Geral

UFG cria repelente que protege contra mosquitos Aedes e carrapatos da febre maculosa

Pesquisa é do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP/UFG), que fez uma parceria com a Indústria Química do Estado de Goiás (Iquego) para a produção do medicamento

Modificado em 19/09/2024, 00:51

Além de ser barato, eficaz e seguro, o produto amplia a proteção a públicos até então restritos

Além de ser barato, eficaz e seguro, o produto amplia a proteção a públicos até então restritos (Divulgação/UFG)

Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) criaram um repelente que protege contra mosquitos Aedes e carrapatos da febre maculosa. A pesquisa é do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP/UFG), que fez uma parceria com a Indústria Química do Estado de Goiás (Iquego) para a produção do medicamento. O produto deve estar disponível para comercialização a partir do ano que vem.

A equipe de pesquisadores, sob a coordenação dos professores Caio Márcio de Oliveira Monteiro e Thiago Lopes Rocha, desenvolveu um gel a partir do uso da nanotecnologia. Além de ser barato, eficaz e seguro, o produto amplia a proteção a públicos até então restritos, porque as fórmulas disponíveis no mercado não contemplam, por exemplo, crianças menores de dois anos.

A espécie que transmite é o carrapato estrela que está associado à presença de equinos, capivaras e antas. Como ele depende de estar em contato para transmitir as bactérias, as medidas profiláticas vão estar voltadas para evitar que o carrapato entre em contato. Calças, blusas de manga comprida para evitar o contato e a outra forma de proteção é o uso de repelentes", explicou o professor Caio Márcio em entrevista à TV Anhanguera.

Outra pesquisadora, Stephânia Taveira, explica o processo de produção do repelente em entrevista à TV Anhanguera.

O objetivo principal era obter um produto de baixo custo que fosse eficaz e também seguro, além de impedir a penetração desse repelente para dentro da pele. Ele garante a segurança e, ao mesmo tempo, o produto continua exalando para que tenha aquela ação prolongada e a pessoa não precise aplicar muitas vezes ao dia".

De acordo com o diretor do Iquego, Daniel Jesus, o produto deve ser comercializado para a população a partir do ano que vem. "A intenção é que a Iquego faça o SUS, mas como tem uma patente, a gente também procura parceiros privados para que isso chegue também nas drogarias e nas farmácias com uma amplitude maior para a população", explicou.

Após a fabricação do produto, o próximo passo é pensar na produção em grande escala na indústria e depois fazer o registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Carrapato

Amblyomma sculptum, conhecido vulgarmente como carrapato-estrela, tem equinos, antas e capivaras como hospedeiros preferenciais, mas devido à baixa especificidade parasitária, pode ser encontrado em outros hospedeiros, incluindo humanos. A febre maculosa brasileira representa um grave problema de saúde pública, com elevada taxa de letalidade, podendo chegar a 80%.

Para o professor Caio Monteiro, o desenvolvimento dessa pesquisa pode resultar em tecnologia que ajude no controle desse carrapato, não só no estado de Goiás, como em outros locais do país também. Com o avanço da pesquisa, foi descoberto que o carrapato transmissor não está presente em animais de estimação ou bovinos no estado.

Em Goiânia, até o momento, não foi identificada a circulação da bactéria Rickettsia rickettsii, patógeno responsável por quadros graves e de letalidade da febre maculosa.

Testes

Em relação aos testes com carrapatos, foram coletadas amostras das plantas C. virgultosus e Croton sp. De acordo com o professor Caio, uma parte das amostras coletadas foi utilizada para identificação da espécie, e as exsicatas foram depositadas em uma coleção de referência. Das amostras dessas plantas foi obtido o óleo essencial. Ele explica que "nesse óleo foram caracterizados os compostos majoritários encontrados na espécie C. virgultosus: o metil eugenol e 1,8 Cineol, enquanto em Croton sp. os compostos majoritários foram o metil eugenol e eugenol".

Nos testes de repelência em laboratório com ninfas, o professor destaca que foi observado que o eugenol e o metil conferem elevada repelência, acima de 80% por mais de 24 horas. A etapa seguinte foi a realização de experimentos de desenvolvimento de formulações e o teste de repelência em condições de campo.

Geral

Sete dos 10 cursos mais concorridos na UFG são da área de saúde

Graduação em Psicologia ocupa o topo da lista desde 2024, seguida por Fisioterapia e Medicina. Cálculo considera número de inscrições por vaga ofertada

Ministrado pela Faculdade de Educação, curso de Psicologia tem maior relação candidato/vaga da UFG

Ministrado pela Faculdade de Educação, curso de Psicologia tem maior relação candidato/vaga da UFG ( Wildes Barbosa / O Popular)

Dentre os dez cursos de graduação mais concorridos da Universidade Federal de Goiás (UFG) no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) em 2025, sete pertencem à área da saúde. O curso de Psicologia lidera a lista pelo segundo ano consecutivo, com 191 candidatos por vaga, seguido por Fisioterapia e Medicina, que, apesar de ter o maior número de inscrições na universidade, registra uma disputa de 137 candidatos por vaga, já que oferta mais do que o triplo em comparação com os dois primeiros colocados.

Além dos três primeiros cursos, que pertencem à área da saúde, a lista dos dez cursos com a maior relação de candidatos por vaga inclui também os cursos de Biomedicina (118 por vaga), Enfermagem (88), Odontologia (84) e Nutrição (70). No meio da lista, contudo, há ainda o tradicional curso de Direito -- com duas posições, divididas para a oferta nos períodos matutino e noturno, sendo 107 e 98 candidatos por vaga disponibilizada, respectivamente --, além de Engenharia de Software (81).

Nos últimos dois anos, o quadro de graduações que aparecem dentre as mais disputadas não sofreu grandes alterações. A única mudança foi a saída de Medicina Veterinária, presente em 2023 e 2024, com sua substituição por Nutrição em 2025. Entretanto, houve reposicionamentos: Biomedicina, antes na 5ª colocação, ultrapassou Direito e assumiu a 4ª posição. Medicina, que já foi o curso mais concorrido, cedeu o topo para Psicologia, e Fisioterapia que estava em terceira subiu para a segunda colocação (veja mais no quadro abaixo).

Pró-reitor de Graduação da UFG, Israel Trindade explica que não é sempre que o curso mais disputado terá a maior nota de corte. Isso ocorre porque a concorrência é calculada pela divisão entre o total de inscrições no curso, incluindo ampla concorrência e disputa pela lei de cotas, e o número de vagas ofertadas. Já a nota de corte é a pontuação do último candidato que entrou por meio de ampla concorrência, ou seja, a nota mínima para o ingresso. No entanto, ele cita que quando os cursos têm grande competição, as notas também não devem ficar tão baixas. Neste ano, dos dez cursos com as maiores notas de corte, cinco estão entre aqueles que possuem as maiores relações de candidatos por vaga ofertada: Engenharia de Software, Medicina, Direito (matutino e noturno) e Psicologia.

"Inteligência Artificial (IA) teve o ponto de corte mais alto neste ano, então as pessoas acabam achando que teve mais concorrência. Mas, quando se joga o número de inscrições por vaga ofertada, não é o mais disputado: ficou em 31ª posição", explica. Enquanto a maioria dos cursos mais concorridos é da área da saúde, as maiores notas de corte estão justamente nas graduações voltadas à tecnologia da informação. No fim de janeiro, a reportagem já havia mostrado que o curso de IA superou pela primeira vez a pontuação mínima para ingressar no curso de Medicina. Este, por sua vez, ficou na 3ª posição, logo após Engenharia de Software (2ª) e seguido por Ciência da Computação (4ª).

"Embora surjam cursos novos, os tradicionais, em especial da saúde, seguem sendo os mais buscados", reflete Israel. Conforme ele, isso ocorre porque tanto como cursos na universidade quanto como profissões são "mais consolidados", além de haver mais oportunidades de emprego. "De certa forma, é um atrativo. O estudante quando vai escolher o curso é influenciado por uma série de fatores. Pode ser por uma influência familiar, mas também pela paixão dele mesmo, assim como pelo mercado de trabalho. Então ele quer saber se tem um bom salário, boas condições de trabalho, de empregabilidade. E o mercado de Medicina e Fisioterapia, por exemplo, sobretudo depois da pandemia de Covid-19, se firmou bastante", acrescenta.

Surpresa

Para ele, contudo, é uma "surpresa" Medicina ter ido para o terceiro curso mais concorrido, mesmo tendo 15.081 inscrições registradas no Sisu, mais do que o dobro do segundo colocado -- Biomedicina, com 7.091. "Sempre está entre os mais procurados. E, como tem uma demanda consolidada, sempre se espera que ocupe o topo da maior nota de corte e da relação de candidatos por vaga. É uma surpresa neste ano, mas isso não tira em nada o mérito do curso, que é um dos pioneiros da UFG", complementa. Para ter ideia, em nível nacional o curso de Biomedicina também foi o mais concorrido neste ano. Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), foi registrada uma relação de 261,33 candidatos por vaga. Contudo, foram apenas seis vagas abertas ao todo, para 1.568 estudantes. Por outro lado, logo em seguida aparece o curso de Medicina.

Israel Trindade explica ainda que há diferenças entre a quantidade de inscrições e inscritos, já que um único estudante (inscrito) pode se inscrever em mais de uma opção. Por isso, o total é maior do que o registrado nos anos anteriores, a exemplo de Medicina, que em 2024 teve pouco mais de 6 mil candidatos. E, como nos dois anos anteriores o quantitativo era de inscritos e não de inscrições, a reportagem elencou apenas a lista dos dez mais concorridos, sem demonstrar qual a relação de cada curso. O quantitativo de vagas, por outro lado, segue uma tendência. Mas mesmo com uma metodologia diferente, vale lembrar que os cursos se apresentam em uma dinâmica semelhante. "É bem parecido. O topo fica oscilando entre Medicina, Fisioterapia e Psicologia", define.

Geral

Inteligência Artificial tem maior nota de corte na UFG

Professores apontam interesse pela profissão e perspectiva financeira como diferenciais

Instituto de Informática abriga o curso de Inteligência Artificial, primeira graduação em IA do Brasil

Instituto de Informática abriga o curso de Inteligência Artificial, primeira graduação em IA do Brasil (Divulgação/UFG)

Em cinco anos de existência, a graduação em Inteligência Artificial (IA) da Universidade Federal de Goiás (UFG) passou a liderar o ranking da nota de corte do Sistema de Seleção Unificado (Sisu) 2025. Para entrar em uma das 40 vagas disponibilizadas para o curso, o aluno pior colocado somou 811,01 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2024, o que desbancou pela primeira vez o tradicional curso de Medicina, líder ao menos nos últimos 10 anos. A nota de corte de Medicina na UFG foi de 798,15 pontos, ficando em terceiro lugar, atrás ainda de Engenharia de Software, em que a nota mínima para passar foi de 799, 89.

A mudança no ranking mostra uma disputa qualitativa nos cursos de tecnologia. Das sete maiores notas de corte, quatro foram da área. Em quarto aparece Ciência da Computação, com 781 pontos; em quinto Direito Matutino, com 773,99; seguido por Direito Noturno, com 760,78; e Sistemas de Informação, com 760,44.

O coordenador da graduação em IA, Anderson da Silva Soares, aponta que a perspectiva financeira e o interesse pela profissão são os chamativos para que mais alunos busquem o curso, que é o pioneiro no Brasil. "A demanda do mercado existe e é muito grande, os alunos são contratados com um ou dois anos na graduação e é uma profissão da qual se fala muito, há esse interesse e é o que vem na cabeça de quem tem 17 anos", conta. Segundo ele, a maior parte dos graduandos é de alunos provenientes do ensino médio, com idade entre 17 e 18 anos, e com bastante entusiasmo. "Nosso papel é mostrar para os alunos onde está o exercício dele com a profissão, é o nosso maior desafio."

Também professor no curso de IA da UFG, Celso Camilo reforça que "o mercado é grande e tem excelentes salários", o que cria o senso de oportunidade. "Além disso, as novas gerações já estão mais familiarizadas com as tecnologias e aprenderam a gostar. Isso também atrai o perfil mais inovador", relata. Soares lembra que a questão da concorrência nos cursos e o ponto de corte depende de vários fatores, como a demanda do mercado de trabalho e a referência da própria graduação. Assim, o fato de o Centro de Excelência em IA (CEIA) ser referência no cenário nacional, não apenas como formação de recursos humanos, faz com que o curso seja bastante procurado.

Camilo explica que há dois movimentos importantes para justificar a busca pelo curso. "O primeiro é a percepção ampla da sociedade sobre a evolução da IA e a revolução que está causando na sociedade. As pessoas já percebem que o mundo está mudando e rápido. Isso gera um senso de oportunidade", diz. O segundo ponto é o desenvolvimento da excelência dessa área na UFG, com o Instituto de Informática e o (CEIA), que "são reconhecidos dentro e fora do país como um grande centro de desenvolvimento de talentos e projetos aplicados". Para ele, isso acaba atraindo mais pessoas também para a UFG.

Soares lembra que o Ceia foi formado em 2019, com uma aliança com o Governo de Goiás, e uma das metas era a criação da graduação em IA com a formação de pessoas para atuar na área e abastecer o mercado, com a indução da demanda e a realização do ensino dos recursos humanos. "O Ceia é hoje o maior do Brasil, mesmo somando todos os outros centros não dá o nosso." Até por isso, o coordenador entende que ser o maior ponto de corte da UFG não altera a realidade do Ceia, mas que o fato muda a "perspectiva na procura por competências para uma sociedade melhor".

Retomada tecnológica

Soares explica que "a escolha no curso mostra uma mudança no balanço das múltiplas competências, fica mais equilibrado, o que é bastante positivo para o País, com essa retomada da procura por cursos de tecnologia e engenharias", diz. Para Camilo, ser o principal ponto de corte da UFG tende a ser um parâmetro de dedicação dos candidatos. "Pessoas mais engajadas e dedicadas costumam fazer uma melhor formação e apoiar a formação de outros alunos - favorecendo a cultura."

Presidente do Conselho Estadual de Educação e do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino de Goiás (Sepe-GO), Flávio Roberto de Castro conta que o fato dos cursos de tecnologia passarem a ser os principais pontos de corte da UFG não altera as perspectivas das escolas de Ensino Médio. "É o primeiro sinalizador dessa procura por outras profissões. Estamos vivendo momento de novas profissões, especialmente de IA, mas lógico que Medicina e Direito ainda são muito procurados e são relevantes." Para ele, como o Enem continua sendo a prova de entrada para todos os cursos, isso não muda a perspectiva das escolas, mas que já é percebido uma demanda dos alunos pela área, como a busca por cursos de robótica, por exemplo.

Geral

Sisu terá mais de 6 mil vagas para universidades de Goiás em 2025

Quatro universidades ofertam vagas. Inscrições começam no dia 17 de janeiro

Modificado em 23/12/2024, 19:44

Fachada da Reitoria da Universidade Federal de Goiás (UFG), no Campus Samambaia, em Goiânia

Fachada da Reitoria da Universidade Federal de Goiás (UFG), no Campus Samambaia, em Goiânia (Wildes Barbosa / O Popular)

Goiás terá mais de 6 mil vagas disponibilizadas em universidades no estado aos estudantes que desejam tentar o acesso ao ensino superior em 2025 pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Para concorrer às vagas, os estudantes deverão se inscrever entre os dias 17 e 21 de janeiro de 2025, por meio do Portal Único de Acesso ao Ensino Superior (veja cronograma ao final da reportagem) .

🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp

As vagas estão distribuídas em quatro universidades públicas. A Universidade Federal de Goiás (UFG) lidera a lista com o maior número de vagas ofertadas. Ao todo, são 4.459. Na sequência, estão as Universidades Federais de Jataí (UFJ) e Universidade Federal de Catalão (UFCAT), com 1.080 vagas cada.

O Instituto Federal de Goiás (IFG) disponibilizou 630 vagas. Já o Instituto Federal Goiano (IF Goiano) e a Universidade Estadual de Goiás (UEG), não aderiram ao Sisu.

O Sisu utiliza as notas do Enem 2024 para calcular a nota de corte de cada curso, com base no número de vagas disponíveis e na quantidade de inscritos.

Cronograma do Sisu 2025

  • 17 a 21/01 -- Período de inscrições
  • 26 a 31/01 -- Manifestação em lista de espera
  • 26/01 -- Resultado chamada regular
  • 27/01 a 04/02 -- Período de ocupação da chamada regular
  • 11/02 -- Convocação da lista de espera
  • Geral

    Goiânia discute estratégias para adaptação urbana às mudanças climáticas

    Relatório do projeto Cidades Resilientes propõe ações para fortalecer a resiliência climática na capital goiana

    Projeto propõe ações para fortalecer a resiliência climática na capital goiana

    Projeto propõe ações para fortalecer a resiliência climática na capital goiana (Divulgação)

    As mudanças climáticas chegaram para ficar. As chuvas intensas e as consequentes inundações e alagamentos, logo depois de uma das secas mais severas já registradas no centro-norte do Brasil, são evidência incontestável desse fato. Diante desse cenário, é urgente discutir estratégias de adaptação, especialmente para as áreas urbanas, aos impactos dessas mudanças do clima.

    Para isso, o Instituto Iandé Verde e o IDESA, Instituto de Desenvolvimento 'Econômico e Socioambiental, em parceria com a Iniciativa Cerrados da Fundação Oswaldo Cruz e o Ciamb, Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da UFG, lançam o projeto Cidades Resilientes, com o objetivo de discutir os desafios das mudanças climáticas nas cidades e estratégias nesse sentido para Goiânia. A iniciativa tem o apoio da Prefeitura, por meio da Secretaria de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas, e foi viabilizada por uma emenda da vereadora Sabrina Garcez.

    O projeto acaba de disponibilizar seu relatório preliminar, que compila o conhecimento científico atual sobre os impactos das mudanças do clima no Cerrado e faz um diagnóstico das vulnerabilidades ambientais e sociais de Goiânia para apontar os principais efeitos a serem enfrentados. De outro lado, traça um panorama das políticas e mecanismos existentes, bem como de suas lacunas, para sugerir estratégias a serem debatidas para a cidade. O documento pode ser baixado no site do projeto.

    O relatório relembra eventos recentes, como os altos índices de poluição durante a última seca agravados pelas queimadas, para indicar que os maiores desafios de Goiânia possivelmente não se relacionam às chuvas - embora elas também imponham ações de adaptação -, mas sim à estiagem, à possibilidade de escassez de água e aos impactos sobre a saúde trazidos pela baixa umidade e pela poluição do ar.

    O documento aponta também que esses eventos impactam de forma desproporcional as populações mais vulneráveis, especialmente em áreas periféricas, onde fatores sociais, ambientais e climáticos se somam para agravar diretamente problemas relacionados aos direitos humanos.

    Nesse sentido, o geógrafo e cientista ambiental Pedro Novaes, um dos coordenadores do projeto, explica que "não cabe falar em desastres naturais diante desses desafios; os efeitos de eventos climáticos são resultado da soma de riscos naturais, como esses agora trazidos pelo aquecimento global, à vulnerabilidade de determinados grupos sociais e indivíduos, em função de sua exposição a esses riscos gerada por fatores econômicos e sociais. Por isso, os impactos tendem a ser muito mais severos sobre os mais pobres", aponta.

    A iniciativa alinha-se a pactos globais, como o Acordo de Paris e a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, e considera o papel central dos governos locais no cumprimento dessas metas. Com base nesses princípios, o documento propõe ainda caminhos para que Goiânia se sintonize às políticas e redes de financiamentos globais dedicadas ao enfrentamento da crise climática.

    Entre as medidas sugeridas, estão a criação de um órgão na Prefeitura para coordenar as ações ligadas à mudança do clima, a elaboração de um plano municipal de mudanças climáticas, a criação de uma rede de monitoramento e alerta para a poluição do ar e a revisão do Plano Municipal de Saneamento, entre outras.

    Com foco em consolidar uma política de resiliência, o projeto se concluirá com a realização, entre os dias 25 e 26 de novembro, do Fórum Goiânia Resiliente para debater o relatório e discutir estratégias de adaptação para a cidade.

    O evento acontecerá no auditório do IESA, no Campus Samambaia da Universidade Federal de Goiás (UFG), e contará com especialistas e gestores públicos de diferentes partes do país, com o intuito de catalisar a necessária mudança estrutural na forma como Goiânia lida com os desafios climáticos.

    A expectativa é a de entregar o relatório para o prefeito eleito Sandro Mabel e de que o projeto sirva como ponto de partida para um compromisso permanente da cidade com a sustentabilidade e a proteção dos direitos de todos os seus habitantes diante dos desafios climáticos. O evento será aberto e a programação preliminar já está disponível.