas até aqui nada aconteceu além de propostas de reconstrução vagas.

Na dita fase 1, foram libertados 25 dos 251 reféns tomados no 7 de Outubro. Outros 8 corpos foram liberados pelo Hamas. Ainda há 59 cativos em Gaza, um número incerto deles de mortos. Em troca, até aqui cerca de 2.000 palestinos foram soltos de prisões em Israel.

A fase 2 previa o fim da desocupação de Gaza pelos israelenses, mas eles seguem em faixas fronteiriças, e a libertação dos reféns remanescentes. Tel Aviv chegou a propor no começo do mês uma nova trégua, de 50 dias, para fazer tais arranjos, mas o Hamas rejeitou.

Netanyahu passou a segurar a entrada de ajuda humanitária na região, piorando ainda mais a situação já dramática na faixa. De lado a lado, houve testes de estresse, com ataques pontuais. Agora, a região volta à incerteza.

Geral

Prefeito avalia fazer contrato emergencial de coleta de lixo em Goiânia

Rogério Cruz afirma que medida seria provisória, até fim da licitação para terceirizar os serviços, e que ela foi acertada com o MP por meio de termo de ajustamento de conduta. Ao mesmo tempo, Comurg diz que pregão para locação de veículos já foi homologado

Modificado em 17/09/2024, 15:36

Caminhões em garagem da Comurg: companhia afirma que mantém em circulação 60 veículos para serviço

Caminhões em garagem da Comurg: companhia afirma que mantém em circulação 60 veículos para serviço
 (Wildes Barbosa)

++GABRIELLA BRAGA++

O prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), anunciou a possibilidade de um contrato emergencial para resolver o problema da coleta de lixo na capital. A contratação ocorreria apenas até a conclusão do processo licitatório que vai terceirizar os serviços feitos pela Companhia Municipal de Urbanização de Goiânia (Comurg). A medida foi acordada pela Prefeitura junto ao pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) por meio de Termo de Compromisso e Ajustamento de Conduta (TAC) feito em dezembro.

A fala do chefe do Executivo foi feita na manhã desta quarta-feira (3), em entrevista coletiva durante o lançamento das obras de recapeamento da malha asfáltica da Avenida 85 (leia mais na página ao lado). Ao mesmo tempo, a Comurg diz em nota que a licitação para contratação de 30 caminhões compactadores de lixo, junto com motoristas, já foi homologada e, com os veículos, "terá condições de realizar a coleta orgânica em toda a cidade."

Na página de processos licitatórios da Prefeitura, entretanto, a última movimentação foi o julgamento de recurso apresentado por uma das empresas concorrentes, e que foi negado. Também não consta homologação do certame no Diário Oficial do Município (DOM) . A Comurg não menciona prazo para quando os veículos vão iniciar os trabalhos, apenas que "após a certificação do certame" será possível "aumentar a capacidade de coleta". Ainda em nota, diz que tem utilizado frota de cerca de 60 veículos para realizar o serviço em toda a cidade.

Ao falar sobre a possibilidade de uma contratação temporária nesta quarta-feira, Cruz ponderou que "mesmo nesse período de acordos com as empresas aptas a ganhar a licitação, estamos também trabalhando para que haja alternativa para um contrato emergencial". A afirmação faz referência à licitação que irá terceirizar o serviço de coleta de resíduos urbanos e seletiva, e de remoção de entulhos.

Celebrado no dia 14 de dezembro de 2023, o TAC está ligado à integralização de capital social da Comurg proposta pela Prefeitura no valor de R$ 68,4 milhões, e aprovada pela Câmara Municipal em novembro. O órgão ministerial, por outro lado, levantou que o valor máximo a ser integralizado seria de R$ 13,4 milhões. Com o acordo, o Paço se comprometeu a fazer apenas o repasse do montante descrito pelo MP-GO.

Em contrapartida, o Ministério Público aceitou a realização de um contrato emergencial, com vigência de até um ano, para operação de transbordo e transporte de resíduos sólidos, além da coleta e transporte de resíduos sólidos urbanos. O contrato, entretanto, teria validade até a assinatura do contrato da empresa terceirizada.

Enquanto os serviços não são terceirizados, e a locação dos caminhões compactadores não é homologada, a coleta de lixo sofre novamente com irregularidades, como visto na última semana de 2023. Este foi o questionamento feito ao prefeito durante a entrevista coletiva desta quarta-feira. No mesmo dia, a colunista Cileide Alves disse, durante o programa Na Trilha da Política da rádio CBN Goiânia, que o prefeito teria ficado "extremamente irritado" com as crises ocorridas na coleta do lixo e teria "tirado da cartola" o TAC com o MP-GO.

Terceirização

Após imbróglio envolvendo o processo licitatório de terceirização dos serviços feitos atualmente pela Comurg, a primeira etapa foi feita na sexta-feira (29). A licitação havia sido suspensa por medida cautelar do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás (TCM-GO), assinada pelo conselheiro Sérgio Cardoso, no dia 23 de dezembro. E foi revogada no dia 26 daquele mês pelo presidente plantonista do TCM-GO, o conselheiro Daniel Goulart.

Dois dias depois, na última quinta-feira (28), a desembargadora Beatriz Figueiredo Franco, plantonista no 2º grau do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO), suspendeu novamente o processo e manteve a decisão de Cardoso. Na sexta-feira (29), pela manhã, o presidente do TJ-GO, desembargador Carlos França, suspendeu de última hora a medida cautelar e permitiu a realização da primeira etapa do certame.

O DAQUI mostrou naquele dia que três consórcios foram habilitados. As propostas técnicas serão apresentadas em cerca de 20 dias, quando será feita a abertura das propostas de preço. O processo licitatório estima valor mensal de R$ 20,5 milhões mensais para contrato com vigência de dois anos.

Mão de obra será cedida pela Comurg

No Termo de Compromisso e Ajustamento de Conduta (TAC) feito entre a Prefeitura de Goiânia e o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), fica previsto que os serviços de operação de transbordo e transporte de resíduos sólidos, além da coleta e transporte de resíduos sólidos urbanos, sejam retirados do contrato entre o Paço e a Companhia Municipal de Urbanização de Goiânia (Comurg) e repassados à empresa contratada.
<br />

Por outro lado, a mão de obra dos coletores seria ofertada pela própria Comurg à Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra), responsável pelo contrato de 39 serviços urbanos junto à companhia. O repasse do contrato, então, seria correspondente apenas à força de trabalho dos profissionais cedidos à nova contratada emergencialmente.

Enquanto a possibilidade de um contrato emergencial é discutida pela Prefeitura, a licitação para contratação de 30 caminhões compactadores de lixo, junto com motoristas, está para ser finalizada pela Comurg. A fase recursal foi finalizada e falta apenas a homologação da empresa vencedora, a Quebec Construções e Tecnologia. O reportagem entrou em contato com a empresa para saber do andamento do certame, mas sem retorno até o fechamento desta matéria.

A Prefeitura também disse que não seria possível responder aos questionamentos sobre a confirmação da possibilidade do contrato emergencial ainda nesta quarta-feira (3). A reportagem questionou quando o Paço faria a contratação, visto que o TAC foi firmado antes do início do certame para a terceirização.

A reportagem também procurou o MP-GO para esclarecimentos mas, diante do recesso forense que se estende até sábado (6), não foi possível falar com os promotores responsáveis pelo acordo, os titulares da 50ª Promotoria de Justiça e da 15ª Promotoria, Leila Maria de Oliveira e Juliano de Barros Araújo.
À colunista Cileide Alves, da CBN Goiânia, o promotor Juliano já havia destacado que o contrato é uma possibilidade dada ao Paço, sendo a administração municipal responsável por celebrar, ou não, a contratação.

Argumentos

Na justificativa do TAC, os promotores relembraram que em outubro uma forte crise na coleta do lixo foi vivenciada na capital. Com isso, o MP-GO ajuizou ação para que a Comurg regularizasse a execução dos serviços "sob pena de multa diária" e "suspensão de eventuais repasses".

Ao mesmo tempo, a própria companhia destacou não ter condições de manter todos os serviços previstos no contrato com a Seinfra. "Ocorre que, ainda hoje, a Comurg não consegue cumprir com regularidade a prestação dos serviços" e com "constantes atrasos e lentidão." Dessa forma, o MP-GO apontou a necessidade de terceirizar a coleta de resíduos.

"Todavia, a licitação para terceirização desses serviços ainda encontra-se em curso (...), o que justifica a necessidade de um contrato emergencial para suprir a demanda da população até a finalização (do processo)", justifica o acordo. E acrescenta: "Além do mais, em razão do período chuvoso, os riscos de danos ao meio ambiente e à saúde da coletividade aumentam caso haja nova interrupção ou descontinuidade da coleta."

Geral

MP prepara acordo para médico que matou dois no viaduto da T-63, em Goiânia

Promotor pede prazo para elaborar proposta que, se aceita pelo acusado, o livraria de uma eventual prisão em troca de aceitar uma série de compromissos

Modificado em 19/09/2024, 01:22

O acidente no viaduto da T-63, no Setor Bueno, ocorreu em abril deste ano

O acidente no viaduto da T-63, no Setor Bueno, ocorreu em abril deste ano (Reprodução)

O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) se prepara para pedir um acordo de não-persecução penal (ANPP) para o médico Rubens Mendonça Júnior, de 30 anos, acusado de provocar um acidente no viaduto da Avenida T-63, no Setor Bueno, em abril deste ano, causando a morte de duas pessoas e ferindo outras duas. Na ocasião, o médico chegou a atingir 148 km/h com o veículo e a planar ao alcançar a parte mais alta da estrutura viária. O processo foi suspenso por 45 dias pela Justiça para que o MP-GO elabore as condições do acordo.

O ANPP é um dispositivo criado em 2019 por meio de lei federal no qual o Ministério Público propõe uma alternativa à punição convencional e oferece uma série de compromissos ao investigado, que vão da prestação de serviços comunitários, reparação do dano ou restituição à vítima ou a parentes desta. A outra parte assume a culpa pelo crime e se livra de uma eventual prisão, caso condenado, e de ter a ficha de antecedentes criminais manchada. No final de outubro, o DAQUI mostrou que esse tipo de acordo cresceu 435% em quatro anos em Goiás, sendo que em 2022 foram 5,6 mil.

O processo envolvendo o médico tramitava inicialmente na 2ª Vara de Crimes Dolosos Contra a Vida e Tribunal de Júri, porém, em outubro, o juiz Lourival Machado da Costa, acatou pedido do promotor de Justiça Sérgio Luís Delfim, da 92ª Promotoria de Justiça de Goiânia, e substituiu as condutas imputadas na denúncia original de homicídio doloso qualificado e lesão corporal dolosa qualificada, conforme constam no Código Penal, para homicídio culposo (quando não há intenção) e lesão corporal também culposa, crimes estes conforme previsto no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), nos artigos 302 e 303.

Com isso, no dia 17 de novembro, o processo foi transferido para a 1ª Vara dos Crimes de Trânsito, Ordem Tributária e Hipervulneráveis da comarca de Goiânia. Três dias depois, o novo promotor do caso, Everaldo Sebastião de Sousa, da 28ª Promotoria da comarca de Goiânia, pediu para ser incluída a ficha de antecedentes criminais do médico e, como o levantamento deu que não havia nada contra ele, no dia 21 o promotor informou que estavam presentes os elementos necessários para um ANPP e pediu um prazo para formalizar o acordo.

Em nota por meio da assessoria, Everaldo diz que o MP-GO não ofereceu nenhuma proposta de ANPP e que a manifestação feita dentro do processo "foi apenas no sentido de que o caso se enquadra nas hipóteses legais para oferecimento do acordo e que tratativas seriam conduzidas nos autos". "Isso não significa que o ANPP será celebrado. Além disso, o MP está estudando outras medidas jurídicas cabíveis para o caso", afirmou o promotor. No acidente, morreram o motoboy Leandro Ferreira Pires, aos 23 anos, e o garçom David Antunes Galvão, aos 21, que estava na garupa. Duas pessoas também ficaram feridas, sendo que uma precisou ficar oito dias internada.

Apesar de o MP-GO ter denunciado o médico por duplo homicídio doloso qualificado, cujas penas poderiam chegar a 30 anos, no final da fase de instrução, quando são ouvidas as testemunhas em juízo, o promotor inicial do caso mudou seu entendimento.

Imprudência e imperícia

Ao apresentar as alegações finais, argumentou que não ficou demonstrado no processo que o motorista "tenha assumido o risco de produzir o resultado morte das vítimas", mas, sim, que ele "conduzia seu veículo de forma imprudente e sem perícia necessária, o que contribuiu sobremaneira para a prática do acidente, e demonstrou não conhecer as peculiaridades de funcionamento" do veículo.

A manicure Fabiana Fernandes dos Santos, mãe de Leandro, tenta desde outubro incluir no processo um advogado como assistente de acusação para reverter a decisão que tirou o caso da Vara de Crimes Dolosos contra a Vida. Na primeira tentativa, quando os autos ainda estavam lá, o juiz negou o pedido, dizendo que deveria ser analisado pelo futuro magistrado. No dia 22 de novembro, o advogado Rodrigo Lustosa Victor voltou a acionar a Justiça, desta vez na 1ª Vara dos Crimes de Trânsito, para ser incluído como assistente.

A família discorda da decisão que mudou o entendimento sobre o crime cometido pelo médico e quer ver o caso sendo analisado por um júri popular. Para o advogado, a hipótese é de dolo eventual e não apenas de culpa, como avaliou o MP-GO.

IcEsporte

Esporte

CBF tem acordo verbal para Ancelotti assumir seleção brasileira em 2024

Italiano assumiria a equipe após fim do contrato dele com o Real Madrid. Até lá, Ramon Menezes deve ser interino, como fará nesta terça, contra Senegal

Modificado em 19/09/2024, 00:27

Carlo Ancelotti tem contrato com o Real Madrid até meio de 2024

Carlo Ancelotti tem contrato com o Real Madrid até meio de 2024 (Cesar Cebolla/Pressinphoto/DiaEsportivo/Folhapress)

A todas as declarações negativas de Carlo Ancelotti, 64, Ednaldo Rodrigues reagia com indiferença. Nos contatos com o italiano, já havia recebido sinalizações de que ele aceitaria ser o primeiro estrangeiro a dirigir, em definitivo a seleção brasileira. Nesta segunda-feira (19), veio à tona a informação de que a CBF tem um acordo verbal com o técnico quatro vezes campeão da Champions League para que ele assuma a seleção em junho de 2024, quando termina seu contrato com o Real Madrid (Espanha).

A notícia foi dada inicialmente pelo ge.globo. Dirigentes ligados a Ednaldo dizem que ele mesmo reconhece não ser o cenário ideal. Mas ter Ancelotti em 2024 seria melhor, na visão dele, do que escolher um brasileiro que não seria unanimidade.

Nesta terça-feira (20), sob o comando do interino Ramon Menezes, o Brasil faz o segundo amistoso da data Fifa. Depois de vencer a Guiné por 4 a 1, em Barcelona, no último sábado, a seleção brasileira enfrenta Senegal, às 16 horas (de Brasília), em Lisboa.

No processo de definição do novo treinador, desde o momento em que ficou clara a impossibilidade de tirar Guardiola do Manchester City, Ednaldo Rodrigues fincou Ancelotti como objetivo. Isso aconteceu no início deste ano.

Apesar das várias tentativas de fazer com que ele deixasse a equipe espanhola agora, o italiano se negou a fazê-lo. O Real Madrid também disse que não o liberaria.

O presidente da CBF manteve as conversas bem ao seu estilo: de maneira discreta. Para a entidade que comanda o futebol nacional, os nomes de Abel Ferreira e Jorge Jesus eram mais tentativas de empresários de plantar nomes na seleção do que interesse real de Ednaldo Rodrigues que, desde o início, havia decidido: seria uma escolha pessoal. Sem ouvir ninguém.

Para os assessores que protestaram e disseram que ele poderia ouvir outras pessoas sobre o assunto, respondeu que escolheria sozinho. Se outros presidentes haviam feito o mesmo no passado, por que não ele?

Ednaldo Rodrigues esperou pacientemente por esse momento e manteve Tite no cargo até o final da Copa do Catar, um treinador pelo qual não morria de amores. Mas pediu que ninguém da CBF interferisse no trabalho da comissão técnica. Qualquer pedido do então comandante deveria ser atendido para que depois, em caso de derrota, o cartola não fosse visto como vilão.

Ednaldo Rodrigues queria um nome para técnico que marcasse sua administração e que fosse capaz de gerenciar o caldeirão de egos que pode ser a seleção. Ancelotti já ter trabalhado com dezenas de jogadores do país e ter sido campeão com eles o torna candidato ideal, imagina o presidente. O italiano também teria fama, currículo e autoridade para se impor diante dos atletas.

O presidente da CBF não deu grande importância nem ao fato de que o novo treinador assumiria o cargo depois de seis das 18 rodadas disputadas das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026. O dirigente não vê como grande problema porque não considera a classificação difícil. Das dez seleções, seis vão para o Mundial. A sétima disputará repescagem.

A questão em aberto é qual será o papel de Ancelotti até assumir o cargo em definitivo. A equipe principal deverá ser comanda por Ramon Menezes, que tem exercido o cargo de forma interina desde o início de 2023. É possível que ele tenha outro profissional ao seu lado. Não está claro se o italiano terá algum papel nesse comando, mesmo que à distância e informalmente.

A seleção brasileira já teve, no passado, três técnicos estrangeiros. Mas todos foram chamados para um curto período.

O uruguaio Ramón Platero foi responsável por convocar e dirigir a equipe no Sul-Americano de 1925. O português Jorges Gomes de Lima, o Joreca, comandou o time em dois amistosos contra o Uruguai, em 1944. O argentino naturalizado brasileiro Filpo Nuñez era técnico do Palmeiras que representou o Brasil, em 1965, em amistoso diante do Uruguai. A partida fazia parte da festa de inauguração do Mineirão.

Meia revelado pela Roma, Ancelotti fez história como integrante do Milan que tinha o trio de holandeses Ruud Gullit, Marco van Basten e Frank Rijkaard. Venceu duas vezes a liga italiana 1988 e 1992 e a Champions League de 1989 e 1990. Já havia sido campeão nacional com a Roma em 1983.

Como técnico, é campeão italiano (Milan), inglês (Chelsea), espanhol (Real Madrid), alemão (Bayern de Munique) e francês (PSG). Também ganhou o principal torneio europeu pelo Milan (2003 e 2007) e pelo Real Madrid (2014 e 2022).

(Alex Sabino, São Paulo, SP, Folhapress)