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Abelhas invadem ambientes urbanos em Goiânia

Wesley Costa
Francisca Maria da Conceição, moradora do Conjunto Vera Cruz 1, acionou o serviço público após identificar enxame de abelhas em árvore na sua calçada

A pensionista Francisca Maria da Conceição Reis, de 71 anos, estava na varanda de casa no último domingo (27), no Conjunto Vera Cruz 1, em Goiânia, quando ouviu o zumbido de um enxame de abelhas. Ao conferir a pequena árvore na parte frontal de sua casa, percebeu que uma colmeia de abelhas Europa estava se formando ali. A reação imediata da dona de casa foi pedir ajuda aos serviços públicos especializados temendo acidentes, mas até ontem à tarde, a remoção não tinha ocorrido. A Diretoria de Vigilância em Zoonoses de Goiânia está recebendo uma média de 15 a 20 solicitações diárias pelo mesmo motivo.

“É uma demanda extremamente alta”, avisa o gerente de Controle de Animais Sinantrópicos, Wellington Tristão da Rocha. Nesta época do ano, em média, o morador incomodado com a instalação inesperada de um enxame de abelhas em casa, precisa aguardar até cinco dias para ser atendido. “Até o final da semana precisamos atender 15 ocorrências”, afirma o biólogo. Ele explica que as duas equipes responsáveis pelo trabalho atuam com equipamentos de proteção individual (EPIs) e se deslocam em veículos adaptados. O tempo de remoção não é o mesmo para todos os casos.

“Algumas colmeias são recolhidas rapidamente, mas outras exigem ações paralelas porque estão em locais de difícil acesso, como entre o telhado e o forro da residência, um trabalho que pode durar até duas horas e meia. São situações que o cidadão não reconhece”, explica Wellington Tristão. A preocupação de Francisca Reis obedece a um padrão. “Tenho medo de as abelhas atacarem idosos, crianças ou pessoas alérgicas, por isso pedi a retirada logo”. O biólogo entende que ela tem razão e reforça que o ideal é aguardar o atendimento, sem atear fogo ou fazer barulho.

A expansão da área urbana e a estiagem são as grandes responsáveis por essa intensa movimentação de abelhas em locais habitados. Com o fogo na área rural, elas tendem a migrar para as cidades. “E de forma estressada”, avisa Wellington Tristão. “Algumas pessoas colocam fogo com o objetivo de fazer fumaça para espantar as abelhas, mas não vai dar certo.” Segundo o biólogo, o maior número de chamadas é para retirar enxames de abelhas europeias, africanizadas, a espécie que oferece mais risco de acidentes e pode até mesmo levar a óbito se a pessoa for alérgica. “Estamos dando prioridades a esses casos”, avisa.

No ano passado, as equipes da Diretoria de Zoonoses de Goiânia fizeram 898 atendimentos com remoção de abelhas. Este ano, eles somam 427, a maioria no período de estiagem. Além da fuga do fogo, conforme Wellington Tristão, o movimento migratório das abelhas para áreas urbanas pode ocorrer em função da enxameação, que é quando a rainha divide a sua colmeia e parte para outro lugar. “A nossa política é de proteger a espécie, nunca matá-la. Abelhas são importantes para o ecossistema. Recolhemos, encaixotamos e levamos para um lugar seguro”.

Para isso, a Diretoria de Vigilância em Zoonoses fez um convênio com o apiário da Universidade Federal de Goiás, que recebe as colmeias. As abelhas da espécie Europa (Apis mellifera) são uma das mais importantes produtoras de mel. “Também estamos elaborando uma proposta de parceria para apresentar à Associação de Apicultores do Estado de Goiás com o objetivo de fornecer essas colmeias, assim aumentamos a proteção da espécie”, salienta.

Estressadas, abelhas podem até matar 

Em Goiânia, o serviço público de remoção de colmeias é uma atribuição do Departamento de Zoonoses. Entretanto, o Corpo de Bombeiros Militares também recebe muitas solicitações, mas atua na capital somente em casos específicos e que configurem urgência. Ou seja, ataques que coloquem em risco a vida de alguém ou em lugares de difícil acesso. 

Em 2023, em todo o estado, o Corpo de Bombeiros registrou 3.028 ocorrências envolvendo abelhas. E este ano, até agora, 2.105. No sábado (26), um fazendeiro de Uruaçu, de 78 anos, sofreu um choque anafilático depois de um ataque e não resistiu. Não foi um caso isolado.

No mês de março deste ano, vários outros casos foram registrados, como o de um engenheiro civil de 32 anos que perdeu a vida depois de ser surpreendido por centenas de abelhas durante a reforma do prédio do Instituto de Previdência dos Servidores de Bela Vista de Goiás. 

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