Geral

Médico é suspeito de dar tapas, perfurar o tímpano e xingar paciente autista de 9 anos durante atendimento

Mãe contou que o filho foi levado ao hospital após ferir a mão durante uma crise em casa. Polícia Civil investiga o caso

Modificado em 14/03/2025, 16:55

Marca de tapa no rosto de criança autista que teria sido agredida por médico durante atendimento

Marca de tapa no rosto de criança autista que teria sido agredida por médico durante atendimento (Arquivo pessoal/Ediane Lopes)

Um médico é suspeito de dar tapas, perfurar o tímpano e xingar um paciente autista de 9 anos em Mambaí, na região nordeste de Goiás. A mãe da criança contou ao POPULAR que o filho foi levado ao hospital após ferir a mão durante uma crise em casa, mas foi agredido pelo médico enquanto era atendido no Hospital Municipal de Mambaí. A Polícia Civil investiga o caso.

O médico começou a agredir ele verbalmente, deu dois tapas no rosto dele e mobilizou o braço dele para trás. As enfermeiras entraram, aplicaram um medicamento sedativo e, como ele é autista, começou a se debater. Ele conseguiu se soltar e o pé dele pegou na minha irmã e médico deu outro tapa no rosto dele. Esse outro tapa pegou acima do ouvido e perfurou o tímpano dele", contou Ediane Lopes.

O DAQUI não conseguiu localizar a defesa do médico para pedir um posicionamento até a última atualização desta reportagem.

Em nota, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) disse que não recebeu qualquer informação sobre o caso, mas que "todas as denúncias relacionadas à conduta ética de médicos recebidas pelo Cremego ou das quais tomamos conhecimento são apuradas e tramitam em total sigilo, conforme determina o Código de Processo Ético-Profissional Médico".

A Secretaria Municipal de Saúde informou que está apurando os fatos. A reportagem questionou se o médico foi afastado, mas não obteve resposta.

O caso aconteceu na quarta-feira (12). Segundo Ediane, o filho também tem transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e mudou de medicamento há pouco tempo. No dia do fato, ela avisou o Conselho Tutelar que a criança havia se machucado e foi orientada a buscar atendimento médico.

"Ele teve uma crise de agressividade, deu um soco na janela e cortou a mão. Chamei o Conselho Tutelar para relatar o que aconteceu e falaram para eu levar ao hospital para fazer curativo. Estava no meu horário de trabalho e minha irmã levou. Fizeram o curativo, mas a enfermeira disse que ele precisava passar pelo médico", afirma a mãe.

Ediane disse que foi até o hospital depois do ocorrido e que o filho estava vermelho, chorando, se debatendo na cama. "Eu tentei acalmar ele e o médico me chamou na sala e falou que teve que usar força e agrediu ele", relata a mãe.

Após sair do hospital, Ediane procurou a Secretaria Municipal de saúde e Polícia Militar. Foi feito o corpo de delito e mãe e filho foram encaminhados para a Polícia Civil. "Eles falaram que abriram o inquérito e iam fazer uma investigação do que tinha acontecido", disse a mãe.

Geral

Jovem desaparecido em 2018 teria sido morto por policiais

João Vitor de Oliveira, de 14 anos, jogava videogame quando 4 PMs entraram na casa no Solar Bougainville, em Goiãnia, mataram três amigos seus e o levaram até matagal onde foi executado. Promotores abriram inquérito próprio após caso ficar dois anos parado na Polícia Civil

João Vitor de Oliveira foi à casa do amigo para jogar videogame

João Vitor de Oliveira foi à casa do amigo para jogar videogame (Arquivo Pessoal)

O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) denunciou nesta segunda-feira (9) quatro policiais militares pelo assassinato de quatro jovens durante abordagem em uma casa no Residencial Solar Bougainville, em Goiânia, em abril de 2018. Uma das vítimas, o estudante João Vitor Mateus de Oliveira, de 14 anos, foi levado da residência até um matagal, onde foi executado. Até então, como os policiais militares negam que João Vitor estivesse no imóvel, ele era considerado oficialmente desaparecido. Apesar da conclusão do MP-GO, o corpo do adolescente nunca foi localizado.

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A chacina no Solar Bougainville levou à criação de um coletivo chamado Mães pela Paz, que acolhe mães que tiveram os filhos mortos em abordagens policiais em Goiás. Com frequência, eles cobravam da Polícia Civil e do MP-GO uma resposta principalmente sobre o desaparecimento de João Vitor. Além dele, foram assassinados Matheus Henrique de Barros Melo, de 19 anos, que morava na casa invadida, o atendente de restaurante Marley Ferreira Nunes, de 17, e o assistente de mecânico Divino Gustavo de Oliveira, de 19.

A Polícia Civil tratou a situação de João Vitor como desaparecimento. Os policiais militares negavam que o adolescente estivesse na residência, apesar da confirmação de testemunhas e parentes. A avó de Matheus, que era dona da residência, chegou a dizer que ao sair do local, às 14h, todos os quatro estavam lá. Ainda segundo a versão dos policiais, os três mortos reagiram à entrada da equipe no imóvel com disparos, forçando-os a reagir.

As investigações apontam que os policiais levaram João Vitor da casa do Bougainville após matarem os outros jovens e o levaram primeiro para uma outra localidade na viatura em que estavam, depois o colocaram em um carro descaracterizado e foram até uma mata no Setor Forteville, a cerca de quatro quilômetros do local da abordagem. O adolescente teria sido morto com três tiros e seu corpo nunca foi encontrado. No matagal onde o MP-GO acredita que ele foi executado foram encontrados os chinelos que ele usava no dia, a carcaça do celular dele e três cápsulas de arma de fogo.

Foram denunciados pelas mortes o segundo tenente Fabrício Francisco da Costa, de 42 anos, o terceiro sargento Thiago Antonio de Almeida, de 37, o cabo Eder de Sousa Bernardes, de 40, e o soldado Cledson Valadares Silva Barbosa, de 33. Eles integravam o Batalhão de Choque e foram até a casa de Matheus para supostamente apurar uma denúncia anônima de que alguém havia deixado lá um veículo roubado. Quando eles entraram no imóvel, os quatro jovens estariam jogando videogame, como costumavam fazer, segundo familiares.

Conforme consta na denúncia, o segundo tenente matou Marley com quatro tiros nos fundos da residência, enquanto o soldado matou Matheus com dois tiros no peito em um dos quatros e o cabo matou Divino com três tiros em outro quarto. Divino teria trancado a porta do cômodo, levando Eder a arrombar a porta antes de atirar. Já o terceiro sargento, que seria o motorista da equipe policial foi quem colocou a viatura com a parte traseira voltada para a casa de modo que ninguém visse o momento em que João Vitor foi colocado em seu interior.

O MP-GO destaca o fato de que os peritos não encontraram indícios de que houve a troca de tiros alegada pelos policiais e que os mesmos haviam informado posteriormente, no registro da ocorrência, que recolheram as supostas armas que pertenceriam às vítimas. Para os promotores do caso, a informação sobre as armas é mentirosa e foi dada para encobrir as execuções. No caso de Divino, os peritos destacaram a ausência de quaisquer evidências que confirmassem ter havido disparos por parte da vítima contra o policial que o matou.

João Vitor foi morto, segundo a denúncia, para que não testemunhasse junto à Polícia Civil e na Justiça sobre a forma como os amigos foram executados e foi levado para a mata em outro bairro porque os policiais não conseguiram matá-lo na própria residência de modo que pudessem depois sugerir que ele disparou primeiro contra a equipe. "A morte e a ocultação do cadáver da vítima João Vitor foram praticadas para encobrir a ausência de causa justificante para a ação criminosa desenvolvida no interior da residência."

O MP-GO também pediu o afastamento dos policiais de suas funções nas ruas, alegando que os mesmos se envolveram em outros casos de mortes em abordagens, com exceção de Thiago. Cledson, por exemplo, aparece como participante de ações que resultaram em seis mortes, e Eder, em quatro.

A denúncia feita pelo MP-GO foi possível após a abertura de um procedimento investigatório criminal (PIC) em novembro de 2023 pelo Grupo de Atuação Especial no Controle Externo da Atividade Policial e na Segurança Pública (Gaesp) após reclamação de familiares e de autoridades políticas quanto a falta de respostas por parte da Polícia Civil nos inquéritos abertos. As últimas diligências por parte da Delegacia de Homicídios datavam de novembro de 2021.

O documento entregue à Justiça no final da tarde de segunda-feira (9) pelo MP-GO tem cerca de 2,7 mil páginas. Há diversos relatos e laudos, como, por exemplo, o depoimento de um vizinho que disse ter ouvido uma pessoa no interior da casa pedindo para não ser morta. Há também testemunhos de que havia alguém na parte traseira da viatura dando chutes e gritando quando o veículo saiu.

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Emiliano Lobo de Godoi

Geral

Ex-secretário de Saúde de Goiânia deixa hospital e volta para a cadeia

Wilson Pollara estava detido desde 27 de novembro na Casa do Albergado, quando teve uma crise cardíaca. Expectativa é que ele seja ouvido pelo MP-GO até esta sexta-feira, quando vence o prazo da prisão temporária

Wilson Pollara foi levado para hospital no domingo após passar mal na Casa do Albergado

Wilson Pollara foi levado para hospital no domingo após passar mal na Casa do Albergado (Diomício Gomes / O Popular)

O ex-titular da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, Wilson Pollara, teve alta na manhã desta quinta-feira (5) do Hospital Ruy Azeredo, onde estava internado desde a noite de domingo (1º) após uma crise cardíaca, e voltou para a Casa do Albergado, no Jardim Europa, onde estava preso desde 27 de novembro, após operação do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO). A informação é da defesa do ex-secretário.

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Contra Wilson há um mandado de prisão temporária que foi prorrogado no último final de semana e vence nesta sexta-feira (6). A expectativa é que enquanto vigorar a prisão ele seja ouvido pelos promotores que investigam um suposto esquema de ingerência junto à entidade que administra as maternidades municipais e de favorecimento no repasse de verbas para fornecedores e prestadores de serviço contratados por esta entidade, em desacordo com a legislação.

A defesa do ex-secretário diz que Wilson segue preso por "perseguição política e de assassinato de reputação" e usa como fato uma mudança na postura do MP-GO na terça-feira (3) em relação à revogação da prisão temporária. Primeiro, os promotores se mostraram favoráveis ao pedido da defesa, alegando que como Wilson precisaria ficar internado até o dia 5 não se fazia necessário o mandado. Depois, alegaram que a prisão vencia no dia 6, então havia tempo para Wilson ser ouvido.

Em nota à imprensa, a defesa diz que causou "grande estranheza" a mudança de postura do MP-GO. "O primeiro parecer possui quatro páginas e larga fundamentação. Já o segundo, bastante sucinto, possui somente duas páginas. É de se questionar como a MP muda de entendimento tão rapidamente, em questão de minutos, no que se refere à situação de Pollara."

A defesa criticou a decisão dos promotores de pedir a uma junta médica independente para avaliar se a precariedade da saúde de Wilson era real ou uma fraude. Para o Thiago Peres, advogado do ex-secretário, essa postura somada ao que ele chama de "insistência em manter a prisão temporária", apesar das medidas cautelares já adotadas, "colocam em xeque a isenção do MP-GO".

Ao tentar tirar Wilson da cadeia, a defesa aponta uma série de problemas de saúde do ex-secretário, incluindo a suspeita de um câncer no rim, diabetes tipo II, crise de pânico, ansiedade, além dos problemas cardíacos que o levaram ao hospital. Em um novo pedido de habeas corpus, a defesa diz que o investigado, que tem 75 anos, sofre "iminente risco de morte".

Além de temer pela vida de Pollara, que é um idoso de 75 anos e encontra-se com a saúde bastante debilitada, a defesa também se mostra receosa quanto à imparcialidade e à atuação técnica do Ministério Público de Goiás (MP-GO)", afirmou o advogado Thiago Peres na petição, cuja liminar já foi negada pelo Judiciário.

Thiago também afirma que irá recorrer à corregedoria e ao Conselho Nacional do MP-GO contra as ações dos promotores. "O abuso e a desproporcionalidade das ações do MP demonstram que a presente operação tem como objetivo a perseguição política e o assassinato de reputação dos investigados."

Procurado pelo POPULAR para comentar as falas da defesa de Wilson e se iriam pedir nova prorrogação da prisão temporária, o MP-GO informou apenas que avalia a necessidade ou não de requerer ao Judiciário a conversão da prisão em preventiva.

Ao pedir a prorrogação da prisão até esta sexta-feira, o MP-GO havia alegado que não teve tempo para analisar tudo que foi apreendido durante a Operação Comorbidade, a mesma na qual Wilson foi preso junto com o então secretário executivo da SMS Goiânia, Quesede Ayres Henrique, e o diretor financeiro da pasta, Bruno Vianna Primo.

IcPolitica

Política

Fórum empresarial defende modelo de parceria para obras

Oito entidades integrantes divulgam carta a favor de parceria do governo de Goiás para a realização de obras rodoviárias; presidente da Alego garante aprovação

Modificado em 14/03/2025, 23:02

Presidente Bruno Peixoto: garantia de que projeto será aprovado na próxima semana

Presidente Bruno Peixoto: garantia de que projeto será aprovado na próxima semana (Wesley Costa)

Em carta assinada pelas oito instituições integrantes, o Fórum das Entidades Empresariais de Goiás (FEE) defendeu o novo modelo de contratação de obras buscado pelo governo estadual em projeto enviado à Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). Como antecipado pelo Giro, a matéria avança em nova forma para contratar, sem licitação, a execução de obras em rodovias pelo Fundo Estadual de Infraestrutura (Fundeinfra).

O texto das entidades defende que "o modelo de contratação baseado no Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil, instituído pela Lei Federal nº 13.019/2014, representa um instrumento jurídico legítimo e viável para otimizar a implementação de obras públicas essenciais".

O projeto do governo pretende formalizar a parceria com o Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (IFAG), que ficará responsável pela contratação, via processo seletivo simplificado, das empresas de engenharia. O IFAG foi criado em 2015 pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG), que assina a carta.

O Fórum Empresarial defende "a necessidade de aprimoramento dos mecanismos de contratação" com o objetivo de dar mais "celeridade e eficiência na execução dos projetos estratégicos para o desenvolvimento do Estado". O texto ainda aponta que o modelo deverá "reduzir substancialmente o prazo médio dos processos administrativos, passando de aproximadamente oito meses para cerca de um mês, garantindo maior eficiência na entrega de obras e beneficiando diretamente o setor produtivo goiano".

"Importante destacar que o modelo de parceria com as Organizações da Sociedade Civil (OSCs), não altera o rigor dos mecanismos de controle e fiscalização já existentes. Os projetos executados sob essa modalidade permanecem integralmente submetidos aos órgãos de controle externo e interno, assegurando transparência, legalidade e conformidade com os princípios da administração pública", alega o documento.

A carta argumenta que Goiás mantém ritmo de "desenvolvimento acelerado", que impõe "desafios crescentes à gestão da infraestrutura, tornando imprescindível a modernização dos processos administrativos". Entre as demandas, estão a expansão e melhoria da malha viária como "fatores críticos para a competitividade da produção agroindustrial, industrial e comércio".

O fórum aponta que o contexto exige "soluções inovadoras que viabilizem respostas ágeis às demandas do setor". O projeto que formaliza a parceria com o IFAG será alvo de debate na Alego, em audiência pública agendada para terça-feira (17), às 14h, com a presença do presidente da Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra), Pedro Sales.

Aprovação

O presidente da Alego, Bruno Peixoto (UB), garantiu nesta sexta-feira (14) que a matéria deverá ter aprovação até quinta-feira (20). "Todos nós sabemos que o governo Ronaldo Caiado é um governo sério, selo máximo de transparência. Nós vamos fiscalizar com muito rigor. O que nós estamos aprovando na Assembleia é a agilidade para que as obras aconteçam e o benefício chegue para a população. Lembrando que a fiscalização será rígida. É inadmissível qualquer ato de ilegalidade", disse.

"Em relação à segurança jurídica, com a aprovação da lei, nós a teremos", afirmou.

IcPolitica

Política

"Requisitos vão atestar liquidez financeira e a capacidade das empresas", diz Pedro Sales

Com críticas ao modelo licitatório atual, presidente da Goinfra diz que novo sistema para obras do Fundeinfra cria maiores exigências sobre know-how e atuação

Modificado em 14/03/2025, 23:07

Presidente da Goinfra, Pedro Sales: "governo precisa mostrar dados para resgatar a racionalidade desse debate"

Presidente da Goinfra, Pedro Sales: "governo precisa mostrar dados para resgatar a racionalidade desse debate" (Fábio Lima / O Popular)

Em entrevista ao POPULAR, o presidente da Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra), Pedro Sales (UB), detalha as justificativas do governo de Goiás para ampliar a contratação, sem licitação, de empresas e Organizações da Sociedade Civil (OSC) para a realização de obras com recursos do Fundo Estadual de Infraestrutura (Fundeinfra) e a sua participação na audiência pública que irá debater o tema semana que vem. O auxiliar do governador Ronaldo Caiado (UB) defende uma desburocratização a ser obtida com a proposta e admite que há pressão interna pela entrega de resultados na área.

Como será a conversa com os deputados na audiência pública, nesta segunda-feira (17). Houve pedido de vistas na Comissão Mista. Há resistência para aprovar o projeto?

O pedido de vistas é natural a projetos que são mais relevantes e têm maior visibilidade. A audiência pública nada tem a ver com o pedido de vistas. Foi um pedido pessoal meu para o líder Talles Barreto. Estive pessoalmente lá, numa audiência pública, quando foi votado o projeto da modelagem. Agora, estarei novamente com relação a esse projeto que diz respeito ao IFAG (Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás). Fiz esse pedido porque acredito neste modelo, estou convencido dele. Ele tem sustentação jurídica, vai fazer bem para o ambiente de infraestrutura, vai desburocratizar e tornar as coisas mais sérias. Então, não tenho que estar constrangido ou querendo que vote isso na surdina, não. Eu quero fazer esse debate à luz do sol, à luz dos argumentos, dados, fatos e fundamentos jurídicos. Estou convencido de que o que estamos fazendo é absolutamente correto e salutar para o ambiente de infraestrutura do Estado.

A tramitação do projeto ficará paralisada enquanto a Goinfra realiza o chamamento público para outras Organizações da Sociedade Civil (OSC)?

Não. O projeto vai ter sua tramitação, vai à votação na semana que vem e tende a ser aprovado. Ele não vai aguardar nada. Eu estou indo lá porque é uma matéria complexa, que não é de conhecimento comum. São legislações novas. Vou prestar mais informações, mas muito mais do que isso: mostrar para os deputados e para a sociedade de uma forma geral tudo aquilo que já foi feito do Fundo de Infraestrutura e não foi pouca coisa. Nós temos duas obras prontas. Nós temos dois TAREs (Termo de Cardo de Regime Especial) contratados. Nós temos dez obras em andamento no trecho, três obras em fase de licitação, que entram nesse semestre, e temos cinco contratos antigos sendo retomados para execução de obras neste semestre. Só aqui são 21 do programa que tem 25 obras. Quase metade do programa já está endereçado e entra agora, no primeiro semestre. As pessoas sabem disso? Porque as pessoas ficam falando que o programa não deslanchou e que as obras do Fundeinfra não saíram. Eu cito aqui nominalmente quase metade do programa contratado. Então, preciso desse semestre para que essas obras entrem.

Mas não há uma frustração dentro do próprio governo, que projetou, ampla entrega de obras a partir de 2024? Na prática, só duas foram concluídas. Não há um descompasso entre a expectativa e o que foi entregue na prática?

Só a aprovação de um projeto executivo é mais de seis meses e é assim no Brasil inteiro. O Fundeinfra é um conjunto de obras que não foram escolhidas no mesmo dia. Foram várias reuniões ao longo do ano de 2023 e 2024, escolhendo trechos. Tem trecho que não tem seis meses de escolha e outro com três meses de escolha. As coisas estão sendo tratadas da mesma forma. Entendo quem pergunta "cadê as obras do Fundeinfra". É por isso que eu preciso ir à Assembleia. A sociedade não sabe disso. São 21 obras endereçadas para entrar de imediato e a gente já vai ver elas no trecho nesse semestre. Então, acho que é preciso fazer justiça ao trabalho que está sendo feito. No Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul, os fundos se aproximaram de contratar 50% depois de 5, 6, 7 anos. Eu estou falando de obras aqui do Fundeinfra que não tem três meses que foram votadas no Conselho Gestor. Está havendo uma cobrança sem racionalidade. O governo precisa mostrar esses dados para resgatar a racionalidade desse debate e é por isso que eu estou aqui. Diante de uma percepção geral da falta de informação, eu concordo com você. Há uma percepção geral de que há uma defasagem, uma ineficiência com as obras do Fundeinfra. É um sentimento. Agora, eu preciso me apresentar para o debate público e mostrar que esse sentimento tem um certo grau de equívoco e de legitimidade, mas a gente precisa colocar as coisas nos seus devidos lugares.

Por que o governo busca esse modelo ao invés de realizar licitação para as obras?

Vou citar um caso concreto. A GO-210 teve uma primeira contratação com licitação pública e venceu uma empresa do Rio de Janeiro chamada Metropolitana, que mobilizou lá, ficou lá alguns meses e abandonou a obra. Desde o primeiro despacho até o dia em que homologou o processo licitatório foram mais ou menos de nove a doze meses, porque tem lá todos os recursos administrativos, prazo para comprovar certidão, impugnação da rival e tal. Esse modelo, essa licitação, deu errado. Esse contrato foi rescindido numa gestão que me antecedeu e eu, nesse meio tempo, consegui aprovar na Assembleia essa sistemática de TARE com o Fundeinfra. Requalifiquei o projeto executivo e comecei a tratativa com a Comigo (Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano). Do dia que fiz a tratativa com a Comigo, que assinei o TARE, deve ter sido uns 60 dias no máximo, no máximo. E mais: a empresa que assumiu a obra tem uma carteira de obras nacionalmente. Isso a gente pode observar, são quase R$ 2 bilhões em obras no país. Foi em dois meses e uma empresa com uma credibilidade de quem está com R$ 2 bilhões rodando de obras no mercado, com um lastro desse. Não são fatos ou circunstâncias que estou tirando da minha cabeça. Nós temos evidências empíricas da mesma obra. Se você está vendo na experiência que aquilo traz mais resultado, que aquilo te cerca de maiores certezas, que aquilo apresenta uma maior eficiência, tem que trazer mais e mais disso para dentro da sua gestão. Esse é o ponto de vista que nós estamos defendendo no Estado de Goiás: maior participação do setor privado com total fiscalização do setor público e amplo controle dos órgãos de controle. Então, é preciso desmistificar o que está acontecendo, porque coloca-se de forma pejorativa, com o nome de drible, com o nome de não sei o quê, sendo que tem diversos dispositivos legais que estão dando margem à utilização disso.

Ao Giro, o sr. disse que o setor da infraestrutura foi "invadido por criminalidade e lavagem de dinheiro". Esse modelo não fica mais suscetível a algum tipo de ilegalidade ou até influência política?

Através das leis 14.133 e da 8.666, o PCC chegou ao comando do transporte coletivo do estado de São Paulo. Chegou ao comando do serviço de coleta de lixo no estado de São Paulo. Chegou, se infiltrou em instâncias da administração pública através de empresas laranjas. No setor de infraestrutura, a gente tem observado algumas licitações e, quando você vai investigar as empresas, são atores que não conseguem explicar exatamente de onde vêm, arranjos societários confusos que parecem querer apontar alguma coisa. Infelizmente, isso está acontecendo. No sistema que nós estamos desenvolvendo, a forma de você discriminar uma empresa de outra não é o desconto que uma empresa dá no processo de disputa. Porque o valor que nós vamos pagar por cada uma dessas obras dentro do Fundeinfra, no sistema associativo, é estático. Nós vamos pagar o valor de orçamento da tabela Goinfra, aplicado o desconto médio anual das licitações do ano anterior. Ora, então o que garante que uma empresa é escolhida em detrimento de outra? Requisitos que nós colocamos no nosso processo de pré-qualificação, que vão atestar liquidez financeira e capacidade técnica operacional.

Mas os critérios para definir qual tem a maior capacidade técnica operacional não são subjetivos? Não passam por uma decisão política?

São todos critérios objetivos. Se alguma empresa que nesse momento estiver no Acre e vir na internet a pré-qualificação da Goinfra quiser se pré-qualificar, quiser entrar na disputa e comprovar que ela tem liquidez financeira, liquidez contábil, tem atestação, quantos quilômetros de atestação nos últimos anos, e falar assim, 'eu tenho mais condição', ela vai ganhar a obra. Quatro empresas já se pré-qualificaram. Uma de Goiás, duas de São Paulo e uma da Bahia. Eu não conheço nenhuma dessas empresas. Quando entrarmos no processo seletivo das obras específicas, elas disputarão entre si e, dentro desses indicadores, quem apresenta os mais sadios, os mais íntegros, os mais fortes. Além disso, se pegou três obras, sai do programa, porque também não pode haver um monopólio do maior em detrimento do menor. Esse é o critério que a gente criou.

Sobre o modelo com OSC, porque o governo enviou à Alego o projeto para firmar a parceria com o IFAG, mas agora decidiu realizar o chamamento público?

A Procuradoria entende que, quando você submete ao referendo legislativo, aquela indicação ganha a natureza de dispensa. Eu posso fazer um chamamento ou eu posso fazer uma designação específica se ela receber um referendo legislativo. Isso é a lei. Eu não tô aqui pra dizer que a lei é boa ou que a lei é ruim. Isso tá lá na lei, certo? Isso não é um drible. Isso é o que está na lei e a gente tem que tomar cuidado do que a gente chama de drible. A lei diz que se você submeter a sua indicação nominal e específica a um referendo legislativo, isso é uma hipótese de dispensa. Eu fui ao mercado, conversei com várias associações, conversei com diversas entidades de Goiás. As pessoas estavam receosas, preocupadas, isso é muito novo, isso não tem sustentação e tal. O IFAG, na pessoa do Armando, presidente, falou que queria conhecer melhor o projeto e que acredita nele. Sugeriu qualificar o IFAG e depois, no caminhar do amadurecimento das coisas, eles poderiam pegar uma ou mais obras. Eu falei, fantástico e mandei o projeto para a Assembleia. Diferente do que fez parecer criar a matéria, que falou que o IFAG ia ficar com R$ 1,5 bilhão de obras. O IFAG, ao se qualificar, não está compromissado com nenhuma obra. Ele pode pegar uma obra, duas obras, todas as obras. De toda forma, o próprio presidente do IFAG, o Armando, colocou o que é muito importante no nosso ponto de vista para a lisura do processo e que não fique parecendo que foi um endereçamento direto ao IFAG. O próprio IFAG deseja que se coloque ao chamamento público para dar oportunidade, ao menos em potencial, para toda a sociedade. O chamamento foi publicado, mas acho muito pouco provável que apareçam, por eu ter dialogado com todo mundo e ter sentido as pessoas muito receosas, mas se aparecer será muito bem recebido e receberá obras as quais manifestar o seu desejo de estar atuando.

O governador Ronaldo Caiado afirmou que Adib Elias assume um cargo "desafiador" e que existe um "desafio" na infraestrutura. Como o senhor avalia as cobranças pelas as entregas até o próximo ano?

Primeiramente, estou acostumado com esse tipo de cobrança. A gente chegou no final de 2022 com as pessoas dizendo que as casas da Agehab não iriam acontecer, que as obras de asfalto nos municípios não iam acontecer e que as obras de pavimentação não iam acontecer. As casas foram construídas, quebramos o recorde de asfalto em municípios e fizemos muitas pavimentações importantes. Você não vence uma eleição no primeiro turno se você não fizer esse tipo de entrega. Então, esse tipo de pressão já foi jogada sobre meus ombros e está sendo lançada de novo justamente. Estou sentado no posto que recebe essa responsabilidade. Dessa vez, estou chegando com um deadline mais curto, porque eu não tenho até o final de 2026. Eu tenho só até abril. Então, é muito do que a gente vai conseguir fazer nesse ano e deixar endereçado para 2026. Por mais que o Ronaldo não esteja aqui, por exemplo, em julho, uma obra que estiver acontecendo vai ser uma obra da gestão dele. Vai ter o capital político para ele, para o Daniel e para o grupo. Mas eu tenho certeza que, com esses novos mecanismos, com os processos licitatórios já engatilhados que a gente tem, com as obras que estão entrando e com as iniciativas que a gente está tomando, da mesma forma que muita gente disse que não ia acontecer e aconteceu, agora vai ser a mesma coisa.

Desde as eleições de 2022 o senhor tem sido lembrado para uma possível candidatura a mandatos parlamentares. Tem interesse ou projeto para a eleição de 2026?

Tive interesse em 2022 e manifestei meu sentimento para a eleição a deputado federal. O governador mencionou que pediu para a gente ter a paciência de não sair naquele momento. Agora, no final desse ciclo, eu vou colocar meu nome à disposição do grupo e do União Brasil para que a gente possa disputar um cargo eletivo. Aí você pode me perguntar se para federal ou estadual. Isso o governador vai definir o que é o tamanho adequado e onde é a posição que ele acha que soma mais para a perspectiva do grupo. Da minha vontade, eu tenho muita vontade de ser federal para discutir assuntos nacionais, mas o debate estadual também é bacana. Preciso ser escolhido pelo grupo, mas estarei lá para defender o legado do governador Ronaldo Caiado.

Já conversou com o governador ou com Daniel Vilela sobre a candidatura?

Já conversei com o governador colocando meu nome à disposição novamente pelo União Brasil e pelo governo dele e deixando ele definir aquilo que seja o mais maduro para o projeto. É algo que, neste momento, ainda é muito nublado e tem muita coisa para acontecer. No momento adequado, com a experiência que ele tem, ele vai conseguir enxergar o melhor caminho e a gente vai executar.