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Cinco pessoas são denunciadas pelo MP por envolvimento na chacina de família do DF

Dez pessoas da mesma família foram assassinadas. Segundo a polícia do DF, o objetivo dos suspeitos era vender uma chácara no valor de R$ 2 milhões

Modificado em 19/09/2024, 00:11

10 pessoas da mesma família foram mortas em um crime que chocou o país

10 pessoas da mesma família foram mortas em um crime que chocou o país (Reprodução/Redes sociais)

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) denunciou nesta quinta-feira (2) cinco pessoas suspeitas de estarem envolvidas na chacina, em Planaltina, no Distrito Federal (DF). No total, dez pessoas da mesma família foram assassinadas. Segundo a polícia do DF, o objetivo dos suspeitos era vender uma chácara no valor de R$ 2 milhões.

Os denunciados são: Gideon Batista de Menezes, Horácio Carlos Ferreira Barbosa, Carlomam dos Santos Nogueira, Fabrício Silva Canhedo e Carlos Henrique Alves da Silva. De acordo com a instituição, o processo foi remetido à Justiça e, caso seja aceito, os suspeitos responderão pelo assassinato das dez vítimas.

"Um caso sem precedentes na história do Distrito Federal e, inegavelmente, um dos crimes mais brutais já praticados no Brasil. Uma ação planejada, organizada e executada com profunda frieza. Segundo as investigações, mais de cem crimes foram cometidos pelos denunciados", afirma o promotor de Justiça, Nathan Neto.

Crimes

Conforme o MP, os suspeitos foram denunciados pelos seguintes crimes:

  • Gideon: homicídio triplamente qualificado, homicídio duplamente qualificado, ocultação e destruição de cadáver, corrupção de menores, sequestro e cárcere privado, extorsão mediante sequestro, constrangimento ilegal com uso de arma, associação criminosa e roubo;
  • Horácio: homicídio quadruplamente qualificado, homicídio triplamente qualificado, homicídio duplamente qualificado, ocultação e destruição de cadáver, corrupção de menores, extorsão mediante sequestro, sequestro e cárcere privado, constrangimento ilegal com uso de arma, associação criminosa, roubo e fraude processual;
  • Carlomam: homicídio quadruplamente qualificado, homicídio triplamente qualificado, extorsão mediante sequestro, corrupção de menor, ocultação e destruição de cadáver, sequestro e cárcere privado, ameaça com uso de arma, associação criminosa, constrangimento ilegal com uso de arma e roubo;
  • Carlos: homicídio duplamente qualificado, sequestro e cárcere privado;
  • Fabrício: extorsão mediante sequestro, associação criminosa, roubo e fraude processual.
  • Relembre

    Inicialmente, a Polícia Civil (PC) registrou o desaparecimento da cabeleireira Elizamar da Silva, de 39 anos, e de seus três filhos no dia 12 janeiro. O carro dela foi encontrado carbonizado no dia seguinte (13), próximo a Cristalina, a 282 km de Goiânia, com quatro corpos dentro.

    O marido de Elizamar, de 30 anos, os sogros dela, de 52 e 54 anos, e uma tia das crianças, de 25 anos, também desapareceram. O caso foi registrado na sede da 33ª DP na noite do dia 15 de janeiro. O carro do marido da cabeleireira foi encontrado carbonizado no dia 16 de janeiro, na rodovia BR-251, com dois corpos dentro.

    Além deles, a corporação registrou o desaparecimento da segunda esposa do sogro da cabeleireira, de 54 anos, e da filha dela, de 19. Três corpos foram encontrados dentro de um cisterna, em Planaltina. Ao todo, dez pessoas da mesma família desapareceram e os corpos foram encontrados e identificados:

  • Elizamar da Silva: cabeleireira -- corpo encontrado carbonizado dentro de um carro em Cristalina (GO);
  • Thiago Gabriel Belchior: marido de Elizamar Silva - corpo encontrado em uma cisterna na área rural de Planaltina (DF);
  • Rafael da Silva: filho de Elizamar e Thiago - corpo encontrado carbonizado dentro de um carro em Cristalina (GO);
  • Rafaela da Silva: filha de Elizamar e Thiago - corpo encontrado carbonizado dentro de um carro em Cristalina (GO);
  • Gabriel da Silva: filho de Elizamar e Thiago - corpo encontrado carbonizado dentro de um carro em Cristalina (GO);
  • Marcos Antônio Lopes de Oliveira: pai de Thiago e sogro de Elizamar -- corpo encontrado esquartejado no interior do cativeiro em Planaltina (DF);
  • Cláudia Regina Marques de Oliveira: segunda mulher de Marcos Antônio - corpo encontrado em uma cisterna na área rural de Planaltina (DF);
  • Renata Juliene Belchior: mãe de Thiago e sogra de Elizamar - corpo encontrado carbonizado dentro de um carro em Unaí (MG);
  • Gabriela Belchior: irmã de Thiago e cunhada de Elizamar - corpo encontrado carbonizado dentro de um carro em Unaí (MG);
  • Ana Beatriz Marques de Oliveira: filha de Cláudia e Marcos Antônio - corpo encontrado em uma cisterna na área rural de Planaltina (DF).
  • Motivação

    Após a conclusão das investigações, a PCDF identificou que a motivação do crime seria uma chácara no valor de R$ 2 milhões, de Marcos Antônio. De acordo com o MP, inicialmente, o plano seria matar o sogro da cabeleireira e sequestrar as pessoas da família dele para que eles pudessem vender o imóvel.

    Entretanto, segundo o delegado responsável pelas investigações, Ricardo Viana, da 6ª Delegacia de Polícia do Paranoá, o local havia sido invadido por dois membros da família há três anos e os verdadeiros donos do imóvel tentavam, na Justiça, retomar a posse. A PC apura ainda se havia um potencial comprador.

    A denúncia contra Gideon, Horácio, Carlomam, Fabrício e Carlos foi oferecida pela 1ª Promotoria de Justiça do Tribunal do Júri de Planaltina. A reportagem questionou se o processo foi recebido pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), mas ainda não teve retorno. A reportagem não conseguiu localizar a defesa dos suspeitos até a última atualização da matéria.

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    Organização criminosa movimentou R$ 4,5 milhões em contas bancárias de parentes de presos, diz polícia

    Operação da Polícia Civil investiga grupo suspeito de tráfico de drogas que atuava na região sul do Tocantins. Secretário municipal da Juventude de Figueirópolis está entre os presos e é exonerado do cargo

    Grupo também é investigado por lavagem de dinheiro (Polícia Civil/Divulgação)

    Grupo também é investigado por lavagem de dinheiro (Polícia Civil/Divulgação)

    O grupo criminoso suspeito de tráfico interestadual de drogas utilizava contas bancárias de parentes de criminosos presos para lavar dinheiro, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP). A organização movimentou cerca R$ 4,5 milhões ao longo de dois anos de atuação em Gurupi e outras cidades da região sul do estado.

    Oito suspeitos foram presos durante a segunda fase da Operação 1º Coríntios 15:33, nesta terça-feira (21). Um dos alvos é Luan Elvio Barros de Oliveira, que estava ocupando o cargo de secretário municipal da Juventude de Figueirópolis e foi exonerado do cargo pelo município. O Daqui não conseguiu contato com a defesa dele.

    Outro alvo foi preso em flagrante por tentar destruir um aparelho celular e um terceiro foi flagrado com drogas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Os nomes não foram divulgados.

    Segundo o delegado Rafael Fortes Falcão, após as prisões da 1ª fase da operação, em julho de 2024, foi verificado que alguns dos suspeitos realizaram muitas movimentações por meio de depósitos, saques e transferências fracionadas em contas de passagem.

    Essa estratégia tinha como objetivo dificultar o rastreamento do dinheiro. Solicitamos a prisão de uma das suspeitas após constatarmos que, mesmo desempregada, e com o marido preso após a primeira fase da operação, ela continuava movimentando quantias significativas", explicou.

    Durante esta fase da operação foram apreendidos documentos, aparelhos celulares, cartões bancários, R$ 750,00 em dinheiro, um notebook, um automóvel, uma arma de fogo calibre 380, munições calibre 9m e aproximadamente 6kg de drogas.

    A ação foi coordenada pela 8ª Divisão Especializada de Repressão ao Crime Organizado (DEIC- Gurupi) e realizada de forma simultânea em Gurupi, Formoso do Araguaia e Figueirópolis. A operação também contou com apoio da PRF e das polícias Civis de Goiás e do Rio de Janeiro, onde também estão sendo feitas ações.

    Prisões

    Nesta fase da operação foram expedidos 18 mandados de prisão preventiva e três mandados de busca e apreensão.

    O secretário municipal da Juventude de Figueirópolis, Luan Elvio Barros de Oliveira, foi um dos presos. Conforme a SSP, ele é investigado por organização criminosa, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Luan Elivio havia sido nomeado para o cargo de secretário no dia 3 de janeiro deste ano.

    Luan Elvio Barros de Oliveira, ex-secretário municipal da juventude de Figueirópolis (Reprodução/Redes sociais)

    Luan Elvio Barros de Oliveira, ex-secretário municipal da juventude de Figueirópolis (Reprodução/Redes sociais)

    O prefeito de Figueirópolis, José Fontoura Primo (Republicanos), informou em nota que o secretário foi exonerado do cargo. Segundo o prefeito, a administração municipal tomou conhecimento da operação somente nesta terça-feira, por se tratar de investigação sigilosa. Disse ainda que os fatos investigados não possuem qualquer vínculo com gestão pública municipal (veja nota na íntegra abaixo).

    A SSP informou que um dos alvos da operação foi preso em trânsito entre São Paulo e Rio de Janeiro na sexta-feira (17). Durante a abordagem ao suspeito foram apreendidos um veículo e um aparelho celular, que estão sendo analisados pelas autoridades para auxiliar nas investigações.

    Outro suspeito teve a prisão antecipada para segunda-feira (20), em Gurupi, após mudar de endereço.

    1ª fase da operação

    Em julho de 2024, três policiais penais foram alvos de mandados de busca e apreensão por suspeita de envolvimento com um grupo criminoso. Não foi informado qual seria o envolvimento deles no caso. Os nomes não foram informados e o Daqui não conseguiu contato com a defesa.

    Na época, a Secretaria de Cidadania e Justiça (Seciju) informou que daria início a uma investigação preliminar para averiguar se os fatos estavam relacionados à atuação desses servidores, e que devido à presunção de inocência e necessidade de garantir um processo justo não seria determinado o afastamento dos policias penais.

    Também foram cumpridos dez mandados de prisão preventiva, seis pessoas foram presas em flagrante e mais oito pessoas presas em decorrência de mandados.

    Um espaço de eventos, supostamente utilizado para a lavagem de dinheiro do tráfico, foi embargado. Houve a apreensão de documentos, drogas, armas, inclusive de calibre restrito, veículos e demais objetos de interesse para as investigações.

    Íntegra da nota do prefeito de Figueirópolis
    O prefeito de Figueirópolis-TO, José Fontoura Primo, vem a público informar e esclarecer a sociedade local que foi surpreendido com o cumprimento de um mandado de prisão contra o Secretário de Juventude, Luan Elvio Barros de Oliveira, ocorrido nesta manhã do dia 21 de janeiro de 2025. É fato ainda que o gestor municipal só tomou conhecimento de toda investigação na manhã dessa terça-feira, pois se trata de investigação sigilosa.

    Ademais até que se prove algo deve se presumir a inocência de qualquer cidadão. Importante ressaltar que a Assessoria Jurídica do município informa que os fatos investigados não possuem qualquer vínculo com gestão pública municipal.

    Ante ao fato, o prefeito Fontoura determinou a exoneração de Luan Elvio Barros de Oliveira do cargo de secretário.

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    Jovem desaparecido em 2018 teria sido morto por policiais

    João Vitor de Oliveira, de 14 anos, jogava videogame quando 4 PMs entraram na casa no Solar Bougainville, em Goiãnia, mataram três amigos seus e o levaram até matagal onde foi executado. Promotores abriram inquérito próprio após caso ficar dois anos parado na Polícia Civil

    João Vitor de Oliveira foi à casa do amigo para jogar videogame

    João Vitor de Oliveira foi à casa do amigo para jogar videogame (Arquivo Pessoal)

    O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) denunciou nesta segunda-feira (9) quatro policiais militares pelo assassinato de quatro jovens durante abordagem em uma casa no Residencial Solar Bougainville, em Goiânia, em abril de 2018. Uma das vítimas, o estudante João Vitor Mateus de Oliveira, de 14 anos, foi levado da residência até um matagal, onde foi executado. Até então, como os policiais militares negam que João Vitor estivesse no imóvel, ele era considerado oficialmente desaparecido. Apesar da conclusão do MP-GO, o corpo do adolescente nunca foi localizado.

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    A chacina no Solar Bougainville levou à criação de um coletivo chamado Mães pela Paz, que acolhe mães que tiveram os filhos mortos em abordagens policiais em Goiás. Com frequência, eles cobravam da Polícia Civil e do MP-GO uma resposta principalmente sobre o desaparecimento de João Vitor. Além dele, foram assassinados Matheus Henrique de Barros Melo, de 19 anos, que morava na casa invadida, o atendente de restaurante Marley Ferreira Nunes, de 17, e o assistente de mecânico Divino Gustavo de Oliveira, de 19.

    A Polícia Civil tratou a situação de João Vitor como desaparecimento. Os policiais militares negavam que o adolescente estivesse na residência, apesar da confirmação de testemunhas e parentes. A avó de Matheus, que era dona da residência, chegou a dizer que ao sair do local, às 14h, todos os quatro estavam lá. Ainda segundo a versão dos policiais, os três mortos reagiram à entrada da equipe no imóvel com disparos, forçando-os a reagir.

    As investigações apontam que os policiais levaram João Vitor da casa do Bougainville após matarem os outros jovens e o levaram primeiro para uma outra localidade na viatura em que estavam, depois o colocaram em um carro descaracterizado e foram até uma mata no Setor Forteville, a cerca de quatro quilômetros do local da abordagem. O adolescente teria sido morto com três tiros e seu corpo nunca foi encontrado. No matagal onde o MP-GO acredita que ele foi executado foram encontrados os chinelos que ele usava no dia, a carcaça do celular dele e três cápsulas de arma de fogo.

    Foram denunciados pelas mortes o segundo tenente Fabrício Francisco da Costa, de 42 anos, o terceiro sargento Thiago Antonio de Almeida, de 37, o cabo Eder de Sousa Bernardes, de 40, e o soldado Cledson Valadares Silva Barbosa, de 33. Eles integravam o Batalhão de Choque e foram até a casa de Matheus para supostamente apurar uma denúncia anônima de que alguém havia deixado lá um veículo roubado. Quando eles entraram no imóvel, os quatro jovens estariam jogando videogame, como costumavam fazer, segundo familiares.

    Conforme consta na denúncia, o segundo tenente matou Marley com quatro tiros nos fundos da residência, enquanto o soldado matou Matheus com dois tiros no peito em um dos quatros e o cabo matou Divino com três tiros em outro quarto. Divino teria trancado a porta do cômodo, levando Eder a arrombar a porta antes de atirar. Já o terceiro sargento, que seria o motorista da equipe policial foi quem colocou a viatura com a parte traseira voltada para a casa de modo que ninguém visse o momento em que João Vitor foi colocado em seu interior.

    O MP-GO destaca o fato de que os peritos não encontraram indícios de que houve a troca de tiros alegada pelos policiais e que os mesmos haviam informado posteriormente, no registro da ocorrência, que recolheram as supostas armas que pertenceriam às vítimas. Para os promotores do caso, a informação sobre as armas é mentirosa e foi dada para encobrir as execuções. No caso de Divino, os peritos destacaram a ausência de quaisquer evidências que confirmassem ter havido disparos por parte da vítima contra o policial que o matou.

    João Vitor foi morto, segundo a denúncia, para que não testemunhasse junto à Polícia Civil e na Justiça sobre a forma como os amigos foram executados e foi levado para a mata em outro bairro porque os policiais não conseguiram matá-lo na própria residência de modo que pudessem depois sugerir que ele disparou primeiro contra a equipe. "A morte e a ocultação do cadáver da vítima João Vitor foram praticadas para encobrir a ausência de causa justificante para a ação criminosa desenvolvida no interior da residência."

    O MP-GO também pediu o afastamento dos policiais de suas funções nas ruas, alegando que os mesmos se envolveram em outros casos de mortes em abordagens, com exceção de Thiago. Cledson, por exemplo, aparece como participante de ações que resultaram em seis mortes, e Eder, em quatro.

    A denúncia feita pelo MP-GO foi possível após a abertura de um procedimento investigatório criminal (PIC) em novembro de 2023 pelo Grupo de Atuação Especial no Controle Externo da Atividade Policial e na Segurança Pública (Gaesp) após reclamação de familiares e de autoridades políticas quanto a falta de respostas por parte da Polícia Civil nos inquéritos abertos. As últimas diligências por parte da Delegacia de Homicídios datavam de novembro de 2021.

    O documento entregue à Justiça no final da tarde de segunda-feira (9) pelo MP-GO tem cerca de 2,7 mil páginas. Há diversos relatos e laudos, como, por exemplo, o depoimento de um vizinho que disse ter ouvido uma pessoa no interior da casa pedindo para não ser morta. Há também testemunhos de que havia alguém na parte traseira da viatura dando chutes e gritando quando o veículo saiu.

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    Corregedoria afasta PM denunciado por estupro em Aparecida de Goiânia

    Vítima relata ter sido coagida por agente que invadiu sua residência em busca de foragido. Caso ocorreu no dia 8 de junho

    Modificado em 17/09/2024, 16:25

    Corregedoria abriu um Inquérito Policial Militar para investigar o caso

    Corregedoria abriu um Inquérito Policial Militar para investigar o caso
 (Wildes Barbosa)

    ++GABRIELLA BRAGA++

    A Corregedoria da Polícia Militar do Estado de Goiás (PM-GO) afastou um policial militar denunciado por estupro contra uma mulher em Aparecida de Goiânia. O caso teria ocorrido no último dia 8, no Setor Vale do Sol.

    Conforme a denúncia formalizada pela vítima na Casa de Correições da PM-GO, ela estava em casa por volta de 10h30 quando percebeu que dois PMs pularam o muro da residência, e outro entrou pelo portão da frente.

    Ela relata que não autorizou a entrada dos policiais militares, mas que os agentes alegaram que estavam em busca de um foragido. A mulher conta ainda que, logo após, começou a ser questionada se havia armas ou drogas na residência.

    Após ter informado que não havia drogas ou armas no local, um dos PMs solicitou o HD da câmera de segurança da residência, que foi entregue e levada pelo agente.

    O crime sexual teria ocorrido logo em seguida, por apenas um dos militares, que teria chamado a mulher para um "barracão" no mesmo lote. Lá, o policial teria solicitado o número de telefone da vítima e começado o abuso sexual.

    Mesmo tendo sido negada qualquer investida, ela relata na denúncia que foi coagida para ter uma relação sexual forçada após o agente dizer que colocaria drogas e armas dentro da residência no intuito de incriminá-la para retirar a guarda da filha, de três anos.

    A mulher relata que permaneceu no local durante seis minutos, o tempo que teria ocorrido o estupro, até que a filha foi ao seu encontro. Neste momento, conta, teria cessado a violência sexual.

    Ainda conforme a denúncia formalizada na PM-GO, logo após o crime, a vítima esteve na Central de Flagrantes da Polícia Civil do Estado de Goiás (PC-GO) para registrar o boletim de ocorrência.

    Em seguida, foi realizado o exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) da Superintendência da Polícia Técnico-Científica (SPTC), tendo, posteriormente, sido encaminhada ao Hospital Estadual da Mulher Dr. Jurandir do Nascimento (Hemu) para tomar os remédios preventivos.

    "Tudo ocorreu sem o uso de preservativo sendo que estava sob ameaça e nervosa", consta na denúncia.

    Em nota, a PM-GO diz que "a Corregedoria abriu um Inquérito Policial Militar (IPM) para investigar o caso, e o policial acusado foi afastado preventivamente das funções operacionais."

    "A PM-GO não compactua com desvios de conduta e está tomando todas as medidas cabíveis para garantir justiça", finaliza a nota.

    O jornal questionou o nome do PM envolvido, mas a corporação diz que "por motivos legais e para preservar a investigação e a identidade da vítima, não serão divulgadas maiores informações". Por isso, a reportagem não conseguir localizar a defesa do militar.

    Conforme dados do Observatório da Secretaria de Estado da Segurança Pública de Goiás (SSP-GO), nos três primeiros meses deste ano, já foram registrados 160 casos de estupro em todo o Estado.

    O número é pouco menor que o registrado no mesmo período do ano passado, quando foram 174 casos de violência sexual. Em 2023, ao todo, 720 estupros chegaram ao conhecimento das forças de segurança pública do Estado.

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    Suspeito de matar família em MT matou jornalista enforcado em Goiás, diz Justiça

    Gilberto Rodrigues dos Anjos, de 32 anos, é acusado de ter matado um jornalista enforcado e roubado o carro dele, em 2013. Na última segunda, foi preso no Mato Grosso suspeito de matar mãe e três filhas.

    Modificado em 19/09/2024, 01:13

    Gilberto Rodrigues dos Anjos foi preso após matar mãe e três filhas em Mato Grosso

    Gilberto Rodrigues dos Anjos foi preso após matar mãe e três filhas em Mato Grosso (Reprodução / g1 MT)

    O funcionário de uma obra que foi preso suspeito de uma chacina que matou mãe e três filhas, em Sorriso (MT), também era considerado foragido em Mineiros, no sudoeste de Goiás. Gilberto Rodrigues dos Anjos, de 32 anos, é acusado de ter matado um jornalista enforcado e roubado o carro dele, em 2013. O crime teria acontecido depois que o jornalista tentou se relacionar amorosamente com Gilberto.

    A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Gilberto para se manifestar sobre o caso até a última atualização desta reportagem.

    O Daqui teve acesso ao inquérito e à denúncia oferecida pelo Ministério Público de Goiás à Justiça quando o crime aconteceu. Os documentos revelam que, durante a madrugada de 22 de dezembro de 2013, Gilberto conheceu o jornalista Osni Mendes em um bar da cidade de Mineiros. Os dois teriam começado a conversar, até que Osni ofereceu uma carona ao acusado para irem até outro bar.

    Gilberto aceitou o convite e os dois entraram no carro do jornalista. Durante o trajeto, Osni parou o carro, alegando que iria fazer xixi e ofereceu que Gilberto também descesse do veículo para esticar as pernas.

    Segundo o acusado, quando os dois estavam fora do carro, Osni tentou beijá-lo à força e ele reagiu lhe empurrando e dando socos no rosto. A partir disso, os dois homens entraram em luta corporal, até que Gilberto nocauteou o jornalista com murros. Em seguida, usou a camisa da vítima para enforcá-la, causando sua morte.

    Roubou carro de jornalista morto

    Segundo o inquérito policial, depois do crime, Gilberto fugiu no carro do jornalista e se escondeu na chácara de um amigo. Com o passar dos dias, passou a usar o carro da vítima para buscar cervejas. Ele foi encontrado pela polícia cinco dias depois do crime em um bar de Mineiros.

    Ao ser abordado pelos policiais e questionado sobre a origem do carro, Gilberto não reagiu e imediatamente confessou o crime. Ele foi preso em flagrante e levado para a delegacia.

    Como o jornalista foi morto com extrema violência e Gilberto fugiu da cena do crime, o delegado da época pediu à Justiça que a prisão dele fosse convertida em preventiva.

    "Demonstra postura resistente e desafiadora por parte dos representados, tenta furtar-se à aplicação da lei penal, o que popularmente se conhece como fugir ao flagrante e apresenta-se depois das 24 horas", descreveu o delegado Júlio César Arana Vargas.

    O pedido foi aceito pela Justiça e, com isso, Gilberto passou a ficar preso de forma preventiva no presídio da cidade.

    Relaxamento da prisão

    Os documentos acessados pela reportagem mostram que Gilberto ficou preso pela morte de Osni por mais de 160 dias. Mas, em junho de 2014, conseguiu na Justiça um relaxamento de prisão, por conta do excesso de prazo na conclusão do inquérito policial.

    Isso porque, o caso foi encaminhado para juízo em 6 de janeiro de 2014, mas o Ministério Público decidiu encerrar prematuramente a investigação policial, tendo solicitado a realização de algumas ações investigativas que deveriam ser concluídas em um prazo de 30 dias.

    Os documentos relacionados ao caso foram enviados de volta à delegacia em 27 de janeiro de 2014. Mas o inquérito só foi devolvido ao tribunal em 21 de maio de 2014, cerca de 4 meses desde a sua remessa inicial. Durante todo esse período a prisão preventiva do acusado continuou em vigor.

    "Gilberto encontra-se custodiado cautelarmente há mais de 160 dias e não há acusação regularmente formulada pelo Estado em seu desfavor", considerou o juiz Fábio Vinícius Gorni, na época, ao conceder o relaxamento.

    Foragido

    Gilberto voltou à liberdade e, quando intimado novamente para prestar esclarecimentos, não foi mais encontrado. A Justiça decidiu expedir novamente um mandado de prisão preventiva contra ele, mas a ordem nunca chegou a ser cumprida.

    Com a prisão dele no Mato Grosso, na última segunda-feira (27), a Justiça de Goiás atualizou o processo da morte de Osni para réu preso.