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Jovens são condenados pelo assassinato de Ariane Bárbara

Jeferson Cavalcante Rodrigues, Raissa Nunes Borges e outras duas pessoas conheceram Ariane em uma pista de skate, a convidaram para lanchar e depois mataram a vítima a facadas dentro do carro

Modificado em 19/09/2024, 01:07

Ariane Bárbara, à esquerda. À direita: Raissa, Freya (já julgada) e Jeferson.

Ariane Bárbara, à esquerda. À direita: Raissa, Freya (já julgada) e Jeferson. (Montagem/g1)

Os réus Raissa Nunes Borges e Jeferson Cavalcante Rodrigues foram condenados na noite desta terça-feira (29) pelo assassinato de Ariane Bárbara Laureano de Oliveira, de 18 anos. Raissa foi condenada a 15 anos de reclusão pelos crimes de homicídio qualificado por motivo torpe e uso de recurso que impediu a defesa da vítima, além da ocultação de cadáver. Jeferson foi condenado a 14 anos pelos mesmos crimes. Ambos foram absolvidos da acusação de corrupção de menores.

O julgamento ocorreu dois anos e seis dias depois do crime. Os condenados devem aguardar o trânsito do julgamento presos na Penitenciária Odenir Guimarães (POG). As defesas têm prazo de cinco dias para apresentarem recursos à sentença.

O advogado Luiz Carlos Ferreira Silva, que defende Jeferson Cavalcante Rodrigues, relatou após a decisão que deve recorrer da sentença por entender que a pena foi incompatível com a participação do jovem no crime, já que, segundo ele, Jeferson não desferiu golpes na vítima. "A defesa tinha esperança de uma sentença diferente. A pena ficou acima do patamar esperado e o que nos resta é recorrer da pena".

A defesa de Raissa também delclarou que vai contestar a sentença em relação ao tempo de pena, pois a ré confessou participação no crime desde que foi levada a uma delegacia.

Como consta na denúncia oferecida pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), Raissa, Jeferson, Freya Jacomini, e uma menor conheceram a vítima em uma pista de skate pública, em Goiânia, e convidaram Ariane para lanchar. Depois, mediante violência física e golpes de faca, eles a mataram dentro de um carro.

Também amigo dos réus, Freya passou por júri popular em março deste ano e foi condenada a 15 anos de prisão por homicídio e ocultação de cadáver. A pena está sendo cumprida, inicialmente, em regime fechado na Penitenciária Odenir Guimarães (POG).

Raissa Nunes Borges foi acusada de tentar matar Ariane para testar se era psicopata ou não e Jefferson Cavalcante Nunes foi acusado por emprestar e dirigir o carro usado no crime. Ele teria também pagado algumas despesas como o lanche do grupo de réus, após a morte de Ariane.

Relembre o caso
De acordo com a denúncia do Ministério Público de Goiás (MPGO), Raissa, Jeferson e Freya atrairam a jovem dizendo que eles iam lanchar e depois, mediante violência física e golpes de faca, a mataram.

O crime aconteceu no dia 24 de agosto de 2021, por volta das 21 horas, no interior de um veículo. Narra a denúncia que, com o veículo em movimento, Raissa tentou estrangular Ariane, mas a força empregada não foi suficiente.

Ariane Bárbara, que tinha 18 anos, ficou sete dias desaparecida até ter o corpo encontrado em uma mata do Setor Jaó, em Goiânia. Na investigação, a polícia descobriu que os réus, Freya, e uma adolescente planejaram a morte, que seguiu uma espécie de ritual dentro do carro onde foi levada.

Segundo a polícia, o objetivo do crime era descobrir se Raissa Nunes Borges e uma menor, amigas da vítima, eram psicopatas. O suposto teste exigia observar a reação da pessoa testada após cometer um assassinato.

Ariane Bárbara foi escolhida pelos amigos por ser pequena e magra. Assim, se ela reagisse, os três conseguiriam segurá-la com mais facilidade, segundo a investigação policial. Após o crime, os acusados saíram para lanchar em um shopping. Raissa disse que Jeferson pagou o lanche.

Defesa
Durante o julgamento, Raissa confessou o crime e pediu perdão à mãe da vítima, Eliane Laureano. A ré começou o discurso contrariando as expectativas da própria defesa, a qual informou que Raissa permaneceria em silêncio.

A defesa dela, o advogado Luciano Oliveira Rezende, acrescentou que a ré agiu dessa forma graças ao poder de manipulação de uma menor envolvida no crime que tinha relações com pessoas perigosas e exercia poder sobre os amigos.

"A Raissa foi usada e tentou inúmeras vezes sair da situação. Mas a menor manipuladora não deixava", disse o advogado. Ele exibiu também um áudio retirado do celular da acusada, no qual a menor faz ameaças de morte a um homem. "Você não está ligado nos meus contatos. Você é um homem morto", disse a menor.

Jefferson também narrou uma versão dos fatos em que a menor foi responsável por obrigá-lo a participar do crime, por meio de ameaças, e como ele tem uma saúde mental frágil e problemas psicológicos, acabou se envolvendo. A defesa, o advogado Luiz Carlos Ferreira Silva, reconheceu a participação do defendido no crime e apresentou um laudo feito pela junta médica.

O advogado leu trechos citados pelas psicólogas relatando que o acusado sofria depressão e tentou se matar em mais de uma ocasião. "Ele relatou também que quis se matar duas vezes e sua gata de estimação, chamada de Shiva o impediu. Depositou em choro, precisou ser contido e não conseguiu falar", leu o advogado em trecho do laudo.

Ferreira mostrou também um trecho de reportagem exibida na época do crime em que um delegado que investigava o caso disse que as acusadas do crime falaram informalmente que poderiam matar Jeferson, com medo dele contar sobre a morte de Ariane para outras pessoas. O advogado ressaltou em vários momentos o temor que Jefferson sentia pela menor.

Acusação
O promotor Leandro Henrique Zeidan Vilela de Araújo direcionou sua fala a Raissa, agradecendo a confissão feita no interrogatório. "Eu posso te agradecer pela confissão que você fez, esse era o mínimo que você devia à sociedade goiana e à mãe da Ariane. Isso foi de grande valia",afirmou.

O promotor também relembrou o sonho que Ariane tinha de se tornar veterinária, que jamais poderá ser alcançado. Ele reforçou acreditar na culpa dos réus e usou as palavras "justificar o injustificável" para se referir ao discurso das defesas

O promotor Maurício Gonçalves apresentou um trecho do laudo de sanidade mental de Jeferson Cavalcante analisado pela junta médica com a informação de que ele possuía plena capacidade de entendimento para cometer o crime.

Versão dos réus
Raissa narrou que no dia do crime ela e a menor suspeita de participação no crime estavam sentadas ao lado de Ariane, enquanto Jeferson dirigia e Freya estava no banco da frente do carro. Quando uma música escolhida para o crime começou a tocar, ela teria enforcado Ariane.

A ré informou ainda que acreditou não estar agradando a menor com a maneira que agiu para praticar o crime, então trocou de lugar com Freya. Depois, a menor teria pedido que ela retornasse e esfaqueasse a vítima, assim deu a primeira facada em Ariane.

Para finalizar, a acusada e a menor teriam jogado Ariane no porta-malas, ainda com o carro em movimento. O celular da vítima foi destruído pela mais nova e jogado pela janela, segundo Raissa.

Já o outro réu, Jeferson Cavalcante Rodrigues, relatou ter participado do crime por medo e que sua família estava sendo ameaçada. Ele afirmou que a menor envolvida fazia ameaças aos pais dele dias antes da morte de Ariane.

Ele declarou ainda que a menor o obrigou a dar um sinal para o crime, um estalar de dedos, gesto que seria seguido pela música escolhida para os ataques. O réu acrescentou ainda que sentiu empurrões, dentro do carro usado no crime, para fazer a ação combinada.

Jefferson disse ao juiz que tem depressão e que precisa tomar medicamentos duas vezes ao dia, entre esses medicamentos está um estabilizador de humor.

Mãe se emociona
No período da manhã, o júri ouviu testemunhas da acusação e uma delas foi, Eliane Laureano, mãe de Ariane, que se emocionou ao lembrar do momento em que não tinha informações sobre o paradeiro da filha.

"Busquei minha filha em todos os lugares, fui no IML, nos hospitais e o que mais me dói é saber que todos eles sabiam onde ela estava", disse emocionada. Eliane relembrou também a última mensagem enviada pela filha, informando que ia sair com amigos para lanchar.

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Caso Ariane Bárbara: acusado de assassinar jovem disse que participou do crime por medo

Dono do carro onde Ariane foi assassinada, Jeferson afirmou que sua família estava sendo ameaçada por uma menor

Modificado em 19/09/2024, 01:08

Jeferson Cavalcante, acusado de participar do assassinato de Ariane Bárbara

Jeferson Cavalcante, acusado de participar do assassinato de Ariane Bárbara (Michel Gomes)

Um dos acusados pelo assassinato de Ariane Bárbara Laureano de Oliveira, de 18 anos, Jeferson Cavalcante Rodrigues relatou durante o julgamento desta terça-feira (29) que ajudou no crime por medo e que sua família estava sendo ameaçada. Além dele, Raíssa Nunes Borges também é julgada.

Conforme a denúncia do Ministério Público de Goiás (MP-GO), Jeferson é o dono do carro onde Ariane foi morta a facadas. Ele, Raíssa, Enzo Jacomini Carneiro Matos e uma menor conheceram Ariane em uma pista de skate, no Setor Coimbra, e convidaram a vítima para lanchar.

Os investigadores informaram que na época Ariane teria sido escolhida por eles de forma aleatória para que a acusada Raíssa Nunes Borges, de 20 anos, pudesse saber se seria ou não psicopata.

Ele também afirmou que só teria participado do crime dirigindo o carro "para não desencadear mais ainda a raiva da menor", disse, completando que Raissa era a "sombra" da menor.

Ainda segundo o réu, a menor tinha envolvimento com pessoas que são do crime, e que fazia ameaças de matar a família dele. Segundo Jeferson, além de fazer ameaças ao pai e a mãe dele, dias antes da morte de Ariane, ele estava em uma festa em que pessoas estavam armadas.

Jefferson disse ao juiz que tem depressão e que precisa tomar medicamentos duas vezes ao dia, entre esses medicamentos está um estabilizador de humor.

Possessão
Para Jefferson, a menor se mostrava uma pessoa possessiva. Ele narrou que, em uma ocasião, ela agrediu Raissa no rosto em uma praça em que eles estavam. O motivo seria porque Raissa a deixou sozinha em determinado momento para conversar com outras pessoas.

Noite do crime
Antes da noite do crime, Jefferson disse que a Raissa pediu para ele tirar o tampão do porta-malas do carro e colocar um saco plástico. "Quando chegar o momento você vai estalar o dedo duas vezes para a gente saber", disse Jeferson.

Questionado sobre um estalar de dedos e uma música, sinais que teriam dado início às agressões contra Ariane, o réu disse que Enzo ia escolher uma música mas que não sabe o porquê da escolha.

"Eu senti empurrões no banco de trás e me fiz de desentendido. Sem saber o que de fato estava acontecendo lá eu estalei o dedo duas vezes e o Enzo colocou uma musica", disse.

Segundo ele, Raissa tentou estrangular Ariane pela primeira vez e não conseguiu. Depois de alguns minutos, ela tentou novamente e mais uma vez não conseguiu. Com isso, Enzo pulou para o banco de trás e deu um mata-leão em Ariane. Após isso teria acontecido a primeira facada, e única que Jefferson disse ter conhecimento.

Relembre o caso
De acordo com a denúncia do Ministério Público de Goiás (MPGO), Raissa, Jeferson e Enzo teriam conhecido Ariane em uma pista de skate pública. O órgão explica que o trio atraiu a jovem dizendo que eles iam lanchar e depois, mediante violência física e golpes de faca, a mataram.

O crime aconteceu no dia 24 de agosto de 2021, por volta das 21 horas, no interior de um veículo. Narra a denúncia que, com o veículo em movimento, Raissa tentou estrangular Ariane, mas a força empregada não foi suficiente.

Ariane Bárbara, que tinha 18 anos, ficou sete dias desaparecida até ter o corpo encontrado em uma mata de um bairro de classe alta da capital. Na investigação, a polícia descobriu que três amigos e uma adolescente planejaram a morte, que seguiu uma espécie de ritual dentro do carro onde foi levada.

Segundo a polícia, o objetivo do crime era descobrir se Raíssa Nunes Borges, uma das amigas, era psicopata. Para isso, ela tinha que matar uma pessoa para avaliar a própria reação após o assassinato. Ariane Bárbara foi escolhida pelos amigos por ser pequena e magra. Assim, se ela reagisse, os três conseguiriam segurá-la com mais facilidade, segundo a polícia.

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Justiça manda três jovens acusados de matar estudante Ariane Bárbara para júri popular

Uma das acusadas de matar jovem de 18 anos em agosto do ano passado com oito facadas teria dito em depoimento, na época, que o crime foi um teste para saber se era psicopata.

Modificado em 20/09/2024, 06:34

Justiça manda três jovens acusados de matar estudante Ariane Bárbara para júri popular

(Divulgação/Polícia Civil)

A Justiça mandou a júri popular os três jovens acusados de matar e ocultar o corpo da estudante Ariane Bárbara Laureano de Oliveira, de 18 anos. A jovem foi morta com oito facadas em agosto do ano passado dentro de um carro onde estavam os jovens junto com outra adolescente, que já cumpre medida protetiva pelo crime. O juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 3ª Vara dos Crimes Dolosos contra a Vida e Tribunal de Júri, responsável pela decisão, ainda não marcou a data do julgamento.

Ariane foi enganada pelos acusados com um falso convite para uma festa e o caso ganhou repercussão nacional depois que foi revelado pela Polícia Civil que uma das acusadas, Raíssa Nunes Borges, de 20 anos, usou o assassinato para saber se seria ou não psicopata. Além de Raíssa, vão passar pelo júri Jeferson Cavalcante Rodrigues, de 23 anos, e Enzo Jacomini Carneiro Matos, uma transexual de 18 anos que se identifica como Freya.

Em sua decisão, o magistrado afirma que há indícios suficientes de que Raíssa, Enzo e uma adolescente que na época tinha 16 anos podem ter matado Ariane e que Jeferson pode ter sido cúmplice do crime "na medida em que teria prestado auxílio material e moral". Ainda segundo Jesseir, há também indícios suficientes para a materialidade delitiva do crime de homicídio se encontra devidamente comprovada pelos laudos periciais.

Os acusados chegaram a passar por um exame de insanidade mental que em julho deste ano apontou a existência de transtornos de personalidade que não provocam alienação mental e não impediriam o trio de ter consciência sobre os atos criminosos. "Apenas não respeita as regras para uma adequada e pacífica convivência social", informam os documentos, aos quais O POPULAR teve acesso na época.

Os três acusados também vão responder pelo crime de corrupção de menores, por terem levado uma adolescente a participar do assassinato de Ariane. Esta menor, hoje com 17 anos, já foi condenada ainda em 2021 pela morte da estudante, uma vez que seu processo tramitou separado.

Entenda o caso

O inquérito policial mostrou que o crime foi premeditado com três dias de antecedência. Ariane foi convidada pelos quatro jovens para ir a uma festa. Ela encontrou o grupo no Lago das Rosas e entrou no carro dirigido por Jeferson. A estudante sentou no banco de trás, com Raíssa e a adolescente de 16 anos. Na frente, ao lado do motorista, ficou Freya.

A vítima achou até então que estava com amigos que conheceu em uma pista de skate no Setor Coimbra. Em depoimento, os acusados confessaram que já chamaram Ariane com a intenção de matá-la. A perícia encontrou oito marcas de golpes de faca no corpo da vítima, que foi abandonado em uma mata no Setor Jaó.

Após o crime, os acusados foram até uma galeria ao lado do Parque Vaca Brava, no Setor Bueno, limparam as manchas de sangue em um banheiro e então se dirigiram a uma lanchonete próxima.

Nas alegações finais antes da decisão encaminhada ao júri, Raíssa alegou que não seria possível prosseguir com o processo por não ter sido apontada efetivamente qual a participação de cada um na concretização do crime. Já Jeferson afirmou que foi coagido pelos colegas, e Enzo, que não há indícios suficientes para apontar a autoria ou participação no crime.

Os três acusados estão presos desde o dia 10 de setembro de 2021 e na decisão sobre o júri o magistrado decidiu mantê-los detidos.

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PMs viram réus em caso de morte após abordagem filmada em Goiânia

Policiais foram denunciados pela morte de servente de 28 anos que foi colocado dentro de uma viatura por eles horas antes de ter sido executado

Modificado em 20/09/2024, 05:19

Os quatro policiais envolvidos na abordagem e morte de Henrique Alves Nogueira (na foto, no momento em que foi colocado na viatura) foram liberados para votar domingo (30)

Os quatro policiais envolvidos na abordagem e morte de Henrique Alves Nogueira (na foto, no momento em que foi colocado na viatura) foram liberados para votar domingo (30) (Reprodução)

Justiça tornou réus os quatro policiais militares acusados de matar o servente Henrique Alves Nogueira, de 28 anos, após uma abordagem no dia 11 de agosto. A vítima foi colocada pela manhã no camburão da viatura usada pelos acusados e de noite foi morta em um suposto confronto, que foi forjado segundo denúncia feita pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO).

O caso ganhou repercussão nacional após aparecer um vídeo com o momento em que Henrique foi cercado pelos policiais. A família da vítima conseguiu acesso ao material antes que ele fosse destruído por homens que se identificaram como PMs e entraram no estabelecimento onde ficava a gravação.

Agora réus, o sargento Cleber Leandro Cardoso, de 37 anos, o cabo Guidion Ananias Galdino Bonfim, de 31, e os soldados Kilber Pedro Morais Martins, de 34, e Mayk da Silva Moura Sousa, de 29, estão detidos desde 16 de agosto.

A abordagem aconteceu por volta de 8 horas em uma avenida no Jardim Europa. Ele foi colocado na parte de trás da viatura e segundo testemunhas teria resistido. O corpo foi encontrado depois das 19 horas em um matagal no Residencial Real Conquista, a cerca de 15 km de onde foi abordado. Não se sabe ao certo se Henrique ficou todo o tempo com os policiais ou foi deixado em algum lugar antes.

Em sua decisão, o juiz Eduardo Pio Mascarenhas da Silva, da 1ª Vara Criminal dos Crimes Dolosos contra a Vida e Tribunal do Júri, citou como provas contra os policiais para justificar ter acatado a denúncia do MP-GO as imagens de câmera de segurança, o laudo de confronto microbalístico e o laudo pericial de vistoria em veículo em comparação com o perfil genético da vítima, que coincidiu na barra de algemas e da lateral da porta da parte traseira da viatura.

Henrique morreu ao ser atingido por quatro tiros na região do tórax e abdome, sendo um dos disparos de carabina, conforme laudo pericial. O trabalho dos peritos também apontou que a vítima estava ajoelhada no momento da execução e que foi ferida em local diverso ao de onde seu corpo foi encontrado. Esse ponto foi grifado pelo juiz em sua decisão.

O magistrado pediu que a Polícia Civil apure melhor as circunstâncias da detenção de Henrique por policiais que integrariam a equipe do Tático do 7º Batalhão da PM, o mesmo dos denunciados, e que teria ocorrido semanas antes do crime que resultou em sua morte. A vítima teria dito a uma pessoa que nesta ocasião que conseguiu escapar mesmo algemado e desde então estava sendo ameaçada.

Na mesma decisão, Eduardo Pio determinou que seja feita uma reprodução simulada dos fatos, para confrontar com a versão apresentada pelos policiais e pela Polícia Civil. E também pediu que a auditoria militar apure suposta prática dos crimes de fraude processual e falsidade ideológica, crimes considerados da esfera militar.

Defesa

Em depoimento, os policiais contaram que abordaram Henrique pela manhã e o colocaram dentro da viatura porque ele concordou em mostrar onde havia uma droga escondida enterrada. Em seguida, no local citado, o soltaram antes de procurar por causa da urgência de outra ocorrência de possível roubo a banco. Após descobrirem que se tratava de alarme falso, foram atrás de um suposto flagrante de tráfico no Real Conquista que descobriram ao mexer no celular de Henrique. O aparelho nunca foi localizado. Após monitoramento, teriam abordado Henrique na garupa de uma moto com a droga, e este reagiu atirando. A pessoa que estava na moto fugiu.

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Única inimizade de Valério era Maurício Sampaio, diz delegado responsável pela investigação

Primeira testemunha a ser ouvida no julgamento, delegado Hellynton Carlos de Carvalho afirma que radialista não tinha dívidas, conflitos passionais ou outras inimizades

Modificado em 20/09/2024, 00:55

Delegado Hellynton Carlos de Carvalho trabalhou na Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH) por sete anos e os trabalhos da Polícia Civil concluíram que o comunicador não tinha problemas como dívidas e conflitos passionais

Delegado Hellynton Carlos de Carvalho trabalhou na Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH) por sete anos e os trabalhos da Polícia Civil concluíram que o comunicador não tinha problemas como dívidas e conflitos passionais (Diomício Gomes/O POPULAR)

O delegado Hellynton Carlos de Carvalho, primeira testemunha a ser ouvida no júri do caso Valério Luiz, afirmou durante depoimento iniciado na tarde desta segunda-feira (13) que o empresário Maurício Sampaio era a única inimizade do radialista assassinado em 2012.

De acordo com Carvalho, que liderou as investigações sobre a morte de Valério, tendo trabalhado na Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH) por sete anos, os trabalhos da Polícia Civil concluíram que o comunicador não tinha problemas como dívidas e conflitos passionais.

"As únicas preocupações eram as críticas feitas contra os dirigentes do Atlético Goianiense durante o seu programa jornalístico. Ele (Valério) conversou com a família que isso estava o preocupando", contou o delegado.

O episódio a que Carvalho se refere se deu durante um comentário do radialista contra os dirigentes do clube, incluindo o então vice-presidente Maurício Sampaio, por conta de uma temporada ruim do Atlético.

Para além dos comentários feitos próximos à data do crime, Sampaio já nutria a inimizade há pelo menos dois anos. O delegado relembrou que o então vice-presidente havia alegado difamação em um termo circunstanciado de ocorrência (TCO) registrado contra Valério Luiz dois anos antes.

"O acusado (Sampaio) alega que não tinha inimizade com a vítima, que o TCO foi apresentado apenas enquanto representante do Atlético. As provas testemunhais dão comprovação de que havia animosidade entre eles", destacou o delegado ao júri.

A defesa de Sampaio nega o envolvimento do acusado no crime.

Júri

A expectativa é de que nesta segunda ainda sejam ouvidas outras cinco testemunhas de acusação. Os trabalhos só devem ser concluídos na quarta-feira (15).