Quatro novas denúncias foram realizadas. Vítimas apresentaram laudos que apontam produtos como óleo de silicone e polimetilmetacrilato (PMMA) nos rostos delas após procedimentos no clínica

Karine Giselle Gouveia e marido Paulo César Dias Gonçalves, donos das clínicas Karine Gouveia (Reprodução/Redes sociais)
O número de possíveis vítimas da clínica de estética do casal de influenciadores Karine Giselle Gouveia e Paulo César Dias Gonçalves, subiu. De acordo com o delegado atualmente responsável pelo caso, Breynner Vasconcelos, só na última sexta-feira (29), quatro novas denúncias foram registradas, subindo o total para mais de 120 mulheres que relatam complicações graves após procedimentos estéticos no local. A defesa do casal nega as acusações.
De acordo com a Polícia Civil, mais de 30 vítimas já foram formalmente incluídas no inquérito, além de outros 100 casos que ainda estão sob análise. As autoridades também apuraram que pelo menos 6 mil pessoas passaram por procedimentos na clínica entre 2018 e 2019, muitas delas sendo submetidas ao uso de substâncias de alto risco para a saúde.
Depoimentos
Em entrevista à TV Anhanguera, duas das vítimas, que registraram denúncia na última sexta, relataram o sofrimento causado pelos procedimentos realizados na clínica. Uma comerciante contou que descobriu, através de laudos médicos, que produtos como óleo de silicone e polimetilmetacrilato (PMMA) foram aplicados em seu rosto.
Depois de um certo tempo, senti meu rosto formigar, coçar e achei que era normal. Mas quando fui investigar, descobri que tinha PMMA e óleo de silicone na minha pele. Meu rosto só tem silicone agora. Isso é gravíssimo, e se eu precisar fazer outro procedimento tem risco de morte", disse ao repórter Honório Jacometto.
Outra vítima, uma estudante de 21 anos, procurou a clínica em 2018 para realizar um procedimento de rinomodelação. No entanto, o procedimento que seria para aliviar um incômodo estético se tornou um problema de saúde. "No início de 2024, começaram a aparecer espinhas na ponta do nariz, e um exame revelou que havia PMMA. Eu paguei para colocar ácido hialurônico, mas ela aplicou PMMA. Desde então, já fiz duas cirurgias para tentar retirar o produto e vou precisar de mais uma", explicou.
Defesa
Por meio de nota, a defesa do casal afirmou que "Karine Gouveia nunca adquiriu óleo de silicone e PMMA, assim como nunca foi utilizado e nunca anuiu que utilizassem na clínica esses produtos", declarou a defesa. No entanto, no comunicado, a defesa não comenta sobre o aumento do número de possíveis vítimas.
Além disso, o advogado afirmou que busca para que os casos sejam analisados individualmente, "respeitando o contraditório e a ampla defesa". "Karine, desde o início, jamais se furtou ao cumprimento da lei e está à disposição para esclarecer, em juízo, todos os pontos questionados", afirmou (leia a nota completa ao final do texto).
Prisão
As investigações começaram em fevereiro de 2024 e, no dia 18 de dezembro do mesmo ano, os donos das clínicas, localizadas em Goiânia e Anápolis, foram presos. Apesar de terem sido soltos no dia 7 de fevereiro de 2025, voltaram à prisão no último dia 12 de março, após a polícia constatar desobediência às medidas cautelares. Karine e Paulo César foram indiciados pela Polícia Civil por nove crimes, incluindo lesão corporal gravíssima e exercício ilegal da medicina. Outros 13 profissionais podem responder pelo caso.
O inquérito, que foi formalizado em um documento de 15 volumes, foi encaminhado ao Poder Judiciário no dia 21 de março e agora aguarda a análise do Ministério Público de Goiás (MP-GO).

Foto mostra vítimas com nariz necrosado e a paciente entubada após o procedimento. (Divulgação/Polícia Civil)
Falsificação
Um vídeo feito por uma biomédica revelou que pacientes da clínica, supostamente receberam aplicações de óleo de silicone em vez de ácido hialurônico (assista abaixo). Um ex-funcionário percebeu a fraude ao notar a diferença na textura do produto e relatou o caso à polícia.
Depoimentos apontam que Karine comprava óleo de silicone e toxina botulínica no Paraguai e falsificava rótulos com selo da Anvisa. Um ex-funcionário afirmou ter alertado Paulo César sobre a adulteração, mas foi ignorado. A defesa dos acusados nega as acusações, alegando falta de provas e afirmando que todos os produtos tinham nota fiscal. A polícia ainda investiga a origem dos produtos e do fornecedor.
NOTA
"A Karine Gouveia nunca adquiriu óleo de silicone e PMMA, assim como nunca foi utilizado e nunca anuiu que utilizassem na clínica esses produtos. Respeitamos profundamente cada uma das pessoas que supostamente estão denunciando. A defesa técnica de Karine Gouveia seguirá atuando com firmeza na busca por um processo justo, em que, como dito, cada acusação seja devidamente individualizada, respeitando o contraditório e a ampla defesa. Karine, desde o início, jamais se furtou ao cumprimento da lei e está à disposição para esclarecer, em juízo, todos os pontos questionados. Inclusive, é bom que se diga que Karine, apesar de manifestar interesse expresso ao Delegado em esclarecer os fatos, nunca foi colhido o seu depoimento nessa investigação.
Goiânia, Goiás, 29 de março de 2025.
ROMERO FERRAZ FILHO Advogado de defesa de Karine Gouveia"