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Circulação de sorotipo 3 da dengue causa preocupação em Goiás

Governo repassa orientações aos municípios goianos relacionadas à prevenção de doenças em decorrência das enchentes, com atenção especial ao mosquito Aedes aegypti e à leptospirose

Modificado em 18/01/2025, 11:36

Com enchentes, mosquito Aedes aegypti volta a ser motivo de preocupação

Com enchentes, mosquito Aedes aegypti volta a ser motivo de preocupação (Pixabay)

Nesta sexta-feira (17), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), repassou orientações aos municípios goianos relacionadas à prevenção de doenças em decorrência das enchentes. Ele chamou a atenção para a dengue, mas também destacou a importância das prefeituras se atentarem para a leptospirose, tétano e acometimentos gastrointestinais.

A dengue tem sido um ponto de alerta porque o sorotipo 3 da doença voltou a circular em Goiás depois de anos com predominância dos sorotipos 1 e 2. "Já foi identificado esse sorotipo 3 em três cidades: Anápolis, Goiatuba e Rio Verde", alertou Caiado. O período do ano com maior transmissão da doença ocorre nos meses mais chuvosos porque o mosquito que é o vetor da doença, o Aedes aegypti, se reproduz na água parada.

A superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), Flúvia Amorim, explica que a pasta tem adotado estratégias para controlar a disseminação do mosquito e eliminar criadouros. "Neste ano, vamos começar a utilizar, junto com os municípios, a borrifação residual intradomiciliar. Antigamente, só fazíamos do lado de fora. Agora, para locais com grandes aglomerados de pessoas, temos a possibilidade dessa borrifação residual", esclarece.

Na última semana, a SES-GO ainda recebeu cerca de 140 mil doses da vacina contra a dengue. Os imunizantes, enviados pelo Ministério da Saúde, são direcionados para crianças e adolescentes com idade entre 6 e 16 anos. "Comece (o esquema vacinal) o mais rápido possível", apela Flúvia, já que a adesão à vacinação pelo público-alvo tem sido abaixo do esperado.

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Goiás registra mais de 4 mil casos de dengue em janeiro e tem 15 cidades em situação de emergência, diz Saúde

Estado tem 5.689 casos confirmados nesta terça-feira e outros 12.777 em investigação

Modificado em 04/02/2025, 14:01

Mosquito Aedes aegypti é o transmissor da dengue, zika e chikungunya

Mosquito Aedes aegypti é o transmissor da dengue, zika e chikungunya (Raul Santana/Fiocruz)

Goiás registrou mais de 4 mil casos de dengue em janeiro deste ano e tem 15 cidades em situação de emergência, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO (confira a lista abaixo). Nesta terça-feira (4), o estado tem 5.689 casos confirmados e outros 12.777 em investigação. A SES-GO informou que neste momento, não há decreto de emergência em nível estadual.

Já iniciamos as visitas em alguns municípios que estão com o número de casos acima do esperado. Nessas visitas vão pessoas especializadas para identificar, junto com a equipe local, quais são as principais dificuldades com o objetivo de melhorar a qualidade da assistência, tentar conter ou diminuir a transmissão e ter números melhores, com menos óbitos e casos", explicou a subsecretária de Vigilância em Saúde da SES-GO, Flúvia Amorim.

O número de casos ainda é menor comparado ao mesmo período de 2024, quando foram registrados 12.479 casos. Ao POPULAR , a superintendente de Vigilância Epidemiológica e Imunização da SES-GO, Dra. Cristina Laval, explicou que o motivo de tantos casos no ano passado foi a inversão do sorotipo da dengue, quando o sorotipo 2 passou a ser mais frequente.

"75% dessas amostras no ano de 2024 foi do sorotipo 2. Então a possibilidade de haver uma explosão de casos dessas pessoas que não haviam tido contato ainda com o sorotipo 2 fez com que houvesse essa situação que vivenciamos em 2024. E a se você tem um grande número de casos, consequentemente você tem mais casos graves e óbitos. O que a gente tem observado agora no início de 2025 esse cenário permanece o mesmo. O sorotipo mais frequente tem sido o 2. Se permanecer essa situação, com certeza nós vamos ter um cenário bem mais tranquilo do que nós tivemos em 2024, que foi a nossa pior epidemia", ressalta Cristina.

Monitoramento

De acordo com a SES-GO, o importe é continuar monitorando porque apesar do cenário mostrar que o sorotipo mais prevalente nesse ano continua sendo o sorotipo 2, da mesma forma que foi em 2024, existe agora uma circulação maior do sorotipo 3 em estados que fazem fronteira com Goiás.

"Isso é preocupante porque o sorotipo 3, desde 2008, nós não temos uma circulação expressiva dele. Então, a gente tem aí uma população toda exposta a esse sorotipo 3, o que pode levar ao aumento do número de casos. Nós também já tivemos, nesse ano de 2025, o isolamento do sorotipo 3, mesmo que de forma isolada em poucos municípios, mas ele está circulando. Por isso o monitoramento importante para que a gente vá acompanhando se vai acontecer uma inversão sorológica em 2025 ou nos próximos anos. Esse monitoramento da vigilância é extremamente importante para a gente acompanhar esse cenário epidemiológico", afirma Cristina.

Situação de emergência

A SES-GO informou que os municípios em emergência são aqueles que estão acima do limite máximo esperado do ponto de vista de incidência, que são o número de casos por 100 mil habitantes, e que estão acima desse limite máximo esperado por pelo menos mais de quatro semanas consecutivas. Assim, o monitoramento é mais importante ainda nesses municípios, porque é necessário acompanhar com a vigilância laboratorial se esses casos são realmente dengue ou se são de outra arbovirose para apoiar esses municípios nas suas à de prevenção e controle.

"Esse limite máximo esperado, assim como a média móvel, é baseado num acompanhamento, num monitoramento de uma série histórica dos últimos 10 anos, onde eu tenho então essa média móvel do número de casos que foram confirmados e tem os desvios padrões que me levam para o limite máximo esperado. Quando no momento atual eu tenho um número de casos notificados que ultrapassa esse limite máximo esperado, me acende um alerta de que esses municípios podem estar ou em alerta ou em emergência. Confira abaixo as cidades que estão em situação de emergência em Goiás:

  1. Iporá (778 casos);
  2. Itapuranga (216 casos);
  3. Itapaci (209 casos);
  4. Faina (187 casos);
  5. Diorama (126 casos);
  6. Caçu (102 casos);
  7. Mozarlândia (94 casos);
  8. Guarinos (80 casos);
  9. Americano do Brasil (63 casos);
  10. Cromínia (46 casos);
  11. Mundo Novo (45 casos);
  12. Brazabrantes (42 casos);
  13. Santo Antônio de Goiás (37 casos);
  14. Mossâmedes (29 casos);
  15. Davinópolis (21 casos).

Alerta X Emergência

De acordo com a SES-GO, emergência é quando tem pelo menos quatro semanas consecutivas acima desse limite e alerta é quando o número ultrapassa esse limite, mas na outra semana ele já abaixa desse limite, não é de forma sustentada.

Prevenção

A SES-GO explica que durante os períodos chuvosos os focos de proliferação são ampliados, destacando a urgência de medidas preventivas para conter a expansão desses focos. Por isso, é importante limpar e verificar regularmente esses pontos que podem acumular água. Além do uso de repelentes e vacina.

As principais medidas preventivas é evitar que o mosquito nasça. Tirar 10 minutos por semana e verificar se em casa tem algum recipiente acumulando água. Se cada um fizer isso a gente consegue diminuir o índice de infestação e transmissão. Outra forma de prevenção muito importante é a vacinação. Em Goiás a vacina está disponível para todas as crianças e adolescentes de 6 a 16 anos", afirma Flúvia.

Morte

O POPULAR mostrou que Goiás registrou a primeira morte por dengue em 2025 na cidade de Heitorai, no centro goiano. Em 2024, o estado registrou 414 mortes por dengue, com outras 53 ainda sob investigação. No ano anterior, foram 58 óbitos confirmados. No Brasil, a doença matou 6.041 pessoas em 2024.

Sorotipos

A dengue possui quatro sorotipos, em geral, denominados DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4, ou sorotipos 1, 2, 3 e 4, que podem causar quadros leves ou graves, onde pode ocorrer o choque hipovolêmico ou o acometimento direto de vários órgãos como fígado, cérebro e coração. A preocupação da SES-GO em relação a circulação do sorotipo 3 se dá porque ele não circula no país desde 2008, dessa forma a população não possui defesa (imunidade) para esse sorotipo.

A SES-GO informou que em 2025 foi identificado o sorotipo 3 da dengue em Anápolis. No entanto, ele é relativo a um paciente residente no estado do Mato Grosso e que estava momentaneamente na cidade com a doença. Foi feita a identificação, coleta, exames pela secretaria, mas o caso é contabilizado para o estado do Mato Grosso, uma vez que a notificação é feita a partir do domicílio de residência, e não de ocorrência.

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Mais de 7 mil casos de dengue são notificados em menos de um mês em Goiás

O crescimento de casos no Estado tem motivado ações pela Secretaria Estadual de Saúde

Pneus se espalham em meio a outros resíduos pela Rua das Samambaias, no Parque Primavera, em Aparecida de Goiânia (Wildes Barbosa / O Popular)

Pneus se espalham em meio a outros resíduos pela Rua das Samambaias, no Parque Primavera, em Aparecida de Goiânia (Wildes Barbosa / O Popular)

Neste primeiro mês de 2025, já foram notificados 7,2 mil casos de dengue em todo o Estado, sendo uma morte confirmada em Heitoraí, na região central do Estado. Trata-se da professora Damiana Gonçalves, de 58 anos, que faleceu no dia 4 de janeiro. O óbito estava sob investigação pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO), mas foi confirmado apenas no fim de semana. Conforme a pasta, a paciente não possuía comorbidades. Além dessa, outras seis mortes estão em análise para identificar se a causa foi de fato a dengue. Quatro são de pacientes de Goiânia, um de Mozarlândia e um de São Simão.

Mozarlândia é um dos 14 municípios que estão em situação de emergência pela alta incidência da doença (veja quadro) . A capital não é listada dentre as cidades em fase emergencial dentro do plano de contingência da SES-GO, que engloba ainda as fases mais brandas de alerta e preparação, diante de uma metodologia diferente. No plano de contingência da pasta estadual, a fase de emergência é ativada "quando a taxa de incidência de casos suspeitos ultrapassa o limite superior do diagrama de controle por quatro semanas epidemiológicas consecutivas".

O crescimento de casos no Estado tem motivado ações pela SES-GO. A pasta aponta que tem distribuído a todos os municípios bombas costais, inseticidas e medicamentos para hidratação e controle do quadro febril.

"Também vai expandir outra iniciativa para monitoramento do mosquito transmissor da dengue: o Projeto de Armadilhas de Oviposição (ovitrampas).A estratégia, que já estava em funcionamento de maneira piloto em dez municípios, será levada a todas as demais cidades goianas, com a aquisição dos materiais necessários pela pasta de saúde. A iniciativa visa monitorar a densidade da população do vetor, norteando as ações de controle da proliferação do mosquito", cita.

"As armadilhas de oviposição simulam condições ideais para que o mosquito deposite seus ovos. Elas são formadas por um recipiente com água parada, que atrai o mosquito, e uma palheta de madeira, que facilita a postura dos ovos pelas fêmeas. Os ovos se prendem a palheta, que semanalmente é retirada por agentes de endemias e enviada para análise no Laboratório Estadual de Saúde Pública Dr. Giovanni Cysneiros (Lacen-GO). Além de identificar a incidência do Aedes na região, a partir da contagem dos ovos, os exames no Lacen-GO permitem descobrir qual o sorotipo da dengue está circulando no local", complementa a pasta.

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Mabel diz que pretende reduzir prazo para pagamento aos prestadores de serviço da saúde para três dias úteis

Segundo o prefeito, a Prefeitura de Goiânia deve R$ 600 milhões de imediato para a saúde

Modificado em 20/01/2025, 18:19

Prefeito falou em redução do prazo para pagamento aos prestadores de serviço do SUS, em Goiânia

Prefeito falou em redução do prazo para pagamento aos prestadores de serviço do SUS, em Goiânia (Fábio Lima/O Popular)

O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (União), afirmou que pretende reduzir prazo para pagamento aos prestadores de serviço da saúde no município. De acordo com a lei o prazo para pagamento é de cinco dias úteis, porém o chefe do executivo quer reduzir para três dias úteis.

Fizemos um compromisso desde a campanha que o dinheiro que viesse para pagar os prestadores de serviço do Sistema Único de Saúde (SUS), a Prefeitura não ficaria com o dinheiro aqui, mecanizando como vinha fazendo. Nós temos o prazo de cinco dias úteis para realizar o pagamento, pedi para os técnicos averiguarem se tem como reduzirmos esse prazo para três dias. Eu quero pagar mais rápido", declarou.

De acordo com Mabel, a Prefeitura recebeu R$ 33 milhões do SUS na última quarta-feira (15) e a meta é pagar os prestadores, vinculados ao SUS, como hospitais, clínicas e laboratórios, pelos serviços prestados no mês de novembro do ano passado antes do fim do prazo estabelecido por lei.

"Tem prestadores de serviço que estão com três, quatro meses (de pagamento) atrasados. Não receberam o mês de outubro ainda. Então, tem de ser modificadas a forma de fazer isso. O prestador de serviço e os servidores, desse prestador, não podem esperar todo esse tempo", afirmou.

O prefeito informou que a Prefeitura de Goiânia deve R$ 4 bilhões, sendo R$ 600 milhões de imediato para a Saúde. Inclusive, disse que os pagamentos pendentes serão realizados conforme uma programação.

"O importante é pagar em dia o fornecedor. O pra trás, conseguindo enxergar o caixa, nós vamos parcelar em muitas vezes, mas vamos pagar tudo isso. Quando eu falo que vai pagar e que não vai mexer no dinheiro da saúde, é que em hipótese nenhuma, isso vai acontecer. Inclusive, o meu salário vai para a saúde. Eu vou consertar a saúde", disse Mabel.

Gestão da saúde reprovada

O Conselho Municipal de Saúde (CMS) de Goiânia reprovou o relatório anual de gestão (RAG) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de 2022 e 2023, e o de 2021 foi aprovado com ressalvas. Nestes três anos, a pasta não conseguiu cumprir nem metade das metas estabelecidas previamente pela administração municipal para a execução dos serviços do SUS na capital.

O RAG é um dos instrumentos de planejamento do SUS, e o relatório com a reprovação é encaminhado para os tribunais de contas e para o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), podendo servir como embasamento para processos nestes órgãos.

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Goiânia cria ambulatório para pessoas trans e travestis

Espaço ainda não foi inaugurado oficialmente, mas já acompanha 34 pessoas que aguardavam vaga na rede estadual. Outros dois municípios já contam com serviço

Modificado em 17/09/2024, 16:27

Ambulatório Municipal de Processo Transexualizador, chamado de TransViver, já funciona no Cais Novo Mundo: discussão iniciada há um ano

Ambulatório Municipal de Processo Transexualizador, chamado de TransViver, já funciona no Cais Novo Mundo: discussão iniciada há um ano
 (Wildes Barbosa)

++GABRIELLA BRAGA++

Neste mês do Orgulho LGBTQIAPN+, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia deu início aos atendimentos para pessoas trans e travestis no Ambulatório Municipal de Processo Transexualizador, chamado de TransViver. A novidade na capital se soma a mais três unidades no Estado que atendem o público com serviços que variam de consultas médicas e acompanhamento psicossocial, à hormonioterapia e cirurgias de adequação sexual. Hoje, unidades de saúde de Itumbiara e Senador Canedo, além do Hospital Estadual Alberto Rassi (HGG), prestam o serviço especializado, sendo que apenas este último realiza procedimentos cirúrgicos.

O Processo Transexualizador foi instituído no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2008, sendo ampliado a partir de 2013. A habilitação junto ao Ministério da Saúde (MS) pode ocorrer na modalidade ambulatorial e hospitalar, que garante a realização das cirurgias de adequação sexual (veja no quadro ao lado). No caso da capital, serão ofertados serviços de âmbito ambulatorial. A pasta adianta que ainda não há data prevista para o lançamento oficial, mas 34 moradores de Goiânia que estavam na regulação estadual aguardando o ingresso no programa já estão sendo atendidos.

É o caso de uma jornalista de 24 anos, que preferiu não se identificar. Ela conta que foi chamada no início deste mês pela pasta. "Eu já conhecia o programa há muito tempo, mas o passo de buscar efetivamente foi no final do ano passado. Quando recebi a ligação fiquei primeiro em choque e depois muito feliz, e anotei a consulta em vários lugares, colocar despertador, calendário para não perder a data, porque há um tempo venho sentindo necessidade de acompanhamento, não só para hormonização e cirurgia, mas psicológico, porque é muita violência. O processo de transição que começa mas nunca termina é um processo que dói", relata.

Superintendente de Gestão de Redes de Atenção à Saúde da SMS, Cynara Mathias Costa explica que a discussão para criação do Ambulatório TX na capital foi iniciada há pouco mais de um ano, junto com a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas (SMDHPA). "Identificamos que o tempo médio de espera para munícipes adentrarem ao único ambulatório transexualizador que a gente tinha contratualizado, que é o do HGG, era de um ano. Então fomos construindo para atender essa população extremamente vulnerável, com uma taxa de mortalidade grande e que já passou e ainda passa por muita discriminação", diz.

Ela explica ainda que o ambulatório ainda está em fase de implantação, como a contratação de médicos --- ginecologista, urologista, e psiquiatra. Outros profissionais, como psicólogo, assistente social e endocrinologista, também integram o quadro da equipe multidisciplinar do serviço na capital. A superintendente pondera ainda que é preciso realizar uma mudança na Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (Remune) para incluir todos os hormônios possíveis para a terapia hormonal.

"A secretaria municipal entende que essa população foi por muitos anos negligenciada, então é difícil o acesso não somente ao serviço de saúde. Todas as equipes de saúde da família já foram orientadas sobre como preencher para que o paciente caia na regulação para o ambulatório transexualizador. É um local de portas abertas para o acolhimento desta população", pontua. Mas, complementa, para ter acesso ao serviço é preciso procurar uma unidade da atenção primária ou básica para obter encaminhamento.

"A hormonização, também conhecida por terapia hormonal ou hormonioterapia, é uma intervenção de saúde utilizada por muitas pessoas transexuais e travestis como uma estratégia para se expressarem e serem reconhecidas pela sociedade dentro dos limites do gênero com o qual se identificam ou com o qual preferem ser identificadas", explica Cynara.

Referência

O Serviço Transexualizador -- Ambulatório TX do Hospital Estadual Alberto Rassi (HGG) foi criado em 2017. Com abrangência estadual, o programa já fez até este ano 13.083 atendimentos ambulatoriais, além de 47 cirurgias de redesignação sexual e outros 130 procedimentos cirúrgicos diversos, como mastectomia e mastoplastia, e hesterectomia. Hoje, 717 estão em acompanhamento no programa e outras 387 aguardam na fila da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) para o primeiro atendimento.

Durante a semana do Dia do Orgulho LGBTQIAPN+, celebrado no dia 28 de junho, o hospital realizou uma força-tarefa para concluir 12 cirurgias plásticas que contemplam pacientes do programa que aguardam pelos procedimentos. Foram oito mastectomias, que é a retirada das mamas, e quatro mamoplastias, que consiste na colocação de prótese mamária. A fila ainda conta, atualmente, com 35 aguardando por mastectomia, e 37 por mamoplastia.

Uma das pessoas contempladas foi a diarista Cintia de Jesus Silva, de 37 anos. Ela conta que buscou o Serviço Transexualizador do HGG em 2020 e, no ano seguinte, foi chamada para adentrar ao programa. Cintia relata que sempre quis fazer a cirurgia de mastectomia mas, como norma do MS, precisou aguardar ao menos dois anos para entrar na fila de espera para o procedimento. Três anos depois, chegou o momento. "Foi maravilhoso, estou feliz demais. Não gostava do volume, e toda essa ansiedade. Agora posso usar as camisas como eu gosto Só quem tem esse sonho sabe como é importante", comenta.

Diretor técnico do HGG, Guilherme Carvalho de Sousa explica que nem todas as pessoas que fazem parte do programa chegam a fazer um procedimento invasivo. "Existe um entendimento comum de que todas pessoas que entram no programa é para fazer a mudança de sexo. Mas nem todas querem, e nem todas que entram com essa vontade acabam fazendo, pois acabam mudando de ideia. O tempo maior é para ter certeza, porque é irreversível."

Mais duas cidades também contam com serviço

Itumbiara, na região Sul de Goiás, foi o primeiro município a criar o Ambulatório Transexualizador (TX), ainda em 2018. O serviço é prestado no Núcleo de Atenção Básica de Saúde (NABS) local, com atendimento para pessoas trans e travestis de toda a região do Estado. Na unidade, há oferta de atendimento médico especializado com endocrinologista e psiquiatra, além de psicólogo e assistente social. Hoje, o espaço faz o acompanhamento de 63 pessoas que integram o programa.

Já em 2022, Senador Canedo, localizado na Região Metropolitana de Goiânia, lançou o ambulatório no município. A unidade faz atendimento de 25 municípios da região Centro-Sul em Saúde de Goiás, com uma equipe formada por endocrinologista, psiquiatra, psicólogo e enfermeiro. Ao todo, 98 usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) são contemplados na unidade.

"Pelo menos hoje já temos 12 aptos para serem encaminhados para outros procedimentos no Hospital Estadual Alberto Rassi (HGG)", pontua a coordenadora e responsável técnica pelo Ambulatório Regionalizado do Processo de Afirmação de Gênero de Senador Canedo (ARPAGESC), Rafaela Damasceno.