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Setor de materiais de construção segue em crescimento

Números são impulsionados pelo mercado imobiliário e loja inaugurada recentemente em bairro planejado é exemplo disso

Modificado em 17/09/2024, 17:20

Setor de materiais de construção segue em crescimento

(Divulgação)

A Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) divulgou neste mês sua pesquisa elaborada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentando números de faturamento do setor.

O estudo indica que em junho de 2024 o faturamento deflacionado das indústrias de materiais apresentou crescimento em comparação com o mesmo período do ano anterior, com expansão de 1,2%. Em relação ao mês anterior, também houve aumento de 0,4%.

A Abramat prevê crescimento de 3% este ano no faturamento total deflacionado dos materiais de construção em relação a 2023. Os números são impulsionados pela construção civil e pelo mercado imobiliário. Em Valparaíso de Goiás isso não é diferente.

O município, que é o primeiro em crescimento no Entorno do Distrito Federal, de acordo com o Censo de 2022, apresentou entre 2010 e 2020 o crescimento econômico de 140,6%, bem acima do registrado por Brasília, no mesmo período, que foi de 84%. É neste cenário promissor que a Lennor Materiais de Construção foi inaugurada neste mês.

A nova loja da rede é a primeira loja inaugurada dentro da área comercial do Reserva do Vale, empreendimento totalmente planejado, que contará com monitoramento 24h, parques, condomínios horizontais - o primeiro, Mirante do Vale, já foi entregue aos moradores -, espaços de conexão e integração para diversos segmentos, tais como hub de esportes, saúde e educação, entre outros serviços como clínicas médicas e veterinária, padarias, academia, restaurante, empórios.

O projeto é para mais de 50 mil moradores, para que eles tenham a possibilidade de morar, trabalhar e se divertir no mesmo espaço. "O Reserva do Vale é um bairro planejado e muito bem organizado, com condomínios de alto padrão, é um negócio promissor, por isso o escolhi como local da empresa", conta o empresário Taylor Lennor, proprietário da loja.

"Apostamos na construção das casas, por isso a escolha pelos materiais de construção e já estamos fechando boas vendas. Os clientes chegam com o projeto pronto e fecham a compra de todos os materiais que vão precisar", completa.

Ele explica que os moradores buscam praticidade no dia a dia. "O cliente quer facilidade, precisou de algo, estamos ali perto para que possam comprar, não precisam sair do Reserva para buscar. Além disso, procuramos fazer nossas entregas de maneira rápida", destaca Taylor, que também analisa a cidade e o futuro do empreendimento.

"Valparaíso é uma cidade que está crescendo bastante, bem promissora e o Reserva do Vale é um negócio diferenciado, será um bairro fora do comum. Daqui dois anos já estará muito valorizado e o comércio vai bombar", projeta o dono da Lennor Materiais de Construção.

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Metade dos brasileiros diz ter reduzido o café após alta de preços, segundo Datafolha

Outra saída adotada por metade dos entrevistados foi adotar uma marca mais barata do produto

Modificado em 14/04/2025, 10:12

Datafolha aponta que 49% dos brasileiros reduziu o consumo de café em razão da alta de preços

Datafolha aponta que 49% dos brasileiros reduziu o consumo de café em razão da alta de preços (Pixabay)

Praticamente metade dos brasileiros (49%) reduziu o consumo de café em razão da alta de preços, de acordo com pesquisa Datafolha. Outra saída adotada por metade dos entrevistados foi adotar uma marca mais barata do produto.

Segundo o levantamento, 79% dos brasileiros adotaram alguma mudança de comportamento em resposta à inflação de alimentos. As principais são sair menos para comer fora de casa (61%) e reduzir a quantidade de alimentos que costuma comprar (58%).

Entre os mais pobres, os percentuais são ainda maiores. Nesse grupo, 67% afirmam estar comprando menos, 63%, comendo menos fora, e 58%, tomando menos café.

O Datafolha ouviu 3.054 pessoas de 16 anos ou mais em 172 municípios entre os dias 1º e 3 de abril. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Segundo a pesquisa, um quarto da população diz ter menos comida do que o suficiente em casa. Para 6 em cada 10, a quantidade é suficiente; outros 13% dizem ser mais do que o necessário.

Tecnicamente, não houve mudança nesses dados em relação à última pesquisa em que essa pergunta foi feita, em março de 2023 --considerando a margem de erro, não é possível dizer que houve oscilação em comparação ao início do governo.

Além das mudanças de hábitos de consumo, o Datafolha questionou se outras medidas foram adotadas para economizar. A mais comum, segundo a pesquisa, foi diminuir o consumo de água, luz e gás --metade dos brasileiros diz ter seguido esse caminho.

Em segundo lugar, buscar outra fonte de renda foi a saída para 47%. Pouco mais de um terço (36%) diz ter reduzido a compra de remédios, 32%, que deixou de pagar dívidas, e 26%, que deixou de pagar contas de casa.

Quanto mais bolsonarista o entrevistado, maior o percentual dos que dizem ter adotado alguma dessas medidas. Quanto mais petista, menor.

Segundo dados mais recentes divulgados pelo IBGE, a inflação foi de 5,48% nos acumulado de 12 meses até março. No mês, a alta foi de 0,56%, puxada por alimentação e bebidas. A inflação nessa categoria acelerou de 0,70% em fevereiro para 1,17% na leitura mais recente.

Contribuíram para esse resultado as altas do tomate (22,55%), do ovo de galinha (13,13%) e do café moído (8,14%). Em 12 meses, a inflação desses itens foi de 0,13%, 19,52% e 77,78%, respectivamente.

Especialistas dizem que as variações de preço decorrem de uma combinação de fatores. No caso do ovo, o IBGE lista uma maior demanda em razão do retorno das aulas no país, as exportações devido a problemas de gripe aviária nos Estados Unidos e os impactos do calor na produção no Brasil.

No caso do café, os problemas de safra têm levado a uma disparada das cotações no mercado internacional. A alta de preços do tomate é atribuída ao clima: produtos in natura costumam apresentar oferta reduzida durante os meses mais quentes do ano

54% CULPAM GOVERNO LULA POR PREÇOS MAIS ALTOS

Para 54% dos brasileiros, o governo Lula (PT) tem muita responsabilidade pela alta de preço dos alimentos nos últimos meses, segundo pesquisa Datafolha. Outros 29% atribuem um pouco de culpa à administração atual. Apenas 14% afirmam que o Planalto não tem nenhuma responsabilidade.

Mesmo eleitores do presidente culpam em algum grau seu governo pelo problema --para 72% dos que dizem pretender votar em Lula, ele tem muita ou um pouco de responsabilidade.

O aumento de preços da comida vem sendo apontado como uma das principais razões para a baixa popularidade do governo. Segundo o Datafolha, 29% fazem uma avaliação positiva, percentual ligeiramente acima do encontrado na pesquisa anterior, de dezembro (24%), mas ainda inferior à reprovação, que chega a 38%.

Lula chegou a anunciar medidas para conter os preços, como isenção de imposto de importação sobre certos produtos. As ações, no entanto, ainda não surtiram efeito significativo.

Em todos os grupos sociais, mais da metade dos entrevistados disse que o Planalto tem grande responsabilidade. A principal divergência é que, para aqueles com renda domiciliar mensal de até dois salários mínimos, produtores rurais carregam tanta culpa quanto.

Nesse segmento, 55% atribuem grande responsabilidade ao governo e 54%, aos produtores rurais --percentual bem superior ao observado nas demais faixas de renda. Entre aqueles que ganham mais de dez salários mínimos, por exemplo, esse número cai para 41%.

Os mais ricos também são os que menos culpam as guerras no mundo (40%, contra 46%-48% nos demais segmentos) e a crise nos EUA (36%, em comparação com 39%-42% nos outros grupos) pela alta de preços.

Quando separados por intenção de voto na próxima eleição presidencial, eleitores de Romeu Zema (Novo) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) são os que mais veem o atual governo como culpado: 78% e 77%, respectivamente.

Para eleitores de Lula, produtores rurais e guerras carregam as maiores parcelas de culpa (57% e 55%, respectivamente).

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Grávida é morta a tiros em casa de Valparaíso de Goiás

Bebê também morreu e suspeitos fugiram, segundo a Polícia Civil

Fachada da 1° Delegacia de Polícia Civil de Valparaíso de Goiás

Fachada da 1° Delegacia de Polícia Civil de Valparaíso de Goiás (Reprodução/Prefeitura de Valparaíso de Goiás)

Uma grávida de 7 meses foi morta a tiros em uma casa de Valparaíso de Goiás, no Entorno do Distrito Federal. De acordo com os bombeiros, ela foi atingida em várias partes do corpo e o bebê também morreu. A Polícia Civil informou que três pessoas são suspeitas do assassinato e fugiram após o crime.

Por não terem os nomes divulgados, a reportagem não conseguiu localizar as defesas dos suspeitos até a última atualização desta reportagem.

A redação entrou em contato com a Polícia Civil neste domingo (13) para saber se os suspeitos foram localizados e a motivação do crime, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

Grávida é morta com um tiro pelo namorado em Santo Antônio do Descoberto, diz polícia

O caso aconteceu no sábado (12), na Vila Guaíra. Segundo a PC, os suspeitos foram até a casa e, ao identificarem a vítima de 31 anos entre o corredor e o muro da casa, efetuaram vários disparos de arma de fogo contra ela.

Conforme o Corpo de Bombeiros, ela foi atingida no tórax, abdômen e membro inferior esquerdo. Vizinhos chamaram o socorro e a equipe realizou os primeiros atendimentos e levou a vítima para o hospital. Durante o caminho, a mulher morreu e a equipe fez uma cesárea de emergência para tentar salvar o bebê, mas ele também já estava sem vida.

Colaborou Letícia Fiuza

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Sobrinha e companheiro são procurados suspeitos pela morte da tia, em Valparaíso de Goiás

Segundo a polícia, a vítima era muito conhecida no município, os moradores a chamavam de ‘tia das flores, devido Raimunda vender flores e doces na cidade

Sara Lorrane Almeida Soares e Gustavo César dos Santos estão sendo procurados pela Polícia Civil de Goiás

Sara Lorrane Almeida Soares e Gustavo César dos Santos estão sendo procurados pela Polícia Civil de Goiás (Divulgação/Polícia Civil)

A Polícia Civil de Goiás (PCGO) procura por uma mulher e um homem, identificados como Sara Lorrane Almeida Soares, de 29 anos, e Gustavo César dos Santos, de 27 anos, suspeitos de matar Raimunda das Dores Brito de Almeida, tia de Sara, em Valparaíso de Goiás, no Entorno do Distrito Federal. Segundo a polícia, as investigações começaram após a PC tomar conhecimento do óbito de Raimunda.

Conforme relato da polícia, a vítima era muito conhecida no município. Ela era chamada de 'tia das flores, devido Raimunda vender flores e doces na cidade.

A reportagem não conseguiu localizar a defesa dos suspeitos até a última atualização desta reportagem.

Entenda o caso

Conforme relatou o delegado responsável pelo caso, Victor Avelino, o corpo de Raimunda das Dores, que tinha 57 anos, foi encontrado pela Polícia Militar (PM) no dia 4 de março.

Os suspeitos, segundo a polícia, teriam colocado fogo na vítima e enterrado seu corpo no quintal da residência dela. Ainda conforme a PC, Sara e Gustavo tentaram limpar o local do crime afim de esconder as provas.

Investigação

Segundo a Polícia Civil, as investigações apontam que Sara Lorrane, sobrinha da vítima, e seu companheiro, Gustavo César são suspeitos do crime. Caso sejam presos responderão pelos crimes de homicídio qualificado, destruição e ocultação de cadáver e fraude processual.

Informações sobre o paradeiro dos suspeitos deverão ser repassadas para os números 197 e (62) 99265-5623 da Polícia Civil de Goiás.

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Supermercados abrem 6 mil vagas, mas faltam trabalhadores

Diante da falta de trabalhadores, setor busca alternativas e discute a contratação por hora sem onerar folha

Luciano da Costa, do Luciano’s Supermercado: projeto de ampliação iria elevar número de colaboradores para 80, mas foi obrigado a suspender pela falta de mão de obra

Luciano da Costa, do Luciano’s Supermercado: projeto de ampliação iria elevar número de colaboradores para 80, mas foi obrigado a suspender pela falta de mão de obra (Fábio Lima / O Popular)

O setor supermercadista brasileiro vive uma crise de escassez de mão de obra e busca alternativas para atrair trabalhadores. A estimativa da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) é que existam 357 mil vagas abertas em todo País. Em Goiás, a Associação Goiana de Supermercados (Agos) estima que 6 mil delas estejam em Goiânia e nos principais municípios do estado, sendo 4 mil só na capital e região metropolitana. Apesar de terem projetos de expansão, muitas redes estão adiando a ampliação ou abertura de novas lojas pela falta de pessoal.

Um levantamento feito pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostrou que os supermercados têm escassez de mão de obra em oito de suas 10 principais ocupações, como operadores de caixa, padeiro e açougueiro. Para tentar reduzir o problema, a Abras anunciou que busca parcerias para contratar egressos do sistema militar.

Outra possibilidade seria a contratação de trabalhadores por hora, sem onerar as empresas com os impostos sobre a folha de salários e para atrair quem procura flexibilidade.

Para o presidente da Agos, Sirlei do Couto, a ideia das contratações por hora pode ajudar a reduzir o problema, mas prevê resistência por parte do sindicato da categoria. Ele diz que ainda não recebeu nenhum comunicado da Abras, mas diz que também aprova a contratação de egressos das forças armadas, que são muito disciplinados.

Para Couto, um dos grandes culpados pela escassez de pessoal é o assistencialismo dos governos, que concedem vários tipos de benefícios sociais sem critério, em busca de votos. "Se a pessoa trabalha, não recebe o benefício. Mas deveria ser o contrário, pois muita gente está deixando de trabalhar para não perder essa ajuda", alerta.

Isso estaria levando a uma rejeição da carteira assinada, mesmo perdendo benefícios como auxílio doença e aposentadoria. "As redes supermercadistas não exigem experiência, pois oferecem todo treinamento necessário. Mas os mais jovens não querem comprometimento com horário ou com trabalho aos finais de semana. Por isso, o sistema por horas trabalhadas pode ajudar", prevê Couto.

O supermercadista acredita que a saída pode estar na desburocratização de normas trabalhistas. Umas das saídas para reduzir a necessidade de trabalhadores tem sido a colocação das máquinas de autoatendimento (check out). "Precisamos mudar as leis para nos adaptarmos a esta nova realidade", diz.

Com 18 funcionários, Antônio Marcos Fernandes de Freitas, proprietário do supermercado Del Rio, confirma que o varejo vem sofrendo muito com o problema, principalmente em áreas técnicas, como açougue e padaria, mas também faltam entregadores, que passaram a buscar trabalhos sem CLT e cumprimento de horário, como em aplicativos. "Houve uma mudança comportamental: as pessoas mudaram forma de encarar o mercado de trabalho e não querem mais CLT como antes", avalia.

Para ele, o segmento supermercadista é um dos mais afetados por isso em razão dos horários e trabalho aos finais de semana, o que levou ao aumento da rotatividade. "Não conseguimos manter um colaborador muito tempo, o que onera bastante, pois há o custo para admissão e formação do profissional, que leva tempo", lembra. Muitos preferem ir para informalidade. "Levei quase seis meses para preencher três vagas e ainda nem sei se irão ficar. Houve inversão: hoje, o profissional é que nos entrevista, querendo saber carga horária e salário para saber se vai querer a vaga", brinca.

Luciano da Costa, do Luciano's Supermercado, conta que o estabelecimento, geralmente, trabalha com 42 pessoas e, hoje, está com apenas 23. "Estamos com um projeto de ampliação que iria elevar o número de colaboradores para 80, mas tivemos de suspender pela falta de mão de obra", destaca. Segundo ele, a rotatividade é alta e quem está disponível não tem compromisso, "com a mesma facilidade que chega, vai embora". "Esperamos passar esta fase mais crítica passar para retomarmos este projeto (de expansão)", diz.

Para ele, houve uma mudança drástica com relação à mão de obra no mercado após o surgimento dos aplicativos de transporte e comida. "Outro problema são os auxílios do governo, que precisam ser mais seletivos. Muitos nos procuram, mas não querem assinar carteira para não perder o benefício", diz.

Proprietário do supermercado Super Zé, com duas lojas e 110 funcionários, o empresário José Elias de Paula conseguiu reduzir o problema da falta de mão de obra melhorando o ambiente de trabalho, dando premiações pra quem não falta, fazendo escalas menores e abrindo aos domingos somente no período da manhã. Assim, os funcionários trabalham só um domingo por mês. Ele também passou a fazer reuniões periódicas para ouvir o que eles pensam e esperam da empresa e até instalou uma mini academia e uma sala de descanso para oferecer mais conforto.

O próximo passo será levar um professor para dar aulas de defesa pessoal. "Melhorou muito, com menos pessoas pedindo pra sair. Trazemos até psicólogo on-line para ajudar quem precisa", destaca o empresário. O objetivo é fazer o colaborador entender que ele faz parte de um conjunto e que a empresa está ali para ajudar e fazer parte de sua vida. Este tratamento mais humano ajudou a reduzir a rotatividade em cerca de 80% e as contratações aumentaram.

O contratado que permanecer, se dedicar e não faltar ao trabalho pode receber um bônus de até 20% do salário. "O trabalho aos domingos sempre foi uma barreira e precisamos nos adaptar. Antes, se entrevistasse dez pessoas, nove não queriam a vaga", conta Elias. Mesmo assim, a empresa ainda está com 10 vagas abertas.

José Elias de Paula, do Super Zé: premiações, escalas menores e academia ( Fábio Lima)

José Elias de Paula, do Super Zé: premiações, escalas menores e academia ( Fábio Lima)

Sindicato defende jornada de seis horas

José Nilton Carvalho, procurador jurídico do Sindicato dos Empregados no Comércio Varejista de Alimentos no Estado (Secom-GO), lembra que a reforma trabalhista de 2017 (Lei 13.467) já desengessou algumas regras da CLT, criando a jornada de trabalho parcial e o trabalho intermitente.

Portanto, a proposta da Abras não traz nada de novo. Mas a reforma e o incentivo à chamada "pejotização", que era uma forma dos patrões fugirem dos encargos trabalhistas, acabaram "tirando o cabresto" do trabalhador, que foi perdendo o interesse pela carteira assinada.

Estes trabalhadores saíram em busca de novas formas de trabalho, como na internet e aplicativos de transporte e de entregas, pela possibilidade de melhores ganhos e sem carga horária rígida. "Hoje, o jovem não quer mais trabalhar no comércio e perder o convívio com a família nos finais de semana e feriados, por exemplo", destaca.

Para Carvalho, agora que os trabalhadores estão rejeitando a CLT e os supermercados não encontram mão de obra, as empresas querem voltar ao antigo cabresto e não conseguem mais interessados.

Na tentativa de resolver o problema da falta de mão de obra, algumas redes supermercadistas fecharam acordos coletivos com o Secom para a implantação de jornadas de trabalho de seis horas diárias. Mas, em julho, o Congresso Nacional deve votar a implantação da jornada de seis horas para todo o comércio. O Secom e o sindicato patronal, o Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros (Sincovaga), que já discutiram sobre esta possibilidade, decidiram aguardar a votação.

"Se a mudança não passar no Congresso, em julho voltaremos a discutir a possibilidade de colocar um aditivo na convenção coletiva, que será assinada nesta segunda-feira (31), para que a jornada de seis horas seja para todo segmento", informa o procurador jurídico do Secom. Segundo ele, o objetivo do benefício é, justamente, atrair mais mão de obra para as empresas.

Mas, para Carvalho, além disso, também será preciso melhorar os salários. Ele alerta que as empresas também devem obedecer ao que já determina o artigo 386 da CLT: as mulheres devem ter duas folgas mensais aos domingos e duas no meio da semana, o que já está sendo alvo de fiscalização. Para ele, outro ponto importante para atrair o trabalhador é o respeito à escala de repouso semanal no sétimo dia trabalhado.

"Para atrair o interesse dos jovens para o comércio, em especial os supermercados, é fundamental que as negociações tragam vantagens na remuneração e melhorem as condições de trabalho", completa.