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Coroação do rei Charles 3° terá Coldplay, Harry Styles e Ed Sheeran na playlist

Folhapress

Modificado em 19/09/2024, 00:20

Coroação do rei Charles 3° terá Coldplay, Harry Styles e Ed Sheeran na playlist

(Divulgação)

A cerimônia de coroação do rei Charles 3° será recheada de hits pop, com músicas que vão de "Treat People With Kindness", do cantor Harry Styles, passando por "A Sky Full of Stars", da banda Coldplay, e "Celestial", de Ed Sheeran.

A playlist oficial do evento foi divulgada pelo Spotify e inclui também "We Are the Champions", do Queen, Let's Dance, de David Bowie, e "Slave to the Rhythm", de Grace Jones. Ao todo, 27 canções fazem parte da lista.

O Palácio de Buckingham, porém, teve dificuldades para encontrar artistas que aceitassem participar do evento.

Celebridades e cantores importantes do Reino Unido foram convidados para comparecer à celebração, mas recusaram o convite. Harry Styles, Adele e Elton John estão entre alguns nomes que disseram não para o convite.

Galeria Coldplay começa maratona de shows no Brasil Veja como foi a primeira apresentação da turnê 'Music of the Spheres Tour' em São Paulo https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/1760036860041998-coldplay-comeca-maratona-de-shows-no-brasil *** Outros artistas escalados que não vão se apresentar na coroação é o grupo Spice Girls, Ed Sheeran e Robbie Williams.

Apesar das consecutivas negativas dos artistas, nomes como Lionel Richie, Olly Murs, o grupo Take That (sem Robbie Williams, que saiu da formação) e Dannii Minogue confirmaram presença. Veja abaixo a playlist oficial da coroação:

The Beatles: "Come Together"

Boney M.: "Daddy Cool"

Coldplay: "A Sky Full of Stars"

David Bowie: "Let's Dance"

Ed Sheeran: "Celestial"

Elbow: "One Day Like This"

Electric Light Orchestra: "Mr. Blue Sky"

Ellie Goulding: "Starry Eyed"

Emeli Sandé: "Starlight"

George Ezra: "Dance All Over Me"

Grace Jones: "Slave to the Rhythm"

Harry Styles: "Treat People With Kindness"

Kate Bush: "Running Up That Hill (A Deal with God)"

Madness: "Our House"

Micheal Bublé: "It's a Beautiful Day"

Pet Shop Boys: "All Over the World"

Queen: "We Are the Champions"

Jeff Beck, Rod Stewart: "People Get Ready"

Sam Ryder: "Space Man"

Spandau Ballet: "Gold"

Spice Girls: "Say You'll Be There"

Take That: "Shine"

The Kinks: "Waterloo Sunset"

The Proclaimers: "I'm Gonna Be (500 Miles)"

The Who: "Love Reign O'er Me"

Tom Jones: "Green Green Grass of Home"

Years & Years: "King"

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Coroação da rainha Elizabeth 2ª, em 1953, teve Churchill e Assis Chateaubriand

Modificado em 19/09/2024, 00:21

Coroação da Rainha Elizabeth II, em 1953, na Abadia de Westminster

Coroação da Rainha Elizabeth II, em 1953, na Abadia de Westminster (Getty Images)

O Reino Unido volta a receber uma espécie de pot-pourri do poder global neste sábado (6). Nos últimos dias, aterrissaram em Londres centenas de chefes de Estado, primeiros-ministros e famílias reais para assistir à coroação do rei Charles 3º, 70 anos depois da última cerimônia do tipo na monarquia mais famosa do mundo.

A expectativa é de que estejam presentes todos os representantes e líderes religiosos da Commonwealth --associação de 56 países que, quase em sua totalidade, fizeram parte do Império Britânico no passado. O Brasil será representado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que chegou nesta sexta (5) em Londres. Estão na lista ainda celebridades como o cantor Lionel Richie, e especula-se que o casal David e Victoria Beckham possa aparecer.

Em 2 de junho de 1953, a rainha Elizabeth 2ª passou pelo ritual, mais de um ano após a morte de seu pai e na primeira coroação televisionada. No dia seguinte, a Folha de S.Paulo noticiou que, sob as árvores do trajeto por onde passou a procissão da rainha, havia funcionários da emissora pública BBC, enfermeiros e vendedores de refrigerante, sanduíches, chicletes, binóculos e laranjas.

Winston Churchill, premiê britânico na ocasião, foi um dos convidados a prestigiar a cerimônia. O estadista esteve no poder durante a Segunda Guerra Mundial, quando Reino Unido e aliados enfrentaram a Alemanha nazista de Adolf Hitler, e foi o responsável por criar a expressão "cortina de ferro" para descrever a divisão que se criaria na Europa após o conflito.

O jornal descreve ainda a passagem de tropas de Belize, Ilhas Malvinas, Hong Kong, Gibraltar, Jamaica, Nova Zelândia, Austrália, África do Sul e Bermudas. "O cortejo dos primeiros-ministros da Commonwealth foi muito maior do que na última coroação. O palácio precisou pedir emprestados aos estúdios de Sir Alexander Korda [diretor de cinema britânico] os 'broughams' [carruagens] que faltavam para os novos membros: Índia, Ceilão [Sri Lanka] e Paquistão", apontou a Folha de S.Paulo.

A princesa Marie Louise, neta da rainha Vitória, também estava na coroação --a quarta de que participava aos seus 80 anos. Compareceu ainda Jawaharlal Nehru, líder do movimento da independência da Índia, país que em 1953 completava seis anos de emancipação. Na época, ele era premiê indiano, cargo que inaugurou na nação e no qual permaneceu até 1954.

Getúlio Vargas, então no seu segundo período na Presidência do Brasil, enviou o senador e magnata da comunicação Assis Chateaubriand para representar o país, e o empresário presenteou a rainha com um jogo de tiara, colar, pulseira e brincos com pedras de águas marinhas. A soberana usaria o conjunto em diversas ocasiões, inclusive quando recebeu Lula para um banquete no Palácio de Buckingham, em 2006.

A coroação de seu pai e antecessor, George 6º, no dia 12 de maio de 1937, teve a presença da própria rainha, então aos 11 anos, e de figuras como Yasuhito, príncipe Chichibu do Japão. Ele era neto de Meiji, o Grande, imperador japonês entre 1867 e 1912 --período de grandes transformações em que o país deixou de ser uma nação feudal e se abriu para o mundo como uma potência.

A festa, registrou a Folha de S.Paulo, tinha mais de um milhão de pessoas e clima de carnaval, em contraste com os "tradicionalmente insensíveis" rostos britânicos. Onipresentes em multidões desde então, já participavam da cerimônia também os vendedores ambulantes, que ofertavam chocolates, folhetos com a programação do dia, fotos das princesas e rudimentares periscópios para quem quisesse enxergar melhor.

Geral

Designer do iPhone fez emblema para coroação do rei Charles 3º

Modificado em 19/09/2024, 00:19

Jony Ive com o então príncipe Charles

Jony Ive com o então príncipe Charles (Divulgação)

Jony Ive, que talvez você não conheça, mas traga no bolso, é o designer do iPhone. Foi ele que, com Steve Jobs no comando, desenhou as linhas minimalistas, com economia de botões, do celular que ajudou a mudar o mundo em 2007.

Jony Ive, aqui na Inglaterra, é sir Jony Ive. E, nesta coroação do rei Charles 3º, que acontece no sábado (6), ele é o autor do emblema oficial do evento, a figura de uma coroa estilizada, formada por flores, com as mesmas cores da bandeira britânica, mas em tons pastéis.

O logotipo foi feito em duas versões, uma em inglês e outra em galês. Versões secundárias do emblema incluem pares de tons de rosa e vermelho, azul claro e escuro, preto e cinza e branco sobre um fundo azul.

"É uma grande honra poder contribuir para esta marcante ocasião nacional, e a nossa equipe está muito orgulhosa deste trabalho", disse o designer, também responsável pelo iPod (2001), iPad (2010) e Apple Watch (2014), entre outros. Ele já não trabalha mais para a empresa americana desde 2019.

"O design é inspirado no amor do rei Charles pelo planeta, pela natureza e sua profunda preocupação com o ambiente, unindo a flora das quatro nações do Reino Unido: a rosa da Inglaterra, o cardo da Escócia, o narciso do País de Gales e o trevo da Irlanda do Norte", explicou o Palácio de Buckingham em um comunicado.

"O emblema fala do feliz otimismo da primavera e celebra o início desta nova era para o Reino Unido. A delicada modéstia dessas formas naturais se combinam para definir um emblema que reconhece tanto a alegria quanto a profunda importância desta ocasião."

O emblema está espalhado por toda a cidade: na estação Victoria, em faixas nas avenidas principais e também no trajeto entre o Palácio de Buckingham e a abadia de Westminster, que será percorrido pelo rei Charles 3º e a rainha Camilla neste sábado (6).

O local já está cheio de barracas de súditos, que têm passado as últimas noites acampados. Isso tudo para garantir uma boa visão das duas procissões, a de ida, às 10h20 (6h20 no Brasil), e a de volta, como casal já coroado, às 14h (10h no Brasil).

O que mais se vê por lá, no entanto, é a Union Jack, bandeira do Reino Unido nas cores azul, vermelho e branco, em roupas chapéus, óculos de todo o tipo de badulaques possíveis. As barracas ostentam bandeirolas no alto e os fãs da realeza, acostumados com o clima londrino, não se assustaram nem com o pé d'água que varreu a cidade às 11h desta sexta (5).

A reportagem conversou com um grupo de quatro senhoras que vieram de Oxford e passariam sua primeira noite nas barracas. "A gente trouxe guarda-chuvas, capas plásticas, sanduíches e, o mais importante, prosecco", divertiam-se.

E os maridos? "Ah, esses vão ver a coroação pela TV, em casa, junto com suas amantes (risos)". Depois da tristeza provocada pela morte da rainha Elizabeth 2ª, em setembro do ano passado, a coroação do rei Charles 3º agora é só alegria. Londres, quem diria, está super alto astral.

Jony Ive com o então príncipe Charles

Jony Ive com o então príncipe Charles (Divulgação)

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Charles III é o novo rei; saiba quem foram Charles I e Charles II

Sucessor da rainha Elizabeth II diz que morte da mãe será “profundamente sentida” por todo o Reino Unido

Modificado em 20/09/2024, 03:30

Novo rei do Reino Unido: Charles III

Novo rei do Reino Unido: Charles III (Reprodução)

O novo rei da Inglaterra teve a opção de escolher seu nome. Ao optar por Charles 3º, o monarca dá sequência à uma linhagem que remonta ao século 17 e que foi responsável por aumentar o poderio britânico.

Charles 1º foi rei da Inglaterra, Escócia e Irlanda entre 1625 e 1649, ano em que foi executado.

Ele era o segundo filho do rei Jaime I da Escócia, mas, depois que seu pai herdou o trono inglês, em 1603, mudou-se para a Inglaterra, onde passou grande parte de sua vida. Charles foi entronado após a morte do pai.

À época, a Inglaterra vinha de uma crise econômica por investir mais dinheiro do que podia em seu Exército, que lutou contra e venceu a Espanha numa guerra em 1558.

Charles 1º, tão logo virou monarca, assinou um documento que proibia a Coroa de convocar o Exército ou tomar medidas econômicas sem a aprovação do Parlamento. Ele também estendeu uma cobrança de impostos de navios, que valia somente para a área litorânea, para toda a Inglaterra.

Acreditando - assim como o seu pai - que o soberano era designado por Deus para comandar o império, dissolveu e convocou o Parlamento diversas vezes. Também tentou impor aos escoceses a prática do anglicanismo, sendo que a maioria era presbiteriana.

Foi decapitado por traição à pátria e por governar como tirano, em 30 de janeiro de 1649.

Filho sobrevivente de Charles 1º, Charles 2º foi rei da Inglaterra, da Irlanda e da Escócia entre 1660 e 1685. O tempo em que ficou no poder é conhecido como o período da Restauração, pois representou a pacificação da Inglaterra após as guerras civis entre católicos e protestantes. Também significou o fim de um período republicano no país.

Seu reinado foi marcado pelo aumento da colonização e do comércio na Índia, nas Índias Orientais e na América - os britânicos tomaram Nova York dos holandeses em 1664 - e por atos de navegação que garantiram o futuro do Reino Unido como potência marítima.

Enfrentou ainda a Peste Negra, em 1664, quando um quarto da população de Londres à época morreu. Em seguida, um grande incêndio forçaria a reconstrução de parte da cidade.

Ele fez várias tentativas para formalizar a tolerância a católicos, mas foi forçado a recuar diante de um Parlamento fortemente hostil.

Embora Charles 2º tivesse vários filhos ilegítimos com várias amantes, não teve nenhum com sua esposa, Catarina de Bragança. Seus esforços para se tornar um governante absoluto o levaram a entrar em conflito com o Parlamento, que ele dissolveu em 1681. Desde então, até sua morte, em 1685, governou sozinho.

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Política

Prisão é o fim da minha vida, estou com 70 anos, diz Bolsonaro

Ex-presidente admite ter conversado sobre estados de sítio e de defesa e artigo 142, mas afirma que descartou 'logo de cara'

Modificado em 29/03/2025, 15:27

Jair Bolsonaro

Jair Bolsonaro (Jornal Nacional/ Reprodução)

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que se tornou réu nesta semana no STF (Supremo Tribunal Federal) acusado de liderar uma trama golpista, admitiu à reportagem ter conversado com auxiliares sobre estado de sítio, estado de defesa e intervenção federal em 2022, mas diz que essas possibilidades foram descartadas "logo de cara".

As medidas estão previstas na Constituição para serem usadas para manter a ordem pública e a paz social ameaçadas por "grave e iminente instabilidade institucional", comoção grave de repercussão nacional ou guerra.

Ele também citou o recurso ao artigo 142 da Constituição, que, na interpretação repetida por bolsonaristas, autorizaria as Forças Armadas a atuarem como uma espécie de poder moderador -essa visão já foi descartada pelo STF.

Bolsonaro é acusado de cinco crimes, cujas penas somadas superam 40 anos. Questionado se uma eventual prisão significaria o fim da sua carreira política, disse: "É o fim da minha vida. Eu já estou com 70 anos". Ele recebeu a reportagem para uma entrevista na sede do PL na qual também falou da delação de seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid.

PERGUNTA - A Procuradoria-Geral da República pediu arquivamento da investigação contra o senhor por fraude no cartão de vacina. O Cid disse à PF que o sr. pediu para ele isso. Por que acha que ele falou isso? E o que acha da decisão da PGR?

JAIR BOLSONARO - Eu jamais faria um pedido desse para alguém, me desmoralizaria politicamente, porque sempre fui contra a vacina, que até hoje é experimento [o imunizante foi aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)]. Um delator, para seguir a regra, tem que ser espontâneo, falar a verdade e ter prova. Tanto é que o senhor [procurador-geral da República Paulo] Gonet chegou à conclusão que não tinha indícios mínimos de eu ter mandado falsificar o cartão. Esse pedido de arquivamento, se fosse a Lava Jato, já tinha anulado tudo. Mas como eu não sou tão poderoso assim...

P - O sr. acha que pode ser uma sinalização para os outros processos, como o das joias?

JB - Mais que uma sinalização, uma luz vermelha contra o processo. Porque você não pode investigar o cartão de vacina, olhar do lado ali e ah, apareceu presentes, apareceu estado de sítio, não pode fazer isso aí. Até porque nunca vi um juiz começar um processo sem ser provocado. Uma vez provocado, ele analisa, se investiga. Por que eu sou diferente dos outros?

P - O sr. falou que conversou já com auxiliares sobre alternativas, mas não sobre ruptura. Quais foram essas alternativas?

JB - Eu não esperava o resultado [das eleições]. Nós entramos com a petição e, no dia seguinte, o senhor Alexandre Moraes mandou arquivar e nos deu uma multa de R$ 22 milhões. Se a gente recorresse, podia passar para R$ 200 milhões. Se eu não vou recorrer à Justiça Eleitoral, pode ir para onde? Eu conversei com as pessoas, dentro das quatro linhas, que vocês estão cansados de ouvir, o que a gente pode fazer? Daí foi olhado lá, [estado de] sítio, [estado de] defesa, [artigo] 142, intervenção...

P - Essas foram as possibilidades discutidas na época?

JB - É, não foi decisão. Reuni duas vezes com os comandantes militares, com umas outras pessoas perdidas por ali. Mas nada com muita profundidade, porque quando você perde a eleição, você fica um peixe fora d'água. Metade do seu ministério, você tem que tomar cuidado para conversar com os caras, né? E também eles querem voltar à normalidade da vida deles, você não pode botar pressão em cima deles. E daí, no depoimento do comandante do Exército, ele fala que foi discutida possibilidade de dispositivos constitucionais. Qual o problema? Nenhum. O PGR falou de estado de defesa ou sítio. Primeiro passo é convocar os conselhos da República e da Defesa. Isso não foi convocado, não houve nem cogitação de nada.

P - Em 7 de setembro de 2021, o sr. chegou a mencionar que chamaria o Conselho da República. Isso já era uma coisa que estava na cabeça do senhor desde 2021?

JB - Eu quero saber quando eu falei isso, não estou lembrado... Mas, se falei, não tem crime nenhum nisso aí.

P - Por que o sr. discutiu essas alternativas com os militares?

JB - Tem que discutir com várias pessoas. Eu tenho muita confiança nos militares. Não tem problema nenhum conversar. Conversa primeiro com o ministro da Defesa. Depois, na segunda reunião que apareceu os caras lá. Existe algo fundamentado, concretamente, para gente buscar uma alternativa? Chegou à conclusão que, mesmo que tivesse, não vai prosseguir. Então esquece.

P - Discutir uma alternativa com os militares que fosse para impedir o presidente Lula de assumir o mandato não seria uma tentativa de golpe de Estado?

JB - Golpe não tem Constituição. Um golpe, a história nos mostra, você não resolve em meses. Anos. E, para você dar um golpe, ao arrepio das leis, você tem que buscar como é que está a imprensa, quem vai ser nosso porta-voz, empresarial, núcleos religiosos, Parlamento, fora do Brasil. O "after day", como é que fica? Então foi descartado logo de cara.

P - Foi descartado porque o Freire Gomes [então comandante do Exército] não deu apoio a essa iniciativa?

JB - Não pedi apoio para ninguém. Pergunta para o Freire Gomes se, em algum momento, eu falei golpe. Vai responder que não. Se você quer dar golpe, troca o ministro da Defesa, troca o comandante de Força, bota um pessoal disposto a sair fora das quatro linhas. Mas isso não passou pela cabeça. Você não dá golpe à luz do dia. Você vai criando um fato, uma oportunidade, como o Lula diz, né? Então estão construindo narrativa. Porque, obviamente, a não eleição nossa nos pegou de surpresa. O TSE, é bom você publicar, tomou providências contra Jair Bolsonaro, o candidato.

P - O sr. se arrepende de não ter reconhecido firmemente o resultado das urnas em 2022?

JB - Não me arrependo. Eu tinha meus questionamentos. Todo candidato faz isso quando ele vislumbra qualquer possibilidade. E eu jamais passaria faixa para ele [Lula] também, mesmo que tivesse dúvidas de nada.

P - E o sr. se arrepende de ter discutido essas alternativas que o levam hoje a ser julgado pela trama golpista?

JB - É uma história contada por aquela parte da Polícia Federal vinculada ao senhor Alexandre de Moraes. Aqui [Constituição] é a minha Bíblia. Tenho um problema, recorro a isso aqui. Agora, se não se pode falar estado defesa, de sítio, se revoga isso aqui. Pronto. Agora, não pode quando alguém fala sobre esse assunto e outra pessoa tem opinião contrária, passa a ser golpe.

P - E o sr. apoiaria um projeto de anistia que não o contemplasse?

JB - Olha só, quando começou a tramitar, eu falei não quero saber de anistia envolvendo meu nome. Como é que eu podia imaginar que me colocariam no [processo do] 8 de janeiro, se eu estava lá nos Estados Unidos? Não acharam nada a meu respeito. Olha só, anistia, você tem que fazer, não é para... Quando é individual, chama-se graça.

P - O sr. teme que, se for efetuada uma prisão, possa ser o fim da sua carreira política?

JB - É o fim da minha vida. Eu já estou com 70 anos.

P - Como seria uma prisão para o sr.?

JB - Completamente injusta uma possível prisão. Cadê meu crime? Onde eu quebrei alguma coisa? Cadê a prova de um possível golpe? A não ser discutir dispositivos constitucionais que não saíram do âmbito de palavras.

P - O sr. cogita se juntar ao Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, pedir asilo político? Já chegou a conversar sobre isso com algum chefe de Estado?

JB - Zero, zero, zero. Eu acho que eu estou com uma cara boa aqui. Tenho 70 anos, me sinto bem. Eu quero o bem do meu país.

*

RAIO-X | JAIR BOLSONARO, 70

É ex-presidente do Brasil. Foi derrotado no segundo turno das eleições de 2022 por Lula (PT) e declarado inelegível pelo TSE até 2030. Antes havia sido deputado federal durante 27 anos. Capitão reformado do Exército, hoje é presidente de honra do PL. Tornou-se réu sob a acusação de liderar trama golpista no final de seu governo.